Em menos de 20 anos o diabo-da-tasmânia chegou à beira da extinção, com algumas populações do norte da ilha reduzidas em 95%. O culpado: um cancro que se tornou transmissível. Alguns comportamentos sexuais da espécie favorecem o contágio, pois os animais mordem-se muito e as células do tumor daqueles que já foram contaminados são depositadas nos ferimentos dos mordidos, onde se alojam. Devido à semelhança genética entre membros da mesma espécie, o sistema imunitário não reconhece as células cancerosas como estranhas e elas não são destruídas. Assim, o tumor desenvolve-se no focinho dos animais e impede a alimentação, o que pode ser fatal.
Apesar de os cientistas ainda não terem encontrado uma vacina contra o cancro, eles investigam outros meios para salvar a espécie. “Pensando nas péssimas previsões para os diabos selvagens, com risco de serem extintos daqui a 25 ou 30 anos, um banco de material genético – de animais selvagens e cativos – é muito importante”, explica Tamara Keeley, bióloga especializada em reprodução da Taronga Conservation Society Australia (TCSA).
Com Justine O'Brien, diretor cientifico do SeaWorld & Busch Gardens Reproductive Research Center em San Diego, Califórnia, ela criou um “zoo congelado”. Ou seja, um banco genético para o marsupial e publicou, na revista Theriogenology, um artigo sobre a biologia e as técnicas de conservação de gâmetas.
A espécie tem um período de reprodução entre três e quatro anos. Porém, muitos animais com um bom material genético têm morrido antes de chegar à fase ideal de reprodução. Além disso, outros estudos mostraram que os diabos-da-tasmânia não têm uma grande variedade genética. Por isso, conservar o máximo de linhagem genética pode ser importante.
Encontrar uma solução capaz de congelar e conservar os gâmetas do marsupial foi um desafio devido à baixa produção de espermatozóides desses animais (por volta de centenas, quando na maioria das espécies vai até milhões ou biliões). Outro problema é que a membrana do espermatozóide se revelou muita sensível e sofria danos no processo. Agora, depois de quatro anos de aperfeiçoamento da técnica, os pesquisadores conseguiram que 48% dos espermatozóides sobrevivam ao descongelamento.
Felizmente, o tumor não parece ter um impacto nos gâmetas do animal. “A nossa observação com diabos-da-tasmânia que apresentavam diferentes graus de sintomas clínicos sugere que os efeitos na qualidade do esperma são limitados” declara Keeley. “Mesmo os animais com tumores graves e metástases continuaram a produzir esperma móvel e de qualidade equivalente ao dos com tumor num estado inicial”. Isso significa que não é preciso recolher o material genético de animais saudáveis para preservar um stock genético maior e mais diverso. No estudo, inclusive, todos os óvulos e espermas foram recolhidos de diabos-da-tasmânia tão doentes, que seriam sacrificados de qualquer maneira.
O próximo desafio que os pesquisadores esperam vencer envolve a inseminação artificial. “O sucesso desse processo depende da qualidade do esperma e do conhecimento mais amplo sobre o ciclo hormonal da fêmea, especialmente referente ao tempo de ovulação”, reforça Keeley. São necessárias mais pesquisas para que os cientistas possam entender melhor os processos que permitem a inseminação das fêmeas, no momento adequado. Os estudiosos já sabem que as fêmeas da espécie apresentam um período de ovulação longo e acreditam que elas mantenham o esperma dentro do seu aparelho reprodutor por vários dias, o que aumenta as expectativas em relação ao sucesso.
Keeley acredita que quando as técnicas de inseminação artificial ou de fertilização in vitro estiverem desenvolvidas, o material genético dos bancos possivelmente será introduzido em populações selvagens ou cativas para aumentar, ou pelo menos manter, a biodiversidade.
Apesar de os cientistas ainda não terem encontrado uma vacina contra o cancro, eles investigam outros meios para salvar a espécie. “Pensando nas péssimas previsões para os diabos selvagens, com risco de serem extintos daqui a 25 ou 30 anos, um banco de material genético – de animais selvagens e cativos – é muito importante”, explica Tamara Keeley, bióloga especializada em reprodução da Taronga Conservation Society Australia (TCSA).
Com Justine O'Brien, diretor cientifico do SeaWorld & Busch Gardens Reproductive Research Center em San Diego, Califórnia, ela criou um “zoo congelado”. Ou seja, um banco genético para o marsupial e publicou, na revista Theriogenology, um artigo sobre a biologia e as técnicas de conservação de gâmetas.
A espécie tem um período de reprodução entre três e quatro anos. Porém, muitos animais com um bom material genético têm morrido antes de chegar à fase ideal de reprodução. Além disso, outros estudos mostraram que os diabos-da-tasmânia não têm uma grande variedade genética. Por isso, conservar o máximo de linhagem genética pode ser importante.
Encontrar uma solução capaz de congelar e conservar os gâmetas do marsupial foi um desafio devido à baixa produção de espermatozóides desses animais (por volta de centenas, quando na maioria das espécies vai até milhões ou biliões). Outro problema é que a membrana do espermatozóide se revelou muita sensível e sofria danos no processo. Agora, depois de quatro anos de aperfeiçoamento da técnica, os pesquisadores conseguiram que 48% dos espermatozóides sobrevivam ao descongelamento.
Felizmente, o tumor não parece ter um impacto nos gâmetas do animal. “A nossa observação com diabos-da-tasmânia que apresentavam diferentes graus de sintomas clínicos sugere que os efeitos na qualidade do esperma são limitados” declara Keeley. “Mesmo os animais com tumores graves e metástases continuaram a produzir esperma móvel e de qualidade equivalente ao dos com tumor num estado inicial”. Isso significa que não é preciso recolher o material genético de animais saudáveis para preservar um stock genético maior e mais diverso. No estudo, inclusive, todos os óvulos e espermas foram recolhidos de diabos-da-tasmânia tão doentes, que seriam sacrificados de qualquer maneira.
O próximo desafio que os pesquisadores esperam vencer envolve a inseminação artificial. “O sucesso desse processo depende da qualidade do esperma e do conhecimento mais amplo sobre o ciclo hormonal da fêmea, especialmente referente ao tempo de ovulação”, reforça Keeley. São necessárias mais pesquisas para que os cientistas possam entender melhor os processos que permitem a inseminação das fêmeas, no momento adequado. Os estudiosos já sabem que as fêmeas da espécie apresentam um período de ovulação longo e acreditam que elas mantenham o esperma dentro do seu aparelho reprodutor por vários dias, o que aumenta as expectativas em relação ao sucesso.
Keeley acredita que quando as técnicas de inseminação artificial ou de fertilização in vitro estiverem desenvolvidas, o material genético dos bancos possivelmente será introduzido em populações selvagens ou cativas para aumentar, ou pelo menos manter, a biodiversidade.
Fonte: Scientific American
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