As crianças podem tagarelar consigo próprias durante horas, mas não são capazes de contar com estes sons para desenvolver as suas competências linguísticas.
Um novo estudo publicado na revista Current Biology descobriu que crianças pequenas não ouvem a sua própria voz, da mesma forma que as crianças mais velhas e adultos o fazem.
"Os adultos subconscientemente ouvem vogais e sons consonantais no seu discurso para garantir que estão a produzi-los corretamente", diz o principal autor do estudo, Ewen MacDonald, da Universidade Técnica da Dinamarca.
"Se a acústica do nosso discurso for um pouco diferente do que pretendemos, então ... vamos ajustar a nossa forma de falar para corrigir esses erros leves", diz MacDonald.
Mas ao contrário de adultos e crianças mais velhas, as crianças de dois anos de idade não monitorizam o som da própria voz para corrigir os erros, constatou o estudo.
Isto apesar do fato de que as crianças podem facilmente detectar pequenos desvios de pronúncia dos outros em palavras familiares, balbuciam de uma forma que é consistente com a sua língua nativa, e progridem bem no seu caminho para a aquisição de vocabulário e estruturas de som.
Bad, bed, bid
MacDonald e colegas compararam as habilidades de linguagem dos adultos, de crianças com quatro anos de idade e de crianças com dois anos de idade. Cada grupo foi convidado a dizer cinquenta vezes a palavra 'cama' (bed). Para obter esta palavra das crianças, os pesquisadores usaram um jogo virtual onde as crianças tinham que ajudar um robô a cruzar uma área de diversão dizendo a palavra 'cama'.
Depois de os participantes se ouviram dizer 'cama' vinte vezes, os investigadores alteraram o feedback auditivo para que eles se ouvissem a dizer 'mau' (bad) em vez de 'cama' (bed).
"Se eles repetirem isso várias vezes, os adultos espontaneamente compensam-no, mudando a maneira como eles dizem a vogal", diz MacDonald. "Em vez de dizer 'cama' a palavra que eles dizem é algo parecido com a palavra 'licitação' (bid)."
A pesquisa revelou que as crinaças com quatro anos de idade também ajustaram o seu discurso, mas as de dois anos de idade continuaram a dizer 'cama'.
Então, se as crianças não monitorizam automaticamente a precisão do seu discurso, como é que os adultos e as crianças mais velhas o fazem; Como é que eles aprendem a produzir os sons utilizados na sua comunidade linguística?
MacDonald diz que os resultados sugerem que aos dois anos de idade pode-se depender dos pais ou de outras pessoas para monitorizar o discurso em vez de confiar na sua própria voz.
"Os educadores repetem muitas vezes as coisas que ouvem das crianças", observa ele.
Percepção da fala
Embora tenha havido muitos estudos no passado que têm olhado para a capacidade de uma criança se ouvir, este estudo oferece uma nova visão sobre como as crianças percebem o seu discurso, afirma a patologista da fala, a professora Sharynne McLeod, da Charles Sturt University em Bathurst.
"Este estudo fornece pistas interessantes sobre a capacidade da criança para perceber [o seu discurso], porque as de quatro anos de idade mostravam já padrões claros nesse sentido, mas as de dois anos de idade não ", disse McLeod, que não esteve envolvida na pesquisa.
Mas McLeod diz que a diferença nos padrões de fala não deve ser ligada apenas à capacidade que as crianças de dois anos têm de perceber a sua própria fala.
"Pode haver uma série de razões para as quais as crianças estão a ter dificuldade, por exemplo, as suas habilidades motoras e a sua capacidade de falar ainda estão em desenvolvimento nessa fase", diz ela.
Ela também observa que os sons das vogais 'a' e 'e' testados no estudo são muito semelhantes e mudam com os dialetos.
"Eu acho que são necessários mais estudos para generalizar [os resultados], mas uma das mensagens que se deve extrair é que há muitas pesquisas que mostram que quando as crianças dizem uma palavra é bom repetir a palavra de volta para eles, numa frase, e ajudar assim a expandir o seu desenvolvimento de linguagem."
Ela diz que o estudo também destaca a importância da intervenção precoce por fonoaudiólogos e avaliações auditiva neonatal.
"As crianças ainda estão a desenvolver-se entre os dois e os quatro anos por isso, se podemos identificar marcadores enquanto ainda são muito jovens, podemos facilitar o seu desenvolvimento, porque essa perceção é crucial em crianças, e em todas as pessoas em geral, para desenvolver a capacidade de falar."
Um novo estudo publicado na revista Current Biology descobriu que crianças pequenas não ouvem a sua própria voz, da mesma forma que as crianças mais velhas e adultos o fazem.
"Os adultos subconscientemente ouvem vogais e sons consonantais no seu discurso para garantir que estão a produzi-los corretamente", diz o principal autor do estudo, Ewen MacDonald, da Universidade Técnica da Dinamarca.
"Se a acústica do nosso discurso for um pouco diferente do que pretendemos, então ... vamos ajustar a nossa forma de falar para corrigir esses erros leves", diz MacDonald.
Mas ao contrário de adultos e crianças mais velhas, as crianças de dois anos de idade não monitorizam o som da própria voz para corrigir os erros, constatou o estudo.
Isto apesar do fato de que as crianças podem facilmente detectar pequenos desvios de pronúncia dos outros em palavras familiares, balbuciam de uma forma que é consistente com a sua língua nativa, e progridem bem no seu caminho para a aquisição de vocabulário e estruturas de som.
Bad, bed, bid
MacDonald e colegas compararam as habilidades de linguagem dos adultos, de crianças com quatro anos de idade e de crianças com dois anos de idade. Cada grupo foi convidado a dizer cinquenta vezes a palavra 'cama' (bed). Para obter esta palavra das crianças, os pesquisadores usaram um jogo virtual onde as crianças tinham que ajudar um robô a cruzar uma área de diversão dizendo a palavra 'cama'.
Depois de os participantes se ouviram dizer 'cama' vinte vezes, os investigadores alteraram o feedback auditivo para que eles se ouvissem a dizer 'mau' (bad) em vez de 'cama' (bed).
"Se eles repetirem isso várias vezes, os adultos espontaneamente compensam-no, mudando a maneira como eles dizem a vogal", diz MacDonald. "Em vez de dizer 'cama' a palavra que eles dizem é algo parecido com a palavra 'licitação' (bid)."
A pesquisa revelou que as crinaças com quatro anos de idade também ajustaram o seu discurso, mas as de dois anos de idade continuaram a dizer 'cama'.
Então, se as crianças não monitorizam automaticamente a precisão do seu discurso, como é que os adultos e as crianças mais velhas o fazem; Como é que eles aprendem a produzir os sons utilizados na sua comunidade linguística?
MacDonald diz que os resultados sugerem que aos dois anos de idade pode-se depender dos pais ou de outras pessoas para monitorizar o discurso em vez de confiar na sua própria voz.
"Os educadores repetem muitas vezes as coisas que ouvem das crianças", observa ele.
Percepção da fala
Embora tenha havido muitos estudos no passado que têm olhado para a capacidade de uma criança se ouvir, este estudo oferece uma nova visão sobre como as crianças percebem o seu discurso, afirma a patologista da fala, a professora Sharynne McLeod, da Charles Sturt University em Bathurst.
"Este estudo fornece pistas interessantes sobre a capacidade da criança para perceber [o seu discurso], porque as de quatro anos de idade mostravam já padrões claros nesse sentido, mas as de dois anos de idade não ", disse McLeod, que não esteve envolvida na pesquisa.
Mas McLeod diz que a diferença nos padrões de fala não deve ser ligada apenas à capacidade que as crianças de dois anos têm de perceber a sua própria fala.
"Pode haver uma série de razões para as quais as crianças estão a ter dificuldade, por exemplo, as suas habilidades motoras e a sua capacidade de falar ainda estão em desenvolvimento nessa fase", diz ela.
Ela também observa que os sons das vogais 'a' e 'e' testados no estudo são muito semelhantes e mudam com os dialetos.
"Eu acho que são necessários mais estudos para generalizar [os resultados], mas uma das mensagens que se deve extrair é que há muitas pesquisas que mostram que quando as crianças dizem uma palavra é bom repetir a palavra de volta para eles, numa frase, e ajudar assim a expandir o seu desenvolvimento de linguagem."
Ela diz que o estudo também destaca a importância da intervenção precoce por fonoaudiólogos e avaliações auditiva neonatal.
"As crianças ainda estão a desenvolver-se entre os dois e os quatro anos por isso, se podemos identificar marcadores enquanto ainda são muito jovens, podemos facilitar o seu desenvolvimento, porque essa perceção é crucial em crianças, e em todas as pessoas em geral, para desenvolver a capacidade de falar."
Fonte: ABC Science
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