quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Um dia o ouriço-do-mar pode tirar-lhe as rugas

Jovem investigadora portuguesa ganha Prémio Pulido Valente Ciência 2012 e outro galardão francês. Fisiologia do ouriço-do-mar pode vir a ser imitada em biomaterial para regenerar tecidos humanos.
Mário Barbosa gosta de pescar nos tempos livres. Foi na pesca que descobriu os buracos que os ouriços-do-mar fazem nas rochas, mesmo nas que são graníticas e duras. A curiosidade levou o cientista do Instituto de Engenharia Biomédica (Ineb), no Porto, a estudá-los, primeiro na literatura científica já publicada, depois no laboratório. Agora, o investigador tem em mãos um projecto para desenvolver um material regenerativo para tecidos humanos com base num tecido encontrado nestes animais marinhos.
Os ouriços-do-mar fazem parte do grupo de animais que inclui as estrelas-do-mar e os pepinos-do-mar. Na praia, o que salta à vista são os espinhos que cobrem os seus corpos e o aspecto colorido. Mas os buracos que escavam e que despertaram a curiosidade a Mário Barbosa devem-se a uma estrutura chamada "lanterna de Aristóteles" – a região central do ventre dos ouriços que tem cinco dentes capazes de ir corroendo a rocha.
Mário Barbosa e Maria Carnevali, a investigadora principal de um grupo na Universidade de Milão, em Itália, que já trabalhava com ouriços-do-mar há décadas, acabaram por se lançar numa investigação para encontrar novos biomateriais com qualidade de regeneração de tecidos humanos usando o ouriço-do-mar. “A ideia foi estudar os ligamentos que prendem [internamente] os dentes dos ouriços ao resto do corpo”, disse o cientista ao PÚBLICO.
Na altura, a investigadora Ana Ribeiro, formada em Engenharia dos Materiais pela Universidade do Minho, agarrou o projecto e candidatou-se a uma bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. “Pensei que era uma loucura”, lembra Ana Ribeiro, de 31 anos. “Como é que uma engenheira de materiais vai ser capaz de trabalhar e aprender a biologia fundamental dos tecidos dos ouriços-do-mar?”, questionou-se.
Mas não se arrependeu. Aliás, o desafio foi compensado e o doutoramento que fez valeu a Ana Ribeiro dois prémios científicos: o galardão francês Daniel Jouvenance de 2012 para jovens investigadores, de 4000 euros, entregue esta última terça-feira em Paris, e o prémio português Pulido Valente Ciência de 2012.
A investigadora descobriu que estes ligamentos no ouriço-do-mar eram compostos por fibras de colagénio muito bem estruturadas, muito parecidas com as dos mamíferos. Mas, nos ouriços-do-mar, estas fibras cumprem a função de músculos e são controladas pelo sistema nervoso. Para Mário Barbosa, esta propriedade pode ser recriada em biomateriais para regenerar tecidos humanos durante a cicatrização ou em utilizações cosmética, como suavizar as rugas.
O colagénio é uma das proteínas mais importantes do tecido conjuntivo – que é o nome generalizado para os tecidos dos ossos, ligamentos, tendões, cartilagem, tecido adiposo, entre outros. A molécula é composta por uma cadeia de aminoácidos, produzida nas células, e que se unem em feixes cada vez maiores. A unidade destes feixes é a fibrila.
Ana Ribeiro estudou uma espécie de ouriço-do-mar que existe na costa portuguesa, a Paracentrotus lividus, e utilizou a microscopia electrónica para caracterizar este ligamento, obtendo imagens ampliadas da estrutura. “O ligamento é um tecido de colagénio mutável característico dos equinodermes que podem sofrer alterações muito rápidas das suas propriedades mecânicas – rigidez, resistência à tração e viscosidade – num período curto de tempo”, explica.

Um jogo entre moléculas
Embora a estrutura molecular do colagénio no ouriço seja muito parecida com a dos mamíferos, a cientista descobriu que esta mutabilidade permite a contracção dos ligamentos do equinoderme, o que foi uma novidade: “Resulta de uma reorganização da matriz [do tecido conjuntivo]”, explica Ana Ribeiro.
O que acontece é um jogo entre várias proteínas que origina a contracção ou a distensão do colagénio. Mário Barbosa explica este jogo. No ligamento do ouriço, existe a tensilina, uma proteína que une as fibrilas de colagénio. Consoante a necessidade do ouriço-do-mar, assim o seu sistema nervoso envia estímulos para a produção de outras proteínas que quebram as ligações entre a tensilina e o colagénio, tornando as fibrilas relaxadas. Por fim, para voltar a haver contracção, uma terceira molécula inibe o funcionamento das proteínas que quebram as ligações.
“A tensilina é uma proteína natural do ouriço que o organismo humano não produz”, explica Mário Barbosa. A equipa do Ineb está agora a tentar imitar este sistema, integrando a tensilina nos biomateriais baseados no colagénio. O colagénio, já muito utilizado em cirurgia plástica, tem algumas limitações. “A maior parte dos biomateriais não se adaptam ao ambiente estruturalmente dinâmico dos tecidos e órgãos naturais”, explica Ana Ribeiro.
O objectivo é dar a este biomaterial a capacidade de mutabilidade encontrada nos ouriços-do-mar. Uma utilização imediata seria aplicar o colagénio com tensilina na pele para a tornar mais plástica e fazer desaparecer as rugas. Mas pode-se pensar em usos mais complexos, como a reconstituição da mama depois de uma mastectomia.
“Teremos um tecido com capacidade moldável”, sublinha Mário Barbosa. O cientista espera que esse tecido possa responder aos estímulos celulares e, desta forma, permitir que todos os tipos de células o invadam. No caso da mama, onde a sensibilidade proporcionada pelo sistema nervoso é muito importante, espera-se que também as células nervosas cresçam no colagénio.
A equipa já conseguiu produzir tensilina utilizando bactérias. “Já sabemos que, se tivermos colagénio e tensilina, o colagénio agrega-se. O problema fundamental é saber se in vivo o efeito é aquele que esperamos”, diz o cientista.
Ana Ribeiro já não vai testemunhar em primeira mão as próximas experiências. Está no Brasil, em São Paulo, a fazer um pós-doutoramento na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita e Filho. O tema une a engenharia e a biologia: “Estudo o comportamento das células humanas para aplicações em implantes dentários.”
Saltou para o lado de lá do Atlântico e para o lado de lá das oportunidades na ciência em Portugal. “O Brasil é um país em que existe muito financiamento para a ciência, é assustadora a diferença com Portugal”, lamenta Ana Ribeiro, que considera haver poucas saídas para os jovens cientistas portugueses no seu próprio país.
E os prémios? “É uma satisfação muito grande. O doutoramento é um período de estudos intenso, muitas vezes colocamos de parte a vida pessoal para nos dedicarmos ao trabalho. Ver esse esforço e dedicação reconhecidos é óptimo.”

Fonte: Público

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

'Curiosity' capta primeiras imagens noturnas de Marte

Pela primeira vez desde que chegou a Marte, em agosto de 2012, o robô 'Curiosity' utilizou a câmara instalada no seu braço para tirar fotos noturnas do solo marciano. O instrumento utiliza luzes brancas e ultravioletas para capturar as imagens.
O objetivo dos cientistas foi observar de perto, durante a noite, uma rocha chamada "Sayunei" utilizando o equipamento Mars Hand Lens Imager (MAHLI). A rocha já tinha sido raspada pela roda dianteira esquerda do Curiosity para que o material a ser examinado estivesse livre de poeira.
O local fica perto do sítio onde a equipa de cientistas planeia começar a usar o robô para perfurar uma rocha nas próximas semanas. As imagens da rocha Sayunei e do alvo do MAHLI foram captadas a 22 de janeiro e recebidas na Terra no dia seguinte.
"O objetivo de fazer observações sob iluminação ultravioleta foi procurar minerais fluorescentes ", disse o investigador principal do MAHLI, Ken Edgett, do Malin Space Science Systems, em San Diego.
"A equipa ainda está a avaliar as observações.Se algo parecia verde, amarelo, laranja ou vermelho sob a iluminação ultravioleta, que seria um indicador mais claro de fluorescência", disse.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 27 de janeiro de 2013

Supersónico SpaceLiner pronto em 2050

Supersónico SpaceLiner, que ficará pronto em 2050, poderá fazer uma viagem entre Londres e Sydney em apenas 90 minutos. Isto porque conseguirá alcançar uma velocidade 24 vezes superior à do som. Será lançado com ajuda de oxigénio líquido e propulsionado a hidrogénio.
Garantem os engenheiros que o supersónico SpaceLiner será capaz de atingir 24 vezes a velocidade do som e transportar passageiros entre Londres e Sydney em 90 minutos. Chegará em 2050.
Embora até conclusão do aparelho supersónico os responsáveis pelo projeto ainda tenham um longo caminho a percorrer, Martin Sippel, o coordenador do SpaceLiner no Centro Aeroespacial Alemão, acredita que o projeto pode atrair investimento privado dentro de uma década.
O projeto atual inclui uma base de lançamento para o foguete e um avião orbital separado com capacidade para transportar até 50 passageiros à volta do mundo sem nunca se elevar para o espaço.
Uma viagem entre a Europa e os Estados Unidos teria uma duração de pouco mais de 60 minutos, proporcionando aos passageiros dispostos a pagar preços de viagens espaciais - centenas de milhares de dólares por bilhete - ultra rapidez.
Se "decolar, literalmente, não há razão para que uma esquadra de SpaceLiners não possa fazer até 15 voos por dia", acredita Sippel.
O SpaceLiner demoraria oito minutos para subir a uma altitude de 50 milhas, onde atingiria a atmosfera superior da Terra antes de deslizar de volta à Terra a uma velocidade supersónica.

Fonte: Diário de Notícias

sábado, 26 de janeiro de 2013

Japoneses dizem que passar fome melhora a memória

Passar fome melhora o resultado da memória, segundo um estudo realizado com moscas da fruta encetado por cientistas japoneses e peritos do Instituto Metropolitano de Ciências Médicas de Tóquio.
Os testes, realizados com dois grupos de moscas, um sem ser alimentado e outro com alimento, demonstrou que a fome desperta uma hormona que reduz o açúcar no organismo e ativa uma proteína no cérebro capaz de melhorar a memória, revela uma notícia da cadeia NHK.
Os resultados, que segundo a equipa podem ser extrapolados para os seres humanos já que contam com a mesma proteína no cérebro também revelaram que nos casos em que as moscas passaram até 20 horas sem comer, o resultado é inverso e resulta numa redução da memória.
O estudo da equipa de cientistas japoneses será publicado na edição de hoje da revista norte-americana Science, acrescentou ainda a NHK.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O raio do protão é mais pequeno do que se pensava, mas o enigma perdura

Equipa internacional com importante participação portuguesa confirma a sua surpreendente descoberta, anunciada há dois anos, e que poderá pôr em causa um dos pilares teóricos da Física.
A descoberta, em 2010, apanhou de surpresa não apenas os seus autores, mas os físicos do mundo inteiro. Medições do tamanho do protão indicavam que o raio deste constituinte de base dos átomos seria muito inferior ao que se pensava. O resultado, obtido por 32 cientistas – do Instituto Max Planck, na Alemanha; do Instituto Paul Scherrer e do ETH de Zurique, na Suíça; do Laboratório Kastler Brossel, em Paris; dos EUA; de Taiwan; e das universidades de Coimbra e de Aveiro (na altura, um grupo de oito investigadores) – fora então publicado na revista Nature. E, agora, a mesma equipa internacional, hoje com 35 elementos – sete dos quais de Coimbra e dois de Aveiro – anuncia, na edição desta sexta-feira da revista Science, a confirmação dessas medições.
Desde aquela publicação inicial que existe um intenso debate em torno de algo que todos vêem como um enigma com potenciais implicações problemáticas para um dos pilares teóricos da Física: a Electrodinâmica Quântica, ou QED, que descreve as interacções entre a luz e a matéria. Os novos resultados não resolvem o enigma, antes confirmam a sua existência, ao mostrar que os primeiros resultados não eram disparatados.
Acontece que é com base na Electrodinâmica Quântica que foi calculado o valor “oficial” do raio do protão: 0,8768 fentómetros (milésimos de bilionésimo de metro). E que o que o que os cientistas procuravam, na altura dos seus primeiros resultados, não era apanhar uma surpresa e criar um mistério, mas apenas acrescentar uma casa decimal a esse valor em vigor, recorrendo a medições experimentais. Só que, em vez disso, viram de repente o raio do protão “encolher” cerca de 4%, para 0,84184 fentómetros.
Ora, a Electrodinâmica Quântica é “a teoria mais exacta e mais bem estudada da Física”, disse quinta-feira ao PÚBLICO Joaquim dos Santos, da Universidade de Coimbra, coordenador do grupo português. Como explicar então que essa teoria não bata certo com a realidade?
Todas estas medições foram realizadas utilizando átomos de hidrogénio – que não são senão um protão com um electrão à volta. Não de hidrogénio natural, mas de uma forma “exótica” do mesmo elemento químico, onde o electrão é substituído por um muão, partícula de igual carga mas 200 vezes mais pesada do que o electrão, que torna as medições mais precisas. “O Instituto Paul Scherrer é uma fábrica de muões”, salienta Joaquim dos Santos. “A nossa equipa é a única no mundo a fazer estas medições com hidrogénio muónico.”
O dispositivo experimental desenvolvido pela equipa é uma “floresta” de lasers ultra-rápidos e de detectores (estes últimos desenvolvidos pelos cientistas portugueses) que permitem medir as diferenças de energia dos muões conforme a distância das suas órbitas (ou “orbitais”) ao protão central, para daí deduzir o tamanho do protão. “Fizemos novas medições para outras orbitais do hidrogénio muónico que confirmam as [nossas primeiras medições] do raio do protão”, diz Joaquim dos Santos. Ou seja, “confirmam que o enigma se mantém”, porque “já não há dúvida na comunidade científica” de que se trata efectivamente de um enigma e não de um erro. O valor do raio do protão hoje publicado na Science é ligeiramente mais preciso do que o anterior: 0,84087 fentómetros.

Teoria incompleta?
E agora? “Algumas medições feitas com hidrogénio natural fornecem um valor próximo do nosso, mas não são ainda consideradas estatisticamente significativas”, diz Joaquim dos Santos. Portanto, vai ser preciso fazer as mesmas medições, com o mesmo dispositivo experimental, mas com hidrogénio natural. Estas experiências já estão em curso ou iminentes em vários laboratórios do mundo, em França, Alemanha, EUA. “Pode ser que esses valores se revelem mais baixos e então não haverá problema com a teoria”, diz o cientista. O enigma resolver-se-á sozinho. Resultados dentro de dois anos.
Porém, outra razão para esta discrepância entre a teoria e a observação poderia ser “a existência de uma partícula desconhecida, responsável por uma interacção entre o muão e o protão” que mascara as coisas. Há pessoas a estudar essa hipótese, mas muitos pensam que se essa partícula existisse, já teria sido encontrada.
A terceira explicação seria que a Electrodinâmica Quântica está incompleta, “que há uma propriedade característica do protão que a teoria ainda não descreve, um fenómeno novo que ela não previa”, frisa Joaquim dos Santos, admitindo que tem uma predilecção por esta hipótese: “Talvez possa ser da teoria, mas é um palpite como outro.”
Seja como for, a equipa já está a analisar os dados obtidos repetindo as medições com deutério muónico (o deutério é uma forma de hidrogénio cujo núcleo inclui um neutrão), esperando ter resultados daqui a um ano.
O alvo que se segue será o hélio muónico (dois protões e dois muões, para além de neutrões), mas esse trabalho irá precisar de um novo dispositivo experimental, com lasers e detectores diferentes.

Fonte: Público

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Há um tipo de colesterol quase desconhecido, e é o pior de todos

Pela primeira vez, cientistas dinamarqueses mostraram que um terceiro tipo de colesterol, que não é nem o HDL nem o LDL, é mesmo o vilão da fita no desenvolvimento das doenças coronárias.
Il Buono, il Brutto, il Cattivo – o título do célebre western spaghetti de 1966 realizado por Sergio Leone, e que em Portugal ficou conhecido como O Bom, o Mau e o Vilão – pode aplicar-se perfeitamente ao resultado que é publicado esta terça-feira na revista Journal of the American College of Cardiology (JACC) por uma equipa dinamarquesa.
Já se sabia que, para além dos chamados "bom" e "mau" colesteróis – respectivamente, o colesterol HDL e o colesterol LDL –, existe um terceiro tipo, designado colesterol "feio" (em inglês, ugly). E que este terceiro tipo, que quase ninguém conhece, é o "vilão" que mais faz aumentar o risco de bloqueio das artérias – a aterosclerose, principal causa de enfarte cardíaco. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que as doenças cardiovasculares matam 17 milhões de pessoas por ano no mundo.
Fazemos periodicamente uma análise de sangue para conhecer o nosso colesterol total, bem como o "bom" (HDL, de alta densidade) e o "mau" colesterol (LDL, de baixa densidade). Mas a soma destes dois tipos de colesterol não é igual ao colesterol total. É nessa discrepância que se esconde o colesterol "feio", ou "remanescente", de densidade muito mais baixa do que o colesterol mau. E, a acreditar nos resultados agora publicados, que envolveram milhares de participantes, talvez esteja na hora de a comunidade médica começar a olhar seriamente para este terceiro tipo, um autêntico vilão.
"Até aqui, as pessoas, os médicos e os cientistas têm-se focado principalmente no colesterol LDL. A maior parte dos médicos ignora o colesterol remanescente", disse ao PÚBLICO Børge Nordestgaard, da Universidade de Copenhaga, um dos principais autores do estudo.
Os cientistas realizaram um estudo junto de 73 mil participantes dinamarqueses, quase 12 mil dos quais tinham sido diagnosticados, entre 1976 e 2010, com uma cardiopatia isquémica decorrente de aterosclerose coronária. Por outro lado, cerca de 20 mil desses participantes apresentavam, devido a mutações genéticas, altos níveis do tal colesterol "feio".
"Para conseguirmos analisar a correlação entre o colesterol feio e a doença cardíaca, utilizámos amostras sanguíneas de pessoas portadoras de um defeito genético que faz com que elas tenham altos níveis [desse] colesterol durante toda a vida", explica Anette Varbo, co-autora do estudo, em comunicado da Universidade de Copenhaga. "Como esses resultados não dependem do estilo de vida das pessoas, são o mais rigoroso possível."

Uma questão de gordura
E o que os resultados mostram, pela primeira vez, é que existe uma relação causal entre os altos níveis de colesterol feio e a aterosclerose – com as pessoas com altos níveis deste tipo de colesterol a correrem um risco quase três vezes maior do que as outras de desenvolver uma cardiopatia isquémica. Mais precisamente, "um aumento do colesterol remanescente de 39 miligramas por decilitro de sangue corresponde a um aumento de 2,8 do risco causal de doença cardíaca isquémica", escrevem os autores na JACC. E, ainda por cima, isso acontece, salientam, "independentemente de os níveis de [bom] colesterol HDL serem reduzidos". Ou seja, até podemos ter níveis razoáveis de bom colesterol; se tivermos muito colesterol feio, o risco de cardiopatia isquémica será igualmente elevado. "É a primeira vez que demonstramos uma relação causal que não depende do facto de uma pessoa ter um nível baixo de HDL", salienta, Nordestgaard. "E isso é uma novidade."
Este terceiro colesterol é portanto o verdadeiro mau da fita? "Sim", responde-nos o cientista. "Mas o LDL também é mau e é esse que a maioria das pessoas tem." Mesmo assim, mais de um dinamarquês em cada cinco apresenta altos níveis de colesterol feio – e é provável que a situação seja comparável em muitos outros países ocidentais.
Há maneira de evitarmos o vilão? Evitando o excesso de peso e a obesidade. "Os altos níveis de colesterol feio resultam de altos níveis de gordura no sangue (triglicéridos)", salienta Nordestgaard. "Portanto, as pessoas com altos níveis deste colesterol devem ser aconselhadas a perder peso." Medicamentos tais como as estatinas "também poderão ajudar a diminuir os níveis". "Espero que estes novos resultados conduzam a melhores tratamentos preventivos", diz ainda.

Fonte: Público

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

NASA descobre provas de existência de lago em Marte

Uma sonda norte-americana na órbita de Marte descobriu provas de um antigo lago abastecido por águas subterrâneas, o que suporta a teoria de que já houve vida no planeta vermelho, informou a NASA.
Num comunicado divulgado ao final do dia de domingo, a agência espacial norte-americana diz que dados recolhidos pela Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) mostram vestígios de minerais argilosos e carbonatos, usualmente formados na presença de água, no fundo de uma cratera de 2,2 quilómetros de profundidade.
"Estas novas observações sugerem a formação de carbonatos e argila num lago abastecido por água subterrânea no interior da bacia da cratera", escreve a NASA, cujo artigo científico foi publicado na edição online da Nature Geoscience.
Citando "alguns investigadores", a agência escreve que "o interior da cratera onde ficava a água e a zona subterrânea que a fornecia poderão ter sido ambientes húmidos e potenciais habitats".
A cratera, chamada McLaughlin, não tem grandes canais de afluxo de água, pelo que o lago deverá ter sido abastecido por águas subterrâneas, acrescentam os cientistas.
Estas observações, diz ainda a NASA, "fornecem provas de que os carbonatos se formaram no interior de um lago e não foram arrastados para o interior da cratera desde o exterior", disse Joseph Michalski, que dirigiu a investigação.
A cratera, de 92 quilómetros de diâmetro, fica no extremo mais baixo de uma encosta com muitos quilómetros de comprimento e, tal como na Terra, um lago abastecido por água subterrânea ocorre normalmente em zonas de baixa altitude.
Lançada em 2005, a MRO tem fornecido mais informação de alta resolução sobre o planeta vermelho do que todos os outros aparelhos que orbitaram Marte juntos.
O cientista da MRO Rich Zurek, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, disse que a descoberta agora divulgada indica "um planeta Marte mais complexo do que se pensava, em que, pelo menos algumas áreas, têm probabilidade de revelar sinais de vida".

Fonte: Diário de Notícias

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Procura-se barriga de aluguer para clonar Neandertal

O geneticista George Church, da Harvard Medical School, diz ser capaz de clonar um homem de Neandertal, extinto há mais de 30 mil anos, a partir de ADN extraído de fósseis. Só precisa de uma "mulher aventureira".
"Já consegui extrair ADN suficiente de ossos fossilizados para reconstruir o ADN da espécie humana há muito extinta. Agora, só preciso de uma mulher aventureira", afirmou o professor norte-americano à revista alemã 'Der Spiegel'.
O geneticista argumenta que é possível introduzir partes do genoma do homem de Neandertal, um dos antepassados dos humanos, em células estaminais e criar um feto que seria implantado no útero de uma mulher. "Tudo depende de uma série de factores, mas acredito que é possível faze-lo", acrescentou.
Church, de 58 anos, ajudou a lançar o Projeto do Genoma Humano, que mapeou o ADN dos seres humanos.
"Conseguimos clonar todo o tipo de mamíferos, por isso é muito provável que conseguíssemos clonar um humano. Porque é que não o poderíamos fazer?", questiona o professor. Na maioria dos países, a clonagem humana é crime.
"Os neandertais podem pensar de forma diferente da nossa. Sabemos que tinham um crâneo maior. Podem até ser mais inteligentes que nós", acrescentou Church na entrevista.

Fonte: DIário de Notícias

domingo, 20 de janeiro de 2013

Em 2015, a estação espacial vai ter um módulo insuflável

A agência espacial norte-americana NASA vai testar novos habitáculos flexíveis com vista a futuras missões tripuladas de longa duração.
Algures em 2015, uma espécie de balão acoplar-se-á à Estação Espacial Internacional (ISS), anunciou a agência espacial norte-americana NASA.
Trata-se de um módulo habitável insuflável, desenvolvido pela empresa Bigelow Aerospace e que deverá lá permanecer durante dois anos. Durante essa estada, a tripulação e os engenheiros no solo irão proceder a uma série de testes, nomeadamente da sua integridade estrutural, monitorizando ainda a taxa de fugas de ar.
Entretanto, uma bateria de instrumentos a bordo do módulo, baptizado BEAM (Bigelow Expandable Activity Module) irão realizar medições dos níveis de radiação e de temperatura interiores, para depois comparar estes dados com os dos módulos convencionais em alumínio. Os astronautas da ISS também deverão penetrar periodicamente no módulo para recolher dados e efectuar inspecções.
“Esta tecnologia deverá permitir avanços importantes [em termos] dos objectivos a atingir para permitir a permanência humana de longa duração no espaço”, diz Lori Garver, administradora adjunta da NASA, num comunicado da agência. “A ISS é um laboratório único para testar tecnologias inovadoras como o BEAM”, salienta, por seu lado, William Gerstenmaier, um dos responsáveis, na NASA, pelas área das viagens tripuladas.
O insuflável espacial deverá ser lançado pela empresa SpaceX no âmbito do seu contrato em curso com a NASA para o reaprovisionamento da ISS. Mais precisamente, isso acontecerá na oitava missão comercial da SpaceX, programada para 2015. Uma vez acoplado ao módulo Tranquility pelo braço mecânico da ISS, o módulo BEAM será enchido com ar que ele próprio transportará para o espaço.
No fim da sua missão, o módulo será ejectado da ISS, para se vir desintegrar na reentrada na atmosfera terrestre.

Fonte: Público

sábado, 19 de janeiro de 2013

Mais um passo em direção ao teletransporte

Investigadores resolveram as bases matemáticas necessárias para tornar possível o envio de informação quântica, à velocidade da luz, mais eficiente.
Físicos do Reino Unido dizem ter mostrado que o teletransporte vai ser, finalmente, possível. Os investigadores, da Universidade de Cambridge, afirmam ter feito avanços, mais teóricos, que podem abrir caminho para algo que mais parece ficção científica.
A humanidade está muito longe de construir uma máquina que nos leve de um lado para o outro do mundo, à velocidade da luz como em Star Trek. No entanto os cientistas, que publicaram o seu trabalho na revista Physical Review, demonstram, através de cálculos matemáticos, que é possível realizar tal façanha no mundo quântico.
O universo estranho, que governa o comportamento de moléculas e átomos, permite que as coisas aconteçam de uma forma tão mágica como estar em dois lugares ao mesmo tempo. Os resultados, obtidos pelos cientistas britânicos, servirão principalmente para desenvolver a tão esperada computação quântica, bem como para enviar informação a uma velocidade, hoje, impossível. O limite só o futuro poderá ditar
Sergii Strelchuk, do departamento de Matemáticas Aplicadas e Física Teórica de Cambridge, afirma: "Há uma estreita relação entre o teletransporte e os ordenadores quânticos, que são dispositivos que aproveitam a mecânica quântica para realizar cálculos que não seriam possíveis num computador clássico."
Enquanto o protocolo dos físicos de Cambridge é completamente teórico, no ano passado, uma equipa de cientistas chineses relataram que tinham conseguido teletransportar a 143 quilómetros de distância. Deste modo quebram- se todos os recordes anteriores. O teletransporte de informação, por átomos individuais, é possível de ser concebido com as tecnologias atuais. Apesar disso, teletransportar objetos, como fazia o Capitão Kirk, permanece no reino da ficção científica.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Na fórmula mágica do leite materno há 700 espécies de bactérias

Estudo em mães espanholas mostra que bactérias no leite são diferentes se as mulheres têm peso a mais ou fazem uma cesariana programada. Esta flora pode ser importante para o sistema imunitário do bebé.
São centenas de milhões de anos de evolução que estão concentrados no primeiro alimento de qualquer mamífero. Agora, sabe-se que a complexidade do leite materno envolve mais um factor. Quando um bebé humano bebe pela primeira vez o colostro, o leite que a mãe produz logo a seguir ao parto, está a levar à boca mais de 700 espécies diferentes de bactérias que vão definir para sempre a flora do seu tubo digestivo, revela um estudo publicado recentemente na revista American Journal of Clinical Nutrition.
O leite é um alimento que está adaptado às espécies. Nos cangurus, onde o desenvolvimento fora da placenta começa mais cedo, a composição do leite vai-se transformando à medida que a cria, na bolsa da mãe, cresce e desenvolve ora o cérebro, ora as unhas e o pêlo. E quando duas mamas são usadas por cangurus com idades diferentes, o leite de cada uma é adequado a cada um deles.
Nos países em desenvolvimento, nos primeiros seis meses de vida de um bebé, a amamentação aumenta seis vezes a hipótese de sobrevivência e evita a diarreia e infecções pulmonares. "O leite materno dá os nutrientes, as vitaminas e os minerais necessários a uma criança nos primeiros seis meses e ainda anticorpos da mãe que ajudam a combater doenças", lê-se no site da UNICEF.
Só há pouco tempo se descobriu que há bactérias no leite materno, mas as suas características continuam a surpreender. Uma equipa espanhola analisou agora, em três momentos distintos, as bactérias do leite que 18 mulheres produziram depois de terem filhos: à nascença, um mês e seis meses depois. As técnicas moleculares permitiram identificar as bactérias presentes em maior e em menor quantidade.
A equipa descobriu que o colostro tem mais de 700 espécies diferentes e é dominado por bactérias ácido-lácticas do género da Weisella e da Leuconostoce por outras como os Staphylococcus, Streptococcus e Lactococcus. Ao fim de um mês e seis meses, o que passa a dominar são géneros típicos da cavidade oral: Veillonella, Leptotrichia e Provetella.
Mas que função terão? "Talvez as bactérias do leite materno sejam estimuladores imunitários para reconhecer bactérias específicas e para lutarem contra outras", responderam ao PÚBLICO, por email, Alex Mira e María Carmen Collado, dois dos autores do artigo que pertencem, respectivamente, ao Instituto de Agroquímica e Tecnologia do Alimento, do Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha, e ao Centro Superior de Investigação em Saúde Pública, em Valência. "Se isto for verdade, o sistema imunitário materno pode regular as bactérias a que o bebé é exposto de uma forma atempada e a falta desta modulação pode ter consequências importantes no desenvolvimento da flora microbiana da criança e na maturação do seu sistema imunitário."

Via interna de transmissão
Quando os investigadores compararam as bactérias do leite em mulheres com um peso normal e obesas notaram uma diferença importante na composição. As bactérias do leite das mulheres obesas eram menos diversas. Esta mudança pode ser um "mecanismo adicional que explica o maior risco de obesidade dos filhos de mães obesas", lê-se no artigo.
Outra surpresa foi a composição bacteriana do leite das mães que fizeram uma cesariana programada, em relação a mães que tiveram um parto natural ou que, durante o parto, foram obrigadas a fazer uma cesariana. As bactérias no leite eram diferentes e menos diversas. "Isto poderá ter consequências nas alergias, na asma e noutras doenças influenciadas por uma resposta imunitária deficiente", dizem os dois autores.
Ainda ninguém sabe ao certo como é que as bactérias aparecem no leite. A equipa analisou a composição bacteriana da pele das mães e dos bebés, do sistema digestivo das mães, da flora vaginal, mas a composição do leite é única. Supõe-se que seja por uma via interna, controlada pelo sistema imunitário, que bactérias específicas do tubo digestivo chegam ao leite. Esta transmissão pode ser influenciada pelo stress fisiológico e pela descarga hormonal do parto, já que nas cesarianas não programadas a composição bacteriana do leite da mãe é semelhante à do leite de mulheres que tiveram parto natural.

Fonte: Público

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Última década foi a mais quente desde 1880

A última década foi a mais quente que o planeta conheceu desde que se começaram a fazer registos de temperaturas em 1880, indicaram na terça-feira climatólogos dos EUA, noticia a agência AFP.
Com exceção de 1998, os nove anos mais quentes foram registados depois de 2000, com 2010 a ser o que teve a temperatura mais elevada, seguido de perto por 2005.
A temperatura média mundial subiu cerca de 0,8 graus centígrados desde 1880.
Um climatólogo da agência espacial norte-americana (NASA, na sigla em Inglês), Gavin Schmidt, destacou que "a temperatura de um ano não é em si significativa, mas o que conta é o facto de a última década ter sido mais quente que a precedente e estar mais quente que a anterior".
A conclusão desta tendência é a de que "o planeta está a aquecer, devido a que as pessoas emitem cada vez mais dióxido de carbono para a atmosfera".
O ano 2012 foi o nono mais quente, com uma média de 14,6 graus Celsius, mais 0,6 graus que o verificado no meio do século XX, segundo os números mais recentes do Instituto Goddard para os Estudos Espaciais (GISS, na sigla em Inglês), da NASA.
A agência dos EUA para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA, na sigla em Inglês) anunciou na última semana que o ano 2012 tinha sido o mais quente alguma vez registado nos EUA, exceção feita ao Havai e ao Alasca.
O diretor do GISS, James Hansen, destacou, por seu turno, que "as temperaturas elevadas nos EUA durante o verão de 2012 são um sinal de uma nova tendência de estações de vagas de calor extremas, mais quentes que durante os verões mais quentes de meados do século XX".
Hansen rejeitou também a afirmação de alguns céticos das alterações climáticas, que advogam a inexistência de aquecimento do planeta desde há 16 anos.
"Eles apresentam como referência 1998, quando a intensidade do 'El Nino' [uma corrente quente do Pacífico] foi a mais forte do século e provocou a subida da temperatura do planeta", que posteriormente foram mais baixas, mas, contrapõe, "é claro que as últimas décadas foram as mais quentes", assegurando que esta tendência vai continuar.
"Constatamos que os oceanos estão a aquecer, o que significa que o planeta conhece um desequilíbrio térmico, ao absorver mais energia do que liberta", explicou Hansen, sintetizando: "Podemos prever que a próxima década será mais quente que a anterior".
Um relatório de 240 peritos, divulgado na sexta-feira pelo Governo dos EUA, prevê uma subida da temperatura média superior a cinco graus até 2100, se não forem reduzidas as emissões de dióxido de carbono depois de 2050.

Fonte: Diário de Notícias

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Quantas gaivotas são precisas para levar um pêssego gigante até à América?

Um livro de um famoso escritor de histórias para crianças, um filme da Walt Disney e algumas fórmulas da Física clássica deram origem… a um artigo científico.
Até aqui, pensava-se que a força de umas centenas de gaivotas era suficiente para fazer levantar voo a um pêssego do tamanho de uma casa e conseguir assim levá-lo, pelos ares, para o outro lado do Atlântico. Mas, agora, uma equipa britânica mostrou que essa computação inicial, que remonta a 1961, pode ter sido totalmente irrealista. Os seus resultados, que foram publicados no Journal of Physics Special Topics, talvez venham a dar origem, num futuro mais ou menos próximo, à elaboração de algumas erratas editoriais.
Alto aí! Parem as rotativas! Estamos a falar de gaivotas, de pêssegos gigantes, de uma travessia aérea do Atlântico em condições demenciais! Mas isto mais parece uma história saída de um livro de Roald Dahl, o maravilhoso escritor britânico de histórias para crianças, do que o tema de um estudo científico…
Calma. Na realidade, trata-se das duas coisas ao mesmo tempo. Por um lado, é efectivamente um episódio da história contada por Dahl no seu livro James e o Pêssego Gigante (disponível em Portugal pela Civilização Editora) – uma narrativa mirabolante que mistura fruta, um menino que perdeu os pais e um grupo de insectos de quem se torna amigo e com quem vive momentos mágicos. Mas, por outro lado, também é verdade que esse episódio foi agora alvo de cálculos físico-matemáticos rigorosos, realizados por Emily Watson e seus colegas da Universidade de Leicester (Reino Unido). E que o trabalho lhes valeu uma publicação oficial.
Os quatro autores do artigo em causa (disponível para download em https://physics.le.ac.uk/journals/index.php/pst/article/view/519/340) são todos estudantes de mestrado de Merwyn Roy, do Departamento de Física e Astronomia daquela universidade. E a revista, que é editada pela instituição, funciona “exactamente como uma publicação profissional”, incluindo a chamada peer-review, eventualmente seguida da correcção dos textos submetidos, explica Roy em comunicado. “Os estudantes têm assim a oportunidade de desenvolver todas as competências de que irão precisar quando, mais tarde, tiverem de lidar com revistas de alto nível.”
No artigo, os autores dividiram a viagem transatlântica do pêssego em duas etapas, como no livro – e como também, aliás, no filme homónimo de 1996, produzido pela Walt Disney. Uma primeira etapa aquática e uma segunda etapa aérea.
“Graças a uma análise dos processos de dinâmica dos fluidos envolvidos”, escrevem no seu artigo, os cientistas começaram por confirmar que, desde que o pêssego gigante fosse suficientemente oco (no livro, é dito que o é parcialmente), ele seria efectivamente capaz de ficar à tona da água e de não se afundar. Mais precisamente, considerando que a fruta descomunal tinha um diâmetro de 12 metros (“o tamanho de uma pequena casa”) e que, “como se depreende [do filme], a parte que ficava fora da água tinha uma altura de 5,7 metros”, as fórmulas da hidrodinâmica permitiram-lhes concluir que, para conseguir flutuar, o pêssego precisava de ser composto por uma camada de polpa de 1,24 metros de espessura e um enorme buraco central. Suficiente, portanto, para merecer a designação de peça de fruta. “James teria conseguido navegar no pêssego da forma descrita por Roald Dahl”, escrevem.   
Pelo contrário, quando modelizaram a aerodinâmica das gaivotas e estimaram o número dessas aves necessário para levantar o pêssego e arrastá-lo, ao longo de milhares de quilómetros, atrelado à “cordas” excretadas por um bicho-da-seda gigante, perceberam que aí as contas não batiam nada certo. O número de 501 gaivotas avançado por Dahl estava completamente errado. “Não seria possível fazer voar um pêssego com as dimensões calculadas (…) com um número tão diminuto de aves”, concluem. James “teria precisado de atrelar 2.425.907 gaivotas para voar até a América”.
O que deixa em aberto, talvez para futuras investigações, questões como a de saber se o bicho-da-seda e a aranha da história teriam sido capazes de fornecer a quantidade de cordame exigida e dotado da resistência suficiente para não se partir a meio do caminho…

Fonte: Público

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

EUA tem estudo alarmante sobre alterações climáticas

A Presidência norte-americana divulgou na sexta-feira, no seu sítio na internet, o primeiro esboço de uma nova avaliação sobre o clima, que sintetiza em 400 páginas a opinião científica sobre as alterações climáticas e o impacto nos EUA.
"As provas sobre as alterações climáticas abundam, do topo da atmosfera às profundidades dos oceanos", apontam os autores do relatório, que sintetizam que "o planeta está a aquecer", o que atribuem em primeiro lugar à atividade humana.
No texto indica-se que a temperatura média nos EUA aumentou em 1,5 graus centígrados desde 1895, com a maior parte deste aumento (80 por cento) a ocorrer desde 1980, destacando-se a propósito que a última década foi a mais quente desde que há registos.
Espera-se também que a temperatura continue a subir nos EUA, mesmo no melhor cenário, que corresponde a "substanciais reduções" nas emissões de gases com efeito de estufa a partir de 2050.
Desta subida de temperatura vão aumentar as hipóteses de ocorrência de eventos extremos, com situações cada vez mais graves em termos de vagas de calor, secas ou incêndios.
As consequências incluem também o aumento da temperatura da água dos oceanos, dos dias de frio e da intensidade dos aguaceiros, bem como o aumento do nível das águas, acompanhado de reduções importantes da cobertura de neve, dos glaciares, das terras permanentemente geladas (permafrost) e do gelo no mar.
Os investigadores alertam que estas alterações já afetam e vão continuar a afetar a saúde humana, a disponibilidade de água, a agricultura, os transportes, a energia e muitos outros aspetos da sociedade.
O documento, que reflete o trabalho de mais de mil cientistas, dos setores público e privado, e vai agora ser sujeito à apreciação pública e científica, está disponível em http://www.whitehouse.gov/blog/2013/01/11/expanding-climate-change-conversation.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 13 de janeiro de 2013

As profissões mais stressantes de 2013

Correr perigo de vida, ter responsabilidade pela vida de outros, estar exposto ao olhar público ou o salário são alguns dos critérios que definiram este ranking, liderado pelos militares no ativo.
Estar na linha da frente num palco de guerra ou num cenário de catástrofe natural envolve riscos físico, horas de trabalho esgotante, estar longe de casa e mediante o pagamento de um salário médio de 45 mil dólares. Por isso, a Career.com escolheu os militares no ativo como aqueles que têm a profissão mais stressante.
Feito nos Estados Unidos, o ranking elege para o segundo lugar os generais, pelo stress que envolve ser-se responsável por todos os homens e mulheres no terreno. Ganham em média 196 mil dólares.
No terceiro posto, estão os bombeiros, com um salário médio de 42 mil dólares.
Os pilotos de avião e os relações públicas estão no quarto e quinto posto, respetivamente.
Seguem-se os executivos de empresas, os fotojornalistas, os repórteres, os taxistas e os polícias.

Fonte: Diário de Notícias

sábado, 12 de janeiro de 2013

Dupla hélice de ADN fotografada directamente pela primeira vez

A dupla hélice do ADN tornou-se um ícone da ciência do século XX, mas só agora foi possível vê-la mesmo como ela é.
Há muito que as imagens da dupla hélice do ADN fazem parte do nosso quotidiano. Mas os pormenores da molécula que contém os genes só eram visualizáveis através de fotografias feitas por raios X, crípticas para os leigos. Agora, quase 60 anos após a descoberta da icónica estrutura, uma equipa italiana oferece-nos a primeira visualização da dupla hélice tal como ela é.
A fotografia que ilustra este texto, obtida por microscopia electrónica por Enzo di Fabrizio, do Instituto Italiano de Tecnologia, e colegas, acaba de ser revelada num artigo na revista Nano Letters.
Como explica a revista Nature da última quinta-feira, os cientistas espalharam gotículas que continham o ADN de um vírus que infecta as bactérias à superfície de pequenas “pastilhas” de silício. As pastilhas tinham sido previamente “gravadas”, de forma a ficarem pejadas de micrométricos buracos e de “pilares” cilíndricos.
Quando as gotas secaram, as fibras de ADN ficaram bem esticadas entre os diversos “pilares” e suspensas por cima dos buracos. E os cientistas puderam então fotografar o ADN espreitando com um microscópio electrónico através dos buracos do silício.
Ainda não é uma imagem da dupla hélice no seu meio natural, fisiológico, uma vez que o ADN adopta uma forma algo diferente ao ser desidratado. Mas é a primeira vez que se consegue ver as voltas que a molécula dá, à maneira de uma escada de cordas enrolada sobre si própria.
Os cientistas puderam também medir com precisão a distância entre voltas consecutivas da hélice (assinaladas pelas setas vermelhas na fotografia): 2,7 milionésimos de metro, que se sabe corresponder à dita configuração “seca” do ADN.

Fonte: Público

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Comida pode ser retirada diretamente do estômago

Uma chocante nova tecnologia de perda de peso promete ajudar todos os que tentam fazer dieta para perder alguns quilos. A comida poderá retirada diretamente do estômago antes de ser digerida.
O Aspire Assist Therapy System trabalha com a inserção cirúrgica de um tubo que vai desde a superfície da pele da pessoa até ao estômago. O tubo é depois acompanhado de um aparelho que permite o acesso ao estômago.
Vinte minutos depois de uma refeição, é possível fazer o encaixe de um pequeno tubo no original, o que permite chegar até aos conteúdos do estômago e esvazia-lo. É mesmo possível injetar água no estômago antes de o esvaziar.
Os criadores do projeto, Dean Kamer - inventor da Segway - e uma equipa de médicos, dizem que o seu método remove pelo menos um terço de cada refeição do estômago. Assim, e pelas suas contas, seria possivel que uma pessoa conseguisse perder entre 500 gramas a um quilo por semana, ou mais.
De acordo com o New York Daily News, o produto é já considerado uma alternativa barata ao bypass gástrico. Mas, como tudo, tem os seus limites: algumas comidas entopem os tubos. Sendo assim, brócolos, couve-flor, batatas fritas, bife e comida chinesa estão proibidos de serem retirados do estômago.
O Aspire Assist foi experimentado em 24 pacientes obesos e o seu uso já foi aprovado em alguns países europeus.

Fonte: Diário de Notícias

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Porque é que os dedos ficam enrugados na água quente?

A ciência pode estar perto de conseguir explicar o porquê de os dedos das mãos e dos pés ficarem enrugados depois de estarem mergulhados em água quente durante algum tempo.
Investigadores da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, confirmaram que os objetos molhados são mais fáceis de manusear com dedos enrugados. Os cientistas sugerem que os nossos antepassados podem ter adquirido pela primeira vez as pequenas "rugas" quando procuravam por comida em vegetação molhada ou em correntes de água.
As últimas experiências, que consistem em pedir a voluntários que peguem em berlindes imersos em água com uma mão e os depositem num recipiente com a outra mão, foram publicadas no jornal da Royak Society para a biologia. Os voluntários com os dedos enrugados conseguem completar a tarefa mais rapidamente e com mais facilidade do que os outros.
Durante muito tempo, assumiu-se que as pequenas rugas eram somente o resultado da pele a inchar na água, mas as mais recentes investigações mostraram que a causa são os vasos sanguíneos a apertarem-se em reação à água, uma resposta controlada pelo sistema nervoso do corpo e que pode atuar como uma ajuda para manusearmos objetos molhados.

Fonte: Diário de Notícias

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Lula gigante filmada pela primeira vez no seu meio natural

Animal com oito metros de comprimento foi localizado por cientistas japoneses a 630 metros de profundidade, no Pacífico.
Cientistas japoneses filmaram pela primeira vez uma lula gigante viva no seu habitat natural, a centenas de metros de profundidade.
As imagens foram captadas a 10 de Julho passado, mas anunciadas esta segunda-feira pela rede japonesa de televisão NHK, num projecto em conjunto com o Discovery Channel e o Museu Nacional de Ciência e Natureza do Japão.
O animal foi localizado a 630 metros de profundidade, a partir de um submersível com três tripulantes a bordo, ao largo da ilha de Chichijima, que cerca de 1000 quilómetros a sul de Tóquio.
O corpo da lula tinha aproximadamente três metros. Faltavam-lhe os dois tentáculos principais, mas os cientistas estimam que o comprimento total do animal seria de oito metros. Seguida pelo submersível até 900 metros de profundidade, a lula acabou por desaparecer no fundo do mar.
“Brilhava, era muito bonita. Fiquei muito emocionado, quando a vi com os meus olhos”, afirma o zoólogo Tsunemi Kubodera, do Museu Nacional de Ciência e Natureza, citado pela agência de notícias AFP. “Investigadores de todo o mundo já tinham tentado filmar este animal no seu meio natural, mas até agora em vão”, completou.
Em 2004, Kubodera já tinha liderado uma equipa que conseguiu fotografar pela primeira vez uma lula gigante no seu habitat, também próximo da ilha de Chichijima, onde aqueles animais são procurados por cachalotes como alimento. Dois anos depois, os cientistas capturaram pela primeira vez uma lula gigante viva, filmando-a à superfície da água. Agora, surgem as primeiras imagens em vídeo do animal no fundo do mar.
“Com este documento, esperamos aprender mais sobre a vida desta espécie, que permanece como um mistério até hoje”, disse Tsunemi Kubodera.
A NHK e o Discovery Channel farão uma emissão especial com as imagens ainda este mês, segundo a AFP.

Fonte: Público

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Será que a chave para a imortalidade está nas medusas?

Conhecidas como "turritopsis nutricula", as medusas poderão conseguir com que as suas células regridam até um estado mais jovem, nunca chegando a morrer. Já há quem acredite que a vida eterna poderá estar a caminho.
De acordo com a National Geographic, o ciclo da vida de uma medusa não chega ao fim, já que em vez de morrerem conseguem reverter as suas células vezes sem conta. A "habilidade" faz com que as medusas possam ultrapassar a morte, tornando-as biologicamente imortais.
A investigação foi levada a cabo por um cientista da Universidade de Brooklyn, em Nova Iorque. O estudo foi publicado na revista norte-americana Nature and Science e o feito único conseguido pelas medusas tem o nome de "transdiferenciação". A explicação é até bastante simples: a criatura absorve as suas próprias células, transformando-as em novas células de qualquer tipo. Justifica-se assim a grande proliferação de medusas ao longo dos anos, fenómeno que o jornal britânico Telegraph já apelidou de "invasão silenciosa".
Interessa então saber se os humanos poderão aprender ou até retirar algum proveito deste fenómeno. De acordo com Shin Kubota, um dos poucos cientistas que conseguiu criar espécies em laboratório, "a medusa é uma das mais milagrosas espécies em todo o reino animal", disse ao New York Times. "Acredito que será fácil resolver o mistério da imortalidade e conceder vida eterna aos seres humanos". Outros investigadores não se dizem tão certos no que toca ao futuro das células que poderão ser aproveitadas das medulas.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 6 de janeiro de 2013

Anuncio português ao Windows 8 é sucesso internacional

A Microsoft lançou uma nova campanha publicitária, curiosamente gravada em Portugal, onde aposta em mostrar aos utilizadores a simplicidade do Windows 8.
À pergunta, é o "Windows 8 assim tão simples?" a Microsoft responde com uma "pequena" demonstração feita por... uma criança. O anuncio passa-se numa loja normal de venda de software informático e, quando os compradores pedem ajuda ao assistente, este vai buscar um "pequeno" rapaz.
O anúncio foi gravado em Portugal e é até falado em português, tendo sido depois legendado em inglês. Uma nova jogada de marketing da gigante dos computadores que pretende provar que o Windows 8 é tão simples, que até uma criança pode explicar as suas funcionalidades.

Fonte: Diário de Notícias

sábado, 5 de janeiro de 2013

Meteorito NWA 7034 de Marte é diferente de todos os outros

Tem mais água, é constituído por basalto e tem 2100 milhões de anos. A rocha marciana descrita na Science é uma representante única da geologia do planeta.
Bem-vindos os calhaus de Marte, ou pelo menos os 319,8 gramas chegados de lá - o peso do meteorito proveniente do planeta vermelho que agora foi estudado. Enquanto uma missão de ida e volta não trouxer material do quarto planeta do sistema solar, os meteoritos marcianos que caem na Terra são os melhores objectos para se conhecer as profundezas geológicas do planeta. O NWA 7034 é diferente das rochas marcianas que se observaram até agora. É um pedaço de material vulcânico com mais água do que o normal, proveniente da crosta marciana e tem 2100 milhões de anos, revela um artigo na edição de hoje da revista norte-americana Science.
Até agora, eram conhecidos 110 meteoritos marcianos. Mas só na década passada é que se confirmou que esta população de rochas vinha mesmo de Marte. Apesar da sua constituição corresponder àquele planeta, foi preciso a informação recolhida pelas sondas Viking, que aterraram em Marte em 1976, e décadas de investigação para termos a confirmação.
A viagem de um pedaço de rocha arrancado de Marte até à Terra começa com um forte impacto de um grande asteróide ou de um cometa contra o planeta vermelho. Depois, é uma questão de sorte o material cair na Terra.
Os meteoritos que cá chegaram são todos de uma só classe dividida em três grupos, consoante a sua composição química, chamados Shergotty, Nakhla e Chassign (SNC). O NWA 7034 não se encaixa em nenhuma dos tipos. O pedaço de rocha foi encontrado no Noroeste de África. Em 2011 foi adquirido pela Universidade do Novo México, nos Estados Unidos, onde foi estudado.
"A textura do meteorito NWA não é como a dos SNC. É feito de fragmentos cimentados de basalto, uma rocha que se forma quando a lava arrefece rapidamente, e contém principalmente feldspato e piroxena. A composição é comum nas amostras de material lunar, mas não noutros meteoritos", explica Andrew Steele, um dos autores, que trabalha na Instituição Carnegie, em Washington.
As análises feitas ao solo de Marte pelos sucessivos robôs que foram enviados ao planeta nunca encontraram uma química parecida com a do material marciano que viajou até à Terra. Mas o NWA 7034 parece inverter a situação. "O basalto da rocha é consistente com o que existe na crosta ou no manto superior de Marte, segundo as descobertas recentes feitas pelos robôs em Marte e pelos satélites. A química [do NWA 7034] parece ter uma origem superficial e ter sofrido uma interacção com a atmosfera do planeta", explica Carl Agee, outro autor do artigo, da Universidade do Novo México.

Rocha hidratada
A datação do NWA 7034 indica que esta rocha é, segundo os cientistas, do início da época amazoniana - a mais recente época do registo geológico de Marte. Segundo a análise feita pelos cientistas, o meteorito contém 6000 partes de água por um milhão de partes, o que é cerca de dez vezes mais do que a que se encontra, em média, nos outros meteoritos marcianos. "Esta abundância de água sugere que o meteorito interagiu com a superfície marciana há cerca de 2100 milhões de anos", diz Agee.
É impossível saber a que região do planeta pertence este representante do mundo mineral de Marte. Apesar de o robô Curiosity da NASA, que chegou ao planeta em Agosto de 2012, estar programado para estudar a geologia de Marte - tem um braço capaz de apanhar amostras de solo para analisar -, será preciso uma viagem mais arrojada de ida e volta para as mãos humanas poderem analisar rochas de Marte trazidas de propósito. A NASA e a Agência Espacial Europeia tinham um projecto destes, só que nunca saiu do papel.

Fonte: Público

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O mosquito da malária não deixa o sangue coagular e agora sabemos porquê

Como é que o mosquito da malária, enquanto suga a sua vítima, impede que a coagulação do sangue que lhe serve de refeição? Cientistas do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da Universidade do Porto, com colegas de Espanha e França, desvendaram agora o mecanismo usado pelos mosquitos do género Anopheles.
Publicado pela revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences no final de 2012, o trabalho abre caminho ao desenvolvimento de novas moléculas sintéticas para o tratar problemas cardiovasculares, que muitas vezes necessitam da administração de anticoagulantes.
Os mosquitos anófeles usam uma molécula para controlar o sistema de coagulação durante as suas refeições de sangue – a anofelina, que tem como alvo a trombina, uma enzima central na anticoagulação.
A anofelina já tinha sido isolada e caracterizada por uma equipa norte-americana, que a patenteou como anticoagulante. “A maioria dos hematófagos [animais que se alimentam de sangue] possuem moléculas anticoagulantes interessantes para usos biomédicos, muitas delas já patenteadas. Mas o que se desconhece é forma como elas funcionam”, explica Pedro Pereira, investigador principal da equipa que liderou o estudo, citado num comunicado do IBMC.
A anofelina tem uma “abordagem radicalmente inovadora” no controlo do sistema de coagulação do hospedeiro: ela liga-se à trombina aproveitando os locais normalmente utilizados por substratos naturais do organismo no processo de coagulação, como por exemplo o fibrinogénio. Desta forma, o fibrinogénio não consegue ligar-se à trombina e, consequentemente, não se produz a fibrina, que forma os coágulos. Um coágulo é uma rede de fibrina. Encravando os locais também usados pelo fibrinogénio como ligação à trombina, à semelhança de uma chave partida dentro da fechadura, a anofelina trava a formação de coágulos.
“A anofelina é admiravelmente pequena e muito simples, sendo no entanto bastante eficaz”, diz Pedro Pereira. Isso é diferente de outras moléculas extraídas de outros animais hematófagos, como a carraça dos bovinos, cujas moléculas anticoagulantes são quatro vezes maiores, e por isso ela pode ser mais fácil de imitar em compostos sintéticos. “Apesar de terem sempre o mesmo objectivo, impedir a coagulação, as características de cada molécula são muito específicas de cada grupo de animais e seguem estratégias diferentes”, refere por sua vez Ana Figueiredo, a primeira autora do artigo.
A equipa – que inclui ainda investigadores da Universidade Pompeu Fabra e do Hospital de Sant Pau, em Barcelona, e do Laboratório Europeu de Radiação Sincrotrão em Grenoble, em França – também identificou a porção da molécula essencial para a actividade anticoagulante, que corresponde a cerca de metade da anofelina originalmente descrita.
Assim, uma molécula isolada de mosquitos que infectam cerca de 500 milhões de pessoas por ano com malária pode agora vir servir de base à concepção de fármacos sintéticos para prevenir e tratar alguns dos problemas que mais matam, neste caso as doenças cardiovasculares.

Fonte: Público

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Morreu Carl Woese, o cientista que descobriu o terceiro ramo da árvore da vida

O norte-americano descobriu que os microrganismos que vivem em ambientes extremos são um grupo completamente à parte de tudo o resto que se conhece.
O mundo microscópico esteve sempre presente na vida científica de Carl Woese. Mas foi em 1977 que o cientista norte-americano revolucionou a árvore da vida, o diagrama que representa a relação evolutiva entre as espécies: propôs um novo domínio, os archaea. Pensava-se que este conjunto de espécies eram bactérias, mas Woese mostrou que é um grupo independente e, a nível evolutivo, está tão próximo da bactéria Escherichia coli como de um cogumelo ou de um pinguim. Woese faleceu no último domingo, devido a um cancro no pâncreas. Tinha 84 anos.
Um dos maiores enigmas da biologia está relacionado com a evolução e com os processos que fizeram as primeiras formas de vida transformarem-se na diversidade que existe hoje. É este enigma que cientista tinha em mente.
Woese nasceu a 15 de Julho de 1928, em Siracusa, uma cidade no estado de Nova Iorque. Licenciou-se em matemática e física na Universidade de Amherst em 1950 e três anos depois fez o doutoramento em biofísica na Universidade de Yale. Em 1964, entrou para a Universidade de Illinois como professor, onde trabalhou até morrer.
Durante a década de 1970, o cientista tentou compreender melhor a relação evolutiva entre as espécies de bactérias. “Para realmente compreendermos a biologia, é preciso compreendermos de onde tudo veio”, disse o cientista, que defendia que a vida microbiana era um componente fulcral da biosfera.
Todas as formas de vida provêm de um único antepassado comum, há mais de 3500 milhões de anos. Nos anos de 1970, defendia-se que a evolução tinha resultado em dois grandes ramos diferentes, dois domínios da vida. Um domínio era os eucariotas, que reúne organismos com células com núcleo (onde está guardado o ADN), que podem ter uma só célula como a amiba. O outro domínio agrupava as bactérias.
Carl Woese revolucionou a forma de caracterizar as bactérias, e não só, graças a novas técnicas de análise de ADN que apareceram na altura. Em vez de se apoiar em características físicas, utilizou a sequenciação de moléculas do ADN dos ribossomas – as fábricas de proteínas que estão em todas as células – para comparar a distância evolutiva entre as espécies de bactérias.
“Fez uma métrica para determinar o parentesco a nível evolutivo”, explicou Norman Pace, um microbiólogo da Universidade do Colorado. “Os seus resultados foram os primeiros a provar que toda a vida na Terra estava relacionada entre si”, disse, citado pelo jornal New York Times.
Desta forma, também descobriu um grupo de microrganismos que eram tão diferentes das bactérias quanto de um cão. Em 1977, o cientista publicou, com outros colegas, dois artigos científicos onde anuncia a descoberta as archaea, ou arquea. Este novo domínio reúne organismos unicelulares sem núcleo que vivem em ambientes extremos a nível de temperatura, de salinidade ou de pH, como as fontes hidrotermais, no fundo do oceano. Entretanto, foram descobertas mais espécies de archaea no plâncton ou no tubo digestivo de animais.
Segundo o investigador, este grupo tem características tão antigas como as bactérias e vive em condições que estarão mais próximas do ambiente terrestre que existia quando a vida apareceu.
“Carl não só rescreveu o manual da biologia evolutiva, mas a sua descoberta proporcionou ferramentas para estudarmos hoje o microbioma humano, o conjunto complexo e incrivelmente diverso de microrganismos que existe no nosso corpo e que contribui tanto para a nossa saúde como para as doenças”, diz Gene Robinson, director do Instituto para a Biologia Genómica em Illinois, em comunicado.
A comunidade científica resistiu no início à teoria de Woese e só na década de 1990, quando a sequenciação dos genomas aprofundou o conhecimento deste novo grupo, é que os mais resistentes críticos se calaram. Entretanto, o biofísico foi acumulando galardões como a Medalha Nacional da Ciência dos Estados Unidos, em 2000, ou o Prémio Crafoord das Biociências, em 2003, entregue pela academia sueca.
Carl Woese teve dois filhos. O cientista, que muitos defendem ter merecido o Prémio Nobel, deixa ainda uma visão da vida na Terra: “Para mim, é claro que se a humanidade limpar da Terra todas as formas de vida multicelulares, a vida microbiana poderá mudar pouco. Se a vida microbiana desaparecer – isso seria a morte instantânea para o planeta.”

Fonte: Público

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Arqueólogos descobrem 12 esqueletos com 800 anos

Arqueólogos descobriram no centro do México esqueletos de 12 crianças e adultos com cerca de 800 anos, informou um especialista do Instituto Nacional de Antropologia e História do México citado pela agência AFP.
Os esqueletos foram descobertos quando os arqueólogos estavam a supervisionar a instalação de um novo sistema de drenagem em Cholula, uma cidade a cerca de 120 quilómetros a norte da capital mexicana.
As descobertas foram feitas entre o dia 08 de dezembro e quinta-feira, tendo sido identificados um total de 12 esqueletos.
Os investigadores terão agora de identificar o sexo e a origem étnica dos mesmos.
Em abril, 17 esqueletos com cerca de 700 anos também foram descobertos na mesma região.

Fionte: Diário de Notícias