Há mais de uma década, um tribunal federal decidiu que os produtos derivados de leveduras vermelhas do arroz não eram drogas, apesar do facto desses produtos conterem químicos naturais funcionalmente indistinguíveis da lovastatina, uma droga prescrita para diminuir os níveis de colesterol. E assim surgiu toda uma indústria de suplemento dietéticos. Em 2008, Os Americanos estavam a gastar cerca de 20 milhões de dólares por ano em produtos derivados dessa levedura, muitos deles devido a recomendações médicas.
No entanto, um estudo recente alerta para o facto de que nem todos os produtos derivados das leveduras vermelhas do arroz contêm concentrações farmacologicamente activas dos produtos fúngicos.
As primeiras investigações acerca da levedura – amplamente utilizada na medicina tradicional Chinesa – foram efectuadas pela empresa Pharmanex of Simi Valley, da Calidórnia, e visaram um produto que eles designaram de Cholestin. Devido ao nome científico da levedura vermelha, Monascus purpureus, os constituintes desse produto foram designados por monacolinas. De entre todas, a monacolina K, que é equivalente à lovastatina, foi a que desperou mais interesse.
Diversos estudos foram publicados, indicando que o Cholestin diminuía os níveis de colesterol, conforme publicitado. No entanto, isso não descansou a FDA. De facto, uma vez que esse tipo de produtos continha uma “lovastatina natural”, deveriam ser considerados fármacos e, consequentemente, careciam de regulamentação. De forma a contornar o problema, “os produtores de substâncias derivadas da levedura vermelha normalmente não apresente os níveis de lovastatina ou outras monacolinas nos seus produtos, e não existe nenhuma padronização desses níveis entre os diferentes produtores” refere o cardiologias Ram Gordon, da Universidade de Pensilvânia.
Nesse contexto, a equipa de investigação de Ram Gordon decidiu investigar a concentração de moacolinas em diversos produtos derivados da levedura vermelha do arroz. Os resultados obtidos foram publicados no jornal Archives of Internal Medicine.
Observaram que um produto continha menos de 0,3 mg de monacolinas totais, enquanto outro apresentava mais de 11 mg por cápsula. Especificamente, em relação à lovastatina, uma marca de cápsulas possuía 0,1 mg por dose, enquanto outra tinha um valor mais de 100 vezes superior.
Para piorar as coisas, os investigadores detectaram a presença de citrinina, uma toxina fúngica que afecta os rins, em cerca de um terço dos produtos analisados!
Em conclusão, na sua maioria é difícil padronizar os remédios naturais, uma vez que são preparados directamente a partir de plantas e/ou fungos. Como tal, a proporção dos seus constituintes varia de acordo com a época do ano, os nutrientes, as condições de cultura, a presença de parasitas, a presença de pesticidas, entre outros.
Fonte: Science News
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