Tem mais água, é constituído por basalto e tem 2100 milhões de anos. A rocha marciana descrita na Science é uma representante única da geologia do planeta.
Bem-vindos os calhaus de Marte, ou pelo menos os 319,8 gramas chegados de lá - o peso do meteorito proveniente do planeta vermelho que agora foi estudado. Enquanto uma missão de ida e volta não trouxer material do quarto planeta do sistema solar, os meteoritos marcianos que caem na Terra são os melhores objectos para se conhecer as profundezas geológicas do planeta. O NWA 7034 é diferente das rochas marcianas que se observaram até agora. É um pedaço de material vulcânico com mais água do que o normal, proveniente da crosta marciana e tem 2100 milhões de anos, revela um artigo na edição de hoje da revista norte-americana Science.
Até agora, eram conhecidos 110 meteoritos marcianos. Mas só na década passada é que se confirmou que esta população de rochas vinha mesmo de Marte. Apesar da sua constituição corresponder àquele planeta, foi preciso a informação recolhida pelas sondas Viking, que aterraram em Marte em 1976, e décadas de investigação para termos a confirmação.
A viagem de um pedaço de rocha arrancado de Marte até à Terra começa com um forte impacto de um grande asteróide ou de um cometa contra o planeta vermelho. Depois, é uma questão de sorte o material cair na Terra.
Os meteoritos que cá chegaram são todos de uma só classe dividida em três grupos, consoante a sua composição química, chamados Shergotty, Nakhla e Chassign (SNC). O NWA 7034 não se encaixa em nenhuma dos tipos. O pedaço de rocha foi encontrado no Noroeste de África. Em 2011 foi adquirido pela Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, onde foi estudado.
"A textura do meteorito NWA não é como a dos SNC. É feito de fragmentos cimentados de basalto, uma rocha que se forma quando a lava arrefece rapidamente, e contém principalmente feldspato e piroxena. A composição é comum nas amostras de material lunar, mas não noutros meteoritos", explica Andrew Steele, um dos autores, que trabalha na Instituição Carnegie, em Washington.
As análises feitas ao solo de Marte pelos sucessivos robôs que foram enviados ao planeta nunca encontraram uma química parecida com a do material marciano que viajou até à Terra. Mas o NWA 7034 parece inverter a situação. "O basalto da rocha é consistente com o que existe na crosta ou no manto superior de Marte, segundo as descobertas recentes feitas pelos robôs em Marte e pelos satélites. A química [do NWA 7034] parece ter uma origem superficial e ter sofrido uma interacção com a atmosfera do planeta", explica Carl Agee, outro autor do artigo, da Universidade do Novo México.
Rocha hidratada
A datação do NWA 7034 indica que esta rocha é, segundo os cientistas, do início da época amazoniana - a mais recente época do registo geológico de Marte. Segundo a análise feita pelos cientistas, o meteorito contém 6000 partes de água por um milhão de partes, o que é cerca de dez vezes mais do que a que se encontra, em média, nos outros meteoritos marcianos. "Esta abundância de água sugere que o meteorito interagiu com a superfície marciana há cerca de 2100 milhões de anos", diz Agee.
É impossível saber a que região do planeta pertence este representante do mundo mineral de Marte. Apesar de o robô Curiosity da NASA, que chegou ao planeta em Agosto de 2012, estar programado para estudar a geologia de Marte - tem um braço capaz de apanhar amostras de solo para analisar -, será preciso uma viagem mais arrojada de ida e volta para as mãos humanas poderem analisar rochas de Marte trazidas de propósito. A NASA e a Agência Espacial Europeia tinham um projecto destes, só que nunca saiu do papel.
Fonte: Público
Bem-vindos os calhaus de Marte, ou pelo menos os 319,8 gramas chegados de lá - o peso do meteorito proveniente do planeta vermelho que agora foi estudado. Enquanto uma missão de ida e volta não trouxer material do quarto planeta do sistema solar, os meteoritos marcianos que caem na Terra são os melhores objectos para se conhecer as profundezas geológicas do planeta. O NWA 7034 é diferente das rochas marcianas que se observaram até agora. É um pedaço de material vulcânico com mais água do que o normal, proveniente da crosta marciana e tem 2100 milhões de anos, revela um artigo na edição de hoje da revista norte-americana Science.
Até agora, eram conhecidos 110 meteoritos marcianos. Mas só na década passada é que se confirmou que esta população de rochas vinha mesmo de Marte. Apesar da sua constituição corresponder àquele planeta, foi preciso a informação recolhida pelas sondas Viking, que aterraram em Marte em 1976, e décadas de investigação para termos a confirmação.
A viagem de um pedaço de rocha arrancado de Marte até à Terra começa com um forte impacto de um grande asteróide ou de um cometa contra o planeta vermelho. Depois, é uma questão de sorte o material cair na Terra.
Os meteoritos que cá chegaram são todos de uma só classe dividida em três grupos, consoante a sua composição química, chamados Shergotty, Nakhla e Chassign (SNC). O NWA 7034 não se encaixa em nenhuma dos tipos. O pedaço de rocha foi encontrado no Noroeste de África. Em 2011 foi adquirido pela Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, onde foi estudado.
"A textura do meteorito NWA não é como a dos SNC. É feito de fragmentos cimentados de basalto, uma rocha que se forma quando a lava arrefece rapidamente, e contém principalmente feldspato e piroxena. A composição é comum nas amostras de material lunar, mas não noutros meteoritos", explica Andrew Steele, um dos autores, que trabalha na Instituição Carnegie, em Washington.
As análises feitas ao solo de Marte pelos sucessivos robôs que foram enviados ao planeta nunca encontraram uma química parecida com a do material marciano que viajou até à Terra. Mas o NWA 7034 parece inverter a situação. "O basalto da rocha é consistente com o que existe na crosta ou no manto superior de Marte, segundo as descobertas recentes feitas pelos robôs em Marte e pelos satélites. A química [do NWA 7034] parece ter uma origem superficial e ter sofrido uma interacção com a atmosfera do planeta", explica Carl Agee, outro autor do artigo, da Universidade do Novo México.
Rocha hidratada
A datação do NWA 7034 indica que esta rocha é, segundo os cientistas, do início da época amazoniana - a mais recente época do registo geológico de Marte. Segundo a análise feita pelos cientistas, o meteorito contém 6000 partes de água por um milhão de partes, o que é cerca de dez vezes mais do que a que se encontra, em média, nos outros meteoritos marcianos. "Esta abundância de água sugere que o meteorito interagiu com a superfície marciana há cerca de 2100 milhões de anos", diz Agee.
É impossível saber a que região do planeta pertence este representante do mundo mineral de Marte. Apesar de o robô Curiosity da NASA, que chegou ao planeta em Agosto de 2012, estar programado para estudar a geologia de Marte - tem um braço capaz de apanhar amostras de solo para analisar -, será preciso uma viagem mais arrojada de ida e volta para as mãos humanas poderem analisar rochas de Marte trazidas de propósito. A NASA e a Agência Espacial Europeia tinham um projecto destes, só que nunca saiu do papel.
Fonte: Público
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