sábado, 29 de outubro de 2011

Espiões podem esconder mensagens em microorganismos modificados geneticamente

Esqueça a tinta invisível ou o sumo de limão – os espiões podem agora enviar mensagens escondidas em bactérias geneticamente modificadas. O novo método, chamado de esteganografia por matrizes impressas em micróbios (SPAM), usa uma coleção de estirpes de Escherichia coli modificada com proteínas fluorescentes, que brilham numa gama de sete cores.
Cada elemento da mensagem é codificado usando duas cores, criando 49 combinações possíveis - o suficiente para o alfabeto, os números de 0 a 9 e alguns símbolos extra. "Pode pensar-se em todos os tipos de aplicações para os espiões secretos", diz David Walt, um químico da Universidade Tufts, em Medford, Massachusetts, que liderou a pesquisa.
As mensagens são cultivadas em placas de agar, e, em seguida, transferidas para uma fina película que pode ser enviado pelo correio para o destinatário. O filme aparece em branco na maior parte das condições, mas a mensagem é revelada quando o destinatário transfere as bactérias para um meio de crescimento adequado.
Além de dotar as bactérias com a sua paleta fluorescente, a modificação genética também define qual o meio de crescimento a que irão responder – ou seja, o tipo de meio pode funcionar como que uma chave secreta. Por exemplo, as bactérias podem ser modificadas de forma a apresentarem resistência a um determinado antibiótico, e que apenas revelem a mensagem quando tratadas com essa substância particular - qualquer outro antibiótico irá produzir uma mensagem errada, ou pode até mesmo exibir uma mensagem de aviso que a chave errada está a ser utilizada. Walt diz que a combinação de um número de características genéticas poderia levar a milhares de chaves possíveis.
Também é possível desenvolver bactérias que perdem as suas propriedades fluorescentes ao longo do tempo, criando uma mensagem que se auto-destrói ao estilo de Missão Impossível.
Apenas pequenos segredos
A nova técnica não é o primeiro exemplo de criptografia biológica - os pesquisadores conseguiram já anteriormente ocultar mensagens no DNA - mas Walt diz que o seu método é mais fácil de usar. "Se estiver no campo e tentar enviar uma mensagem, não vai ter acesso a um sintetizador de DNA", diz ele. No entanto, pode levar consigo frascos de bactérias.
O código bacteriana tem uma densidade de informação muito mais baixo do que o DNA, o que limita o tamanho de uma mensagem. "Provavelmente pode enviar-se 500-1000 símbolos num pedaço de papel comum", diz Walt - o suficiente para uma atualização rápida de uma missão, mas provavelmente não vai permitir a divulgação de segredos de Estado para fora do país.
"É um bom trabalho, mas eu estou realmente com dúvidas sobre a relevância prática", diz Dominik Heider, que pesquisa criptografia no DNA na Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha. Ele diz que enviar um e-mail criptografado seria uma maneira mais útil de transmitir mensagens secretas; o método do DNA, por exemplo, é normalmente utilizado para efectuar uma marca d’água em organismos geneticamente modificados ao invés de ajudar os espiões a completar a sua missão. Heider também aponta que muitos países restringem o envio de bactérias geneticamente modificadas pelo correio.

Fonte: New Scientist

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