terça-feira, 11 de setembro de 2012

Adesivo para corrigir defeitos cardíacos de bebés

Uma investigadora portuguesa que participa no Programa MIT Portugal está a desenvolver um adesivo que ajuda a resolver "defeitos" cardíacos de bebés, evitando uma operação e com menos efeitos secundários.
Maria José Pereira, doutoranda do MIT Portugal e a trabalhar na sua investiação em colaboração com a Harvard Medical School, onde "tudo é testado em hospital, com médicos cirurgiões", disse hoje à Lusa que a ideia é desenvolver um adesivo, colocado através da carótida, indo até ao coração através de um cateter.
Trata-se de resolver problemas como defeitos no septo, malformações ventriculares, ou seja, "quando há um buraquinho entre os dois ventrículos ou nas aurículas".
Em algumas crianças, o defeito acaba por fechar espontaneamente, mas noutras não fecha e é necessária uma intervenção cirúrgica.
Com o novo método, "evita-se que seja necessária uma operação de coração aberto, os materiais são elásticos, [permitindo] imitar as propriedades do coração, sem causar fricção no tecido cardíaco", referiu Maria José Pereira, avançando que os cientistas esperam que haja "muito menos efeitos secundários".
Os materiais utilizados foram já testados em ratinhos, nomeadamente as propriedades de biocompatibilidade, e "agora estamos a desenvolver os procedimentos e os dispositivos usando um modelo animal de porco", salientou Maria José Pereira.
A investigadora explicou que o adesivo "serve como suporte e há várias células que podem aderir ao material e, à medida que o material se vai degradando, as células vão-se organizando" e vai sendo criada uma cicatriz, a qual, segundo vários estudos, "não é um problema".
A cientista começou por trabalhar em terapias para enfartes do miocárdio, desenvolveu um elemento local para entrega de fármacos de maneira controlada ao coração e foi necessário um adesivo para o colocar na superfície do coração.
Foi assim que surgiu a ideia de usar o adesivo para outros problemas cardíacos, como os defeitos no feto.
E prosseguiram os trabalhos para "desenvolver um material que seja resistente ao sangue e que possa ser empregue de uma maneira minimamente invasiva [quando no local adequado]", especificou a investigadora.
No caso do tratamento do enfarte do miocárdio, a entrega do material é feita na superfície do coração e poderá existir um medicamento a libertar, mas para os defeitos do feto "não há muita necessidade de haver um fármaco, basta haver um suporte físico para que as células possam aderir ao material e acabar por fechar o defeito".
O dispositivo vai ser desenvolvido nos próximos dois anos, mas até poder ser utilizado nos humanos terá de percorrer um processo longo, não inferior a cinco anos, segundo as expetativas da estudante de doutoramento do MIT Portugal.

Fonte: Diário de Notícias

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