Dois "monstros" cósmicos que acabam de ser descobertos poderão permitir perceber melhor a evolução das galáxias e dos seus buracos negros centrais.
A galáxia NGC 1277, a 220 milhões de anos-luz da Terra na direcção da constelação de Perseu, tem uma originalidade: é quase totalmente ocupada por um buraco negro. E mais: segundo resultados hoje publicados na revista Nature, também não se trata de um buraco negro qualquer, mas do mais maciço buraco negro recenseado até aqui.
O "monstro" foi descoberto com o Telescópio Hobby-Eberly (HET), do Observatório McDonald da Universidade do Texas (EUA), um dos grandes telescópios ópticos mundiais, cujo espelho mede 9,2 metros de diâmetro.
Para tentar perceber a forma como as galáxias e os buracos negros que residem no seu centro se formam e evoluem em conjunto, Remco van den Bosch e colegas estão a estudar as 800 galáxias mais maciças da nossa "vizinhança" cósmica. "Actualmente, há três mecanismos completamente diferentes para explicar a relação entre a massa dos buracos negros e as propriedades das galáxias hospedeiras", diz Van den Bosch em comunicado da Universidade do Texas. "Mas ainda não sabemos qual é a melhor dessas três teorias."
Os cientistas combinaram dados recolhidos pelo HET com medições da luminosidade da NGC 1277 feitas a partir de fotografias tiradas pelo telescópio espacial Hubble e com modelos matemáticos simulados num supercomputador. E concluíram que a massa do buraco negro em questão corresponde a 17 mil milhões de vezes a do Sol.
O resultado surpreendeu-os porque a NGC 1277 é uma galáxia compacta e pequena, de massa e tamanho dez vezes inferiores aos da Via Láctea. Mas, apesar disso, a largura do buraco negro é mais de 11 vezes maior do que a órbita de Neptuno à volta do Sol, representando 14% da massa total da galáxia - e 59% da massa do seu grupo central de estrelas. Um resultado que contrasta fortemente com o habitual, em que a massa do buraco negro central representa apenas 0,1% da massa total da galáxia hospedeira.
"Esta galáxia é mesmo anticonformista", diz o co-autor Karl Gebhardt, citado pelo mesmo documento. "É quase só buraco negro. A sua massa é muito maior do que o previsto, o que nos leva a pensar que o processo físico de crescimento dos buracos negros nas galáxias muito maciças é diferente."
Entretanto, utilizando o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), situado no Monte Paranal, no Chile, Nahum Arav e os seus colegas, da Universidade Técnica da Virgínia (EUA), anunciaram ontem a detecção de um outro "monstro" cósmico: o quasar mais energético de sempre.
Os quasares são regiões compactas e extremamente luminosas, situadas no centro das galáxias maciças, à volta do buraco negro central. E apesar de os buracos negros "sugarem" grande parte da matéria envolvente, muitos quasares ejectam enormes quantidades de matéria para o exterior - fenómeno que se pensa ter um grande impacto na evolução da galáxia hospedeira. Só que, até agora, explica o ESO em comunicado, nunca tinha sido encontrado um quasar com os altos níveis de energia de ejecção previstos por esta teoria.
Os cientistas descobriram um quasar, SDSS-J1106+1939, cujo ritmo de emissão de energia é, diz Arav, "no mínimo equivalente a dois milhões de milhões de vezes a emissão de energia do Sol e cerca de 100 vezes maior do que a produção energética total da Via Láctea". O quasar "cospe" cerca de 400 vezes a massa do Sol por ano, à velocidade de 8000 quilómetros por segundo. "Há dez anos que procurava uma coisa destas e é muito excitante termos finalmente encontrado uma ejecção tão monstruosa como previa a teoria!"
Fonte: Público
A galáxia NGC 1277, a 220 milhões de anos-luz da Terra na direcção da constelação de Perseu, tem uma originalidade: é quase totalmente ocupada por um buraco negro. E mais: segundo resultados hoje publicados na revista Nature, também não se trata de um buraco negro qualquer, mas do mais maciço buraco negro recenseado até aqui.
O "monstro" foi descoberto com o Telescópio Hobby-Eberly (HET), do Observatório McDonald da Universidade do Texas (EUA), um dos grandes telescópios ópticos mundiais, cujo espelho mede 9,2 metros de diâmetro.
Para tentar perceber a forma como as galáxias e os buracos negros que residem no seu centro se formam e evoluem em conjunto, Remco van den Bosch e colegas estão a estudar as 800 galáxias mais maciças da nossa "vizinhança" cósmica. "Actualmente, há três mecanismos completamente diferentes para explicar a relação entre a massa dos buracos negros e as propriedades das galáxias hospedeiras", diz Van den Bosch em comunicado da Universidade do Texas. "Mas ainda não sabemos qual é a melhor dessas três teorias."
Os cientistas combinaram dados recolhidos pelo HET com medições da luminosidade da NGC 1277 feitas a partir de fotografias tiradas pelo telescópio espacial Hubble e com modelos matemáticos simulados num supercomputador. E concluíram que a massa do buraco negro em questão corresponde a 17 mil milhões de vezes a do Sol.
O resultado surpreendeu-os porque a NGC 1277 é uma galáxia compacta e pequena, de massa e tamanho dez vezes inferiores aos da Via Láctea. Mas, apesar disso, a largura do buraco negro é mais de 11 vezes maior do que a órbita de Neptuno à volta do Sol, representando 14% da massa total da galáxia - e 59% da massa do seu grupo central de estrelas. Um resultado que contrasta fortemente com o habitual, em que a massa do buraco negro central representa apenas 0,1% da massa total da galáxia hospedeira.
"Esta galáxia é mesmo anticonformista", diz o co-autor Karl Gebhardt, citado pelo mesmo documento. "É quase só buraco negro. A sua massa é muito maior do que o previsto, o que nos leva a pensar que o processo físico de crescimento dos buracos negros nas galáxias muito maciças é diferente."
Entretanto, utilizando o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), situado no Monte Paranal, no Chile, Nahum Arav e os seus colegas, da Universidade Técnica da Virgínia (EUA), anunciaram ontem a detecção de um outro "monstro" cósmico: o quasar mais energético de sempre.
Os quasares são regiões compactas e extremamente luminosas, situadas no centro das galáxias maciças, à volta do buraco negro central. E apesar de os buracos negros "sugarem" grande parte da matéria envolvente, muitos quasares ejectam enormes quantidades de matéria para o exterior - fenómeno que se pensa ter um grande impacto na evolução da galáxia hospedeira. Só que, até agora, explica o ESO em comunicado, nunca tinha sido encontrado um quasar com os altos níveis de energia de ejecção previstos por esta teoria.
Os cientistas descobriram um quasar, SDSS-J1106+1939, cujo ritmo de emissão de energia é, diz Arav, "no mínimo equivalente a dois milhões de milhões de vezes a emissão de energia do Sol e cerca de 100 vezes maior do que a produção energética total da Via Láctea". O quasar "cospe" cerca de 400 vezes a massa do Sol por ano, à velocidade de 8000 quilómetros por segundo. "Há dez anos que procurava uma coisa destas e é muito excitante termos finalmente encontrado uma ejecção tão monstruosa como previa a teoria!"
Fonte: Público
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixe aqui o seu comentário.