quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Risco de cancro nos testículos é elevado com marijuana e menor com cocaína

Um estudo publicado esta segunda-feira na revista Cancer, da Sociedade Americana de Cancro, confirma a relação entre o consumo recreativo de marijuana e um maior risco de desenvolver cancro nos testículos associando-a ainda a prognósticos mais graves. Os investigadores perceberam também que o mesmo risco é menor entre os consumidores de cocaína.
A associação entre o consumo de marijuana e o risco de cancro de testículo já era conhecida mas, desta vez, os investigadores alargaram o âmbito da análise aos efeitos provocados pelo uso recreativo de outras drogas, desde cogumelos, a LSD ou cocaína, entre outras. Os resultados do estudo destacam a confirmação da “culpa” da marijuana no aumento de casos desta neoplasia e alertam para o facto de esta relação de risco existir não só no uso recreativo mas também no terapêutico (medicinal).
Para verificar a relação entre o consumo recreativo de drogas com o risco de cancro do testículo, o grupo de cientistas liderado por Victoria Cortessis da Universidade da Califórnia do Sul, em Los Angeles, examinou 163 jovens entre os 18 e os 35 anos, caucasianos, com diagnóstico positivo e compararam os resultados com o obtido com 292 homens saudáveis, da mesma faixa etária e também caucasianos.
Os resultados obtidos mostram que os homens com historial de uso de marijuana, têm duas vezes mais probabilidade de desenvolver um dos subtipos de cancro dos testículos: não seminomas (considerados mais agressivos e que afectam sobretudo homens mais jovens) e neoplasias mistas. Porém, segundo o artigo, o risco é maior nos consumidores pouco frequentes (menos do que uma vez por semana) e há menos tempo (menos de dez anos).
De acordo com estes dados, os investigadores sugerem que os potenciais efeitos negativos do consumo de Marijuana e dos seus derivados devam ser tidos em conta, não só quando é usada para fins recreativos, também nas situações em que o uso tem fins terapêuticos.
O cancro dos testículos é o mais comum em homens entre os 15 e os 45 anos e, apesar de ser raro, representa 2% dos casos diagnosticados. Este tumor maligno, tem uma taxa de sucesso de cura que ronda os 95%, mas muitos sobreviventes ficam com sequelas como, por exemplo, doenças cardiovasculares. Trata-se de um cancro que afecta principalmente jovens que nasceram com um testículo não-descido (criptorquidia), mas os antecedentes familiares da doença e os problemas de fertilidade são também factores de risco. É um tipo de cancro praticamente inexistente em asiáticos e africanos.
O artigo publicado na Cancer, nota que “a incidência tem vindo a aumentar ao longo das últimas décadas o que implica uma mudança na exposição a um ou mais riscos não genéticos”.
A marijuana tem sido associada a múltiplos efeitos adversos no sistema reprodutivo, do impacto na qualidade do esperma à impotência e infertilidade. O seu principal componente químico é o tetrahidrocanabinol (THC), um princípio activo alucinogénio, cujos receptores no nosso corpo estão instalados no cérebro, no coração, nos testículos e no útero. Por outro lado, alguns estados americanos e países como a Holanda ou a Bélgica, usam esta planta pontualmente, para aliviar sintomas relacionados com o tratamento do cancro, tais como as náuseas e os vómitos causados pela quimioterapia.
Em relação ao uso da cocaína são ainda necessários mais estudos para se poderem validar resultados, mas, pela primeira vez, os investigadores perceberam que os homens que tinham usado cocaína apresentavam um risco reduzido nestes subtipos de cancro. Embora ainda não se saiba como é que influencia o cancro dos testículos, os testes de laboratório com animais, mostram que esta droga destrói as células germinativas (a maioria destes tumores tem origem nestas células). “Se isto for válido também para os humanos então a “prevenção” tem um preço muito alto” refere Victoria Cortessis, citada num comunicado de imprensa da Wiley. “ Embora as células germinativas deixem de poder desenvolver cancro, se elas são as primeiras a ser destruídas a fertilidade seria prejudicada”, acrescenta a investigadora.

Fonte: Público

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