quinta-feira, 14 de julho de 2011

“Lutas de jaula” entre micróbios passam o teste de Darwin

Se se colocarem duas espécies de micoorganismos numa placa de Petri, concerteza não se irá ver um combate entre elas a olho nu. No entanto, observando ao microscópio, uma guerra acesa está a ocorrer. Se os organismos utilizarem a mesma fonte de alimento e o mesmo espaço para proliferar, existirá uma competição intensa de forma a que uma espécie provoque a extinção da outra. Os cientistas que estudam este tipo de fenómenos baseiam-se numa ideia proposta por Charles Darwin em 1859, no livro “A Origem das Espécies”. Darwin defendia que, quanto mais próximas as espécies são, maior será a competição entre elas.
O ecologista Lin Jiang, do Georgia Institute of Technology, Atlanta, abordou o assunto através de micoorganismos unicelulares, de forma a tirar a limpo se a hipótese de Darwin estava correcta. “Pode olhar-se para um ecossistema maior”, afirmou Jiang, “mas no terreno há sempre factores de distracção, e a co-existência de duas espécies torna-se dependente de muitas outras coisas”. Um predador, por exemplo, pode interferir com o sistema, matando uma das espécies. Portanto, Jiang criou um sistema no laboratório recorrendo a protistas, seres unicelulares que se alimentam de bactérias.
Foram escolhidas 10 espécies de protistas – algumas próximas umas das outras e outras distantes – e emparelharam-nas em 45 possíveis combinações. Cresceram cada par em ecossistemas simples, designados por microcosmos. Estudaram os microorganismos durante 10 semanas, recolhendo amostras todas as semanas, de forma a determinar a prevalência de cada espécie de protista. Após as 10 semanas, mais de metade dos microcosmos apresentavam apenas um único tipo de protista sobrevivente.
Quando a equipa de Jian analisou e comparou os dados recolhidos, tendo por base a relação entre as diferentes espécies testadas, descobriu que a hipótese de Darwin estava correcta. De facto, quanto mais próximas eram as duas espécies de um dado microcosmos, maior era a probabilidade de no final das 10 semanas apenas restar uma das espécies. Este trabalho foi publicado na revista Ecology Letters.
Marc Cadotte, ecologista da Universidade de Toronto, afirmou: “Este trabalho vem finalmente suportar uma das maiores hipóteses de estudos antigos. Perceber de que forma as espécies competem é importante para o conhecimento acerca de como se renovam habitats, se evitam espécies invasoras, se mantêm os ecossistemas naturais, e como se aumenta a biodiversidade de uma determinada área”.

Fonte: Science/AAAS

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