Duas sondas da NASA, em órbita em redor da Lua desde o início do ano, criaram um mapa detalhado da crosta lunar e fizeram algumas descobertas surpreendentes.
A superfície lunar parece feita de queijo gruyère (ou de Stilton, como argumentariam Wallace e Gromit). E isso mascara as características da crosta subjacente, ocultando as fases mais precoces da formação da Lua. Mas agora, graças a duas sondas chamadas Ebb e Flow ("fluxo" e "refluxo", ou ainda "cheia" e "vaza"), que utilizam uma técnica muito simples, mas ao mesmo tempo muito poderosa, foi possível levantar o véu e espreitar o interior da Lua como nunca tinha sido feito.
As sondas, cuja missão foi baptizada GRAIL (Gravity Recovery and Interior Laboratory), foram lançadas em Setembro de 2011 pela agência espacial norte-americana NASA e têm estado a orbitar a Lua, uma à frente da outra e a uma distância muito precisa uma da outra.
Como é que conseguem cartografar o interior da Lua? “Quando a primeira (Flow) passa por cima de uma formação rochosa particularmente maciça, o ligeiro aumento da atracção gravitacional [da Lua] que isso ocasiona empurra-a para a frente, distanciando-a da segunda (Ebb)”, explica, na Science desta sexta-feira, o jornalista Richard Kerr num texto que acompanha a publicação de três artigos que descrevem os resultados obtidos nos primeiros meses da missão.
Foram essas oscilações da distância entre as sondas, que elas foram medindo com grande precisão entre os meses de Março e Maio, que permitiram à equipa de Maria Zuber, geofísica do Massachusetts Institute of Technology, criar as belas imagens que constituem o “mapa gravitacional” da crosta da Lua.
A operação já se revelou fértil em surpresas acerca da juventude do nosso satélite natural. Uma delas é que, ao longo dos primeiros mil milhões de anos de vida da Lua, a sua crosta foi muito mais fustigada por asteróides e outros projécteis espaciais do que se pensava e que os impactos deixaram “fracturas que vão de finíssimas fissuras a falhas que poderão atingir dezenas de quilómetros de profundidade e penetrar mesmo no manto”, lê-se ainda na Science. Esta descoberta permite pensar que o mesmo processo de fracturação também poderá ter tido lugar nos planetas vizinhos – e em particular em Marte, "onde a água, que no início era abundante, poderá ter-se infiltrado, fornecendo muitas rochas molhadas e quentes” e criando assim condições propícias ao aparecimento da vida.
“Já se sabia que os planetas tinham sido fustigados por impactos, mas ninguém imaginava que a crosta da Lua tivesse sido tão atingida”, diz Maria Zuber, citada pelo diário britânico Guardian. “Isto foi uma grande surpresa, que vai fazer muita gente questionar-se sobre o seu significado para a evolução planetária.”
Outra novidade dos resultados publicados na Science é que, ao contrário de estimativas anteriores, que apontavam para a crosta lunar ter uma espessura de 50 a 60 quilómetros, ela parece ser muito mais fina (35 a 40 quilómetros) e a sua parte superior mais porosa do que previsto. Ainda outra é que a crosta é atravessada por cerca de 20 gigantescos lençóis de magma arrefecido, cuja densidade é maior do que a do resto – e cuja formação poderá remontar aos primórdios da história da Lua.
As duas sondas, que se encontravam inicialmente a 55 quilómetros de altitude, desceram para os 22 quilómetros no fim do Verão, o que promete imagens mais detalhadas daqui a uns meses, escreve ainda Kerr. Nas próximas semanas, aproximar-se-ão ainda mais perigosamente da superfície, acabando por se estatelar na Lua quando o combustível dos seus foguetões de controlo de altitude se esgotar.
Fonte: Público
A superfície lunar parece feita de queijo gruyère (ou de Stilton, como argumentariam Wallace e Gromit). E isso mascara as características da crosta subjacente, ocultando as fases mais precoces da formação da Lua. Mas agora, graças a duas sondas chamadas Ebb e Flow ("fluxo" e "refluxo", ou ainda "cheia" e "vaza"), que utilizam uma técnica muito simples, mas ao mesmo tempo muito poderosa, foi possível levantar o véu e espreitar o interior da Lua como nunca tinha sido feito.
As sondas, cuja missão foi baptizada GRAIL (Gravity Recovery and Interior Laboratory), foram lançadas em Setembro de 2011 pela agência espacial norte-americana NASA e têm estado a orbitar a Lua, uma à frente da outra e a uma distância muito precisa uma da outra.
Como é que conseguem cartografar o interior da Lua? “Quando a primeira (Flow) passa por cima de uma formação rochosa particularmente maciça, o ligeiro aumento da atracção gravitacional [da Lua] que isso ocasiona empurra-a para a frente, distanciando-a da segunda (Ebb)”, explica, na Science desta sexta-feira, o jornalista Richard Kerr num texto que acompanha a publicação de três artigos que descrevem os resultados obtidos nos primeiros meses da missão.
Foram essas oscilações da distância entre as sondas, que elas foram medindo com grande precisão entre os meses de Março e Maio, que permitiram à equipa de Maria Zuber, geofísica do Massachusetts Institute of Technology, criar as belas imagens que constituem o “mapa gravitacional” da crosta da Lua.
A operação já se revelou fértil em surpresas acerca da juventude do nosso satélite natural. Uma delas é que, ao longo dos primeiros mil milhões de anos de vida da Lua, a sua crosta foi muito mais fustigada por asteróides e outros projécteis espaciais do que se pensava e que os impactos deixaram “fracturas que vão de finíssimas fissuras a falhas que poderão atingir dezenas de quilómetros de profundidade e penetrar mesmo no manto”, lê-se ainda na Science. Esta descoberta permite pensar que o mesmo processo de fracturação também poderá ter tido lugar nos planetas vizinhos – e em particular em Marte, "onde a água, que no início era abundante, poderá ter-se infiltrado, fornecendo muitas rochas molhadas e quentes” e criando assim condições propícias ao aparecimento da vida.
“Já se sabia que os planetas tinham sido fustigados por impactos, mas ninguém imaginava que a crosta da Lua tivesse sido tão atingida”, diz Maria Zuber, citada pelo diário britânico Guardian. “Isto foi uma grande surpresa, que vai fazer muita gente questionar-se sobre o seu significado para a evolução planetária.”
Outra novidade dos resultados publicados na Science é que, ao contrário de estimativas anteriores, que apontavam para a crosta lunar ter uma espessura de 50 a 60 quilómetros, ela parece ser muito mais fina (35 a 40 quilómetros) e a sua parte superior mais porosa do que previsto. Ainda outra é que a crosta é atravessada por cerca de 20 gigantescos lençóis de magma arrefecido, cuja densidade é maior do que a do resto – e cuja formação poderá remontar aos primórdios da história da Lua.
As duas sondas, que se encontravam inicialmente a 55 quilómetros de altitude, desceram para os 22 quilómetros no fim do Verão, o que promete imagens mais detalhadas daqui a uns meses, escreve ainda Kerr. Nas próximas semanas, aproximar-se-ão ainda mais perigosamente da superfície, acabando por se estatelar na Lua quando o combustível dos seus foguetões de controlo de altitude se esgotar.
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