Está consciente da sua idade? Cuidado com as suas cuspidelas… Os geneticistas da UCLA podem agora utilizar a saliva para determinar a sua idade. Esta descoberta foi publicada na revisa PLoS One, e apresenta inúmeras potenciais aplicações. Um teste baseado nesta investigação pode, por exemplo, ser utilizado pelos investigadores criminais como uma nova ferramenta forense para determinar a idade de suspeitos.
“A nossa descoberta fornece uma resposta para a busca antiga de determinação de marcadores da nossa idade”, afirmou o investigador responsável Dr. Eric Vilain, professor de genética humana, pediatria e urologia na Escola de Medicina David Geffen da UCLA. “Com uma simples amostra de saliva nós conseguimos prever com rigor a idade de um indivíduo, sem ser necessário nenhum conhecimento prévio acerca do mesmo”.
Vilain e os seus colaboradores debruçaram-se sobre o processo de metilação de uma das bases azotadas do DNA. “Enquanto os genes determinam parcialmente a nossa idade corporal, o ambiente também influencia o nosso DNA, à medida que envelhecemos”, explica. “O padrão de metilação muda durante o crescimento e contribui para as doenças associadas ao envelhecimento”.
Utilizando amostras de saliva provenientes de 34 pares de gémeos verdadeiros do sexo masculino, com 21-55 anos de idade, os investigadores da UCLA analisaram o genoma associado e identificaram 88 locais no DNA que apresentavam uma elevada correlação entre a metilação e a idade. Os dados obtidos foram depois extrapolados para uma população geral de 31 homens e 29 mulhares, com idades compreendidas entre os 18 e os 70.
Seguidamente, os cientistas construíram um modelo predictivo utilizando dois dos três genes que apresentaram uma relação mais elevada entre a metilação e a idade. Quando utilizaram os dados recolhidos com os gémeos e com o outro grupo, foi-lhes possível prever correctamente a idade de uma pessoa dentro de um intervalo de 5 anos – um nível de exactidão sem precedentes.
“A relação da metilação com a idade é tão forte que é possível determinar quão velha uma pessoa é apenas examinando dois dos cerca de 3 biliões de blocos de construção que constituem o nosso genoma”, afirmou o primeiro autor Sven Bocklandr, um antigo geneticista da UCLA que trabalha neste momento na Bioline.
Vilain e a sua equipa prevêem que este teste se torne uma ferramenta forense muito útil. Analisando vestígios de saliva deixados numa dentada ou numa chávena de café será possível determinar a idade de um suspeito de um crime.
No entanto, numa minoria da população a metilação não se correlaciona com a sua idade cronológica. Utilizando estes dados, será possível um dia os cientistas calcularem a “bio-idade” de uma pessoa – uma medida que relaciona a idade biológica e a idade cronológica de um indivíduo.
Pode também ser utilizada por médicos para avaliarem o risco de doenças relacionadas com a idade em rastreios médicos de rotina, e intervenções específicas baseadas na bio-idade dos pacientes, em vez da sua idade cronológica. Por exemplo, em vez de ser aconselhado que toda a gente faça uma colonoscopia aos 50 anos, esse exame poderá ser efectuado em função da bio-idade dos indivíduos.
“Os médicos podem prever o risco para uma doença em particular e adaptar o tratamento em função da verdadeira idade biológica do DNA, em oposição com a idade da pessoa”, salientou Vilain. “Ao eliminar exames caros e desnecessários, os esforços poderão ser melhor canalizados para quem realmente precisa deles”.
A equipa da UCLA está actualmente a explorar se as pessoas com uma bio-idade inferior vivem mais tempo e padecem de menos doenças. Estão também a examinar se o contrário é verdadeiro, ou seja, se uma bio-idade elevada está associada a uma maior taxa de doenças e uma morte mais prematura.
Fonte: E! Science News
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