segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A Nobel Rita Levi-Montalcini morre aos 103 anos

A investigadora italiana Rita Levi-Montalcini, que venceu o prémio Nobel da Medicina em 1986 pela descoberta dos fatores de crescimento das células nervosas, morreu hoje aos 103 anos em Roma.
Considerada uma grande personalidade na medicina, a investigadora marcou a área pelas suas importantes descobertas sobre os neurónios.
Montalcini nasceu em Turim, no norte da Itália, a 22 de abril de 1909 no seio de uma família judaica e aos 20 anos lançou-se nos estudos da medicina que conclui em 1936, prometendo então jamais "ter marido ou filhos" para se dedicar à investigação.
A promulgação por Mussolini, em 1938, das leis raciais discriminatórias, que impediam as carreiras académicas aos judeus, levam a jovem mulher a procurar a especialização em neurologia e psiquiatria.
Durante a II Guerra Mundial instalou um laboratório na cozinha onde fez experiências com embriões de galinhas.
O avanço das forças alemãs obrigou-a a fugir e refugiar-se em caves na Florença onde se aproxima da Resistência e cura os doentes de tifo.
As suas descobertas em galinhas, feitas em condições precárias, valeram-lhe em 1947 um convite para a Universidade de Saint-Louis em Washington onde, durante 30 anos, prossegue uma carreira de investigadora e professora.
Em 1986 obteve o reconhecimento internacional ao receber o Prémio Nobel da Medicina pela descoberta revolucionária dos fatores de crescimento das células nervosas, em colaboração com Stanley Cohen.
Esta descoberta permitiu uma melhor compreensão do desenvolvimento do sistema nervoso e provocou um enorme progresso nos estudos das doenças cerebrais como a doença de Alzheimer e complicações neurológicas ligados à diabetes.
Rita Levi-Montalcini esteve também na origem da criação, em 2002, do Instituto Europeu de Investigação Cerebral, um centro de investigação interdisciplinar sediado em Roma e totalmente dedicado ao estudo do cérebro.
Primeira mulher presidente da Enciclopédia Italiana (1993-1998, Montalcini foi membro das academias científicas mais prestigiadas, como a Academia Italiana de Ciências, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos e da Royal Society de Londres.

Fonte: Público

domingo, 30 de dezembro de 2012

O salmão transgénico mais perto do nosso prato

A concretizar-se a aprovação final das autoridades de saúde norte-americanas, este será o primeiro animal transgénico a chegar legalmente às mesas dos EUA.A Food and Drug Administration (FDA), a agência federal norte-americana responsável pela aprovação de novos alimentos e medicamentos, emitiu um parecer onde conclui que o consumo de um tipo de salmão geneticamente manipulado, produzido pela empresa AquaBounty Technologies, não apresenta “riscos nem perigos significativos para a segurança alimentar”.
A FDA considerou ainda que, dadas as características destes salmões e a forma como são criados (são fêmeas estéreis e crescem em condições de estrito isolamento), mesmo que alguns exemplares conseguissem escapar dos tanques isso não afectaria o ambiente.
O salmão transgénico em questão, criado em 1989 e baptizado AquAdvantage, é um salmão do Atlântico ao qual foi acrescentado o gene da hormona de crescimento do salmão-rei (Oncorhynchus tshawytsch), uma espécie muito comum do Pacífico. Esta manipulação genética faz com que cresça duas vezes mais depressa do que os seus congéneres naturais.
Segundo a imprensa internacional, o parecer da FDA já estava pronto em Abril, mas a sua publicação fora adiada pela Casa Branca, que receava eventuais reacções negativas dos seus eleitores (recorde-se que as presidenciais estavam mesmo à porta…).
À vitória eleitoral veio juntar-se a publicação, na segunda quinzena de Dezembro, de vários artigos no site slate.com que não deixaram outra alternativa ao Executivo norte-americano senão tornar público o parecer da FDA. Naqueles artigos, Jon Entine, director do Projecto de Literacia Genética (associação sem fins lucrativos dedicada a “separar a ideologia da ciência” e a desmistificar os mitos em torno da engenharia genética), denunciava o atraso na divulgação do documento e salientava que isso “levantava questões legais e éticas de interferência política na ciência e no trabalho independente das agências federais”. Dois dias mais tarde, o parecer da FDA era tornado público online, enquanto se aguardava pela sua versão impressa.
Contudo, lê-se na revista New Scientist, a aprovação final não será imediata. O parecer deve agora ser submetido a discussão pública e a FDA precisará de realizar, a seguir, uma derradeira avaliação, que pode ainda ser demorada –  mas que, em princípio, não deverá apresentar surpresas.
O salmão transgénico também há-de chegar às mesas europeias? Segundo o diário britânico The Independent, quando o AquAdvantage passar a ser “legalmente comercializado e consumido nos EUA, os produtores de salmão britânicos e europeus vão sentir-se pressionados a seguir o exemplo”.

Fonte: Público

sábado, 29 de dezembro de 2012

Por que é que algumas pessoas têm um sono de cair para o lado?

Na hipersónia primária, as células do cérebro recebem em excesso um mensageiro químico que é inibidor do sistema nervoso central. O que leva exactamente a isso é a parte do mistério que continua por esclarecer.
Dormir mais de dez horas por dia, ter dificuldades em acordar, despertar com a sensação de que a noite foi passada em claro e ir beber um café e continuar exactamente na mesma podem ser sintomas de hipersónia primária. Esta doença do sono que afecta os adultos é causada por uma substância que actua como se fosse um comprimido para dormir. Um grupo de cientistas descobriu, em parte, o que acontece no cérebro e propõe um antídoto.
As pessoas com hipersónia primária dormem mais de 70 horas por semana e andam num estado de constante sonolência. Esta dormência permanente acaba por interferir com as rotinas diárias e pode, inclusivamente, perturbar os relacionamentos sociais e pessoais. “Estes indivíduos dizem sentir-se como se estivessem a andar no nevoeiro – fisicamente acordados, mas mentalmente a dormir”, esclarece o líder do estudo, David Rye, da Faculdade de Medicina de Emory, em Atlanta.
Para descobrir o que causa este excesso de sono e encontrar eventualmente um antídoto, o grupo de investigadores partiu de uma hipótese: se os medicamentos usados para tratar as insónias actuam sobre os receptores do ácido gama-aminobutírico (GABA, na sigla inglesa), um neurotransmissor que é dos principais inibidores do sistema nervoso, então talvez os pacientes com hipersónia tivessem alguma outra substância no cérebro que também actuasse sobre estes receptores.
Para verificarem se isto era assim, os cientistas recolheram em vários pacientes, através de uma punção lombar, líquido cefalorraquidiano, que banha o cérebro e a espinal medula. Depois, em células geneticamente modificadas, de forma a produzirem à sua superfície receptores do GABA, juntaram o líquido. Mas não aconteceu nada.
Então, experimentaram juntar o líquido às células, mas com um pouco de GABA. E, neste caso, os receptores deste mensageiro químico cerebral que existiam à superfície das células modificadas foram activados para quase o dobro do que acontece em situações normais. Portanto, as células recebiam em excesso este mensageiro químico que é inibidor do sistema nervoso central.
Apesar destes resultados, publicados na revista Science Translational Medicine, ainda não se sabe que substância é que está mesmo por detrás da reacção dos receptores do GABA e, consequentemente, da hipersónia.

Fonte: Público

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Samsung está a preparar o novo Galaxy Note 7.0

A Samsung está a preparar uma terceira versão do seu híbrido Galaxy Note, desta vez com 7 polegadas. Depois do original com 5,5' e de uma segunda com 10,1', o smartphone/tablet que permite a utilização de caneta terá um novo tamanho.
De acordo com alguns sites, a marca sul-coreana registou um aparelho com o nome de código GT-N5100 no site GLBenchmark, suscitando rumores sobre o novo smartphone/table (ou phablet como alguns lhe têm chamado).
Este nome de código já tinha aparecido no site Nenamark há algumas semanas e prevê-se que tenha uma resolução de 1280 por 800 e Android 4.2.

Fonte: Diário de Notícias

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sequenciado o genoma de uma única célula

Detectar as diferenças genéticas entre duas células individuais tem aplicações que vão do estudo do cancro às ciências forenses, passando pela evolução.
Cada uma das nossas células contém apenas uns milionésimos de milionésimos de gramas de ADN, uma quantidade tão diminuta que não parece possível extrair daí qualquer informação genética sem arriscar contaminações externas ou falsos resultados. E no entanto, graças a uma nova técnica de amplificação do ADN, uma equipa de investigadores norte-americanos e chineses conseguiu agora sequenciar sem erros o genoma de uma única célula.
Mais: foi possível detectar diferenças genéticas muito subtis – tais como mutações pontuais – entre diversas células de um mesmo tumor canceroso, bem como entre espermatozóides provenientes do mesmo homem. Os resultados são publicados esta sexta-feira em dois artigos na revista Science.
Foi a equipa de Chengang Zong, na Universidade de Harvard (EUA), que desenvolveu a nova técnica, designada MALBAC (acrónimo de multiple annealing and looping based amplification cycles). Até aqui, os métodos utilizados para obter, para fins de sequenciação, muitas cópias (o termo técnico é “amplificar”)  de uma amostra de material genético – recolhido, por exemplo, na cena de um crime – amplificavam desigualmente as diversas regiões da molécula de ADN. Portanto, quando a amostra inicial de material biológico era demasiado pequena, não permitiam sequenciar a totalidade do genoma (por não conseguirem gerar um número de cópias suficientes de aquelas regiões mais "renitentes"). A nova técnica contorna esta limitação, escrevem os cientistas, e permite amplificar uniformemente 93% do genoma.
A equipa também pôs o seu método à prova. Para isso, amplificaram e sequenciaram, separadamente, o ADN de três células do mesmo cancro e mostraram que conseguiam detectar não apenas mutações pontuais, como também variações no número de repetições de certos segmentos genéticos, específicas de cada uma dessas células.
No segundo artigo, a mesma equipa, em colaboração com investigadores da Universidade de Pequim, na China, também sequenciou os genomas de 99 espermatozóides do mesmo indivíduo, tendo conseguido detectar diferenças entre eles decorrentes das recombinações genéticas que ocorrem durante a meiose. A meiose, que é a forma de divisão celular que leva à formação dos espermatozóides, constitui uma fonte de diversidade genética na descendência de cada um de nós.
As potenciais aplicações da técnica vão da medicina ao estudo da evolução e dos testes de diagnóstico pré-natal até à análise genética de amostras forenses, lê-se ainda nos artigos da Science. Mais geralmente, como as variações que se verificam no ADN entre células descendentes de uma mesma célula “são as forças motoras de processos biológicos como a evolução ou a cancerização”, o facto de estas variações se tornarem detectáveis abre a porta, entre outros, a estudos “da instabilidade do genoma e da infertilidade masculina”.

Fonte: Público

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Gelo está a derreter 2 vezes mais rápido que o previsto

A camada de gelo na Antártida ocidental, cujo degelo contribui para a subida do nível do mar, devido ao aquecimento global, está a derreter quase duas vezes mais depressa do que se pensava, revela um novo estudo.
Uma reanálise dos recordes de temperatura registados entre 1958 e 2010 demonstrou um aumento de 2,4 graus Celsius nesse período, o equivalente a três vezes mais a subida média global da temperatura.
O aumento da temperatura na Antártida ocidental quase duplicou, comparativamente a valores registados em estudos anteriores, sustentou, citado pela agência AFP, um dos coautores do estudo, David Bromwichand, acrescentando que se trata de uma das regiões da Terra que aqueceram mais rapidamente.
Segundo o especialista, do Centro de Investigação Byrd Polar, nos Estados Unidos, o "contínuo aquecimento na Antártida ocidental poderá afetar o equilíbrio da camada de gelo e contribuir para um aumento mais acentuado do nível do mar".
Cientistas creem que a diminuição da camada de gelo na Antártida ocidental é responsável por cerca de dez por cento da subida do nível do mar, em consequência do aquecimento global.
A camada de gelo ocidental, com uma extensão de quatro quilómetros, cobre a superfície e mergulha no mar, estando a derreter mais rapidamente do que qualquer outra na Antártida.
Para este novo estudo, David Bromwichand e outros investigadores, de diversas instituições norte-americanas, socorreram-se de dados climáticos de diferentes fontes.
O Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas das Nações Unidas estimou, em 2007, que o nível do mar irá subir entre 18 e 59 centímetros até 2100.

Fonte: Diário de Notícias

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

E se a mão humana também tiver evoluído para bater?

Uma equipa de investigadores foi estudar a anatomia do punho e a sua funcionalidade no combate para tentar responder a questão.
Quando chega a altura de lutar, os primatas como os chimpanzés costumam abrir a mão para bater. O homem cerra os dedos e a sua derradeira ferramenta de destreza que utiliza no dia-a-dia transforma-se numa arma. Uma equipa de investigadores foi estudar a anatomia do punho e a sua funcionalidade no combate para tentar responder a uma questão: Será que a mão também evoluiu para bater? A resposta parece ser afirmativa, defendem os cientistas que publicaram os resultados agora na revista Journal of Experimental Biology.
"O papel que a agressão teve durante a nossa evolução não foi suficientemente tido em conta”, diz David Carrier da Universidade de Utah, Estados Unidos, líder do estudo. “Há pessoas que não gostam desta ideia, mas é evidente que os grandes símios são um grupo relativamente agressivo, quando comparados com outros mamíferos, com imensas lutas e violência, e isso inclui-nos”, sugere, num comunicado. “Somos os filhos pródigos em relação à violência.”
Para compreender melhor esta questão, os cientistas foram analisar a força de um soco e a anatomia da mão. Pediram a dez homens, com idades entre os 22 e os 50 anos e com experiência em artes marciais, para darem socos com o punho fechado e baterem com a mão aberta num saco de boxe.
O saco media a força da estalada e do soco. Os cientistas descobriram que a força máxima exercida pelos dois métodos era semelhante. No entanto, a área que o soco exerce a força é um terço da área de uma chapada com a palma aberta. Por isso a força exercida durante um soco naquela área era entre 1,7 e três vezes maior em relação à chapada. “Como há uma pressão maior quando se bate com o punho, é provável que se cause um dano maior” nos tecidos, nos ossos, nos olhos ou nos dentes, explica Carrier.
As experiências seguintes avaliaram a anatomia do punho. Um chimpanzé tem um polegar mais curto do que o homem e os outros quatro dedos são mais compridos do que os nossos. Quando tenta fechar a sua mão, como os humanos fazem, o chimpanzé fica com a mão numa forma de donut. Nos humanos, o punho é uma estrutura muito compacta, em que o polegar dá suporte ao indicador e ao dedo do meio.
Os cientistas tentaram avaliar se esta forma, com o apoio do polegar, protegia o resto da mão quando dava socos. A experiência mediu a rigidez dos nós dos dedos, quando a força é transferida dos dedos para o polegar. Para isso, pediram a outros dez homens para darem socos com o punho completamente fechado e com o punho sem o apoio do polegar. Os resultados mostraram que quando o polegar apoia os dedos, a rigidez dos nós dos dedos quadruplica e a força transmitida pelos durante o soco duplica.
Os autores defendem que a mão poderia ter evoluído para formas diferentes e que algumas estariam adaptadas só para o manusear e outras formas funcionariam bem só para lutar. “No entanto, é possível que só haja uma proporção esquelética correcta que permita as duas funções”, escrevem no artigo.
E notam aqui um paradoxo: “[A mão] é indiscutivelmente a nossa arma anatómica mais importante, usada para ameaçar, bater e em algumas situações matar para resolver um conflito. No entanto, é também a parte do nosso sistema muscular e esquelético que produz e utiliza utensílios delicados, toca instrumentos musicais, produz arte, transmite intenções e emoções complexas, e nutre. Em última análise, o significado evolutivo da mão humana talvez se deva à sua capacidade impressionante de cumprir duas funções aparentemente incompatíveis, mas intrinsecamente humanas.”
Para Carrier, olhar para uma evolução humana adaptada à agressão e à violência é, ainda, um tabu. “Há muita resistência para pensar que, a certos níveis, os humanos são por natureza animais violentos. Acho que seria melhor se encarássemos esta ideia de que temos emoções fortes e que, algumas vezes, elas levam-nos a comportamentos violentos. Se tivermos isto em conta somos capazes de prevenir melhor a violência no futuro”, defende, citado pela BBC News.

Fonte: Público

domingo, 23 de dezembro de 2012

Bloco ocêanico pode desabar e provocar tsunami

Cientistas australianos identificaram junto à Grande Barreira de Coral um enorme bloco oceânico que poderá entrar em colapso e alertaram que se isso acontecer poderá provocar um tsunami devastador para o nordeste do país.
O bloco, de um quilómetro cúbico, conhecido como o bloco Noggin, é o remanescentes de um deslizamento de terra que ocorreu no fundo do mar e está atualmente pousado nos limites da plataforma continental, explicou a emissora ABC.
Robin Beaman, geólogo marinho da Universidade de James Cook disse à ABC que o bloco está numa primeira fase de desprendimento da Grande Barreira de Coral, muito embora o processo decorra ainda de forma lenta.
Mas, acrescentou, se o bloco se libertar rapidamente em consequência, por exemplo, de um terramoto, poderia provocar um tsunami com capacidade de numa hora atingir a costa leste da Austrália.
Esta catástrofe é pouco provável, "mas deve considerar-se que pode acontecer. Não se sabe que momento pode um bloco deste tipo entrar em colapso, só se pode dizer que eventualmente irá suceder", acrescentou o geólogo.

Fonte: Diário de Notícias

sábado, 22 de dezembro de 2012

E 136 anos depois, o mapa-múndi das espécies animais foi actualizado

O mapa utilizado até aqui para estudar a biodiversidade dos vertebrados à face da Terra datava de 1876. Desde ontem, há um novo mapa, que integra a árvore genética das espécies.
Uma equipa internacional de investigadores, entre os quais um especialista português de biodiversidade, combinou os dados evolutivos e geográficos - coligidos ao longo de 20 anos sobre 21.037 espécies de vertebrados - e produziu um mapa "moderno" da distribuição geográfica de todos os mamíferos não-marinhos, dos anfíbios e das aves actualmente conhecidos.
O novo mapa, apresentado ontem ao fim da tarde na edição online da revista Science, actualiza e "corrige" o mapa utilizado até aqui pelos especialistas como base para os estudos da biodiversidade animal no nosso planeta. Um mapa que data de... 1876 e cujo autor foi o naturalista britânico Alfred Russel Wallace, co-descobridor, independentemente de Charles Darwin, da teoria da selecção natural das espécies.
Os autores da actualização confirmaram agora, no novo mapa, que existem muitas semelhanças com o mapa do século XIX. Mas, graças à massa de informação genética hoje disponível, revelaram também diferenças que podem ser essenciais para a concepção de futuros programas de conservação das espécies.
"Wallace era um naturalista extraordinário", disse ao PÚBLICO Miguel Araújo, professor da cátedra de Biodiversidade Rui Nabeiro do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) na Universidade de Évora - e co-autor do trabalho. "Viajou pelo mundo inteiro e verificou que, em cada região, existiam espécies diferentes, de aspecto diferente."
Porém, Wallace apenas dispunha de informação sobre um número limitado de espécies, na maioria mamíferos, que tinha visto no terreno durante as suas viagens ou cuja existência conhecia através de amigos e colegas. Ora, essa situação é hoje radicalmente diferente: "Nos últimos anos, tem-se estado a reconstruir os mapas biogeográficos dos mamíferos, dos anfíbios e das aves", explica Miguel Araújo. "Toda esta informação [sobre a distribuição das espécies] é muito recente."
E por outro lado, Wallace também "não tinha a árvore da vida, embora ela já estivesse, de forma qualitativa, por trás da sua classificação", salienta o cientista. "Nós tivemos agora em conta as filogenias todas", incluindo uma nova árvore genética das aves, que a equipa publica online juntamente com o seu artigo.

Os reinos e a linha de Wallace
Com base nas suas observações, Wallace, considerado o "pai" da biogeografia, tinha dividido o mundo em seis grandes "reinos". O novo mapa vem acrescentar cinco novos reinos, que podem ainda ser subdivididos em 20 regiões mais pequenas. "Os reinos fornecem uma informação muito prática, muito clara, da origem evolutiva comum das espécies", diz ainda Miguel Araújo. Porém, conforme o tipo de aplicação, pode ser precisa a distribuição mais fina em regiões.
Novidades? "Wallace pensava que Madagáscar estava ligada à África", refere o cientista, "mas segundo nós é um reino perfeitamente independente". E mais: "A origem evolutiva de Madagáscar é mais próxima da Índia do que da África." O resultado bate certo com o que se sabe da tectónica das placas: Madagáscar separou-se da Índia e não de África.
Outra diferença em relação ao velho mapa é o facto de o Norte de África unir-se agora num único reino com a Península Arábica (num conjunto designado reino saro-arábico), quando até aqui estava incluído no reino paleárctico, que engloba a Eurásia. Também foi possível distinguir, a sul do paleárctico, um reino sino-japonês. E quanto à Nova Zelândia, passou a pertencer ao mesmo reino que a Austrália, o que não era o caso até aqui. Ao mesmo tempo, o reino australiano original ficou partido em dois: australiano e oceânico (este último incluindo a Nova Guiné e as ilhas do Pacífico).
"Madagáscar é um caso especial", explica ainda o cientista. "Se tivéssemos de atribuir medalhas, a de ouro iria para a Austrália, que é a região mais individualizada do planeta e a que tem a fauna mais diferente; a de prata iria para Madagáscar e a de bronze para a América Latina, que permaneceu muito isolada e longe dos grandes fluxos de migração."
As novas características biogeográficas agora reveladas deverão ter implicações importantes ao nível dos programas de conservação das espécies. "Se Madagáscar estivesse ligada à África, a sua prioridade em termos de conservação seria menor", exemplifica Miguel Araújo. Mas com uma fauna única no mundo, trata-se de algo "mais universal" e a sua prioridade no panorama da biodiversidade passa logo para outro patamar.
Uma outra questão que o novo mapa poderá agora vir resolver diz respeito àquilo que hoje é conhecido como "linha de Wallace" - um obstáculo à dispersão das espécies animais que, segundo teorizou aquele naturalista, marcaria uma separação entre as faunas do seu reino oriental (que inclui o subcontinente indiano e o Sudeste asiático) e o da Austrália. Wallace colocara essa fronteira natural no estreito de Macáçar, entre Bornéu e a ilha indonésia de Celebes. "Tem havido um grande debate sobre onde passa a linha", diz Miguel Araújo, acrescentando terem agora confirmado que está essencialmente muito perto da localização atribuída por Wallace.
Será que os especialistas de biodiversidade vão já passar a utilizar o novo mapa? Para Miguel Araújo, não há dúvidas de que, a partir de agora, "o mapa de Wallace está desactualizado". O novo mapa será, entretanto, colocado à disposição da comunidade internacional, em particular através do Google Earth.

Fonte: Público

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Computadores vão sentir, ver, ouvir e cheirar em 2017

Dentro de cinco anos vai ser possível "humanizar os computadores", prevê o gigante informático IBM, que acredita que ouvir, ver, cheirar, saborear e sentir vão ser características ao alcance das máquinas, em benefício dos cidadãos.
As previsões constam do estudo da IBM '5in5', lançado anualmente desde 2006, e que pretende ser uma previsão de quais serão, no prazo de cinco anos, os cinco avanços tecnológicos mais marcantes e com maior impacte na vida das pessoas.
A IBM acredita que em 2017 o mundo informático entra na era dos "sistemas cognitivos", com máquinas capazes de imitar os cinco sentidos humanos, e a crença resulta mais do trabalho que já está a ser feito nos laboratórios, do que das expectativas da empresa sobre o que possam vir a ser as tendências nesta área de investigação e desenvolvimento, como explicou à Lusa Gonçalo Costa Andrade, diretor dos serviços de tecnologia da IBM.
"Um computador com essas valências permite humanizar o computador, tornando a interação mais próxima daquela que é a perceção do ser humano, e permite ao homem perceber algumas características, ir mais fundo na análise de algumas situações", explicou à Lusa o responsável, que sublinhou que esta nova tecnologia será de fácil acesso, e com utilidades práticas e quotidianas, para profissionais especializados, mas também para o cidadão comum.
Por exemplo, a IBM perspetiva avanços com utilidade para profissionais especializados na área da saúde, com a possibilidade de atribuir aos computadores capacidades visuais. Gonçalo Costa Andrade explicou que, mais do que catalogar imagens como RX ou ressonâncias magnéticas, será possível criar um sistema que detete tendências nas imagens e que torne mais fácil a identificação de tumores.
Mas para o cidadão comum podem estar a caminho facilidades tecnológicas como uma aplicação com base na audição que ajude jovens pais a detetar o significado do choro dos bebés - através da padronização de milhares de choros e das suas múltiplas variações de frequências - ou uma outra, com base no olfacto, que permita, pela análise dos odores corporais e dos biomarcadores, 'avisar-nos' que temos uma gripe em incubação ou que estamos a desenvolver diabetes.
"Acreditamos que o tratamento sistematizado desta informação, a criação de algoritmos ao nível do software que trata toda a informação, vai permitir criar aplicações mais direcionadas e úteis, tanto para profissionais especializados como para o cidadão no dia-a-dia", resumiu o responsável da IBM.
Gonçalo Costa Andrade disse também que esta revolução tecnológica não poderá acontecer apenas ao nível das aplicações, terá que ser acompanhada por uma evolução do 'hardware', uma vez que as máquinas que existem hoje não têm capacidade para suportar estas novas funcionalidades, mas acredita que está a ser dado um "novo passo" no caminho da criação de computadores capazes, não só de analisar dados, mas de produzirem, eles próprios, conhecimento.
A IBM crê que será possível ter esta tecnologia disponível no mercado dentro de cinco anos, e apesar de não conseguir estimar quanto custará ter acesso a estas novas facilidades, antecipa que, à semelhança do que acontece com qualquer tecnologia, os "sistemas cognitivos" serão tão mais acessíveis quanto mais massificados e disseminados estiverem.
Gonçalo Costa Andrade sublinhou ainda o caráter fiável das previsões do '5in5' da IBM, frisando que, apesar de a empresa não ter acertado em todas as suas previsões desde 2006, acertou na maioria.
O responsável lembrou a esse propósito casos que considera paradigmáticos e exemplares daquilo que pretende ser o estudo: em 2007 o '5in5' apontava para telemóveis com funcionalidades como o pagamento de serviços m 2012, e que é hoje uma realidade instalada na sociedade, e para a previsão, saída do estudo de 2011, de que em 2016 ler a mente "já não seria ficção científica".
Notícias recentes apontam para avanços com efeitos ao nível da mobilidade humana, com novas tecnologias que permitem ler as ondas cerebrais e que 'obrigam' o corpo de alguém paralisado ou com mobilidade reduzida a obedecer às ordens emitidas pelo cérebro.

Fonte: Diário de Notícias

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

As sondas gémeas chocaram (como previsto) contra uma montanha da Lua

Cumprida a missão de mapeamento gravitacional da Lua, as sondas Ebb e Flow da NASA auto-destruíram-se.
Tudo correu como previsto. Às 22h38 da noite desta segunda-feira (hora de Lisboa), a poucos segundos de intervalo uma da outra, duas sondas lunares gémeas da agência espacial norte-americana NASA embateram numa montanha, perto do pólo norte da Lua, à uma velocidade de 6000 quilómetros por hora.
As sondas, baptizadas Ebb e Flow, integravam a missão GRAIL (Gravity Recovery and Interior Laboratory) e tinham sido lançadas em Setembro de 2011 pela NASA. Estavam, desde Janeiro deste ano, a realizar o mapeamento mais preciso de sempre do campo gravitacional de um objecto celeste. E, como foi anunciado na semana passada, produziram o mapa mais detalhado de sempre da crosta lunar, revelando algumas particularidades surpreendentes do interior do nosso satélite natural.
Os dados recolhidos pelas sondas ainda estão a ser analisados e prometem imagens mais finas nos próximos meses. O estudo da estrutura interna da Lua deverá permitir perceber melhor a formação e a evolução dos planetas rochosos do sistema solar, como a Terra ou Marte.
As sondas, que se encontravam inicialmente em órbita a 55 quilómetros de altitude, tinham descido para os 22 quilómetros no fim do Verão. E, na passada sexta-feira, começaram a aproximar-se cada vez mais da superfície, numa autêntica missão-suicida programada.
A razão para estas manobras radicais é simples: “A NASA queria descartar qualquer hipótese de as nossas gémeas acabarem por se estatelar perto do locais históricos da exploração lunar, como os locais de aterragem das missões Apolo ou das sondas russas Luna”, disse em comunicado David Lehman, principal responsável pela missão GRAIL.
As sondas iriam forçosamente cair na Lua devido à baixa altitude e ao baixo nível de combustível. Mas antes da manobra – que consistiu, nas últimas horas da operação, em accionar os motores para as colocar na posição certa –, elas tinham, segundo os cálculos efectuados, “sete chances num milhão de cair [num desses locais]”. A seguir à operação, “essa probabilidade caiu para zero”, salienta o mesmo responsável.
A NASA anunciou que o local da colisão foi baptizado "Sítio de Impacto Sally K. Ride", em homenagem à primeira mulher astronauta norte-americana, que também integrava a equipa da missão GRAIL e que morreu no passado mês de Julho.

Fonte: Público

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

126 novas espécies descobertas no Grande Mekong

Uma víbora com olhos rubi, uma rã que imita o cantar dos pássaros ou um peixe-gato que consegue mover-se em terra, são algumas das 126 novas espécies de fauna e flora que foram descobertas em 2011 na região do Grande Mekong, anunciou o Fundo Mundial para a Natureza.
Entre as descobertas está também um morcego com aspeto de demónio ou um peixe que brilha no escuro devido ao seu corpo dourado, refere um comunicado da organização.
A área do Grande Mekong, conhecido como um rio do Vietname, abarca, no entanto, todo o curso do rio que cruza o sudeste asiático peninsular e passa pela Birmânia, Cambodja, China, Laos, Tailândia e Vietname, onde habitam várias espécies em perigo de extinção como o elefante asiático.
Desde 1997 foram descobertas ao longo do rio 1.710 novas espécies de fauna e flora.

Fonte: Diário de Notícias

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Afinal já existiram hobbits!

O homem (na verdade, a mulher) das Flores já tem um rosto.
Espécie que viveu até há 12 mil anos, numa ilha da Indonésia, era tão pequena que os cientistas chamaram hobbits aos seus membros. Afinal, as criaturas imaginadas por Tolkien em O Senhor dos Anéis até existiram.
Não é propriamente o que se chamaria uma mulher bonita, mas as suas feições eram, sem dúvida, distintivas. Palavras da antropóloga australiana Susan Hayes, depois de ter revelado ao mundo como era o rosto de uma mulher que viveu há 18 mil anos na ilha indonésia das Flores, naquela que é a primeira reconstrução facial de uma pessoa desta espécie de humanos.
A história da descoberta desta espécie, com quase uma década, lançou muita confusão na árvore evolutiva humana, já de si complexa. Em Agosto de 2003, uma equipa de cientistas australianos e indonésios encontrou o fóssil de uma mulher, incluindo o crânio, na gruta de Liang Bua. No ano seguinte, na revista Nature, a equipa anunciava a descoberta e defendia tratar-se de uma nova espécie de humanos. E eis que começava a controvérsia: antes de mais, porque até essa altura estávamos convencidos de que há muito mais tempo éramos os únicos humanos que restavam no planeta.
Na viagem evolutiva dos humanos, os neandertais eram até aí considerados os nossos últimos companheiros. Desapareceram há cerca de 28 mil anos, tendo a Península Ibérica como último refúgio, depois de terem vivido por toda a Europa.
Mas o fóssil da mulher com 18 mil anos, o primeiro exemplar descoberto, serviu de referência para identificar a nova espécie. O Homo floresiensis, ou homem das Flores, teria surgido há cerca de 95 mil anos e a sua existência ter-se-ia prolongado até há 12 mil anos, quando desapareceu e, aí sim, nos deixou sozinhos, como espécie humana, na Terra.
Como a mulher já era adulta, isso mostrava que aqueles humanos teriam apenas um metro de altura e 25 quilos. Por serem tão pequenos, os cientistas pensaram nas criaturas minúsculas do mundo imaginado por J. R. R. Tolkien em O Hobbit e na trilogia O Senhor dos Anéis, a ponto de considerarem chamar-lhe Homo hobbitus, em vez de Homo floresiensis.
Além da sua coexistência tardia com a nossa espécie, o Homo sapiens, os hobbits reais das Flores eram polémicos precisamente devido ao crânio muito pequeno. Isso implicava uma capacidade craniana de apenas 380 centímetros cúbicos, idêntica à dos chimpanzés.

Uma aproximação
Seriam então uma espécie nova ou apenas indivíduos doentes da nossa própria espécie? Referindo-se a esta última hipótese, houve cientistas que avançaram que o homem das Flores sofria de microcefalia, uma patologia caracterizada por um crânio e um cérebro muito pequenos e deficiências mentais. Outra hipótese considerava os hobbits como Homo sapiens pigmeus, pois ainda hoje vivem nas Flores populações de baixa estatura.
Mas, para a equipa que escavou e estudou os fósseis do Homo floresiensis, coordenada pelo arqueólogo Mike Morwood, da Universidade de Nova Inglaterra, na Austrália, uma das provas de que era uma espécie distinta estava na ausência de queixo. Só a nossa espécie tem queixo.
Vários estudos têm reforçado a tese de que o homem das Flores era uma espécie distinta, baseando-se, por exemplo, na comparação da forma do seu cérebro com o de indivíduos microcéfalos e saudáveis da nossa espécie e ainda na análise dos ossos do pulso. O seu lugar na árvore evolutiva e que relação tinha connosco é que continuam por determinar.
Só que, até agora, nunca tínhamos visto uma reconstrução da cara do homem das Flores – ou melhor, da mulher das Flores –, porque só o primeiro exemplar descoberto tem o crânio completo, embora tenham entretanto sido encontrados fragmentos de vários indivíduos.
Especialista em reconstrução facial, Susan Hayes, da Universidade de Wollongong, na Austrália, deu agora um rosto à mulher das Flores, moldando músculos e gordura sobre uma réplica do crânio. Assim, a cara foi ganhando "carne" e o resultado foi divulgado numa conferência de Arqueologia na Universidade de Wollongong, numa altura em que, por todo o mundo, também se tem estreado o filme O Hobbit: Uma Viagem Inesperada.
Maçãs do rosto proeminentes e um nariz largo são algumas surpresas, refere um comunicado da universidade australiana. Perante o resultado, Susan Hayes reconheceu então que a mulher não seria uma beldade. "Não diríamos que era bonita, mas era seguramente distintiva."
Como é que a antropóloga sabia que espessura de tecidos moles pôr no rosto dos hobbits, uma vez que não existem dados específicos para essa população desaparecida? Susan Hayes responde ao PÚBLICO que usou dados existentes para a população mundial com as espessuras médias dos tecidos moles: "São aplicáveis a todas as populações e baseiam-se num grande conjunto de dados, por isso são muito fidedignas. Para o Homo floresiensis, usei um subconjunto destes dados, uma vez que o crânio dela é muito pequeno."
E o que traz de novo a reconstrução do rosto desta mulher? Traz algumas provas sobre a aparência de outros humanos, diz Susan Hayes. "Mas, tal como toda a ciência, os resultados do trabalho baseiam-se no que sabemos hoje sobre o crânio, sobre a sua relação com os tecidos moles e a população em questão. Como todo o meu trabalho, é sempre uma aproximação."
Num comentário ao trabalho, Darren Curnoe, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, disse que o rosto é mais moderno do que esperava. "Os ossos parecem-se um pouco como os dos pré-humanos que viveram há dois ou três milhões de anos, mas, com esta reconstrução, vê-se como são surpreendentemente modernos", disse o especialista em evolução humana. "É interessante ver uma nova abordagem baseada na ciência forense, que pode melhorar a compreensão de como era o aspecto do Homo floresiensis. Até agora, vimos interpretações artísticas, muito bonitas, mas esta dá-nos uma visão mais científica e rigorosa do aspecto do hobbit."

Fonte: Público

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Descobertos destroços de naufrágio do século XIX

Arqueólogos subaquáticos fizeram primeira campanha de observação dos restos do navio na semana passada.
Descobertos acidentalmente por dois pescadores de Setúbal, em 2011, os destroços, que estão a baixa profundidade e à vista de terra, são os únicos até hoje declarados na região de Tróia, apesar de ao longo dos séculos ter havido inúmeros naufrágios na região.
Pelo que os arqueólogos já observaram, aquele era um lugre, uma embarcação com 30 a 35 metros de comprimento, construída em madeira e propulsionada à vela. "Não encontrámos quaisquer vestígios de caldeira ou pás que, pela sua dimensão, teriam de estar à vista", afirmou ao DN Adolfo Martins, que está a estudar o achado, juntamente com Alexandra Figueiredo e Cláudio Monteiro do Instituto Politécnico de Tomar (IPT).
Os primeiros dados da campanha mostram que o navio deveria estar a tentar entrar na barra do Sado, para aportar a Setúbal, quando naufragou. Não se sabe ainda qual seria a origem do lugre, nem se fazia transporte de mercadorias a granel, ou se era um navio de pesca de alto mar, por exemplo, um bacalhoeiro.
A análise de amostras de madeira recolhidas no local, que vai ser feita no Laboratório de Arqueologia e Conservação do Património Subaquático do IPT, poderá ajudar a esclarecer as muitas dúvidas que persistem sobre o achado. Nomeadamente sobre a construção e a possível origem do navio. Das próximas campanhas, já agendadas para Janeiro, Fevereiro e Março, os investigadores esperam também mais novidades.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 16 de dezembro de 2012

Três espécies de primatas nocturnos descobertas na ilha de Bornéu

As novas espécies de lóris são nocturnas, têm veneno na boca e são alvo do comércio ilegal para serem animais de estimação.
Uma equipa de cientistas descobriu três novas espécies de primatas nocturnos na ilha de Bornéu, no Sudeste asiático. São lóris, primatas parecidos com os lémures de Madagáscar, mas que habitam aquela região da Ásia. Conhecia-se uma única espécie com duas subespécies em Bornéu. Mas afinal são espécies diferentes. A terceira espécie é um outro grupo que se pensava pertencer à espécie antiga e nem sequer tinha sido individualizada como um grupo diferente.
“Historicamente, muitas espécies não foram reconhecidas independentemente e foram agrupadas de um modo errado numa única espécie. Enquanto o número de espécies de primatas duplicou nos últimos 25 anos, algumas espécies nocturnas mantiveram-se desconhecidas para a ciência”, explica Rachel Munds, da Universidade do Missouri, autora do estudo, publicado na revista American Journal of Primatology.
A espécie inicial chama-se Nycticebus menagensis, e agora só existe no arquipélago das Filipinas. Considerava-se que este primata vivia nalgumas ilhas das Filipinas e em Bornéu. Mas, depois desta investigação, as duas subespécies de Bornéu ascenderiam ao estatuto de espécie e chamam-se agora Nycticebus bancanus e Nycticebus borneanus. Além disso, o novo grupo identificado em Bornéu ficou com o nome do rio Kayan, chamando-se Nycticebus kayan. Este grupo vive nas zonas montanhosas, no centro-leste da ilha.

Boca venenosa
Alguns lóris têm padrões na pelagem da cara muito característicos, que permitem definir as espécies. Mas no género dos Nycticebus, que está activo à noite, esses padrões são menos distintivos. Para chegar às novas conclusões, a equipa analisou mais aprofundadamente os padrões coloridos da face, que se parecem com máscaras.
Outra característica única destes animais é terem veneno na boca. Estes lóris têm uma glândula junto do cotovelo que segrega toxinas. Os animais habituaram-se a esfregar o líquido nos dentes. Resultado, funciona como uma arma e pode provocar um choque anafilático nas pessoas que são mordidas, além de apodrecer os tecidos à volta do local mordido. Os cientistas pensam que este veneno não será produzido pelos primatas, mas que virá de certos artrópodes da classe das comuns marias-café. Estes artrópodes de Bornéu produzem toxinas e servem de alimento aos lóris.
A equipa está preocupada com a conservação das quatro espécies, devido ao seu comércio ilegal como animais de estimação. Quem faz este comércio costuma tirar os dentes da frente dos animais por serem venenosos. Agora, os conservacionistas têm de se preocupar, não com uma, mas com quatro lóris diferentes. “Espécies separadas são mais difíceis de proteger do que uma, já que cada espécie precisa de manter um certo número populacional e ter floresta suficiente como habitat”, explica Rachel Munds.

Fonte: Público

sábado, 15 de dezembro de 2012

NASA lança vídeo explicativo dez dias mais cedo

A NASA está confiante de que o mundo não vai acabar no próximo dia 21, como diz a profecia Maia e fez questão de criar um vídeo do género "bem te disse!", que, por engano, lançou dez dias mais cedo.
A agência espacial está tão confiante em que o mundo não irá acabar que até lançou um vídeo que explica o porquê de ainda cá estarmos... 10 dias mais cedo. O vídeo descreve ponto por ponto os chamados 'mitos' que cercam o final do calendário Maia, desacreditando previsões como o sol irradiar a atmosfera ou um planeta chocar contra a Terra."Sé está a ver este vídeo significa uma coisa... o mundo não acabou ontem", diz a agência espacial com confiança. No vídeo, a NASA compara ainda o fim do calendário Maia com um conta-quilómetros, que chega ao fim e volta ao início.
"Nenhuma ruína ou pedra que os arqueólogos examinaram prevê o fim do mundo", reafirmou a agência norte-americana. "Nenhum asteróide ou cometa conhecido está em rota de colisão com a Terra. Nem um planeta errante está a chegar para nos destruir, já que se isso estivesse para acontecer seria nesta altura o objeto mais brilhante no céu", acrescentaram.4

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

População mundial ganhou mais de dez anos de esperança de vida desde 1970

Portugal é dos poucos países que, em 40 anos, registaram melhores progressos na mortalidade de crianças até aos cinco anos e de jovens e adultos, entre os 15 e os 49 anos.
A população mundial ganhou mais de dez anos de esperança de vida desde 1970, mas as diferenças entre os países com melhores e piores resultados praticamente não mudou, conclui um relatório publicado hoje na revista The Lancet. Em Portugal, entre 1990 e 2010, refere ainda o estudo, a esperança de vida passou de 70,7 anos para 77,8 anos nos homens e, nas mulheres, esse salto foi dos 76,3 para os 82,3.
Intitulado Peso Global das Doenças 2010, o estudo é descrito pela revista como o maior esforço de sistematização para descrever a distribuição global e as causas de uma variedade de doenças, lesões e factores de risco para a saúde.
Recolhidos ao longo de cinco anos por 486 cientistas de 302 instituições em 50 países, os dados relativos a 187 países são agora publicados na primeira tripla edição da Lancet totalmente dedicada a um só estudo, que inclui sete artigos científicos e diversos comentários, incluindo da directora-geral da Organização Mundial de Saúde, Margaret Chan, e do presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.
Entre as conclusões, o estudo revela que a esperança de vida dos homens aumentou 11,1 anos entre 1970 e 2010, passado de 56,4 para 67,5. Nas mulheres, a esperança de vida aumentou ainda mais – 12,1 anos ou 19,8% –, passando de 61,2 anos em 1970 para 73,3 anos em 2010.
No entanto, acrescenta o estudo, as diferenças entre os países com maiores e menores esperanças de vida mantiveram-se muito semelhantes desde 1970, mesmo quando se retiram acontecimentos dramáticos como o genocídio do Ruanda em 1994.
Em 2010, as mulheres japonesas eram as que tinham maior esperança de vida (85,9 anos), enquanto para os homens a Islândia era o país com melhores resultados (80 anos). No extremo oposto, o Haiti tinha a mais baixa esperança de vida em ambos os géneros (32,5 nos homens e 43,6 nas mulheres), sobretudo devido ao sismo de Janeiro de 2010.
Além disso, alguns países contrariaram a tendência e registaram quedas substanciais da esperança de vida. Na África subsariana como um todo, a esperança de vida nos homens diminuiu 1,3 anos entre 1970 e 2010, enquanto nas mulheres caiu 0,9 anos, declínios atribuídos à epidemia do vírus da sida.
Por outro lado, o estudo revela que, à medida que a esperança de vida aumenta e o mundo vai envelhecendo, as doenças infecciosas e problemas infantis relacionados com a malnutrição – em tempos as principais causas de morte – vão sendo substituídos (com excepção da África subsariana) por doenças crónicas, lesões e doenças mentais.
“Essencialmente, o que nos faz doentes não é necessariamente o que nos mata. Enquanto o mundo fez um excelente trabalho a combater doenças fatais – especialmente doenças infecciosas –, vivemos agora com mais problemas de saúde que causam muita dor, afectam a nossa mobilidade e nos impedem de ver, ouvir e pensar claramente”, escreve a Lancet em comunicado.

Dados sobre Portugal
Portugal é um dos poucos países que registaram, em 40 anos, melhores progressos na mortalidade de crianças até aos cinco anos e de jovens e adultos entre os 15 e os 49 anos, revela o estudo. Portugal, a par de Cuba, Maldivas, Sérvia e Bósnia-Herzegovina, registou os melhores progressos na mortalidade das crianças.
O estudo indica também que Portugal foi um dos países com melhores resultados na mortalidade de jovens e adultos, superando Noruega, Espanha e Austrália.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que os óbitos em crianças até aos cinco anos baixaram em Portugal 97,3%, dos 12.357 em 1970 para os 326 em 2010. Quanto às mortes em jovens adultos dos 15 aos 49 anos, desceram 28,7%, das 8.517 em 1970 para as 6.069 em 2010, de acordo com o INE.
Quanto à esperança de vida dos portugueses, entre 1990 e 2010, passou de 70,7 anos para 77,8 anos nos homens e, nas mulheres, dos 76,3 para os 82,3.
Outra conclusão do estudo internacional é que, enquanto o peso da malnutrição foi reduzido em dois terços, a alimentação desequilibrada e a falta de exercício físico estão a contribuir para um aumento das taxas de obesidade e outros factores de risco, como a hipertensão, representando já 10% do peso das doenças.
O estudo conclui também que, embora se registe uma enorme redução da taxa de mortalidade infantil – que caiu mais do que alguma vez se tinha estimado – há um aumento de 44% no número de mortos entre os 15 e os 49 anos entre 1970 e 2010, sobretudo devido ao aumento da violência e ao desafio do VIH/sida, que matou 1,5 milhões pessoas por ano.
Resultado de um projecto liderado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation da Universidade de Washington, este estudo visa fornecer uma nova plataforma para avaliar os maiores desafios mundiais na área da saúde e formas de os abordar.

Fonte: Público

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

ESA capta imagens únicas de um rio extraterrestre

A missão Cassini-Huygens obteve as melhores imagens até agora de um rio fora do planeta Terra, que mostra "uma versão extraterrestre em miniatura" do Nilo de uma lua de Saturno, anunciou hoje a Agência Espacial Europeia (ESA).
Trata-se de um rio que percorre mais de 400 quilómetros até chegar ao mar, precisou a ESA em comunicado, em que destacou que nunca até agora se tinha conseguido uma definição de imagem tão alta de um acidente geográfico extraterrestre, indica a agência noticiosa Efe.
"A linearidade relativa do rio sugere que segue pelo menos o contorno de uma falha, similar a outros grandes rios que correm na margem sul do mesmo mar de Titã", explicou a cientista da unidade de radares do projeto Jani Redebaugh.
Titã é o único lugar fora do planeta Terra em que foi detetado líquido estável na superfície, apesar do composto não ser de água, mas sim de etano e metano.
A missão Cassini-Huygens, em que participam a ESA, a norte-americana NASA e a italiana ASI, consiste numa missão não tripulada que estuda Saturno e os seus satélites naturais.

Fonte: Diário de Notícias

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Cientistas conseguiram regenerar o coração depois de um enfarte

Dois portugueses obrigaram células musculares cardíacas a multiplicarem-se, o que não acontece naturalmente. Dois meses após um enfarte, a função cardíaca dos roedores da experiência era quase normal.
A maioria dos órgãos adultos dos mamíferos não se regenera. À excepção de alguns casos, como o fígado, as células não são capazes de começar a dividir-se para salvar a função de um órgão, quando ele sofre danos. Por isso, a seguir a um enfarte de coração, a actividade circulatória não volta a ser a mesma. Mas um trabalho liderado por dois cientistas portugueses, em Itália, conseguiu que as células musculares de ratos e ratinhos se multiplicassem após um ataque cardíaco. Os roedores recuperaram a função do coração quase totalmente, segundo os resultados publicados na última edição da revista Nature.
Um ataque cardíaco dá-se quando há células no coração a morrer em massa. Esta mortandade acontece quando uma região do músculo deixa de receber oxigénio e nutrientes vindos do sangue. As pessoas que sobrevivem ao enfarte têm a função cardíaca comprometida. Uma porção do músculo fica morta, forma-se uma cicatriz e o coração deixa de bombear o sangue com a eficácia de antes. "Este é o problema: as células musculares do coração não são capazes de se dividir", diz Miguel Mano ao PÚBLICO. "É preciso arranjar uma alternativa."
O cientista português, de 35 anos, pertence a uma equipa do Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia de Trieste, no Norte de Itália. Durante os dois anos desta experiência, Miguel Mano esteve a trabalhar com Ana Eulálio, que é a primeira autora do artigo e tem uma larga experiência laboratorial em micro-ARN – uma classe de moléculas com uma função muito importante na regulação genética das células.
"Os micro-ARN regulam a expressão [actividade] de um número grande de proteínas ao mesmo tempo. São muito importantes no desenvolvimento embrionário", explica Miguel Mano.
Os genes são partes da molécula de ADN que está no núcleo das células. Contêm a informação necessária para a produção das proteínas do corpo. Na linha de montagem das proteínas, o primeiro passo é o gene ser copiado, ou transcrito, para uma molécula semelhante ao ADN chamada ARN. Este ARN-mensageiro sai do núcleo das células e é usado como molde para a produção da proteína.
A célula regula a actividade ou a inactividade destes genes logo na molécula de ADN. Mas os micro-ARN, descobertos quase há 20 anos, vieram acrescentar um grau novo a este controlo. Estas pequenas moléculas de ARN ligam-se ao ARN-mensageiro e impedem que ele sirva de molde para produzir a devida proteína. Só que uma molécula de micro-ARN pode ligar-se a diferentes ARN-mensageiros e com isso impedir a produção de várias proteínas.
Em Trieste, Miguel Mano tinha montado uma biblioteca de microARN humanos. Em conjunto com Ana Eulálio – hoje chefe de grupo na Universidade de Würzburg, na Alemanha –, o cientista testou perto de 900 micro-ARN humanos em células musculares cardíacas de ratos e ratinhos, para ver se algum provocaria a divisão das células, algo que não acontece naturalmente.
Os investigadores descobriram que 204 micro-ARN promoviam a multiplicação nas células de rato e, desses, 40 mantinham esse poder também nas células de ratinho – outra espécie usada como cobaia. Depois de uma série de experiências, a equipa conseguiu isolar os dois micro-ARN mais potentes. De seguida, injectaram-se estas duas moléculas separadamente no coração de ratos e de ratinhos, durante uma operação, pouco depois de lhes ter sido provocado um ataque cardíaco. Resultado: as células musculares começaram a multiplicar-se e, ao longo de dois meses, regeneraram boa parte do tecido que tinha sofrido o enfarte. O coração ficou sem cicatriz e a sua função foi restabelecida quase totalmente.
A equipa descobriu que cada um destes dois micro-ARN reduzia os níveis de actividade de cerca de 600 genes e aumentava a actividade de outros 800. "Com uma só molécula, alterámos o programa celular", sublinha Miguel Mano.
O próximo passo, em Trieste, será testar estes micro-ARN em cães e porcos, dois modelos com uma fisiologia mais parecida com a do homem. "É muito provável que estas moléculas funcionem em humanos." Mas, antes, é preciso perceber se a sua aplicação tem efeitos secundários.

Fonte: Público

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ventos de Vénus têm o primeiro mapa rigoroso e foi feito por portugueses

À superfície, uma brisa. Mas a 70 quilómetros de altitude os ventos venusianos atingem velocidades muito superiores aos dos furacões na Terra. Pela primeira vez, fez-se uma medição rigorosa desses ventos.
Vénus aparece-nos no céu nocturno sem dificuldade e é o astro mais brilhante depois da Lua. Mas quem quiser conhecê-lo melhor depara-se com uma barreira – uma capa de nuvens que envolve o planeta e reflecte muita luz solar. Uma equipa liderada por cientistas portugueses conseguiu medir, num telescópio na Terra, o movimento dos ventos nesta camada de nuvens, ajudando a compreender melhor a sua atmosfera. "É a primeira vez que se faz um mapa dos ventos de Vénus", realça o astrofísico Pedro Mota Machado, que liderou, com o seu colega David Luz, ambos do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa, o estudo publicado na revista científica Icarus.
A equipa usou as lentes do Very Large Telescope (VLT), o complexo de telescópios no cimo de Cerro Paranal, no Chile, que pertence ao Observatório Europeu do Sul. "Já se mediram os ventos de Vénus a partir da Terra seguindo os padrões das nuvens", explica o astrofísico. Este método só pode produzir velocidades médias, mas a equipa conseguiu agora ter uma fotografia da velocidade das partículas que estão em suspensão nas nuvens venusianas, utilizando um espectrógrafo do VLT.
Por estarem juntos, Vénus e a Terra nasceram da agregação de poeira cósmica semelhante. Vénus terá tido água líquida há muito tempo, mas perdeu-a ao longo de milhões de anos. Hoje, os planetas são muito diferentes. A rotação de Vénus é no sentido inverso da da Terra. O planeta demora 243 dias terrestres a dar uma volta sobre si mesmo, apesar de orbitar o Sol em 224 dias. Mesmo com um dia e noite compridos, as condições à superfície do planeta mantêm-se semelhantes.
Vénus é uma espécie de "inferno de Dante", diz Pedro Mota Machado. À superfície, corre apenas uma brisa, mas, para um humano sobreviver lá, teria de aguentar uma temperatura de 450 graus Celsius e uma pressão equivalente à que se sente a um quilómetro de profundidade no mar. Estas condições são provocadas por um intenso efeito de estufa: a atmosfera venusiana é muito densa e está saturada quase só de dióxido de carbono. "Ainda sabemos muito pouco sobre Vénus. Como perdeu a água e chegou a este efeito de estufa?", questiona.
Lançada em 1989, a sonda Magalhães observou Vénus e mostrou que a sua topografia é marcadamente vulcânica. Tem 1600 grandes vulcões, mas nenhum parece estar activo. "Para haver dióxido carbono e enxofre [que produz ácido sulfúrico e chuvas ácidas] na atmosfera, é necessário haver reposição destes gases", diz Pedro Mota Machado.

Uma cortina de nuvens
A própria camada densa de nuvens de enxofre é um mistério. Na Terra, as nuvens estão a uma altitude máxima de 20 quilómetros. Em Vénus, a camada encontra-se a cerca de 70 quilómetros. Além disso, na região equatorial, esta cortina de nuvens está continuamente em movimento, graças a um vento chamado laminar ou zonal: "Há uma zona de nuvens que se move em uníssono em torno de Vénus e a uma velocidade constante", explica o astrofísico.
Foi esta região que a equipa observou durante Maio e Junho de 2007. Para isso, utilizou o espectrógrafo do VLT para medir os fotões, na parte da luz visível do espectro electromagnético. Estes fotões tinham vindo do Sol e, ao chegarem à atmosfera venusiana, eram desviados consoante a velocidade do movimento das partículas suspensas na camada de nuvens sobre o equador. E o espectrógrafo dava uma leitura imediata das velocidades destas partículas, o que permitia assim obter um perfil dos ventos na região equatorial.
A equipa mediu ventos com velocidades entre os 381 e 457 quilómetros por hora (como termo de comparação, na Terra, os furacões mais fortes têm ventos de 252 quilómetros por hora). "Conseguimos ter dados concretos da circulação dos ventos", sublinha Pedro Mota Machado.
Assim, é possível aperfeiçoar os modelos da circulação atmosférica de Vénus e de planetas com características semelhantes noutros sistemas solares. Mas há um objectivo mais geocêntrico. Apesar de Vénus ser um extremo, não deixa de poder servir como exemplo de estudo sobre um possível futuro da Terra. "Quando Vénus, Terra e Marte se formaram, os valores da concentração de dióxido carbono na atmosfera eram praticamente iguais", diz o cientista.
Na Terra, a vida alterou as condições. O efeito de estufa é muito mais suave do que em Vénus e ajuda a manter uma temperatura amena. Mas estas condições podem mudar. A Terra teve momentos em que tinha mais dióxido de carbono na atmosfera e em que o efeito de estufa era mais intenso. Tudo indica que um fenómeno semelhante está em curso, desta vez com um grande contributo humano. Até ao final do século, a temperatura terrestre pode aumentar em média quatro graus Celsius. "A atmosfera na Terraé muito frágil", refere Pedro Mota Machado.
A equipa detectou ainda a presença de uma "maré solar", que já tinha sido prevista: "A zona que está virada para o Sol recebe mais luz e há uma dilatação da atmosfera", explica.
Neste momento, a equipa procura os ventos meridionais de Vénus. Na Terra, estes ventos produzem células de ar que se movem do equador em direcção aos pólos e transferem assim calor para as regiões frias. Em Vénus, não se sabe se existem estes ventos. "Provavelmente, o novo trabalho vai responder a esta questão."

Fonte: Público

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Aumenta a mortalidade das árvores centenárias

Cientistas alertaram hoje para o aumento alarmante das taxas de mortalidade dos maiores organismos vivos do planeta, as árvores centenárias de grande porte que abrigam e sustentam inúmeras aves e animais selvagens.
Estudos conduzidos na Austrália e nos Estados Unidos, sustentam que os ecossistemas a nível mundial estão em perigo de perder as suas árvores de maior dimensão e idade, a não ser que sejam implementadas novas políticas no sentido de uma melhor proteção destes organismos.
"É um problema a nível mundial e parece estar a acontecer na maioria dos tipos de florestas", disse David Lindenmayer, da Australian National University.
Segundo o autor principal do estudo sobre o problema, "tal como os animais de grande porte como elefantes, tigres, e cetáceos diminuíram drasticamente em muitas partes do mundo, um número crescente de provas sugere que as grandes árvores centenárias podem estar igualmente em perigo".
Os cientistas disseram que políticas e práticas de gestão devem ser implementadas com vista ao crescimento destes organismos e redução das taxas de mortalidade dos mesmos.
Lindenmayer, juntamente com colegas da James Cook University na Austrália e Washington University nos Estados Unidos, conduziram estudos depois de analisarem os registos das florestas suecas até ao período de 1860.
Os cientistas descobriram alarmantes perdas de árvores de grande porte, com idades entre os 100 e 300 anos, nas várias latitudes da Europa, América do Norte, Ásia, América do Sul, América Latina e Austrália.
Os investigadores defenderam também a necessidade de levar a cabo investigações direcionadas para objetos de estudo específicos para compreender melhor as ameaças à vida dos grandes organismos e traçar estratégias para as enfrentar.
"Sem essas iniciativas, estes organismos icónicos e as muitas espécies que dependem deles poderão diminuir em largar escala ou perder-se completamente", sustentaram.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 9 de dezembro de 2012

As sondas Ebb e Flow espreitaram por baixo da superfície da Lua e eis o que viram...

Duas sondas da NASA, em órbita em redor da Lua desde o início do ano, criaram um mapa detalhado da crosta lunar e fizeram algumas descobertas surpreendentes.
A superfície lunar parece feita de queijo gruyère (ou de Stilton, como argumentariam Wallace e Gromit). E isso mascara as características da crosta subjacente, ocultando as fases mais precoces da formação da Lua. Mas agora, graças a duas sondas chamadas Ebb e Flow ("fluxo" e "refluxo", ou ainda "cheia" e "vaza"), que utilizam uma técnica muito simples, mas ao mesmo tempo muito poderosa, foi possível levantar o véu e espreitar o interior da Lua como nunca tinha sido feito.
As sondas, cuja missão foi baptizada GRAIL (Gravity Recovery and Interior Laboratory), foram lançadas em Setembro de 2011 pela agência espacial norte-americana NASA e têm estado a orbitar a Lua, uma à frente da outra e a uma distância muito precisa uma da outra.
Como é que conseguem cartografar o interior da Lua? “Quando a primeira (Flow) passa por cima de uma formação rochosa particularmente maciça, o ligeiro aumento da atracção gravitacional [da Lua] que isso ocasiona empurra-a para a frente, distanciando-a da segunda (Ebb)”, explica, na Science desta sexta-feira, o jornalista Richard Kerr num texto que acompanha a publicação de três artigos que descrevem os resultados obtidos nos primeiros meses da missão.
Foram essas oscilações da distância entre as sondas, que elas foram medindo com grande precisão entre os meses de Março e Maio, que permitiram à equipa de Maria Zuber, geofísica do Massachusetts Institute of Technology, criar as belas imagens que constituem o “mapa gravitacional” da crosta da Lua.
A operação já se revelou fértil em surpresas acerca da juventude do nosso satélite natural. Uma delas é que, ao longo dos primeiros mil milhões de anos de vida da Lua, a sua crosta foi muito mais fustigada por asteróides e outros projécteis espaciais do que se pensava e que os impactos deixaram “fracturas que vão de finíssimas fissuras a falhas que poderão atingir dezenas de quilómetros de profundidade e penetrar mesmo no manto”, lê-se ainda na Science. Esta descoberta permite pensar que o mesmo processo de fracturação também poderá ter tido lugar nos planetas vizinhos – e em particular em Marte, "onde a água, que no início era abundante, poderá ter-se infiltrado, fornecendo muitas rochas molhadas e quentes” e criando assim condições propícias ao aparecimento da vida.
“Já se sabia que os planetas tinham sido fustigados por impactos, mas ninguém imaginava que a crosta da Lua tivesse sido tão atingida”, diz Maria Zuber, citada pelo diário britânico Guardian. “Isto foi uma grande surpresa, que vai fazer muita gente questionar-se sobre o seu significado para a evolução planetária.”
Outra novidade dos resultados publicados na Science é que, ao contrário de estimativas anteriores, que apontavam para a crosta lunar ter uma espessura de 50 a 60 quilómetros, ela parece ser muito mais fina (35 a 40 quilómetros) e a sua parte superior mais porosa do que previsto. Ainda outra é que a crosta é atravessada por cerca de 20 gigantescos lençóis de magma arrefecido, cuja densidade é maior do que a do resto – e cuja formação poderá remontar aos primórdios da história da Lua.
As duas sondas, que se encontravam inicialmente a 55 quilómetros de altitude, desceram para os 22 quilómetros no fim do Verão, o que promete imagens mais detalhadas daqui a uns meses, escreve ainda Kerr. Nas próximas semanas, aproximar-se-ão ainda mais perigosamente da superfície, acabando por se estatelar na Lua quando o combustível dos seus foguetões de controlo de altitude se esgotar.

Fonte: Público

sábado, 8 de dezembro de 2012

Regresso à Lua só com financiamento privado

Harrison Schmitt, astronauta da última missão do projeto Apollo, diz que o governo norte-americano não tem capacidade para voltar a enviar homens à Lua e que serão empresas privadas a financiar a exploração mineira no satélite.
No 40.º aniversário da missão Apollo 17, a última do projeto, um dos austronautas presentes nessa última viagem à Lua, Harrison Schmitt, defende que as empresas privadas vão apostar na exploração do satélite, não só com uma perspetiva mais turística, mas na expliração mineira.
Em causa está a extração de hélio-3, uma fonte de combustível difícil de se ter na Terra, mas que não falta na Lua. "Se se tiver uma razão para se construir foguetões, naves espaciais e máquinas de exploração mineira, os custos vão diminuir. O governo não tem capacidade para diminuir os custos onde seria económico fazê-lo", salientou Schmitt à BBC.
Para o antigo astronauta serão as empresas privadas a apostar na exploração mineira para a extração de hélio-3. Esta fonte de combustível é vista como o futuro, pois 25 toneladas pode permitir fornecer energia para todo o planeta durante um ano. Se na Terra há apenas a capacidade para produzir várias dezenas de gramas por ano, as estimativas, mais baixas, é que na Lua as reservas atinjam as 500 mil toneladas.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A Terra vista à noite do espaço é um mundo de luz e escuridão

Há um novo vídeo da NASA que mostra o lado escuro da Terra. E a electricidade marca a geografia nocturna do planeta.
O lado nocturno do nosso planeta foi fotografado por um satélite norte-americano com uma resolução sem precedentes. A NASA e a NOAA, a agência para atmosfera e os oceanos dos Estados Unidos, mostram agora a compilação dessas imagens num vídeo. A Terra surge-nos a girar à noite e, vista do espaço, é um mundo de escuridão, mas também de muita luz.
Não é só a cartografia dos postes de electricidade que pode ser feita com as imagens registadas pelo satélite. O vídeo também revela os poços petrolíferos activos que estão a queimar combustível, as luzes dos navios no mar e os incêndios o interior da Austrália.
"Por todas as razões que tornam necessário fazer a observação da Terra durante o dia, também é preciso fazer esta observação à noite”, defende Steve Miller, um investigador do Instituto Cooperativo para a Investigação da Atmosfera, da Universidade Estadual do Colorado, que pertence à NOAA. “Ao contrário dos humanos, a Terra nunca dorme”, diz o investigador, num comunicado.
O satélite norte-americano resulta de uma parceria entre a NASA e NOAA e foi para o espaço em 2011. Um dos seus instrumentos é um radiómetro que detecta ondas de luz em comprimentos de onda que vão desde o verde (na parte visível do espectro) até ao infravermelho. O aparelho utiliza técnicas de filtragem e um sensor que permitem registar, a partir do espaço, o brilho pouco intenso das luzes eléctricas que iluminam as estradas. Este sensor até consegue “ver” a única luz de um navio sozinho no oceano.
O registo que aparece agora é fruto de fotografias tiradas em 22 dias, entre Abril e Outubro de 2012, em noites sem nuvens. É possível ver continentes vastamente iluminados como a Europa em contraste com regiões mais escuras como a Rússia. O vídeo mostra diferenças políticas: a iluminada Coreia do Sul e a mais escura Coreia do Norte. E evidencia também a importância dos acidentes geográficos, como as cordilheiras escuras dos Himalaias, que travam o avanço da civilização.
“A noite não é de longe tão escura como podemos pensar”, diz Miller. As fotografias revelam ainda fenómenos luminosos naturais como auroras ou o brilho parco de reacções químicas que se dão na atmosfera superior. Com esta vigilância nocturna, os cientistas também estão interessados em detectar o início de tempestades que ocorrem de noite ou outros fenómenos meteorológicos. Mas também podem identificar apagões, como os que aconteceram nos Estados Unidos durante o furacão Sandy, no final de Outubro, ou os navios que pescam ilegalmente e se servem de luz para atrair cardumes de peixe.

Fonte: Público

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Com quantos blocos lego aguentará a base de uma torre?

Engenheiros da Open University colocaram um tijolo sobre pressão hidráulica para medir o peso que este poderia aguentar. O resultado é surpreendente.
É uma questão que já chegou aos fóruns e aos maiores pensadores da Internet, mas até agora ainda não tinha conhecido resposta definitiva. Quão alta precisa de ser uma torre de lego para que a peça de baixo ceda? É a pergunta que se impõe.
A resposta, que levou a milhares de comentários especulativos na rede, chegou pelo canal de televisão britânico BBC, que através de um programa de rádio conseguiu que académicos investigassem a questão, utilizando de pressão hidráulica.
Já era sabido que os legos são extremamente resistentes, mas como qualquer outro material, também eles têm um limite. De acordo com engenheiros da Open University, no Reino Unido, peças lego de 2x2, com uma massa de 1,152 gramas podem aguentar com 432 quilogramas. Nunca é demais recordar que as peças da lego são feitas inteiramente de plástico. Assim, os cientistas concluíram que uma torre lego poderá suportar 375 mil peças empilhadas numa só sem ceder.

Fonte: Diário de Notícias

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

É o corpo que revela o que estamos a sentir em situações extremas

As teorias tradicionais sobre as emoções dizem que é possível ler, na cara, se uma experiência extrema que se está a viver é positiva ou negativa. Um novo estudo, na revista Science, conclui que não é bem assim.
Será que a derrota ou a vitória ficam estampadas na cara de uma forma diferente? Parece que não, quando vivemos momentos de emoções extremas. Afinal, é o corpo que mais revela os sentimentos em situações extraordinárias, como quando se ganha a lotaria ou se vê um filho a ser atropelado, conclui um estudo publicado na última edição da revista Science.
Os modelos tradicionais das emoções defendem que a raiva ou a felicidade provocam expressões faciais distintas, isto porque os músculos que são activados são diferentes. Estas diferenças, dizem os modelos, são úteis para os outros interpretarem o estado emocional, se é positivo ou negativo, de quem passa por essas situações.
No entanto, há poucos trabalhos que avaliam as expressões faciais durante estas experiências emocionais extremas. Estes estados são intensos e duram pouco tempo, como quando se obtém o ponto decisivo que permite ganhar uma partida de ténis, ou quando se perfura um mamilo com um piercing.
A equipa de Hillel Aviezer, da Universidade de Princeton, em New Jersey, nos Estados Unidos, foi avaliar se "as expressões faciais de significado afectivo oposto podem sobrepor-se durante picos muito intensos de emoção" - ou seja, se nestas situações extremas a cara que fazemos é, de facto, diferente consoante vivemos um acontecimento positivo ou negativo. Ou se, afinal, até temos uma expressão semelhante, independentemente do valor da experiência. Esta questão não é descabida: os trabalhos em neurociências mostram que emoções opostas activam as mesmas regiões do cérebro.
Para avaliar isso, a equipa fez uma experiência com imagens de jogadores de ténis no momento de emoção mais extrema, logo após perderem ou ganharem um ponto durante uma partida. As imagens mostram tanto a expressão facial como corporal do desportista.
Os cientistas isolaram, depois, as caras dos corpos dos tenistas e deram a observar três tipos de imagens distintas a três grupos de participantes de 15 pessoas cada. Algumas imagens eram integrais com o corpo e a cara dos jogadores, outras só tinham a cara sem o corpo e o terceiro grupo mostrava o corpo sem a cara.
Os cientistas pediram aos participantes para observar as imagens e avaliar as emoções dos jogadores. "Quando só viam as caras, os participantes falhavam na avaliação das emoções positivas, embora não no caso dos derrotados. Mas tinham sucesso quando viam só o corpo ou o corpo e a cara em conjunto", diz o artigo. Os resultados foram claros: a expressão facial é muito ambígua nos casos emocionais extremos.

O efeito de ilusão facial
Para confirmar estes dados, os cientistas usaram a técnica de corte e colagem: recortaram a face do jogador durante uma vitória e colocaram-na no mesmo jogador quando sofreu uma derrota. A imagem resultante mostrava o jogador com uma cara de felicidade num corpo de sofrimento. Fizeram também o inverso: um recorte de um jogador com a cara infeliz num corpo vitorioso.
Os participantes viram estas imagens reconstruídas: mesmo sem terem consciência disso, o corpo é que foi determinante para a avaliação que fizeram do estado emocional dos jogadores. O corpo de um jogador derrotado era sempre avaliado com um valor negativo, quer a cara fosse a do tenista derrotado ou a do mesmo tenista vitorioso. O contrário também se passava: os participantes consideravam estar perante um estado emocional positivo, se o corpo fosse de um jogador que acabava de ganhar um ponto, mesmo que a cara mostrasse uma reacção de derrota.
Perguntou-se depois a um grupo de pessoas que não participaram nesta experiência, mas que viram as imagens, se o mais importante para a avaliação do estado emocional era a cara, o corpo ou ambos. "Oitenta por cento escolheu a face como a região do corpo mais determinante para se diagnosticar o significado [emocional], 20% a cara e o corpo, e nenhum dos participantes escolheu o corpo", lê-se no artigo.
Como é que os autores do artigo interpretaram este conjunto de respostas? "Referimo-nos a este fenómeno como o efeito de ilusão facial." Mesmo que a expressão da cara seja ambígua, as pessoas assumem que é distintiva para a boa interpretação das emoções. Para a equipa, isto confirma a existência de uma lacuna entre as expressões faciais que as pessoas estão à espera de ver e as expressões que realmente ocorrem.
"Quando as emoções se tornam intensas, a diferença entre as expressões faciais positivas e negativas esboroa-se", diz Hillel Aviezer em comunicado. "Esta descoberta põe em causa os modelos básicos de comportamento nas Neurociências, na Psicologia Social e na Economia."
Mas se estamos habituados a interpretar um sorriso como sinal de alegria e as sobrancelhas descaídas como tristeza, então como se explica que em situações extremas - de dor, raiva ou felicidade - a expressão da cara seja indistinta? "A nível muscular, esta incapacidade de produzir uma expressão que leve ao diagnóstico pode reflectir uma musculatura facial que não está preparada para transmitir uma emoção de intensidade extrema", explicam os cientistas no artigo.
Talvez, remata a equipa, a avaliação da cara não seja assim tão importante. Na grande maioria dos casos, o contexto da situação será clarificador do estado emocional das pessoas. Seja como for, uma expressão emocional extrema passa depois para um estado menos ambíguo de alegria ou de tristeza, que já permite uma leitura mais fácil das emoções dos outros.

Fonte: Público

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A Peste Negra medieval não foi primeira pandemia de peste bubónica

Análise de ADN revela que a doença que dizimou a população europeia entre os séculos VI e VIII d.C. era de uma forma ancestral da peste bubónica.
Há muito que os historiadores suspeitavam de que a “praga de Justiniano” – uma doença altamente contagiosa que, entre os anos de 541 e 750 da nossa era, matou mais de metade da população europeia e contribuiu para a queda do Império Romano do Oriente – era, na realidade, a peste bubónica. Só que, até aqui, não existiam dados científicos que corroborassem esta hipótese.
Nada permitia afirmar que a mortal doença se manifestara de forma pandémica na Europa antes da Idade Média, sendo portanto a Peste Negra – que matou mais de 100 milhões de pessoas entre 1347 e 1351 e de cujas consequências a Europa demorou 150 anos a recuperar – a deter o estatuto de primeira pandemia oficial de peste bubónica.
Mas a partir de agora há provas concretas: uma equipa internacional de cientistas acaba de acrescentar um novo “ramo” à “árvore genealógica” genética da bactéria responsável pela peste bubónica, a Yersinia pestis. E a conclusão é a de que, afinal, terá efectivamente havido uma pandemia de peste bubónica vários séculos mais cedo, que terá começado quando o imperador Justiniano I ainda reinava em Constantinopla.
Johannes Krause, da Universidade de Tübingen (Alemanha), e colegas, que em 2011 tinham reconstituído o genoma completo da estirpe da Yersinia pestis responsável pela pandemia de Peste Negra, compararam agora este ADN bacteriano ancestral com o de 311 estirpes modernas da bactéria da peste bubónica. Os seus resultados foram publicados na revista online de acesso livre PLoS One.
Segundo explica um comunicado daquela universidade, os cientistas confirmaram resultados já obtidos no ano passado, mostrando que 275 dessas estirpes modernas descendem efectivamente da bactéria medieval. Mas, desta vez, também identificaram 11 estirpes modernas que divergiram das outras, formando um novo “ramo” da árvore, entre os séculos VII e X. Isto sugere que terá havido, já naquela altura, que coincide grosso modo com a praga de Justiniano, um surto devastador de peste bubónica.
“A nossa nova análise indica que a peste bubónica poderá ter sido um assassino em massa já no fim do Império Romano”, diz Krause, citado pelo mesmo comunicado. “A praga de Justiniano parece ser a que corresponde melhor a esta pandemia mais antiga.”

Fonte: Público

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Sabe o que significa SMS?

A primeira mensagem escrita recebida num telemóvel data de 03 de dezembro de 1992 e resumiu-se a um modesto "Feliz Natal", enviada pelo britânico Neil Papworth a partir de um computador para testar uma nova tecnologia.
O Serviço de Mensagens Escritas, cujo nome em inglês (Short Message Service) deu origem à sigla SMS pela qual é conhecido, foi desenvolvido na altura pela Vodafone no Reino Unido.
Coube ao engenheiro informático, então com 22 anos e a trabalhar em Newbury, 100 quilómetros a oeste de Londres, enviar a primeira mensagem para Richard Jarvis, um diretor da companhia britânica.
Porém, passaram vários anos até a comunicação por mensagens escritas se tornar num fenómeno, potenciado por, em 1999, ter passado a ser possível trocar SMS entre redes de telemóvel diferentes.
Os principais responsáveis pela explosão terão sido os jovens, cujo acesso à tecnologia foi facilitado durante os anos 1990 devido à chegada das tarifas pré-pagas e ao baixo custo do serviço em relação às comunicações de voz.
Foram estes que rapidamente se habituaram a escrever com os polegares e criaram uma gramática paralela, feita de abreviações e mistura de números e letras.
Esta nova linguagem surgiu da necessidade de aproveitar o máximo do limite de 160 carateres, estabelecido para restringir o número de dados a transmitir.
Atualmente, estima-se que mais de quatro mil milhões de pessoas enviem e recebam SMS, pois é uma tecnologia simples, que não necessita de terminais complicados ou de Internet.
Longe de ser o pai do SMS, Neil Papworth ficou mesmo assim famoso e, conta o próprio numa página pessoal na Internet, já deu entrevistas para todo o mundo, foi convidado para uma gala de cinema e foi resposta num concurso de televisão.

Fonte: Diário de Notícias