sábado, 31 de março de 2012

Cientistas revelam a surpreendente simplicidade da geometria cerebral

O cérebro humano é o objecto mais complexo que conhecemos, mas a organização das suas ligações nervosas é das coisas mais simples que se possa imaginar.
Basta olhar para a imagem que ilustra esta notícia para perceber do que se trata. Elas revelam que, ao contrário do que se poderia pensar, a arquitectura das ligações nervosas no cérebro não tem nada a ver com um emaranhado sem nexo de esparguete — e tudo a ver com a malha, muito bem organizada e estruturada, de um tecido acabado de sair do tear. Esta sexta-feira, na revista Science, Van Wedeen, da Universidade de Harvard, e colegas publicam estas espectaculares visualizações do cérebro (humano e de vários primatas) e explicam como chegaram à surpreendente conclusão de que a arquitectura dos circuitos nervosos, que define a geometria subjacente do cérebro adulto, é uma simples retícula 3D, com todas as fibras projectadas pelos neurónios a entrecruzarem-se em ângulo recto numa das três dimensões do espaço.
“O nosso objectivo era mapear a arquitectura das fibras cerebrais”, explica Wedeen num podcast no site da revista. “Dada uma ligação, por onde é que ela passa na sua vizinhança imediata? Descobrimos que essa organização não podia ser mais simples.” As fibras formam superfícies curvas onde pacotes de fibras paralelas entre si se cruzam num ângulo recto com outros pacotes de fibras paralelas entre si. E não é tudo: o fenómeno não é apenas local, estende-se ao cérebro todo. Essas superfícies bidimensionais não são independentes umas das outras: empilham-se umas em cima das outras e estão ligadas entre si por pacotes de fibras perpendiculares a elas, fazendo com que a totalidade do cérebro esteja interligada da mesma forma: “As diversas partes do cérebro são como as peças de um puzzle que se encaixam umas nas outras”, salienta Weeden. “A estrutura do cérebro é um todo unificado.” Não é aleatória, mas construída com base em regras extremamente simples. “No cérebro adulto”, explica ainda Wedeen, “as fibras estão tremendamente retorcidas e dobradas, mas a geometria do cérebro continua a poder ser essencialmente descrita como uma retícula 3D”.
Já se sabia que as ligações nervosas dentro de certas partes do cérebro, como a espinal medula ou o tronco cerebral (uma das suas estruturas mais “primitivas”), estavam assim organizadas — espelhando, aliás, os padrões de base do desenvolvimento embrionário. Mas o resto do cérebro — e em particular o córtex, a sua casca exterior, responsável pelas funções cognitivas superiores dos humanos — tem um aspecto tão retorcido, com tantas convoluções, que parecia impossível que essa mesma organização ali prevalecesse, já para não falar nas interligações à escala global. Mas estava fora de questão fazer-se estudos no ser humano injectando, por exemplo, compostos químicos para seguir o seu rasto nos tecidos cerebrais.
Agora, os investigadores conseguiram ultrapassar os obstáculos graças às mais poderosas técnicas de visualização não invasiva do cérebro, aliadas a sofisticadas análises matemáticas. E o sistema subjacente, que rege o desenvolvimento do cérebro guiando o crescimento das fibras nervosas e que até aqui permanecera oculto, surgiu então com toda a sua elegante simplicidade.
A técnica de visualização utilizada foi a DSI (diffusion spectrum imaging), forma de ressonância magnética que “mapeia as fibras [nervosas] através dos movimentos das moléculas de água nos tecidos”, diz Wedeen. “A seguir, uma série de análises matemáticas permitiram inferir qual o padrão de fibras nervosas mais susceptível de ter produzido esse padrão de fluxos de água.”
Os cientistas analisaram a forma como as fibras nervosas se cruzam em diversos pontos do cérebro, para “desmontar a estrutura dos cruzamentos”. E viram que “em cada cantinho, essa estrutura é basicamente uma grelha cúbica”. E também analisaram os cérebros de vários primatas e de voluntários humanos, pondo em evidência o mesmo tipo de sistema natural de “coordenadas espaciais” em todos essas espécies.
“Acho que ninguém suspeitava que o cérebro pudesse ter este tipo de padrão geométrico omnipresente”, frisa Wedeen. Para mais, esta forma de construção do cérebro faz todo o sentido do ponto de vista evolutivo, tornando possível a crescente complexidade do cérebro: “É precisamente a simplicidade desta estrutura quadricular que permite integrar as mudanças graduais e aleatórias da evolução”, diz o investigador.

Fonte: Público

quinta-feira, 29 de março de 2012

Há milhares de milhões de mundos que podem ter vida

Descoberta foi feita por equipa internacional que integra o astrofísico português Nuno Santos, da Universidade do Porto.
Os planetas rochosos como a Terra são a regra, e não a exceção, na Via Láctea. Esta é a grande conclusão de um estudo feito por um grupo internacional de astrofísicos, do qual faz parte o português Nuno Santos, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP).
A equipa fez a primeira estimativa de sempre do número de planetas rochosos que orbitam anãs-vermelhas (estrelas de pequena massa e pouco brilhantes, que são as mais comuns na Via Láctea), e chegou ao número "surpreendente de dezenas de milhares de milhões de planetas, só na Via Láctea", disse Xavier Bonfils, do Observatório de Genebra, e primeiro autor do artigo.
A descoberta tem "uma mensagem clara", afirmou por seu turno ao DN o português Nuno Santos. "Provavelmente, a maioria das estrelas que existem têm planetas rochosos em volta", diz o astrofísico do CAUP, sublinhando que "isto abre grandes expectativas para existência de vida noutros planetas, e dá-nos ainda mais alento para desenvolver novos instrumentos capazes de os detetar".
O investigador português não adianta prazos para a descoberta de vida noutros sistemas solares. " É difícil de prever", diz. "Neste momento estamos a tentar descobrir planetas potencialmente habitáveis em torno de estrelas próximas e depois de termos um catálogo é necessário desenvolver a capacidade para detetar vida. Pode ainda levar algum tempo para termos essa capacidade instrumental".
Para realizar o estudo e a estimativa, que foi já aceite para publicação na revista Astronomy&Astrophysics, o grupo internacional usou o espetrógrafo HARPS, do European Southern Observatory (ESO), com o qual observou uma amostra de 102 anãs-vermelhas ao longo de seis anos. Nesta amostra foram detetados nove planetas do tipo super-terras, (com massas entre uma e 10 vezes a massa da Terra), incluindo dois na zona de habitabilidade, o Gliese 581d e o Gliese 667Cc, que foram notícia aquando da sua descoberta.
Este último, o segundo planeta indentificado já este ano, em fevereiro, apesar de ter quatro vezes mais massa do que a Terra, é o exoplaneta mais parecido com a Terra até hoje encontrado. Além disso, está exatamente no centro da zona de habitabilidade em relação à sua estrela. Ou seja pode ter a temperatura e as condições certas para poder albergar água no estado líquido.
Tudo isto indica que os instrumentos de nova geração para deteção destes novos mundos, como ESPRESSO, um espetrógrafo de alta de resolução que será instalado nos telescópios VLT (Very Large Telescopes) do ESO, no deserto de Atacama, nos próximos anos, terão muitos planetas destes para descobrir. "Estamos a apostar no futuro", diz o investigador, cuja equipa está envolvida também no desenvolvimento do ESPRESSO para o VLT.
"O ESPRESSO tem uma participação muito importante de Portugal, liderada por nós, no CAUP, com colaboração de colegas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Estamos a desenhar e a construir alguns dos componentes chave do instrumento. Este projeto vai-nos permitir dar um passo muito importante para construir o tal catálogo de planetas de que falei", conclui o investigador do CAUP.

Fonte: Diário de Notícias

quarta-feira, 28 de março de 2012

Quem come chocolate pesa menos?

Talvez não seja necessária assim tanta ponderação antes de abrir uma tablete de chocolate. Pelo menos de acordo com um estudo feito nos Estados Unidos que associou a ingestão de chocolate a pessoas com menos peso.
O trabalho foi feito por uma equipa liderada por Beatrice Golomb, da Universidade California San Diego, e foi publicado na revista Archives of Internal Medicine. A investigação avaliou o Índice de Massa Corporal (IMC) de 1000 adultos saudáveis, com idades entre os 20 e os 85 anos, e os seus hábitos. Entre os quais, o consumo de chocolate.
O IMC de uma pessoa é obtido dividindo o peso pelo quadrado da altura e avalia se alguém está com peso normal. Em média, os participantes tinham um IMC de 28, o que indica excesso de peso mas não obesidade.
As 100 pessoas recorriam ao chocolate duas vezes por semana, em média. Mas as que comiam com maior frequência, apesar de ingerirem mais calorias, tinham menos peso. O estudo teve em conta a idade, o género e a quantidade de exercício.
A equipa mediu uma diferença de 2,3 a 3,2 quilos entre os participantes que iam ao armário do chocolate cinco vezes por semana e os que nunca tocavam neste doce. Segundo os investigadores, o efeito não tinha que ver com a quantidade mas com a frequência com que o chocolate era ingerido.
Segundo a equipa, os antioxidantes do chocolate pode estar por trás dos benefícios para a saúde, como a diminuição da pressão arterial e do colesterol, assim como a perda de massa corporal. “As pessoas assumiram simplesmente que como o [chocolate] tem calorias e é tipicamente comido como um doce, então só pode ser visto como um mal”, disse Beatrice Golomb, citada pela Reuters.
Embora os resultados sejam favoráveis ao consumo de chocolate, a equipa defende que a investigação não prova que se perca peso ao adicionar-se chocolate à dieta. Aliás, segundo um nutricionista não envolvido no estudo, há outras explicações para estes resultados.
A investigação refere-se à população norte-americana e Eric Ding, da Escola Médica de Harvard, argumenta que as pessoas mais pobres compram a comida mais básica e não têm dinheiro para tanto chocolate. Nos EUA a pobreza foi associada ao excesso de peso.
Outra hipótese avançada pelo nutricionista é que as pessoas que perdem peso comem chocolate como recompensa, em vez do chocolate causar o emagrecimento. Ding refere que o estudo é pequeno e não prova uma relação causa efeito.
Uma das causas que pode ser responsável por este efeito é as catequinas, um tipo de flavenóides presentes no cacau, e que em estudos com roedores associaram-se ao aumento da capacidade de trabalho dos músculos. O chocolate preto, por ter mais cacau, é o tipo de chocolate que mais tem estas substâncias, além de antioxidantes.
“Se consumir chocolate, faça-o em lugar de outro alimento qualquer, em vez de somar às calorias que ingere diariamente. Tente comer chocolate preto”, aconselhou Eric Ding, citado pela Reuters. Para a equipa, a moderação é um factor importante. Os resultados “não dão argumentos para se comer grandes quantidades de chocolate”, disse Golomb.

Fonte: Público

terça-feira, 27 de março de 2012

Botox é eficaz para tratar a incontinência urinária, diz estudo

O Botox é eficaz e seguro no tratamento da incontinência urinária, concluiu um estudo internacional, liderado por Francisco Cruz, investigador da Faculdade de Medicina do Porto e director do Serviço de Urologia do Hospital São João.
“É muito mais eficaz do que os tratamentos que já existiam, por isso é que estávamos a utilizá-lo, de uma forma não aprovada, mas com autorização das comissões de ética dos hospitais. Aliás, é duplamente eficaz, porque trata a incontinência e protege os rins”, disse Francisco Cruz à agência Lusa.
No caso deste estudo, a equipa avaliou uma amostra de 275 pacientes que reportaram, em média, 33 episódios de incontinência urinária por semana. Com idades entre os 18 e os 80, os doentes sofriam de esclerose múltipla ou de lesões na espinal medula. Nestes casos, no tratamento da incontinência urinária em doentes com perda do funcionamento normal da bexiga devido a lesões no sistema nervoso, a utilização de Botox já foi aprovada em vários países da Europa, como Portugal, França, Irlanda, Finlândia, Reino Unido e, também, nos Estados Unidos.
Num terço dos doentes do estudo injectaram-se, de forma pouco invasiva, 200 miligramas de Botox (toxina botulínica), outra parte recebeu 300 miligramas e o terceiro grupo recebeu um placebo, uma substância sem qualquer acção biológica. Ao fim de duas semanas, os investigadores registaram uma melhoria significativa dos sintomas nos pacientes injectados com toxina botulínica. No final de seis semanas, 38 por cento dos pacientes tratados com 200 miligramas de Botox e 39 por cento dos doentes que receberam 300 miligramas dessa substância estavam continentes, isto é, “controlavam integralmente a vontade de urinar”.
Publicado na revista European Urology Journal, o estudo permitiu ainda definir a dose ideal a administrar a estes pacientes, explicou Francisco Cruz. “Embora as duas doses tenham sido bem toleradas sem diferenças clínicas relevantes na eficácia ou duração do efeito, os resultados sugerem que a dose de 200 miligramas apresenta benefícios em termos de segurança.”
Este estudo, o maior desenvolvido para avaliar a eficácia e segurança do uso do Botox na incontinência urinária, reuniu 63 centros de investigação. “Um estudo destes, que envolve 275 doentes, em 63 centros em todo o mundo e que implica um acompanhamento durante um ano, é muito difícil de realizar”, sublinhou Francisco Cruz.
O investigador lembrou que a incontinência urinária tem um impacto muito negativo na qualidade de vida dos pacientes e a primeira linha terapêutica usada até ao momento (anticolinérgicos) é interrompida por um grande número de doentes, devido aos efeitos secundários intoleráveis destes fármacos. Por isso, Francisco Cruz acredita que este trabalho “vai influenciar o tratamento deste problema em todo o mundo”.

Fonte: Público

segunda-feira, 26 de março de 2012

Especialistas de avalanches estudam... gelados

Com recurso a tecnologia utilizada para estudar as avalanches, especialistas querem conhecer melhor a estrutura do gelado para evitar a degradação do sabor.
Através de uma máquina de RX utilizada para estudar as avalanches, os investigadores estão a estudar a formação de cristais de gelo no gelado, para assim saber mais sobre a estrutura deste e criar formas que evitem a degradação do sabor.
"Antigamente não conseguiamos 'olhar para dentro' do gelado sem destruir a amostra", destaca Cedric Dubois, citado pela BBC. Com a ajuda do instituto de pesquisa de neve e avalanche em Davos, na Suíça, está a ser utilizada a máquina de RX que permite recolher imagens de pequenas estruturas a temperaturas negativas.
Com os gelados submetidos a mudanças de temperaturas nos congeladores (há partes que descongelam e que depois voltam a congelar), o objetivo do estudo é entender como se criam os cristais de gelo e tentar arranjar formas de evitar que tal aconteça, para assim preservar melhor o sabor do gelado que fica guardado mais tempo.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 25 de março de 2012

Novos dados podem ajudar a tratar a calvície nos homens

Um estudo publicado esta semana na revista Science Translational Medicine desvenda novos dados que poderão ajudar a atrasar e tratar a calvície masculina. Os resultados da pesquisa liderada pela Faculdade de Medicina de Filadélfia da Universidade da Pensilvânia mostram que as substâncias chamadas de prostaglandinas, feitas de ácidos gordos, que temos no nosso organismo podem controlar o crescimento do cabelo.
A calvície de padrão masculino (ou alopecia androgenética) é a causa mais comum de perda e enfraquecimento do cabelo. O problema tem sido explicado apontando para uma combinação entre factores hormonais e predisposição genética mas tem sido difícil apontar uma causa exacta.
Desta vez, os investigadores analisaram os escalpes de 22 homens com calvície padrão e encontraram diferenças significativas entre a zona (ainda) coberta pelo cabelo e onde este já não existia. Os locais mais “carecas” tinham níveis elevados de uma prostaglandina chamada D2.
Em laboratório, os investigadores usaram um folículo de cabelo humano e foram aumentando a concentração desta substância constatando que esta conseguia travar o crescimento do cabelo. A experiência também foi realizada em ratinhos.
Os cientistas identificaram ainda o receptor (uma proteína chamada GPR44) usado por esta prostaglandina para bloquear o crescimento do cabelo. Assim, concluem, fármacos capazes de inibir esta proteína deverão conseguir atrasar a calvície masculina. É preciso agora testar esta hipótese. Para já, há pelo menos mais uma esperança para os homens calvos ou carecas. E, quem sabe, estes testes também possam oferecer uma resposta para problemas de calvície das mulheres.
Segundo dados conhecidos, a calvície de padrão masculino (que faz com que os folículos do cabelo encolham e produzam cabelos de uma espessura microscópica) afecta oito em cada dez homens com menos de 70 anos.

Fonte: Público

sábado, 24 de março de 2012

Planetas que 'viajam' a 50 milhões quilómetros/hora

Especialistas comprovaram que, tal como existem estrelas hipervelozes, também há planetas que passam a grande velocidade pela Via Láctea. Se alguém lá vivesse, "seria como estar montado num touro mecânico".
Quando há sete anos os astrónomos descobriram uma estrela hiperveloz - passou pela galáxia a 2,4 milhões quilómetros/hora - surgiu a questão se era possível algo idêntico acontecer com um planeta. Desde então já são conhecidas 16 estrelas do género e especialistas do centro de Astrofísica de Harvard Smithsonian e da Universidade de Dartmouth revelam agora que sim: também há planetas a passar pela Via Láctea muito, muito rapidamente.
"Esses mundos podem ser os objetos voadores mais rápidos da nossa galáxia", salienta Avi Loeb, um dos autores do estudo. Os planetas podem passar uma velocidade de 50 milhões quilómetros/hora, qualquer coisa como 14 mil quilómetros por segundo. "Se alguém vivesse [num planeta desses], seria como estar montado num touro mecânico desde o centro da Via Láctea até ao universo exterior", acrescentou.
"Além das partículas subatómicas, não conheço nada que seja capaz de abandonar a galáxia tão rápido como fazem estes planetas errantes", salientou Idan Ginsburg, investigador da Universidade de Dartmouth.
Isto acontece um sistema estelar duplo aproxima-se demasiado de um buraco negro. As forças gravitacionais fazem com que a união se rompa e uma das estrelas é puxada para o buraco negro.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 23 de março de 2012

Escócia testa diagnóstico precoce do cancro do pulmão

O Serviço Nacional de Saúde britânico acredita que, com esta análise de sangue desenvolvida por uma equipa da Universidade de Nottingham, será possível tratar o cancro do pulmão de forma mais precoce.
Milhares de fumadores ou ex-fumadores escoceses vão ser submetidos a uma análise de sangue para determinar se estão a desenvolver cancro do pulmão, testes que serão feitos pelo Serviço Nacional de Saúde britânico.
Na base desta análise, está o facto de as autoridades acreditarem que este teste, que poderá detetar cancro do pulmão meses ou até cinco anos antes de este começar a crescer, permite um diagnóstico precoce mais eficaz e uma poupança de vidas e de dinheiro.
Este teste foi desenvolvido por uma equipa da Universidade de Nottingham e verifica os níveis de anticorpos no sangue, isto porque as células cancerígenas têm proteínas diferentes das células normais a que o sistema imunitário responde produzindo grandes quantidades de antcorpos.
Depois de ter sido testado nos EUA, será experimentado na Escócia, que tem uma das mais altas taxas de cancro do pulmão no mundo, primeiro em 10 mil pessoas que fumaram pelo menos 20 cigarros por dia durante mais de duas décadas.
Este teste, que pode abrir a porta a tratamento em fases mais precoces da doença, será implementado em todo o Reino Unido caso tenha sucesso na Escócia.

Fonte: TSF

quinta-feira, 22 de março de 2012

Exercícios no ginásio podem levar mulheres ao orgasmo!

O simples exercício físico feito, por exemplo, num ginásio, pode proporcionar às mulheres prazer sexual e conduzi-las ao orgasmo. Essa foi a conclusão a que chegaram investigadores da Universidade de Indiana, nos EUA. Os estudiosos concluíram que fazer abdominais, trepar uma corda, usar a bicicleta estática ou o levantar pesos é quanto basta a muitas mulheres para atingirem o prazer sexual.
Para Debby Herbenick, directora-adjunta do Centro para a Promoção da Saúde Sexual da Universidade de Indiana, nos EUA, os dados a que os estudos chegaram "são interessantes porque sugerem que o orgasmo não é necessariamente um evento sexual. Os dados também podem ensinar-nos mais acerca dos processos corporais por detrás das experiências obtidas pelas mulheres".
O estudo foi publicado numa edição especial da revista "Sexual and Relationship Therapy" dedicada à saúde sexual. O trabalho de investigação foi elaborado através de inquéritos realizados a 124 mulheres, que afirmaram ter experimentado orgasmos induzidos através de exercício, e 246 mulheres que experimentaram prazer sexual induzido da mesma forma, sem chegar até ao final.
As mulheres tinham idades compreendidas entre os 18 e os 63 anos, a maioria era casada ou tinha companheiro e cerca de 69% afirmaram ser heterossexuais.
Os estudos provam que quatro em cada dez mulheres que experimentaram o prazer sexual o fizeram em mais de dez ocasiões. Por outro lado, 20% das mulheres que alcançaram o orgasmo disseram que não puderam controlar a experiência. A maioria chegou ao orgasmo sem o recurso a qualquer fantasia sexual ou a pensamento em alguém por quem tivesse atração sexual.
Quanto ao exercício que praticavam e que as levava ao prazer sexual, mais de metade das mulheres inquiridas referiu os abdominais. Contudo, outras citaram o levantamento de pesos (26,5%), prática de yoga (20%), exercícios na bicicleta (15,8%) e corrida (13,2%).
O exercício considerado como o mais satisfatório foi a "cadeira do capitão", que consiste num banco onde os braços estão apoiados e as mulheres levantam os joelhos até ao peito ou em ângulo de 90 graus.
De acordo com Debby Herbenick, há ainda muita investigação a fazer, nomeadamente no sentido de perceber quais são os factores que conduzem ao prazer sexual a partir do exercício físico. Para já, reconhece como grande vantagem dos estudos o facto de terem permitido que as mulheres que conhecem prazer sexual com a ginástica se sintam "mais normais".

Fonte: Jornal de Notícias

Os 10 locais 'invisíveis' no Google Maps

Desde aldeias na Coreia do Norte a uma central de energia no Utah, nos Estados Unidos, nem todos os locais estão visíveis a partir do Google Maps. Estão lá, mas as imagens aparecem distorcidas por motivos de segurança.
Afinal nem todos os locais do planeta estão visíveis no Google Maps. Alguns países distorceram as imagens de certos sítios por razões de segurança.
Por exemplo, se um utilizador da Internet quiser ver as ruas das cidades da Coreia do Norte, não poderá. Assim como o Palácio Real em Amesterdão ou uma central de energia no campus da Universidade de Cornell em Ithaca, Nova Iorque.
"As imagens aéreas do satélite do Google Maps e do Google Earth provêm de variadas fontes comerciais e públicas, garante Deanna Yick, porta-voz do Google.
"Os fornecedores destas imagens são obrigados a cumprir a lei dos países onde operam, portanto, algumas imagens são distorcidas", acrescentou.
Eis 10 dos locais que não se podem ver no Google Maps:
Palácio Real de Amesterdão - Holanda
Aeroporto Internacional de Buffalo Niagara - Estados Unidos
Parque Nacional Tantauco - Chile
Keowee Dam - Estados Unidos
Local por definir na Rússia
Aeroporto Minami Torishima - Japão
Edifício Michael Aaf - Estados Unidos
Central de energia do campus da Universidade de Cornel - Estados Unidos
Cidade da Babilónia - Iraque
Vlissingen - Holanda

Fonte: Diário de Notícias

quarta-feira, 21 de março de 2012

Identificada a partícula subatómica mais leve de sempre

Primeira pergunta que nos vem à cabeça: para que serve a partícula subatómica mais leve de sempre? A desanimadora resposta é que ainda não se sabe. Mas sublinhe-se o “ainda”.
O investigador holandês Eef van Beveren, físico teórico da Universidade de Coimbra, que reclama ter identificado o novo bosão, avisa que “as implicações desta descoberta são de longo alcance, não apenas para física hadrónica (física das partículas que estuda as interacções fortes), mas também para física das altas energias e cosmologia.
A partícula até poderá ser utilizada como uma fonte de energia nuclear mais limpa, dado que se desintegra totalmente sem deixar resíduos”. Porém, o futuro promissor deste avanço no complexo mundo da física ainda estará longe, porque, admite o investigador, “para já, além da sua existência, não sabemos quase nada sobre esta partícula”.
“Ninguém estava à espera de uma descoberta destas”, repete Eef van Beveren sem esconder o entusiasmo. Eef van Beveren descreve esta nova partícula E(38) como uma “bolha de sabão”, acrescentando que é 25 vezes mais leve do que um protão e três vezes mais leve que um pião (a mais leve partícula que participa nas interacções nucleares).
O físico reconhece que é necessário ainda realizar estudos para avaliar as suas propriedades e o seu armazenamento, mas não hesita em anunciar o potencial do novo bosão. Para se imaginar a capacidade desta partícula, o físico calcula que “um miligrama desta matéria dará para um megawatt durante um ano”.
“A descoberta da E(38) constitui uma surpresa completa para a comunidade científica, porque se trata de uma partícula muito especial e mais leve do que quaisquer outras partículas com (anti)quarks. Descobertas destas só há uma vez por século!”, afirma o físico, que compara este feito ao momento em que o mundo da física percebeu que o átomo era composto por núcleo e electrões.
Já há vários anos que o físico teórico teimosamente insiste em explorar o modelo (matemático) que concebeu com o cientista George Rupp, do Instituto Superior Técnico de Lisboa, e que foi apresentado pela primeira vez no início da década de 80. Há mais de 20 anos que suspeitava da existência desta nova partícula subatómica ou, como faz questão de corrigir em conversa com o PÚBLICO, “talvez seja mais correcto chamar-lhe subnuclear”.
Desta vez, analisou os resultados obtidos com as experiências nos aceleradores de partículas em Bona (Alemanha) e no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN, na Suíça), entre outras instituições. O modelo de Van Beveren e Rupp permite descrever pormenorizadamente uma classe de partículas elementares, os mesões [partículas compostas por um quark e um antiquark].
Assim, segundo explica o comunicado da UC divulgado ontem, o físico “‘varreu’ todos os eventos registados nas experiências, mesmo os considerados irrelevantes, e num determinado espaço, um ínfimo espaço, registou uma quantidade de 46 mil eventos com 13 sigma de significância (o que é considerado mais que suficiente para a existência de uma partícula), ou seja, a evidência clara de um novo bosão”. Para reivindicar uma descoberta é preciso encontrar, pelo menos, 5 sigma de significância (um indicador de relevância estatística). “O que temos é um sinal muito claro, um pico enorme (ver imagem). Já há muito tempo que pensava nisto, fui o único a procurar e certo dia encontrei. Aqui está!”, conclui.
Para Brigitte Hiller, outra física da Universidade de Coimbra citada no comunicado, “a evidência da existência desta nova partícula de extrema leveza, a confirmar-se, terá implicações extraordinariamente importantes para a física, porque, na comunidade dos físicos das partículas, ninguém esperava que existisse uma partícula numa zona de energia tão baixa”.
Partindo do princípio básico de que um átomo tem em si inúmeras partículas (subatómicas) – as mais celebres são os electrões, protões e neutrões –, há muito que se explora este mundo da matéria. Em Dezembro, anunciava-se a descoberta de outra partícula subatómica – o bosão “chi b(3P)” – feita com o acelerador de partículas (LHC) do CERN. É também no Laboratório Europeu de Física de Partículas que se procura – numa aventura que é seguida atentamente pelos media – o tão popular bosão de Higgs, a partícula que poderá explicar a origem da matéria no Universo (e que, por isso, já ficou conhecida por “partícula de Deus”). Sobre isto Eef van Beveren prefere não fazer comentários. “São coisas que prefiro guardar no meu laboratório”, refere apenas, notando que o modelo padrão usado no CERN é diferente do modelo que desenvolveu, ou seja, métodos de procura diferentes que podem levar a descobertas diferentes.

Fonte: Público

terça-feira, 20 de março de 2012

Samsung e Optimus em guerra por causa de 4G

A fabricante diz que os seus telemóveis 4G não estão à venda; a operadora de telecomunicações garante que vendeu terminais da marca.
Após fonte oficial da Optimus, operadora de telecomunicações da Sonaecom, ter afirmado que esgotou os telemóveis de quarta geração móvel (4G), embora em número reduzido, da marca Samsung, a fabricante reafirmou ao final do dia as declarações feitas anteriormente à Lusa de que os seus terminais são apenas para experimentação dos consumidores nas lojas.
"A Samsung Portugal reafirma que todos os equipamentos 4G disponíveis nos operadores são exclusivamente para experimentação do consumidor", garantiu fonte oficial da fabricante.
"Não há equipamentos 'mass market'", ou seja, para venda, adiantou a mesma fonte.
Por seu lado, a Optimus reafirmou que todos os telemóveis da marca Samsung com tecnologia 4G nas lojas da operadora foram vendidos, embora tenha reconhecido que o número era reduzido.
A Optimus oficializou na quinta-feira o arranque dos serviços de quarta geração móvel, tendo o presidente executivo, Miguel Almeida, garantido que iria começar a vender telemóveis da Samsung 4G.

Fonte: Diário de Notícias

segunda-feira, 19 de março de 2012

Cientistas alertam para os riscos de próteses da anca de metal-metal

Depois dos implantes mamários, chegam os alertas sobre as próteses da anca de metal-metal. É mais uma polémica que coloca a segurança dos dispositivos médicos no centro das atenções dos especialistas.
Primeiro a explicação: há as próteses da anca que são fabricadas com todos os componentes de metal (com uma haste metálica inserida no fémur que termina numa esfera também metálica e que, por sua vez, se move num acetábulo de metal) e as que usam outros materiais, optando por exemplo pela combinação metal-plástico ou cerâmica. Os alertas que agora se fazem ouvir mais alto na comunidade científica dizem respeito apenas às próteses de metal-metal. De acordo com dois artigos publicados este mês - no British Medical Journal (BMJ) e no The Lancet -, estes dispositivos devem estar sob apertada vigilância. São próteses que precisam de mais revisões e têm uma maior taxa de substituições.
É mais uma polémica no mundo dos dispositivos médicos que levanta dúvidas sobre a actual regulação deste mercado na Europa e que, em número de pessoas potencialmente afectadas, ultrapassa em muito o recente e mediático caso dos implantes mamários. O problema das próteses da anca de metal-metal não é novo - em Agosto de 2010 anunciava-se a retirada do mercado de uma marca específica de próteses da anca feitas de metal por apresentarem "uma necessidade de revisão superior à esperada".
Mas a discussão ganhou outro fôlego com a divulgação de novos estudos que se debruçam sobre os efeitos destes dispositivos no nosso organismo. Ainda que os especialistas avisem que "não há razão para alarme", parece haver motivo para dedicar mais e melhor atenção aos portadores de próteses da anca de metal-metal. Em França e no Reino Unido, as autoridades de saúde recomendam que os portadores destas próteses (mesmo que assintomáticos) devem ser identificados e seguidos anualmente. Em Portugal, a estratégia a adoptar pela Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) está a ser discutida neste momento.
Entretanto, os estudos publicados parecem apontar para evidentes problemas nestes dispositivos. De acordo com um artigo publicado na semana passada no The Lancet, estas próteses apresentam uma alta taxa de fracasso. Os investigadores concluem mesmo que este tipo de dispositivos médicos não deve ser usado de todo. As taxas de revisão serão quatro vezes superiores nas mulheres, as probabilidades de substituição são três vezes maiores para os homens e, de uma forma geral, os pacientes mais jovens estão mais expostos a riscos com estas próteses, avisam ainda os investigadores da Universidade de Bristol que analisaram informação de mais de 400 mil procedimentos incluídos no registo nacional britânico. Os dados publicados revelam que, de uma forma geral, 6,2 % das próteses de metal-metal falharam num prazo de cinco anos (enquanto as de metal-plástico tinham uma taxa de insucesso de 1,7% e as de cerâmica 2,3%). E, adianta ainda a equipa de investigação de Bristol, o tamanho importa. Os maiores implantes também estão associados a riscos acrescidos, com cada milímetro da "cabeça" (esefera) a significar mais 2% de risco de revisão.
Pedro Granja, investigador do Instituto de Engenharia de Biomédica (INEB) da Universidade do Porto, as próteses de metal-metal tentaram ser uma resposta mais duradoura ao desgaste que se verificava nos dispositivos de metal-plástico. "A resistência do metal ao desgaste é bastante superior, permitindo que o implante dure consideravelmente mais tempo. No entanto, esta estratégia é mais recente e só agora se começam a notar, claramente, os efeitos nocivos dos iões metálicos libertados, que causam problemas inflamatórios, imunológicos e mesmo carcinogénicos", explica Pedro Granja. O especialista conclui: "Em consequência, a recomendação actual parece ser a de manter o sistema metal-plástico, que, apesar de resultar numa inevitável revisão, não causa os danos nocivos provocados pelo sistema metal-metal. Este último, não só parece resultar em taxas de revisão superiores como também numa diminuição da taxa de sucesso das mesmas."
Semanas antes da publicação deste estudo no The Lancet, as autoridades de saúde do Reino Unido tinham já referido que os pacientes com próteses de metal-metal precisariam de fazer anualmente análises ao sangue devido a esta hipótese de contaminação com os iões metálicos. Um trabalho publicado este mês no BMJ também concluiu que há necessidade de acompanhar e vigiar os doentes com próteses da anca de metal-metal, anualmente.

Fonte: Público

domingo, 18 de março de 2012

Parasita consegue “manipular” o comportamento de ratinhos

Quando os ratinhos, que têm naturalmente muito medo dos felinos, têm cistos no cérebro devido a uma infecção crónica pelo parasita Toxoplasma gondii, começam a andar mais depressa e durante mais tempo... e o medo de serem caçados diminui. Este autêntico jogo do gato e do rato virado do avesso – e cujos cordelinhos são literalmente puxados por um microorganismo – foi agora revelado por Cristina Afonso e Vítor Paixão, da Fundação Champalimaud, e foi nesta quarta-feira à noite publicado online na revista de livre acesso PLoS ONE.
O Toxoplasma é um protozoário capaz de infectar todos os mamíferos, mas cujo hospedeiro final são os felinos, onde se reproduz de forma sexuada (nos roedores, hospedeiros intermédios, reproduz-se por clonagem). Ora, se os ratinhos se tornarem mais aventureiros, os gatos apanham-nos mais facilmente, aumentando as chances de o parasita conseguir infectar o seu hospedeiro final.
A infecção no ratinho começa com uma fase aguda, durante a qual o animal perde muito peso, e a seguir torna-se crónica, com o parasita a formar pequenas bolsas, ou cistos, cerebrais. Já se suspeitava que, estando alojado no cérebro, o parasita pudesse induzir alterações comportamentais nos roedores. Por exemplo, observações de laboratório sugeriam que os ratinhos infectados, em vez de fugirem a sete pés do cheiro a gato, se tornavam indiferentes a ele e até podiam achá-lo “interessante” porque activava áreas cerebrais associadas, como o prazer sexual. “Como se pensassem, ‘espera lá, isto não é um predador, é uma fêmea!’”, diz-nos Cristina Afonso em conversa telefónica.
Mas por outro lado, em várias quintas do Reino Unido, constatou-se há uns anos que a maioria dos ratinhos apanhados em armadilhas estavam infectados pelo Toxoplasma. Isto levou os investigadores portugueses a perguntarem-se se o parasita não produziria também outras alterações comportamentais, nomeadamente da forma como os ratinhos exploravam o ambiente e avaliavam os riscos. “Uma armadilha não é um predador”, diz Cristina Afonso, “e quisemos saber se não haveria também alterações comportamentais que não tivessem a ver com predadores”.
Os cientistas decidiram então medir, no laboratório, as características dos movimentos de exploração realizados por ratinhos com toxoplasmose crónica, ou seja com cistos cerebrais. Colocaram os animais numa grande caixa e deixaram-nos explorá-la livremente, medindo a velocidade, a distância percorrida, vendo se permaneciam mais tempo na zona central, mais exposta, ou na periferia da caixa, mais resguardada. Num segundo tipo de experiências, puseram os animais numa estrutura em forma de cruz, colocada a uma certa altura e que tinha as extremidades de dois dos seus braços abertas (para o “precipício”, por assim dizer) e as dos outros dois fechadas. A ideia neste caso era determinar como os ratinhos avaliavam o “risco ambiental”, uma medida do seu nível de medo – ou da falta dele. “Normalmente, os ratinhos receiam espaços abertos e alturas”, salienta Cristina Afonso. “Mas os ratinhos infectados passavam bastante mais tempo nos braços abertos [da cruz], não se importavam de ir mesmo até à beirinha e quase que saltavam. Estavam relaxadíssimos.”
Os vídeos registados durante as experiências foram analisados automaticamente por computador e a seguir, uma análise estatística confirmou de facto alterações em dois tipos de comportamentos: na forma como os ratinhos organizavam o seu movimento e na sua temeridade. “Andavam mais depressa e durante mais tempo”, explica ainda a cientista. “Normalmente, os ratinhos mexem-se e param, mexem-se e param – mas estes não paravam. Um animal que é uma presa mexe-se com cautela, mas estes quase que pareciam kamikazes, não paravam de se expor ao perigo.”
E agora “a pergunta que vale um milhão de dólares”, diz Cristina Afonso: haverá uma relação entre as áreas do cérebro onde há cistos e o comportamento alterado? Os cientistas analisaram a distribuição dos cistos no cérebro dos animais e descobriram algo de totalmente inédito: que, apesar de os cistos estarem espalhados por todo o cérebro, a sua distribuição não era aleatória. Uma nova análise estatística mostrou que, no cérebro dos animais mais aventureiros, os cistos parecem estar distribuídos por várias áreas que comunicam entre si, o que os leva a pensar que o parasita poderá agir, não sobre uma região cerebral específica, mas antes sobre um circuito cerebral que comanda esse comportamento de risco.
Aqui, Cristina Afonso faz uma pausa para lembrar que “o parasita não tem vontade própria nenhuma!”, alertando para a nossa tendência a humanizar tudo. “O que pensamos que aconteceu é que, ao longo da evolução, foram seleccionados os parasitas que melhor conseguiam alterar o comportamento dos roedores e que, portanto, melhor conseguiam reproduzir-se no gato.” Não resistimos a perguntar: e os seres humanos? O nosso comportamento também poderá ser “manipulado” por parasitas? “Existem correlações [da toxoplasmose] com a esquizofrenia”, responde-nos. E também com acidentes de viação ou as taxas de suicídio. Isto poderá corresponder ao mesmo tipo de alteração do comportamento de risco observado nos ratinhos, mas é apenas uma especulação. E mesmo os resultados agora publicados, obtidos em animais de laboratório, precisam de ser confirmados em condições mais naturais, salienta.
Mais: até é possível que as alterações comportamentais produzidas pelo contacto com microorganismos potencialmente patogénicos sejam em muitos casos benéficos, como sugere ainda um outro resultado, muito surpreendente, obtido pelos cientistas. Quando analisaram o comportamento de ratinhos que, apesar de terem sido infectados pelo Toxoplasma, não tinham desenvolvido qualquer sintoma de doença e não tinham cistos no cérebro, descobriram que esses animais também apresentavam alterações comportamentais – só que em sentido totalmente oposto! “Tinham-se tornado hiper-cautelosos”, diz Cristina Afonso. A equipa tenciona agora “descascar o mecanismo de manipulação do comportamento dos ratinhos pelo Toxoplasma. O que é que o parasita faz?”, interroga-se a cientista. “E quais são as respostas do cérebro?”

Fonte: Público

sábado, 17 de março de 2012

Rejeição sexual leva moscas ao álcool

Uma experiência sugere que a privação sexual torna o comportamento dos insectos menos favorável para a espécie.
Há quem não aguente a rejeição e procure afogar as mágoas amorosas na bebida. Isto aplica-se aos humanos, claro, mas segundo um novo estudo científico, os machos das vulgares moscas-das-frutas, quando privados de sexo, também procuram os prazeres do álcool.
A experiência foi realizada por uma equipa da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e visou investigar como funciona o sistema cerebral de recompensa e como este influencia comportamentos adequados à sobrevivência da espécie. O trabalho, publicado na revista Science, sugere que a insatisfação sexual está ligada ao aumento de uma substância (um neurotransmissor chamado neuropeptido F, ou NPF) no cérebro dos machos. Nos humanos, existe uma substância semelhante e a experiência poderá ter relevância em futuros tratamentos do alcoolismo.
Os investigadores usaram machos de Drosophila melanogaster e colocaram um grupo na companhia de fêmeas virgens prontas a copular e outro grupo em contato com fêmeas que já tinham acasalado. Estas rejeitam qualquer novo avanço de machos e fazem-no de forma drástica.
Aos dois grupos foram apresentadas opções alimentares idênticas, mas escolheram de forma distinta. Os sexualmente satisfeitos preferiam a comida normal, os insatisfeitos iam para a comida enriquecida com álcool em 15% e consumiam-na em grandes quantidades. Os animais privados do sexo tinham níveis de NRP equivalentes a metade do que existia no cérebros dos machos do grupo que andava consolado. O neurotransmissor que orientava o comportamento benéfico para a espécie estava ausente nas moscas que se tinham habituado à rejeição.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 16 de março de 2012

Buzinadelas devem-se em parte às noites mal dormidas, diz neurologista

A propósito do Dia Mundial do Sono, a neurologista Teresa Paiva lembra que os sinais da irritabilidade de uma noite mal dormida vêem-se nas filas de trânsito, «em que as pessoas se insultam e têm pequenos toques».
A neurologista Teresa Paiva acredita que muitas das buzinadelas no trânsito se devem às noites mal dormidas, que causam muita instabilidade e irritação.
«O aumento da irritabilidade que existe começa a ver-se logo nas filas de trânsito de manhã, em que as pessoas se insultam e têm pequenos toques», explicou esta especialista, a propósito do Dia Mundial do Sono, que se comemora esta sexta-feira.
Esta neurologista lembrou ainda que 70 por cento dos portugueses se deitam depois da meia-noite e que, como muitos trabalham a partir das 8:30, «não se pode dormir».

Fonte: TSF

quinta-feira, 15 de março de 2012

Medidas anti-tabaco salvaram 800 mil vidas nos EUA

As medidas anti-tabaco aplicadas nos Estados Unidos, como o aumento dos impostos e as campanhas de informação, permitiram evitar 800 mil mortes, por cancro do pulmão, entre 1975 e 2000, estima um estudo publicado na quarta-feira, noticia a AFP.
O estudo, que foi financiado pelo Instituto Norte-americano do Cancro (NCI, na sigla em inglês), foi publicado na revista deste organismo federal.
Os investigadores reconstituíram no seu modelo o consumo detalhado de cigarros por pessoas nascidas entre 1890 e 1970, após o que aplicaram um modelo informático sobre a frequência dos cancros no pulmão entre o grupo.
"Estes resultados dão uma boa ilustração das efeitos devastadores do tabaco no nosso país e do enorme interesse em reduzir a taxa de tabagismo", afirmou, em comunicado, o diretor da Divisão de Controlo do Cancro do NCI, Robert Croyle.
Por sua vez, o principal autor do estudo, Suresh Moolgavkar, do Centro de Investigação do Cancro Fred Hutchinson, situado em Seattle, no Estado de Washington, realçou que "este estudo representa a primeira tentativa de quantificar o impacto das mudanças respeitantes ao tabagismo sobre a mortalidade associada ao cancro do pulmão".

Fonte: Diário de Notícias

quarta-feira, 14 de março de 2012

Doença de Parkinson partilha gene com uma forma rara de demência

O ponto comum chama-se ATP13A2. Para que esta sigla de letras e números faça algum sentido falta dizer que se trata da designação para um gene cuja mutação já tinha sido associada a um tipo de doença de Parkinson e que agora foi também encontrada numa família com Lipofuscinose Ceroide Neuronal (LCN),uma forma rara de demência precoce. O resultado do trabalho dos investigadores do University College of London foi publicado este mês na revista Human Molecular Genetics.
O objectivo "era encontrar a causa genética de uma doença neurodegenerativa rara chamada LCN", explica Rita Guerreiro, uma das cientistas envolvidas no projecto, adiantando que, para isso, os investigadores apoiaram-se numa numerosa família belga que sofre desta forma rara de demência precoce e que tem sido alvo do interesse de muitos especialistas. "Esta família era seguida e estudada há mais de 20 anos, tendo dado origem a várias publicações, sem que alguém tivesse, até agora, conseguido decifrar qual o defeito genético que se encontra na origem da doença", explica a investigadora. A família era composta pelos pais e 11 filhos, quatro dos quais tinham LCN e os restantes sete eram saudáveis.
As Lipofuscinoses Ceróides Neuronais (LCN) formam um grupo de doenças neurodegenerativas, clínica e geneticamente heterogéneas, caracterizadas pela deposição de uma substância [lipopigmento autofluorescente] nos neurónios e noutros tipos de células. Estas formas raras de demência precoce podem manifestar-se na infância, na adolescência ou na idade adulta. Até ao momento foram identificados nove genes que estão associados a diferentes tipos de LCN, mas permanece por explicar a verdadeira causa desta doença.
Recorrendo à sequenciação de exomas (os exomas são pequenas fracções do genoma e esta técnica permite "sequenciar de uma só vez todas as regiões codificantes do genoma - todos os genes"), a equipa encontrou "uma mutação no gene ATP13A2 que estava presente nos indivíduos com a doença e ausente nos familiares saudáveis", refere Rita Guerreiro numa resposta ao PÚBLICO por email. "O gene encontrado está na base de uma síndrome de Parkinson, o que sugere etiologias semelhantes para doenças que se pensava serem completamente distintas", resume a investigadora.
O artigo descreve a associação feita "pela primeira vez" entre o ATP13A2 e esta doença (LCN) em humanos. "Em 2011 dois artigos encontraram mutações neste mesmo gene em cães com LCN, mas até agora não era conhecida qualquer associação em humanos", esclarece a cientista. Por outro lado, tendo em conta que as mutações neste gene tinham já sido previamente associadas a um tipo de doença de Parkinson raro (Kufor-Rakeb), os investigadores demonstraram que "há semelhanças no processo patológico destas duas doenças, o que nunca tinha sido descrito". Por fim, Rita Guerreiro conclui ainda que o estudo permite "validar estudos já feitos e iniciar novos estudos funcionais (de biologia celular ou com animais transgénicos), de forma a determinar o papel desta proteína codificada por este gene (ATP13A2) e do lisossoma [o lisossoma é uma componente celular onde ocorre a degradação de compostos que a célula já não necessita] não só nas Lipofuscinoses Ceroides Neuronais, mas também na doença de Parkinson."
O trabalho dos investigadores iniciou-se em Abril de 2011. "Fizemos a sequenciação de três membros desta família e a análise das variantes genéticas resultantes". A única variante que passou em todos os "filtros" usados para descartar as menos interessantes (as que não causam alterações na proteína; as que sabemos estarem presentes em indivíduos saudáveis, etc.) foi encontrada no gene ATP13A2.

Fonte: Público

terça-feira, 13 de março de 2012

Yahoo! processa Facebook por usurpação de patentes

O portal "on-line" Yahoo! processou hoje a rede social Facebook, que acusa de usurpar algumas das suas patentes, como a relativa à publicidade, à proteção da vida privada e ao serviço de conversação.
A acusação foi hoje apresentada num tribunal federal da Califórnia, em San José, de acordo com uma cópia disponibilizada pelo portal especializado All Things Digital, citado pela AFP.
No total, o Yahoo! identifica dez patentes que o Facebook terá alegadamente usado sem autorização.
"Para uma larga maioria da tecnologia em que assenta o Facebook, o Yahoo! chegou primeiro e, por isso, obteve as patentes para proteger estas inovações", afirma a empresa tecnológica Yahoo!, que detém mais de mil patentes.
O portal acrescenta que "todo o modelo de rede social do Facebook, que permite aos cibernautas criar perfis e ligar-se com outras pessoas e empresas, é baseado na tecnologia patenteada como rede social do Yahoo!" e que "antes de adotar a tecnologia do Yahoo! em 2008, o Facebook era considerado como um dos portais 'on-line' menos capazes para [receber] publicidade".
Ainda que os conflitos de propriedade intelectual sejam muito frequentes nos Estados Unidos, a acusação contra o Facebook surge num momento pouco conveniente para a rede social de Mark Zuckerberg, que prepara a entrada da empresa em bolsa.

Fonte: Diário de Notícias

segunda-feira, 12 de março de 2012

Glaciares da Gronelândia são mais sensíveis ao aquecimento global

As massas glaciares na Gronelândia são mais sensíveis ao aquecimento global do que se previa, segundo um novo estudo da revista científica Nature Climate Change, divulgado neste domingo.
O estudo agora apresentado revela que os glaciares da Gronelândia poderão derreter mais depressa do que o previsto, e levar a um consequente aumento do nível do mar, com uma subida média da temperatura do planeta de 1,6 graus centígrados.
Estudos anteriores indicavam que o gelo naquela região, considerada o segundo maior reservatório natural de água, só começaria a derreter-se acima dos 3,1 graus.
Desde o século XVIII, a temperatura na Terra subiu 0,8 graus.
A duração de tempo para o colapso total de uma calota de gelo (que cobre uma área de gelo até 50 mil quilómetros quadrados) está relacionada com esse aumento da temperatura da Terra, podendo variar entre os dois mil anos (no caso de um aumento de oito graus) e os 50 mil anos (com um aumento de dois graus centígrados).
O estudo é avançado por investigadores do Instituto de Potsdam, da Alemanha, e da Universidade Complutense de Madrid, de Espanha, que demonstram que “sob certas condições, o degelo na Gronelândia pode tornar-se irreversível”.
A comunidade internacional queria fixar como objectivo impedir que a temperatura da Terra subisse mais do que dois graus centígrados, embora os valores das emissões de gases poluentes, que agravam o efeito de estufa, tenham fixado aquele objectivo entre os três e os quatro graus.

Fonte: Público

domingo, 11 de março de 2012

Aves marinhas em perigo

Um estudo mostra que o mau estado dos oceanos está a provocar um declínio na população mundial dos pássaros que se alimentam no mar.
Os pássaros marinhos estão a perder populações em quase metade das espécies, revela um estudo publicado pela Bird Conservation International. Esta organização analisou 346 espécies de aves e apurou que 47% destas tinham declínios substanciais no seu número em locais de reprodução. Para surpresa dos próprios cientistas, 17 das 22 espécies da família do albatroz registavam reduções importantes.
O estudo, citado pela BBC, mostrou quedas mais acentuadas em aves marinhas, o que parece ser um indicador sério de problemas com a saúde dos oceanos. Os pássaros são ameaçados pela pesca comercial, pois muitos animais morrem nas redes, mas também invasões do seu habitat por outras espécies, sobretudo ratos.
A Bird Conservation International participa na elaboração da chamada Lista Vermelha da União Internacional da Conservação da Natureza, onde se calcula que 5% das aves marinhas estão numa categoria de "perigo crítico". Refira-se que estas espécies, que se reproduzem em terra e se alimentam no mar, representam 3,5% de todos os pássaros no planeta.

Fonte: Diário de Notícias

sábado, 10 de março de 2012

Coca e Pepsi alteram receita para evitar alerta cancerígeno

A Coca-Cola e a Pepsi vão alterar a receita dos seus refrigerantes para não terem de pôr avisos contra o cancro nos rótulos.
As autoridades californianas consideram que um dos corantes que dão o tom caramelo às bebidas é potencialmente cancerígeno. As marcas foram obrigadas a mudar a receita neste estado e, para diminuir custos, decidiram adotar a nova receita em toda a fabricação.
"Apesar de considerarmos que não há qualquer risco para a saúde pública que justifique esta alteração, pedimos aos nossos fornecedores de caramelo para alterarem a quantidade do corante 4-metilimidazol para que as nossas bebidas não tenham que exibir um aviso no rótulo que não tem qualquer fundamento", explicou à AP a porta-voz da Coca-Colca Diana Garza Ciarlante.
A relação entre este corante e a doença cancerígena não está provada. A autoridade norte-americana para a saúde (Food and Drug Administration) afirma que uma pessa teria de beber mais de mil latas de Coca ou Pepsi por dia para ingerir a mesma quantidade de químico que foi dada aos animais que se sujeitaram ao teste em laboratório.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 9 de março de 2012

Sequenciado o genoma de um gorila, um passo importante para o estudo da evolução humana

Chama-se Kamilah, é uma fêmea da subespécie Gorilla gorilla gorilla, conhecida como “Gorila-do-ocidente”, e em 15% do seu genoma está mais próxima dos humanos do que os chimpanzés. O projecto de sequenciação do genoma do gorila foi completado e uma parte dos resultados, importantes para o estudo da evolução da espécie humana, foi publicada nesta quarta-feira na edição online da revista Nature.
Foi a primeira vez que os cientistas compararam os genomas dos quatro grandes primatas: humanos, chimpanzés, gorilas e orangotangos. “O genoma do gorila é importante, porque nos dá mais informação sobre o momento em que os nossos antecessores se diferenciaram dos nossos parentes mais próximos. Também nos permite explorar as semelhanças e diferenças entre os nossos genes e o gorila, o maior primata vivo”, explica Aylwyn Scally, do Wellcome Trust Sanger Institute, Hinxton, Reino Unido.
Estudos prévios mostraram que os humanos são mais próximos dos macacos africanos do que dos orangotangos e que somos mais próximos dos chimpanzés do que dos gorilas. O artigo publicado na Nature por cientistas do Wellcome Trust Sanger Institute e outros investigadores envolvidos no projecto internacional confirmam estas conclusões. No entanto, as autores revelam que em 15% do genoma do gorila as semelhanças com os humanos são maiores do que se nos compararmos aos chimpanzés. “Analisámos mais de 11 mil genes em humanos, chimpanzés e gorilas à procura de alterações importantes na evolução da espécie. Os humanos e chimpanzés são geneticamente mais próximos na generalidade do genoma, mas a equipa encontrou excepções a essa regra. Em 15% do genoma os humanos são mais próximos do gorila do que dos chimpanzés e em 15% do genoma os chimpanzés são mais próximos do gorila do que dos humanos”, acrescenta Scally, numa nota de imprensa divulgada sobre este trabalho.
O estudo revela ainda que há cerca de 500 genes que mostram uma evolução acelerada nas linhagens do gorila, humanos e chimpanzés e defendem que é possível afirmar que, em determinados aspectos, este processo de evolução aconteceu de forma muito semelhante, especialmente nos genes responsáveis pela audição. “Alguns estudos científicos sugerem que a rápida evolução nos genes responsáveis pela audição nos humanos está ligada à evolução da linguagem. Os nossos resultados colocam isso em causa, dado que os genes da audição evoluíram de uma forma muito semelhante nos gorilas e humanos.”
Os autores do artigo referem ainda que estes primatas se separaram dos humanos e chimpanzés há 10 milhões de anos. Já a separação do gorila nas duas subespécies (da ocidente e do oriente) terá ocorrido há apenas 1,75 milhões de anos. Além dos dados obtidos com a descodificação do genoma de Kamilah, os investigadores quiseram fazer comparações nesta espécie e também reuniram informação sobre outros três gorilas (dois da mesma subespécie – o macho Kwanza e a fêmea EB(JC) – e um da subespécie do oriente – o macho Mukisi).
“A nossa investigação consegue o retrato final que possibilita a comparação entre os grandes primatas”, resume Richard Durbin, outro dos autores do artigo. Os homens e os chimpanzés foram os primeiros primatas a terem a sua informação genética analisada letra a letra. O trabalho do genoma do macaco Rhesus, realizado por um consórcio internacional de cientistas e publicado na revista Science em 2007, revelou que os homens, os chimpanzés e os macacos partilham 97,5% dos seus genes. Uma nota da Universidade de Washington adiantava ainda nessa altura que, se confrontássemos o genoma humano com o do macaco Rhesus – um primata usado como modelo animal em diversas investigações –, podíamos constatar que as diferenças genéticas são da ordem dos 7%.
Nas conclusões do artigo publicado na Nature, os investigadores sublinham: “Além de nos ajudar a perceber a evolução humana, o estudo dos grandes primatas remete-nos para um tempo em que a nossa existência era mais frágil, e, fazendo isto, destaca a importância da protecção e conservação destas impressionantes espécies.”

Fonte: Público

quinta-feira, 8 de março de 2012

A última refeição do Velociraptor

Um osso de um réptil voador de grandes dimensões foi encontrado na garganta de um Velociraptor, relançando o debate em torno do que comiam estes animais entre os paleontólogos.
Os Velociraptors já foram descritos como "hiper predadores", escreve a VBBC News. Mas agora os cientistas vêm dizer que o osso encontrado era demasiado grande para um animal deste porte, do tamanho de um peru ainda que com um apetite voraz. Os especialistas inclinam-se para a tese de que o osso pode ter sido encontrado.
As descobertas estão publicadas no jornal "Palaeogeography, Palaeoclimatology, and Palaeoecology". Um grupo de cientistas explica o drama vivido há 75 milhões de anos, a partir da análise detalhada de um esqueleto encontrado no deserto de Gobi (Mongólia).
David Hone, professor da Universidade de Dublin (Irlanda) e co-autor do estudo explicou à BBC que "seria difícil e possivelmente perigoso para um pequeno dinossauro bípede apanhar um dinossauro com dois metros, ou mais, a não ser que ele já estivesse doente ou ferido", sustenta.
Os cientistas defendem que o osso identificado deverá ter sido encontrado pelo Velociraptor numa carcaça. 
Hone explicou que é muito raro encontrar comida nos estômagos e gargantas dos dinossauros e os ossos de Pterossauro encontrado no Velociraptor são frágeis e não se conservam bem. 
O estudo pretende demonstrar que estes animais se aproveitavam de outros e revela ainda que pequenos dinossauros comiam grandes ossos.
"Quase todos os carnívoros são ao mesmo tempo carnívoros e necrófagos, segundo dita a situação - encontrar provas disso de um fóssil é no entanto difícil", notou David Hone.

Fonte: Diário de Notícias

quarta-feira, 7 de março de 2012

Suspeitas de erro na escolha do Nobel da Medicina

Há suspeitas de que a academia sueca cometeu um erro na escolha de um dos vencedores do Nobel da Medicina em 2011. Jules Hoffman foi distinguido pelas suas descobertas relacionadas com a imunidade inata. Agora, surgiu agora um investigador, do mesmo laboratório, a reclamar a autoria da descoberta.
Tudo aponta para que a academia sueca tenha cometido um erro, escreve o site do jornal espanhol "El País", que indica que ao distinguir apenas Jules Hoffmann, imunologista e antigo presidente da Academia Francesa de Ciências, a comissão responsável ignorou os trabalhos de Bruno Lemaitre, optando por premiar o chefe do laboratório.
O Nobel foi atribuído pelas descobertas sobre o funcionamento da imunidade inata, a primeira linha de defesa contra bactérias ou outros microorganismos.
No entanto, terá sido Bruno Lemaitre, o queixoso, a realizar a maior parte das experiencias em laboratório, apoiado na genética da mosca drosófila, mais conhecida como a mosca da fruta e que terá permitido abrir a investigação à espécie humana.
O investigador diz mesmo que todos os trabalhos estão documentados e disponíveis na Internet, uma informação que até agora não foi desmentida por Hoffman e pelo resto da equipa de investigadores.
Lemaitre acrescenta ainda que Jules Hoffman, premiado em outubro, nunca terá mostrado qualquer interesse no trabalho, até à hora de assinar um artigo para a revista científica Cell.
Contactado pelo "El País", o vencedor do Nobel reconheceu o trabalho laboratorial de Lemaitre, mas mostrou-se desapontado com as acusações, sublinhando que nas investigações em causa estiveram envolvidas várias pessoas.

Fonte: TSF

terça-feira, 6 de março de 2012

Cientistas ensinaram animais a pedir açúcar usando só a força da mente

Em apenas dez dias, os ratos e ratinhos usados na experiência conduzida por neurocientistas - da Fundação Champalimaud (Portugal) e da Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA) - aprenderam a "pedir" açúcar sem mover um músculo do corpo. Para isso, recorreram apenas a impulsos eléctricos do cérebro que tinham como feedback um determinado som.
Os resultados da experiência, publicados na revista Nature, revelam um cérebro mais flexível do que se pensava e podem ser um importante contributo para o desenvolvimento de próteses movidas com "a força da mente" para pessoas com lesões na medula, amputações ou outras limitações na mobilidade.
O trabalho em laboratório permitiu demonstrar não só que o cérebro é capaz de aprender rapidamente regras arbitrárias, mas também que a plasticidade [a capacidade de adaptação do cérebro] presente neste processo intencional é idêntica à que encontramos quando resolvemos uma tarefa física como andar de bicicleta.
Até agora, a chamada interface cérebro-máquina (IMC) procurou provocar um movimento numa prótese imitando os circuitos eléctricos que são normalmente usados no gesto que se quer reproduzir, seja ele mover um braço ou uma perna. As experiências realizadas mostraram o sucesso desta tecnologia, mas também revelaram algumas limitações.
Já está provado que é possível "imitar" os impulsos neuronais e conseguir movimento numa prótese. Para isso, a actividade do cérebro é medida através da introdução de eléctrodos (fios da espessura de um cabelo) no cérebro, usando-se um chip que pode estar ligado a um computador ou a uma prótese (um braço, por exemplo) que "decifra" a ordem que está a ser dada.
Esta imitação da actividade neuronal, contudo, tem de ser feita caso a caso (cada um de nós tem impulsos neuronais diferentes para mexer o braço) e, no processo, perde-se alguma eficácia no movimento. Quando usamos uma prótese que tenta imitar o que o cérebro normalmente faz para ordenar esse movimento, a performance de uma tarefa normal cai para 60 ou 70%.
Rui Costa, investigador principal do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, e José Carmena, co-director do centro de engenharia neural e próteses da Universidade de Berkeley, admitem que o que foi conseguido até agora já é muito bom, mas acreditam ter encontrado outro caminho no cérebro para conseguir mover uma prótese com 95% de acuidade. Como? "Mudámos as regras do jogo e, em vez de tentarmos imitar o que se passa normalmente, ensinámos o cérebro a fazer algo como se fosse uma coisa nova, arbitrária".
Na verdade, a experiência (ainda) não se fez com uma pessoa e uma prótese. O que os cientistas para já demonstraram, e que descrevem no artigo publicado ontem online na Nature, foi que os ratos e ratinhos usados na experiência aprenderam rapidamente uma regra arbitrária para obter o que queriam sem se mexerem, só com "a força da mente".
"Usámos ratos e ratinhos que estavam a controlar um computador que produzia um som. Criámos uma regra arbitrária: a actividade destes neurónios significa um som agudo e a destes um som grave. Se conseguissem a actividade cerebral capaz de dar um feedback de um som agudo, tinham como recompensa uma solução com açúcar, e se conseguissem um som grave tinham comida calórica", explica Rui Costa, entusiasmado com os resultados porque "rapidamente os animais aprenderam a regra".

As contas e o ciclismo
"Logo no primeiro dia, os ratos começaram a perceber. Em três, quatro dias, estavam bons na tarefa. E em dez dias, estavam com 100% de performance", nota Rui Costa. "O que foi mais maravilhoso foi ver que o animal começou a aprender a controlar aquele som só com a mente. E, ao fim de dez dias, não só está excelente na tarefa como deixou de se mexer e controla só com a actividade cerebral o computador", conta o cientista.
A experiência permitiu perceber que "as áreas do cérebro [o córtex motor] e o tipo de plasticidade [presente nos gânglios da base, na região do estriado] envolvidas na aprendizagem desta regra abstracta são as mesmas que usamos para a aprendizagem motora, física. Ou seja, usamos os mesmos circuitos e mecanismos no cérebro para andar de bicicleta e para aprender algo abstracto e mental, como fazer contas.
"Mas será que ratos percebem mesmo que aquela actividade cerebral produz aquele som e aquela recompensa?", era a próxima pergunta dos investigadores. Para a resposta, nova experiência. "Fizemos mais testes que queriam demonstrar o conhecimento e intencionalidade da acção. Por exemplo, demos aos animais muito açúcar (que era a recompensa do feedback com som agudo) antes de realizar a experiência, e o resultado foi que quando começaram a sessão eles só faziam o som grave (que tinha como recompensa comida calórica). Fizemos ao contrário e eles só pediam o açúcar. Mais ainda, decidimos que para terem a bebida tinham de parar a actividade cerebral que produzia estes sons. E eles paravam".
Conclusão: "Os animais tinham conhecimento de que o controlo do som agudo servia para obter sacarose e o som grave para comida. Como se estivesse num restaurante e mandasse vir a comida que lhe apetecesse só com a actividade cerebral. O que é incrível".
Há, no entanto, uma nota importante a lembrar dos resultados desta experiência: parece ser essencial dar feedback da actividade neuronal. "Quando nós cortávamos o feedback, os sons, eles não conseguiam aprender".
Transferir este conhecimento para uma possível solução de uma limitação física de uma pessoa é a grande porta que se abre agora. "Na limitação física, uma pessoa que está paralisada pode utilizar a actividade neuronal para escrever directamente no computador desde que se definam as regras: a actividade nesta área é a letra A, nesta outra área é a letra B... e a pessoa rapidamente aprende", acredita Rui Costa.
O investigador admite também ser possível usar este caminho para outro tipo de tarefas que não são motoras. Por exemplo, para fazer uma chamada telefónica.

Fonte: Público

segunda-feira, 5 de março de 2012

Um robot japonês ajuda a encontrar objetos perdidos

Busca, robot, busca. O EMIEW 2 é um pequeno robot que ajuda a encontrar objetos perdidos em casa.
O robot japonês EMIEW 2 é branco e roxo, tem aproximadamente a altura de uma criança de seis anos, pesa 14 quilos, e desliza por todo o lado com umas rodinhas que tem na extremidade das pernas. A sua principal função é realizar buscas dentro de casa, ajudando a encontrar objetos pertidos.
O robot foi desenvolvido pela empresa de eletrónica Hitachi, que apresentou a primeira versão em 2005. O EMIEW 2"coleciona imagens de vários objetos da Internet e armazena-as numa base de dados externa", explica um dos responsáveis pelo projeto, Takashi Sumiyoshi. "Então, quando lhe mostramos algo, o EMIEW 2 tem capacidade para perceber o que é. E se lhe pedimos para procurar um objeto ele leva-nos até ao lugar onde ele está." Para isso, o robot utiliza uma rede de câmaras instaladas na casa.
Apesar de ainda não ter planos para comercializar o robot, a empresa acredita que em breve ele se tornará uma presença habitual nas casas de pessoas idosas, hospitais e empreendimentos turísticos.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 4 de março de 2012

Estudo sugere que Terra nasceu do impacto de meteoritos

O material a partir dos qual se formou a Terra poderá ser diferente daquilo que a comunidade científica até agora julgava. Um novo estudo sugere que o planeta nasceu de um grande número de colisões de meteoritos de diversos tamanhos e géneros.
Levado a cabo por investigadores franceses e publicado na revista Science, o estudo quebra com a tese anterior segundo a qual, há 4500 milhões de anos, a Terra nasceu a partir do material que sobrou da formação do sol e que se agrupou ao redor de uma estrela recém-nascida. Material que, muito lentamente, foi formando grãos, depois rochas e, finalmente, um embrião planetário que foi atraindo ainda mais material até à formação da Terra. Julgava-se também que a maioria dos materiais que se foi fundindo neste embrião terrestre era muito similar e pertencente a uma categoria de meteoritos chamada condritos estantite.
No entanto, o estudo dos geoquímicos franceses Caroline Fitoussi e Bernard Bourdon, que analisaram os isótipos de silício de amostras de rochas terrestres e amostras de rochas lunares e compararam-nas com amostras de meteoritos, quebra com esta ideia.
Utilizando modelos informáticos da formação da Terra, os cientistas chegaram à conclusão que, para produzir a mistura certa de isótopos de oxigénio, níquel e crómio encontrados nas amostras terrestres era preciso juntar pelo menos três diferentes classes de meteoritos, e não apenas uma. Ou seja, percebeu-se que não havia apenas um género de condritos, mas uma mistura, a qual levou à formação da Terra.

Fonte: Diário de Notícias

sábado, 3 de março de 2012

Artigo científico defende como moralmente aceitável a morte de um recém-nascido

Um artigo publicado na última semana de Fevereiro pelo Journal of Medical Ethics defende que deveria ser permitido matar um recém-nascido nos casos em que a legislação também permite o aborto. A polémica segue em crescendo. A autora do texto já recebeu ameaças de morte.
O artigo em causa aceite por aquela publicação científica ligada ao British Medical Journal intitula-se “After-birth abortion: why should the baby live?”, que se poderia traduzir como “Aborto pós-parto: por que deve o bebé viver?”. É assinado por Francesca Minerva, formada em Filosofia pela Universidade de Pisa (Itália) com uma dissertação sobre Bioética, que se doutorou há dois anos em Bolonha e é uma investigadora associada da Universidade de Oxford, em Inglaterra. A sua polémica tese é a de que o “aborto pós-nascimento” (matar um recém-nascido”) deve ser permitido em todos aqueles casos em que o aborto também é, incluindo nas situações em que o recém-nascido não é portador de deficiência”.
Esta ideia – entendida pelos leitores mais críticos do artigo como um apelo à legalização do infanticídio – é a conclusão de um debate moral que a autora, em conjunto com outro investigador que co-assina o artigo – Alberto Giubilini –, tentam fazer partindo de três princípios: 1) “o feto e um recém-nascido não têm o mesmo estatuto moral das pessoas”; 2) “é moralmente irrelevante o facto de feto e recém-nascido serem pessoas em potência”; 3) “a adopção nem sempre é no melhor interesse das pessoas”.
Os autores sustentam, assim, que matar um bebé nos primeiros dias não é muito diferente de fazer um aborto, concluindo (ao contrário dos movimentos pró-vida) que desse modo seria moralmente legítimo ou deveria ser aceite que se matasse um recém-nascido, mesmo que este seja saudável, desde que a mãe declare que não pode tomar conta dele.
Face à polémica que se gerou em torno desta leitura, o editor do jornal veio a público defender a publicação do texto, com o argumento de que a função do jornal é a de apresentar argumentos bem sustentados e não a de promover uma ou outra corrente de opinião. Porém, outros cientistas e pares de Francesca Minerva qualificam a tese do artigo como a “defesa desumana da destruição de crianças”.
“Como editor, quero defender a publicação deste artigo”, afirma Julian Savulescu, num texto que pode ser consultado online. “Os argumentos apresentados não são, na maioria, novos e têm sido repetidamente apresentados pela literatura científica por alguns dos mais eminentes filósofos e peritos em bioética do mundo, incluindo Peter Singer, Michael Tooley e John Harris, em defesa do infanticídio, que estes autores denominam como aborto pós-nascimento”, escreve Savulesco.
As reacções viscerais ao artigo incluem ameaças de morte endereçadas à autora, que admitiu que os dias seguintes à publicação e divulgação do artigo foram “os piores” da sua vida. Entre as mensagens que lhe foram enviadas, há quem lhe deseja que “arda no inferno”.
“O que é mais perturbador não são os argumentos deste artigo, nem a sua publicação num jornal sobre ética. O que perturba é a resposta hostil, abusiva e ameaçadora que desencadeou. Mais do que nunca a discussão académica e a liberdade de debate estão sob ameaça de fanáticos que se opõem aos valores de uma sociedade livre”, sublinha o editor.
O artigo afirma que, tal como uma criança por nascer, um recém-nascido ainda não desenvolveu esperanças, objectivos e sonhos e, por essa razão, apesar de constituir um ser humano, não é ainda uma pessoa – ou alguém com o direito moral à vida. Pelo contrário, os pais, os irmãos e a sociedade têm metas e planos que podem ser condicionados pela chegada de uma criança e os seus interesses devem vir primeiro.

Fonte: Público

sexta-feira, 2 de março de 2012

Acidez dos oceanos aumenta a ritmo sem precedentes

As emissões de dióxido de carbono estão a elevar a acidez dos mares e oceanos a um ritmo sem precedentes desde há 300 milhões de anos, que, a manter-se, impedirá a vida marinha em poucas décadas, revela um estudo.
A investigação, que a revista científica Science publica esta sexta-feira, refere que a química marinha sofreu «profundas alterações» nos últimos 300 milhões de anos, embora nenhuma «tão rápida, grande e global» como a de hoje.
A acidez marinha produz-se à medida que o dióxido de carbono emitido pela atividade humana - originada fundamentalmente pela queima de combustíveis fósseis - é absorvido pelos mares e oceanos.
Um terço das emissões vai diretamente para os oceanos e mares, que se tornam progressivamente tanto mais ácidos quanto mais frias são as suas águas.
A acidez, que prejudica muitas formas de vida marinha, interfere, sobretudo, com o desenvolvimento das espécies com carapaça ou esqueleto de carbonato cálcico, como corais e moluscos.
Uma equipa de cientistas dos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Alemanha e Holanda examinou, para a investigação, centenas de estudos paleoceanográficos, incluindo de fósseis de sedimentos marinhos.
Em declarações à agência Efe, Carles Pelejero, investigador do Instituto de Ciências do Mar espanhol, advertiu que a acidez dos oceanos já está a afetar algumas espécies de fitoplâncton próprias de altas latitudes, que são a base principal da dieta dos salmões e das baleias.
De acordo com o investigador, «as águas de altas latitudes, como as do Oceano Glacial Ártico e Antártico, que são muito frias e, por isso, muito ácidas e ricas em dióxido de carbono, atingirão, numa ou duas décadas, condições químicas que impedirão que os organismos com carapaça sobrevivam».
Atualmente, a zona mais afetada, segundo Carles Pelejero, é a costa oeste do Pacífico, onde os criadores de ostras observaram que a fertilidade e o crescimento dos moluscos estão cada vez piores.

Fonte: TSF

quinta-feira, 1 de março de 2012

Reconstruído fóssil de pinguim que viveu há 25 milhões de anos na Nova Zelândia

Há 25 milhões de anos vivia na Nova Zelândia um pinguim com mais de um metro de altura, Kairuku, revelam agora os investigadores que reconstruíram o fóssil deste animal pré-histórico, depois de 35 anos de trabalho.
“Kairuku [palavra Maori que significa “mergulhador que regressa com alimento”] era uma ave elegante para os padrões dos pinguins, com um corpo esguio” e patas robustas, e estima-se que tivesse mais de um metro e 20 de altura, disse em comunicado Dan Ksepka, da Universidade estatal da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. O investigador acredita que esta seria a maior das cinco espécies comuns na Nova Zelândia há 25 milhões de anos. Na verdade, seria mais alto do que o pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri) actual.
O trabalho de Ksepka e Paul Brinkman, da mesma universidade - que permite saber mais sobre a diversidade dos pinguins na Pré-história e sobre a evolução destes animais -, baseou-se na reconstrução de Kairuku a partir de um esqueleto de um pinguim-rei (Aptenodytes patagonicus), como modelo, e dos ossos de dois exemplares distintos destas aves antigas.
O primeiro fóssil de pinguim Kairuku foi encontrado pelo zoólogo e paleontólogo neozelandês Brian J. Marples na década de 40 do século XX. Mas estes ossos não foram reconhecidos como sendo de uma nova espécie porque não estavam bem preservados e apenas incluiam algumas partes dos ossos das asas. Mais tarde, em 1977, Ewan Fordyce, paleontólogo da Universidade de Otago, acabou por descobrir esqueletos muito completos nas margens do rio Waihao, na região de Canterbury, na ilha Sul da Nova Zelândia. De acordo com Ksepka, "estes fósseis estão entre os fósseis de pinguins mais completos alguma vez encontrados".
Em 2009 e 2011, Ksepka e Brinkman viajaram até à Nova Zelândia para ajudar na reconstrução do pinguim. Ksepka interessou-se no fóssil porque a forma do corpo é diferente de qualquer pinguim conhecido, vivo ou extinto. Também o interessou a diversidade de espécies de pinguins que viveram onde hoje é a Nova Zelândia durante o Oligocénico, aproximadamente há 25 milhões de anos. “A localização era muito boa para os pinguins, em termos de alimentação e de segurança. A maior parte da Nova Zelândia estava debaixo de água naquela altura, deixando pequenas massas de terra isoladas, que mantinham os pinguins seguros em relação a potenciais predadores e que lhes providenciavam alimento abundante”, disse Ksepka.
Ksepka espera que a reconstrução de Kairuku – um trabalho publicado na revista Journal of Vertebrade Paleontology - dê mais informações a outros paleontólogos sobre os fósseis encontrados na Nova Zelândia e que ajude a aumentar o conhecimento sobre as espécies de pinguins. “Esta espécie dá-nos uma imagem mais completa destes pinguins gigantes e pode ajudar-nos a determinar qual a sua distribuição geográfica durante o período do Oligocénico”, acrescentou o investigador.

Fonte: Público