domingo, 12 de agosto de 2012

Maias já tinham perus domésticos há 2000 anos

Ossos de perus encontrados na década de 1980 em El Mirador, uma cidade da antiga civilização maia, na Guatemala, deixaram pasmados uma equipa de cientistas. As aves pertenciam à espécie domesticada e terão sido transportadas ao longo de centenas de quilómetros. Nada disto seria uma surpresa se a datação dos ossos não obrigasse a recuar em mil anos a data do uso mais antigo de perus domésticos pelos maias, diz agora um artigo na revista Public Library of Science One (PLoS One).
A carne de peru está à venda em qualquer supermercado. Mas, ao contrário da galinha ou do coelho, que foram domesticados deste lado do Atlântico, aquela espécie foi trazida do Novo Mundo. Original do México, era das poucas espécies domesticadas pelos povos mesoamericanos, onde há vestígios arqueológicos seus entre 800 e 100 anos a.C.
Mas pensava-se que os maias só tinham começado a criar o peru muito depois - trazido da região do México -, entre 1000 e 1500 d.C. Até lá, os perus usados para comer ou sacrificar seriam de uma espécie selvagem da península de Iucatão.
Os vestígios dos fósseis de sete indivíduos estavam num museu em Brigham, no Utah, EUA, até serem enviados para Erin Thornton, do Museu de História Natural da Florida para serem estudados. "Estes ossos vieram do recinto de cerimónias, por isso provavelmente são restos de algum tipo de sacrifício feito por elites, ou de uma refeição ou festim", disse Thornton, co-autora do artigo.
Os ossos datam de 300 a.C. a 100 d.C., durante o período pré-clássico maia em que El Mirador era uma potência. Pela morfologia e genética, concluiu-se que os ossos eram da espécie domesticada. Por isso, os perus tiveram de ser transportados ao longo de 650 quilómetros. Os ossos eram de fêmeas, machos e crias, o que permite fazer criação, e os indivíduos tinham asas subdesenvolvidas, um sinal de domesticação. Não se sabe se estes perus foram criados ali ou transportados, mas a descoberta obriga a repensar a alimentação e o comércio dos maias.

Fonte: Público

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