terça-feira, 8 de novembro de 2011

O QI pode mudar durante a adolescência

As mudanças acentuadas que ocorrem na adolescência podem afetar o QI. O QI de uma pessoa pode subir muito durante a adolescência, enquanto regiões correspondentes do cérebro podem diminuir a sua capacidade, de acordo com um estudo publicado na revista Nature.
Os resultados sugerem que o número de QI de uma criança não é imutável, como muitos pesquisadores acreditam, diz o neurocientista Richard Haier, da Universidade da Califórnia, Irvine. "Este é um artigo extremamente interessante."
Em 2004, Cathy Price do Wellcome Trust Centre for Neuroimaging da University College London e os seus colegas testaram o QI de 33 participantes saudáveis que tinham, em média, 14 anos. Enquanto os adolescentes estavam no laboratório, o cérebro regiões do cérebro em particular eram cuidadosamente analisadas.
Cerca de quatro anos mais tarde, Price e a sua equipa convidaram os adolescentes para uma nova análise. No geral, as pontuações de QI mantiveram-se estáveis: a média de QI foi 112 em 2004 e 113 quatro anos depois. Mas quando os pesquisadores olharam para os padrões individuais, eles descobriram que cerca de um terço dos adolescentes tiveram mudanças significativas no QI, sendo que alguns revelaram mudanças muito significativas.
Uma queda de 18 pontos de QI – o que seria suficiente para baixar uma pessoa de estatuto de génio para apenas acima da média. O teste também revelou um ganho de QI de 21 pontos - o que elevaria uma pessoa abaixo da média para acima da média. Algumas pessoas que apresentaram dos resultados mais altos na primeira análise subiram ainda ainda mais na segunda análise, e alguns que tiveram uma primeira pontuação baixa, tiveram uma ainda pior depois.
Para Price e os seus colegas, estes resultados foram tão surpreendentes que inicialmente suspeitaram da existência de explicações mundanas, como as diferenças nos níveis de concentração no momento de cada teste. Mas os dados de scan ao cérebro revelaram o contrário.
As mudanças de QI foram acompanhadas por mudanças na matéria cinzenta dos cérebros, que é composta por células nervosas. O aumento no QI verbal relacionou-se com matéria cinzenta mais densa no lado esquerdo do córtex motor, uma parte do cérebro que está envolvida na fala. E o aumento no desempenho do QI, que mede habilidades, tais como imagens a compreensão, foram acompanhadas por matéria cinzenta mais densa no cerebelo anterior, uma parte do cérebro importante para o movimento.
Estas mudanças no cérebro significam que é menos provável que as variações de QI sejam consequência de um dia mau nos testes, diz Price. "Assim, concluímos que as flutuações foram mudanças significativas no QI, e não erros de medição", afirma.
Evidências de uma inteligência maleável podem mudar a forma como as habilidades das pessoas são avaliadas, diz ela. Por exemplo, pode ajudar os educadores a perceber que as pontuações de inteligência ainda estão em desenvolvimento durante a adolescência.
Alguns estudos, incluindo os trabalhos de Haier, descobriram que o treino cerebral intenso pode aumentar a massa cinzenta, embora ninguém saiba exatamente como é que essas mudanças cerebrais se relacionam com o QI.
Uma vez que o estudo atual seguiu adolescentes com vidas normais, os cientistas não sabem o que levou às mudanças de QI e do cérebro. O rápido desenvolvimento na socialização, escola e desportos pode influenciar o cérebro, Haier diz: "Tanta coisa acontece na adolescência."

Fonte: Science News

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