sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Chimpanzés selvagens avisam-se uns aos outros sobre o perigo

Para partilhar novas informações com os outros através da comunicação representa uma etapa crucial na evolução da linguagem. Este estudo sugere que esta capacidade já estava presente quando o nosso ancestral comum se separou do dos chimpanzés há 6000 mil anos atrás.
A capacidade de reconhecer o conhecimento e crenças de outras pessoas pode ser única para a humanidade. Testes sobre uma "teoria da mente" em animais têm sido conduzidos principalmente em cativeiro e produziram resultados contraditórios: Alguns primatas não-humanos podem ler as intenções dos outros e saber o que os outros veem, mas eles não podem compreender que, nos outros, a perceção pode levar ao conhecimento. Quando há resultados negativos, no entanto, a questão que permanece é se os chimpanzés realmente não podem fazer a tarefa ou se eles simplesmente não entendem isso. "A vantagem de abordar essas questões em chimpanzés selvagens é que eles estão simplesmente fazendo o que sempre fazem num ambiente ecologicamente relevante", diz Catherine Crockford, uma investigadora da Universidade de St. Andrews.
Catherine Crockford, Roman Wittig e colegas criaram um estudo com chimpanzés selvagens na floresta Budongo, no Uganda. Eles confrontaram-nos com modelos de cobras venenosas perigosas, duas víboras do Gabão e uma víbora rinoceronte. "Como essas cobras altamente camufladas permanencem num lugar durante semanas, é importante para o chimpanzé, que as descobre, informar outros membros da comunidade sobre o perigo", diz Crockford.
Os pesquisadores monitorizaram o comportamento de 33 chimpanzés diferentes, que viram um dos três modelos de cobra e descobriram que as chamadas de alarme foram produzidas mais quando o interlocutor estava com membros do grupo que não tinham nem visto a cobra ou não tinham estado presentes quando as chamadas de alarme foram emitidas. "Os chimpanzés parecem realmente ter em consideração o estado de conhecimento do outro e voluntariamente produzem um sinal de alerta para informar os outros do perigo que eles [os outros] não sabem", diz Roman Wittig do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária e da Universidade de St. Andrews. "Em contraste, os chimpanzés eram menos propensos a informar os membros da audiência que já sabiam do perigo."
Este estudo mostra que estes não são apenas sinais de alerta produzidos intencionalmente, mas que eles são produzidos mais quando o público é ignorante acerca do perigo. "É como se os chimpanzés entendessem que eles sabem algo que os restantes não sabem e eles entendem que, produzindo uma vocalização específica podem fornecer aos outros essa informação", conclui Wittig. Alguns cientistas sugerem que o fornecimento de informações desconhecidas a outros membros do grupo por meio de comunicação é uma etapa crucial na evolução da linguagem: porquê informar os membros da comunidade se não percebessem que precisam da informação? Até agora não ficou claro em que ponto nos hominídeos, ou na evolução dos hominídeos, esta capacidade evoluiu. Tem sido assumido que é mais provável que seja durante a evolução dos hominídeos. Este estudo sugere, no entanto, que já estava presente quando o nosso ancestral comum aos chimpanzés se separou há 6000 mil anos atrás.

Fonte: Science Daily

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