domingo, 17 de julho de 2011

Evidências fortes de que a lua gelada de Saturno possui um oceano de água salgada

Amostras de vaporização de gelo da lua de Saturno Enceladus, recolhidas durante uma passagem da aeronave Cassini revelam evidências fortes da existência de um oceano subterrâneo de água salgada, afirma um novo estudo internacional efectuado pela Universidade de Heidelberg em colaboração com a Universidade do Colorado. A nova descoberta foi efectuada durante a missão Cassini-Huygens a Saturno, uma colaboração entre a NASA, a Agência Espacial Europeia e a Agência Espacial Italiana. Lançada em 1997, a nave chegou a Saturno em 2004 e desde lá tem pesquisado o planeta e o seu vasto sistema solar.
O vapor de água e as pequenas partículas de gelo lançadas no espaço foram originalmente descobertas como sendo provenientes de Enceladus, uma das 19 luas de Saturno, em 2005.
Durante três das passagens de Cassini pela Enceladus, em 2008 e 2009, o Cosmic Dust Analyser (CDA) existente a bordo detectou a composição dessas partículas. As partículas geladas atingiram o detector a velocidades que atingiram até 11 milhas por segundo, vaporizando-se instantaneamente. O CDA separou os constituintes das nuvens de vapor resultantes, permitindo a sua análise.
O estudo revelou que os grãos de gelo encontrados longe da Enceladus são relativamente pequenos e pobres em gelo. No entanto, os encontrados mais próximos dessa lua apresentavam um tamanho maior e uma composição rica em sal. “Não é plausível a produção de um fluxo de grãos ricos em sal a partir da superfície sólida da Enceladus, mas sim de água salgada sob a sua superfície”, afirmou Frank Postberg, da Universidade da Alemanha, principal investigador no estudo que foi publicado na revista Nature. “Este trabalho indica que as partículas pobres em sal são projectadas do oceano subterrâneo através de fendas na lua a velocidades superiores às partículas maiores e ricas em sal”, referiu Sascha Kempf, co-autor do artigo.
Segundo os investigadores, as partículas ricas em sal têm uma composição semelhante à do oceano, o que indica que a maioria, se não todas, são uma consequência da evaporação de água salgada, ao invés de líquido da superfície gelada da lua. Quando a água salgada congela lentamente o sal é “espremido", originando-se água pura. Se as nuvens foram provenientes do gelo da superfície, deveria haver muito pouco sal nelas, o que não era o caso. A equipa de investigação acredita que a cerca de 50 km abaixo da crosta da superfície de Enceladus existe uma camada de água, entre o núcleo rochoso e o manto gelado, que é mantida no estado líquido por forças gravitacionais de maré (criadas por Saturno e outras luas vizinhas, bem como por calor gerado pelo decaimento radioactivo).
"Este estudo sugere que quase todos os grãos de gelo da Enceladus têm origem a partir de um oceano de água salgada que tem uma superfície de evaporação muito grande evaporação", disse Kempf. O sal das rochas dissolve-se na água, que se acumula num oceano líquido sob a crosta gelada, de acordo com os autores do estudo. Quando a camada mais externa da crosta Enceladus abre fendas, o reservatório é exposto ao espaço. A queda de pressão faz com que o líquido evapore em vapor, originando grãos de gelo salgado.
"Enceladus é uma lua que apresenta minúsculos grãos de gelo localizado numa região do Sistema Solar exterior, onde era esperado não existir água líquida, por causa da sua grande distância do sol", disse Nicolas Altobelli, cientista do projecto ESA da missão Cassini-Huygens. "Esta descoberta é, portanto, revela novas evidências que mostram que as condições ambientais favoráveis ​​para o surgimento da vida podem ser sustentáveis em corpos gelados que orbitam planetas gigantes gasosos".

Fonte: E! Science News

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