O crescente comércio ilegal de carne de animais selvagens – espécies caçadas no seu habitat natural, geralmente ameaçadas de extinção, tais como primatas, aves e elefantes – ameaça a biodiversidade africana. Encontrar substitutos para esse comércio ajudaria a resolver tanto o problema de geração de renda quanto de subsistência em muitas comunidades africanas. A resposta, de acordo com especialistas que se manifestaram numa reunião realizada em Nairóbi, estaria em promover a criação de abelhas e de roedores africanos de grande porte conhecidos como ratões-da-cana (duas espécies do género Thryonomy) para alimentar humanos. Representantes de 43 governos participaram no encontro, organizado pela Cites (Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora), juntamente com a CBD (Convention on Biological Diversity), a fim de discutir o comércio clandestino de carne de animais selvagens e outras questões relacionadas com esse assunto.
As abelhas forneceriam mel para comércio e alimentação e os ratões-da-cana, que chegam a pesar 6 kg e já são criados em algumas partes da África, produziriam muito mais comida do que outros substitutos, como gado de corte bovino, e ainda ocupariam muito menos espaço. De acordo com a Cites, substituir a carne proveniente da caça clandestina pela bovina só na República Democrática do Congo exigiria converter 80% do território do país em pastos.
“Enfrentar o impacto do comércio insustentável e ilegal de carne selvagem é fundamental para proteger a subsistência dos habitantes da zona rural e conservar a vida selvagem nas áreas ricas em biodiversidade”, explica John E. Scanlon, secretário-geral da Cites, em declaração oficial.
“Enfrentar o impacto do comércio insustentável e ilegal de carne selvagem é fundamental para proteger a subsistência dos habitantes da zona rural e conservar a vida selvagem nas áreas ricas em biodiversidade”, explica John E. Scanlon, secretário-geral da Cites, em declaração oficial.
Até que existam alternativas para a renda e a comida proporcionadas pelo comércio ilegal de carne selvagem, estas continuarão em níveis insustentáveis, a ponto de criar a “síndrome de floresta vazia”, fenómeno gerado pelo facto de que muitas aves e outros animais que mantêm as florestas saudáveis – por meio de dispersão de sementes, por exemplo – serão caçados até a extinção.
As culturas de abelhas e de ratões-da-cana já estão a aumentar em várias partes da África. De acordo com artigo da BBC News de 2006, os ratões-da-cana (também conhecidos como “cortadores de relva”) geram lucros satisfatórios para lavradores do Gana. Além disso, já existem 3 mil apicultores na região ganense.
As culturas de abelhas e de ratões-da-cana já estão a aumentar em várias partes da África. De acordo com artigo da BBC News de 2006, os ratões-da-cana (também conhecidos como “cortadores de relva”) geram lucros satisfatórios para lavradores do Gana. Além disso, já existem 3 mil apicultores na região ganense.
De acordo com o site Apiconsult, a apicultura é fácil de iniciar, requer muito pouca terra e não exige muito esforço. Além de fornecerem mel e cera como fontes principais de renda, as próprias abelhas proporcionam um benefício extra: aumentam a polinização nas comunidades locais, o que por sua vez ajuda a desenvolver outros cultivos.
O ratão-da-cana também é carne selvagem – e com frequência comercializada ilegalmente. Mas os ratões que vivem no ambiente selvagem são caçados com métodos insustentáveis, tais como queimar a vegetação. Criá-los (como sugere a Cites) propicia uma fonte imediata de carne com altos índices de proteína e baixos níveis de gordura – o que é melhor para o meio ambiente, assim como para as outras espécies em África.
Fonte: Scientific American
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