terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Estrela vomita planetas?

É má educação brincar com a comida, mesmo se se tratar de uma estrela.
Uma das estrelas na mira do telescópio espacial Kepler aparentemente regurgitou os restos do tamanho da Terra de dois planetas ingeridos quando a estrela temporariamente cresceu, tornando-se numa gigante vermelha. Agora, os sobreviventes rochosos estão a pairar ao redor do pequeno coração pulsante da estrela, completando a sua órbita em menos de 10 horas.
Pelo menos, essa é a interpretação feita por uma equipa internacional que publicou estas observações na revista Nature. Enquanto alguns astrónomos estão céticos em relação à explicação, se a história se mantiver poderia explicar como é que um tipo raro de estrelas forma e determina o destino de planetas enormes engolidos pelos seus anfitriões.
"A ideia de que um planeta poderia sobreviver quando está imerso numa estrela é espetacular", diz Eliza Kempton, uma astrónoma da Universidade da Califórnia, Santa Cruz. "É uma descoberta realmente interessante."
A estrela é um animal raro, uma subanã B quente, e os dois planetas - KOI 55,01 e 55,02 - são os núcleos dos planetas supostamente parcialmente digeridos que começaram maiores do que Júpiter e agora são apenas como que batatas fritas tostadas um pouco menores do que a Terra. Eles estão esborrachados ao lado da estrela, e orbitam-na a uma distância de menos de 1% da distância entre a Terra e o sol.
Normalmente, uma estrela como o sol transforma-se numa gigante vermelha, e em seguida origina uma anã branca. Mas, às vezes, a gigante muda de pele estelar antes de contrair, deixando para trás um coração brilhante a bater – uma subanã B quente. Os cientistas não sabem o que provoca que algumas gigantes vermelhas tenham este destino, mas a hipótese mais aceite é de que um companheiro - uma segunda estrela ou um planeta - pode instigar a transformação. Um planeta culpado terá de ser, pelo menos, várias vezes tão grande como Júpiter, grande o suficiente para deixar para trás os restos sobreviventes, diz o astrofísico e co-autor do estudo Stephane Charpinet da Universidade de Toulouse, na França.
Para observar estes viajantes tenazes, os cientistas monitorizaram os sinais enigmáticos que surgiam no meio das pulsações normais da estrela. Tal como os sinos, as estrelas vibram e tocam em certos tons. Esta, chamado KIC 05807616, teve vários tons subtis que não poderiam ser explicados pela estrela sozinha, Charpinet diz. Ele e a equipe descartaram outras explicações, como manchas na estrela ou a presença de uma companheira estelar antes de decidir que os planetas eram os mais prováveis culpados destes jingles anormais da estrela.
Mas alguns cientistas estão céticos sobre a interpretação da equipa, apontando para uma série de suposições que a equipa usou para calcular o tamanho e as propriedades dos planetas propostos e a necessidade de observações adicionais de outras estrelas semelhantes.
"Eu não estou convencido", diz o astrónomo John Johnson da Caltech. "Isto não tem que estar errado, mas eu tenho as minhas dúvidas."
Alguns planetas foram descobertos em locais inóspitos antes. O primeiro planeta extrassolar a ser descoberto foi encontrado a orbitar uma pulsar, o denso remanescente de uma de uma estrela que passou a supernova. Os restos de planetas também foram encontrados nas atmosferas de estrelas anãs brancas. E em 19 de dezembro, disseram cientistas na arXiv.org foi efetuada a descoberta de um planeta do tamanho de Júpiter a orbitar um sistema binário de estrelas que incluía o mesmo tipo de subanãs B quentes.

Fonte: Science News

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