sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Austrália apresenta olho biónico que pode ajudar cegos

Uma equipa de cientistas australianos implantou o primeiro protótipo de olho biónico numa mulher, e explicaram que o feito poderá devolver a visão a muitos cegos, noticiou hoje a revista Ciência Hoje.
A cirurgia, que permitiu reformular o olho da paciente eletromecanicamente, é considerada pelos cientistas como o maior marco desde o desenvolvimento do Braille.
De acordo com os cientistas australianos, citados pela revista, o aparelho está desenhado para pacientes que sofrem uma perda de visão degenerativa e hereditária, causada por uma condição genética conhecida como rinite pigmentosa.
O olho biónico, que é implantado parcialmente no globo ocular, dispõe de uma pequena câmara, colocada sobre uma lente, que captura imagens e envia-as para um processador que pode guardar-se num bolso.
O dispositivo transmite um sinal dentro da retina para estimular os neurónios vivos, o que permite enviar imagens ao cérebro.
Um mês depois de implantado e tendo a paciente recuperado já da cirurgia, a equipa ligou o dispositivo no laboratório, provocando de imediato uma reação visual na mulher.
Referindo ter tido "uma experiência incrível", a paciente afirmou ter visto um pequeno flash, reação que nunca conseguiu obter através de outros estímulos.
O olho biónico foi desenvolvido por uma empresa apoiada pelo Estado australiano, tendo sido formalmente apresentado pelo Governo daquele país.
Este "pode ser um dos avanços científicos mais importantes da nossa geração", afirmou o primeiro-ministro australiano, Kevin Rudd, numa apresentação formal do projeto.
"O projeto do olho biónico permitirá à Austrália manter-se na vanguarda desta linha de investigação e comercialização, devolvendo a visão a milhares de pessoas em todo o mundo", acrescentou.
A empresa espera agora conseguir desenvolver implantes mais completos, já que este protótipo não permite a recuperação de uma visão perfeita, esclareceu a equipa.

Fonte: Diário de Notícias

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A nova música de Will.i.am chegou à Terra a partir de Marte

Pela primeira vez na história, uma música foi transmitida para a Terra a partir de outro planeta, neste caso Marte, onde está o robô Curiosity, que pousou na superfície do planeta vermelho no início de Agosto. Depois de já ontem se ter ouvido uma mensagem gravada para os cientistas da NASA, agora foi a vez de pôr os mesmos cientistas perante a transmissão espacial do som de Will.i.am.
Pode-se assim dizer que “Reach for the Stars”, que o rapper norte-americano, mais conhecido pelo seu trabalho com os Black Eyed Peas, escreveu propositadamente para assinalar o sucesso do Curiosity, se tornou na primeira música interplanetária.
Longe dos ritmos hip-hop dançáveis pelos quais ficou conhecido, em “Reach for the Stars” Will.i.am procurou dar um toque futurista à música e para isso contou com uma orquestra composta por 40 músicos. A ideia, explicou o músico à CNN, é que a música possa transcender o tempo e as culturas.
"O objectivo é inspirar os jovens a levar uma vida sem limitar o seu potencial e perseguindo a colaboração entre as artes e a tecnologia”, disse Will.i.am em comunicado, explicando que foi convidado a compor esta música de forma a despertar a atenção dos mais jovens para a ciência. “Uma honra”, afirmou.
A música não deixa de ser também uma homenagem a Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar a Lua e que morreu este sábado, como lembrou Charles Bolden, administrador da NASA. “Porque é que dizem que o céu é o limite quando eu vi pegadas na lua?”, canta Will.i.am em “Reach for the Stars”, a música que percorreu mais de 300 milhões de quilómetros, entre a Terra e Marte e Marte e a Terra, até chegar aos ouvidos da NASA.
Esta não é no entanto a primeira vez que a NASA e a música se encontram no espaço. Em Novembro de 2005, Paul McCartney interpretou a canção “Good Day Sunshine” durante um concerto que foi retransmitido na Estação Espacial Internacional. “Here Comes the Sun”, “Ticket to Ride” e “A Hard Day´s Night” dos Beatles são algumas músicas que já tiveram como missão manter os astronautas entretidos enquanto exploravam o universo. E em 2008, a NASA transmitiu no espaço a canção “Across the Universe” também dos Fab Four.

Fonte: Público

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Dente de mamute descoberto em obras do metro

Um dente de mamute, com cerca de 10.000 anos, foi descoberto num dos estaleiros das obras do metro de Dusseldorf, oeste da Alemanha, referiam responsáveis municipais.
O dente, com um peso de 34 quilos e 1,20 metros de comprimento, foi detetado nos locais de escavação a 12 metros de profundidade, num dos estaleiros do metro, indicaram os serviços de comunicação da câmara local.
Os trabalhos foram "imediatamente interrompidos para permitir que os arqueólogos retirassem o dente com a máxima segurança". O dente, precisou o comunicado camarário, foi a única parte do animal descoberta no local.
O mamute desapareceu na Europa ocidental há cerca de 10.000 anos. De acordo com um estudo publicado em junho pela revista Nature Communications, que, ao contrário de investigações anteriores, indica que a extinção destes mamíferos com longos dentes retorcidos foi progressiva e relacionada com diversos fatores.

Fonte: Diário de Notícias

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Descoberta espécie de coruja-gavião nas Filipinas que tem olhos azulados

As corujas das Filipinas esquivaram-se aos cientistas durante anos. Ao estudarem os chamamentos destas aves de rapina nocturnas, descobriram-se agora diferenças tão grandes entre elas que confirmam a existência de duas espécies novas. Uma delas é a única coruja-gavião conhecida em todo o mundo com olhos azulados e que, como se não bastasse, têm ainda outras cores.
A ornitóloga norte-americana Pamela Rasmussen, especialista em aves do continente asiático, acabou de regressar há dias das florestas das Filipinas. Durante várias noites, palmilhou as pequenas ilhas Camiguin e Cebu à procura das corujas-gavião, que, apesar deste nome, são tímidas. Pouco se sabe sobre estes animais.
Mas esta história começou muito antes e longe das Filipinas. "Quando começámos a estudar estas corujas, já sabíamos que aquela que era considerada há muito tempo uma única espécie - a coruja-gavião-filipina, ou Ninox philippensis - correspondia, na verdade, a três formas diferentes", diz ao PÚBLICO Pamela Rasmussen, da Universidade Estadual do Michigan, nos EUA. Agora, além das duas novas espécies, a sua equipa classificou ainda uma nova subespécie.
Os investigadores procuraram exemplares destas corujas, guardados há anos, nalguns casos mais de um século, em 22 museus de história natural de vários países, desde os Estados Unidos e Filipinas até ao Reino Unido, França e Alemanha. Mediram asas, caudas e garras e observaram padrões de cor das penas. "A partir da sua morfologia, ou seja, características exteriores, descobrimos que havia três formas ainda não descritas para a ciência", conta a ornitóloga.
Mas ainda não tinham a prova definitiva de que aqueles animais eram, na verdade, de espécies distintas. A melhor maneira de distinguir estas aves foi apurar o ouvido. E foi esse estudo inédito que em 2011 se tornou possível. "Recebemos gravações de muito boa qualidade das vocalizações que as corujas utilizam para reconhecer parceiros sexuais ou defender os seus territórios, graças a ornitólogos e guias locais", acrescenta Pamela Rasmussen.
Passaram muitas horas a estudar os sons, como CUR, CUR"r, CUR"ur, que é diferente de KRT-KRT-KRT (escrevem-se com maiúsculas ou minúsculas conforme os sons são mais ou menos altos), e que estão disponíveis numa base de dados do Centro de Vocalizações de Aves da Universidade Estadual do Michigan, em avocet.zoology.msu.edu. "Tornou-se claro que as novas formas de coruja-gavião eram muito diferentes, tendo em conta as suas vocalizações."
Assim se identificaram as duas novas espécies: a coruja-gavião da ilha de Camiguin (Ninox leventisi), que é a da íris azulada, e a coruja-gavião da ilha de Cebu (Ninox rumpeseyi), como lhes chamaram os cientistas no artigo publicado em Agosto, na edição anual da revista britânica Forktail, do Clube de Aves Orientais. Ao contrário de todas as outras corujas-gavião, que têm a íris amarela, a da ilha de Camiguin, além do azulado, pode ainda ter os olhos de outras cores. Os cientistas descrevem-nos também esbranquiçados ou esverdeados.
A terceira nova forma de coruja, que vive na ilha de Tablas, não tem tantas características distintivas, por isso é considerada uma subespécie, com o nome Ninox spilonota fisheri.

Habitat ameaçado
Depois de ter percebido que havia corujas-gavião diferentes pelos sons gravados, Pamela Rasmussen viajou para as Filipinas, onde conseguiu registar os sons das novas espécies.
Por enquanto, diz a investigadora, são conhecidas sete espécies de corujas-gavião nas Filipinas, incluindo já as duas novas. Para Pamela Rasmussen, este estudo mostra que existem mais espécies de corujas naquele arquipélago do que se pensava até agora. "A maioria dos animais vive em ilhas que são pequenas ou mesmo muito pequenas. Para cada espécie, o habitat que ainda lhes resta é muito reduzido, devido à desflorestação. Por isso, em vez de existir uma única espécie com uma boa distribuição e que não está ameaçada, temos sete. Algumas vão estar na lista das espécies ameaçadas em breve. Não há dúvidas quanto a isso."
O destino destas corujas-gavião é incerto. "Há poucos observadores de aves que vão às Filipinas e ainda menos são aqueles que conseguem ver estes animais", diz. "Agora que se conhecem sete espécies mais ornitólogos irão procurar as ilhas de Cebu, Camiguin ou Tablas." E isto pode trazer benefícios para a natureza. "Mais visitantes podem ajudar os guias locais e hotéis a fazer dinheiro com a observação das aves e ajudá-los a perceber a importância da floresta."

Fonte: Público

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Paleontólogos descobriram novo tipo de dinossauro

Paleontólogos descobriram um novo tipo de dinossauro, com 75 milhões de anos, durante as escavações que começaram em 2002 nas colinas da cidade de Velaux, perto de Aix-en-Provence (sudeste da França), anunciou esta semana o município.
A notícia é avançada pela agência de notícias France Press, segundo a qual, no local, de 300 metros quadrados, propriedade da autarquia, os paleontólogos realizaram três operações - em 2002, 2009 e 2012 - com toda a discrição a fim de impedir possíveis pilhagens.
Batizado "Atsinganosaurus velauciensis" (dinossauro cigano), pelas suas afinidades com os seus primos da Roménia, esta nova espécie faz parte da família dos titanossauros, da qual foram identificados outros três géneros na Europa.
"Encontrámos mais de 70 por cento do esqueleto do animal, mas infelizmente não recuperámos o crânio. Penso que seremos capazes de fazer uma reconstrução fiel", sublinhou Géraldine Garcia, da Universidade de Poitiers, que participou nas escavações em colaboração com o Instituto Real das Ciências Naturais de Bruxelas.
De acordo com as primeiras informações, este herbívoro, com pequenos dentes em forma de cilindro, mediria 12 metros de cumprimento.
No mesmo sítio, foram encontrados inúmeros outros fosseis, todos do período Cretáceo Superior, de há 75 milhões de anos, exatamente antes da extensão dos dinossauros.
Entre os fósseis encontrados estão um crânio de um crocodilo, carapaças de tartarugas, assim como ossadas de outros dinossauros.
Os ossos serão analisados em Poitiers e em Bruxelas antes de serem confiados ao museu da cidade de Velaux.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 26 de agosto de 2012

Morreu Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar a Lua

O astronauta Neil Armstrong morreu este sábado aos 82 anos. Foi o primeiro homem a pisar a Lua, num momento histórico visto por milhões de pessoas pela televisão, em 1969.
Armstrong tinha sido submetido a uma cirurgia ao coração no princípio de Agosto, com a realização de um bypass para resolver quatro bloqueios nas artérias coronárias. Segundo a família, morreu devido a complicações resultantes desta intervenção.
Nascido a 5 de Agosto de 1930 em Wapakoneta, Ohio, Neil Armstrong foi um dos três astronautas da histórica missão Apollo 11, que pousou na Lua a 20 de Julho de 1969. Os outros eram Michael Collins e Edward "Buzz" Aldrin. Collins permaneceu no módulo de comando em órbita, enquanto Armstrong e Aldrin fizeram a alunagem a bordo do módulo Eagle, no chamado Mar da Tranquilidade. “Houston, aqui base da Tranquilidade. A águia pousou”, disse Armstrong.
Foi ele o primeiro a descer, pisando o solo da Lua pela primeira vez na história e pronunciando uma frase que se tornaria célebre: "Um pequeno passo para o homem, uma salto gigante para a humanidade". Buzz Aldrin juntou-se a Armstrong e ambos passaram duas horas a caminhar saltitantes sobre asuperfície lunar, recolhendo 21 quilos de rochas, tirando fotografias e plantando uma bandeira norte-americana no solo, a 380 mil quilómetros da Terra.
Numa entrevista à BBC, Aldrin disse que recordará Armstrong como "um comandante muito competente e o líder de uma conquista que será reconhecida até que o homem ponha os pés em Marte". "Ele era o melhor e sentirei terrivelmente a sua falta", declarou por sua vez Michael Collins.
"Ele foi escolhido para comandar o módulo lunar porque tinha dado provas de ser a pessoa ideal. Era uma manobra dificílima, uma alunagem à vista. Só ele tinha essas qualidades ", recorda Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa. “. Vai ficar na história da humanidade por ter sido o primeiro ser humano que visitou outro planeta”, completa.
“Ele era apenas um emissário de todos nós, diz o físico Carlos Fiolhais, da Universidade de Coimbra. “Não foi só ele que foi à Lua, fomos todos nós”.
Apaixonado pela aviação desde a infância, Armstrong obteve a sua licença de piloto muito cedo, e serviu como piloto militar entre 1949 e 1952, tendo estado envolvido em 78 missões de combate na Guerra da Coreia. Integrou primeiro a NACA (National Advisory Comittee for Aeronautics), a entidade que daria depois lugar à NASA, servindo como piloto de testes.
Em 1962, passou para o programa de astronautas da NASA. Comandou a missão Gemini 8, em 1966, e três anos depois, foi destacado para liderar a missão Apollo 11, em que uma nave pousaria pela primeira vez na Lua. “É um lugar interessante. Recomendo”, disse depois de regressar. Enquanto guiava o módulo lunar em direcção à superfície, os sensores no seu corpo registavam uma pulsação de 150 batidas por minuto.
Armstrong permaneceu na NASA por mais dois anos, coordenando trabalhos na área da investigação e da tecnologia. Reformou-se em 1971 e até 1979 foi professor na Universidade de Cincinnati.
Apesar de ter sido protagonista do momento mais emblemático da história da aventura espacial, Neil Armstrong manteve uma vida relativamente discreta. A sua própria família, num comunicado difundido sábado, disse que "Neil Armstrong era um herói americano relutante que sempre acreditou que apenas estava a fazer o seu trabalho".
"Enquanto lamentamos a perda de um homem bom, também celebramos uma vida notável e esperamos que ela sirva como um exemplo para que jovens em todo o mundo lutem para concretizar os seus sonhos, para explorar os seus limites e para servir uma causa maior que si próprios", lê-se no comunicado da família.
"Além de ser um dos maiores exploradores norte-americanos, Neil agia com uma graça e humildade que foram um exemplo para todos nós", disse o administrador da NASA, Charles Bolden.

Fonte: Público

sábado, 25 de agosto de 2012

Resíduos de laticínios transformados em produtos úteis

Investigadores da Universidade do Minho desenvolveram uma solução para recuperar e valorizar resíduos da indústria de laticínios, transformando soro de queijo em produtos usados na alimentação ou cosmética, e está prevista a instalação de uma unidade no Brasil.
Uma informação do Departamento de Engenharia Biológica da Universidade do Minho refere que a biorrefinaria adota um processo tecnológico que permite obter 11 novos produtos destinados aos setores alimentar, farmacêutico e agrícola.
O projeto, desenvolvido em parceria com a Biotempo - Consultoria em Biotecnologia, definiu uma tecnologia que recupera e transforma os restos em vários produtos de valor acrescentado, como concentrados proteicos para o setor alimentar, prébióticos, bioetanol, lactose refinada e água ultrapura para a indústria farmacêutica, bem como sais para a indústria agrícola.
A biorrefinaria está em fase de testes e a Universidade do Minho prevê para este ano a construção de uma unidade à escala industrial, no Brasil.
"Está previsto um investimento de cerca de 35 milhões de euros e, numa fase mais adiantada, alargar a tipologia de resíduos a tratar e a instalação desta biorrefinaria em outros países do mundo, incluindo Portugal", avança o comunicado.
A unidade terá capacidade para tratar diariamente um milhão de litros de resíduos, principalmente soro do queijo, mas também leite e iogurte estragados ou fora de prazo.
As águas residuais resultantes da lavagem de máquinas e camiões e a biomassa produzida serão introduzidas numa unidade de digestão anaeróbia e transformadas em biogás utilizado para produção de energia elétrica.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Filhos de homens mais velhos têm mais mutações no seu genoma

Um estudo na Islândia mostra que, a cada ano que passa, os espermatozóides do pai têm, em média, mais duas mutações novas no seu genoma que transmitem aos filhos. O trabalho é publicado na revista Nature.
O reservatório do genoma está em cada pessoa na Terra. A cada geração, misturam-se cromossomas de mulheres e homens – onde estão os genes para construir um ser humano – e uma nova fornada de pessoas é concebida. Mas não sem um preço. Um estudo que analisou genomas de islandeses mostra que os filhos de homens mais velhos recebem um genoma paterno com mais mutações, que surgiram entretanto, do que os filhos de homens mais novos. Estas mutações podem estar associadas a doenças mentais, como o autismo e a esquizofrenia, defendem os autores num artigo hoje na revista Nature.
A idade da reprodução é uma condicionante na mulher: está limitada a ter filhos até à menopausa e há um risco acrescido de ter crianças com deficiências depois dos 35 anos. O homem mantém-se fértil até perto do final da vida, mas há um custo.
Para que todos os dias tenha espermatozóides novos, as células progenitoras dos espermatozóides têm de estar a dividir-se continuamente. Em cada divisão, todo o genoma é copiado: a célula utiliza uma enorme maquinaria para copiar, tijolo a tijolo, a molécula de ADN que forma os 23 pares de cromossomas humanos e que contêm todos os genes. A evolução arranjou muitas formas de assegurar que esta replicação do ADN fosse perfeita. Mas, de vez em quando, há tijolos que são mal copiados e, no fim, obtém-se um genoma quase igual mas com mutações.
No caso das células sexuais femininas, esta divisão celular dá-se só no desenvolvimento embrionário. Quando as mulheres nascem, já têm todos os ovócitos de que precisam. A partir da puberdade, em cada mês, uma célula perde metade dos cromossomas para poder ser fecundada. Quanto mais velho for esse ovócito, maior é a probabilidade de haver alterações graves no ADN que provocam deficiências no embrião.
No caso dos homens, a divisão das células que vão dar origem aos espermatozóides mantém-se e as mutações no ADN podem assim acumular-se nessas células, de uma divisão para outra. "A maioria destas mutações são neutras, algumas são nocivas e, muito raramente, uma delas é benéfica", diz Kari Stefansson, ao PÚBLICO, líder da equipa da investigação da empresa deCODE, com sede em Reiquejavique, na Islândia, que estuda o genoma humano.
Estudos epidemiológicos tinham mostrado que homens que tinham filhos em idades mais avançadas transmitiam-lhes mais mutações associadas ao autismo. A equipa de Stefansson conseguiu, pela primeira vez, quantificar este aumento de mutações que eram inexistentes na geração anterior. "Existem duas mutações novas por ano, à medida que o homem envelhece", refere.
A equipa estudou o genoma de 78 filhos de casais que foram pais em diferentes idades. A grande maioria destes filhos tem autismo ou esquizofrenia. Procuraram por mutações nos tijolos de ADN que não existiam nem nos pais, nem nas mães, e que por isso teriam de ter sido originadas nas células sexuais de um dos pais. Depois, identificaram se tinham ocorrido no pai ou na mãe.
Descobriram que, em média, cada pessoa tem 60 mutações novas que não existiam na geração anterior. Quinze são da mãe e as restantes do pai, mas em função da sua idade. Um homem com 20 anos passa 25 mutações novas à descendência, enquanto um homem com 40 anos transmite 65. "É graças às mutações que vai surgindo nova diversidade no genoma humano e 97% dessa variação está relacionada com a idade do pai", explica o investigador.
A equipa estima que apenas 10% destas mutações novas tenham efeitos negativos e verificou que algumas estão associadas à esquizofrenia ou ao autismo. Uma das mutações identificada foi no gene NRXN1 – que comanda o fabrico de uma proteína que funciona no sistema nervoso – e que foi associado à esquizofrenia. A nova mutação faz parar a produção da proteína a metade.
Ainda não se sabe quais serão os efeitos deste fenómeno na saúde. "Apesar de a maioria destas mutações serem benignas do ponto de vista individual, colectivamente poderão ter um impacte sério na saúde", defende Alexey Kondrashov, investigador da Universidade de Michigan, nos EUA, num comentário da Nature.Uma idade para ser pai?
Kondrashov lembra que a diminuição da mortalidade infantil está a atenuar a selecção natural. De geração em geração, a população pode estar a acumular mutações negativas e uma das consequências pode já estar a sentir-se. "São usados mais genes no cérebro do que noutro órgão, o que significa que a fracção de mutações que o afectam é maior. O aumento da prevalência do autismo em muitas populações humanas pode ser, em parte, devido ao acumular de mutações", diz o cientista.
Para Isabel Alonso, investigadora do Instituto de Biologia Molecular e Celular da Universidade do Porto, a importância deste estudo centra-se na quantificação deste fenómeno. "Ainda não podemos tirar grandes ilações. Tem sempre que se replicar a experiência noutras populações, porque a taxa de mutações pode ser diferente na população brasileira, francesa ou na nossa", refere a especialista em genética humana.
No último século, a Islândia sofreu mudanças sociais como a migração do campo para a cidade, que diminuiu a idade média dos homens na altura de serem pais. Entretanto, a tendência já se inverteu. Este estudo leva a reflectir sobre a paternidade. "Confirma que não é saudável ser-se pai a partir de uma certa idade", considera Miguel Oliveira da Silva, presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. "O genoma pode ser alterado pelo ambiente, não é estático."
Darren Griffin, professor de genética na Universidade de Kent, no Reino Unido, discorda: "Não é necessário os futuros pais mais velhos ficarem preocupados. Há 3000 milhões de letras no ADN, o estudo detectou mutações só nalgumas dúzias", diz.
Mas Kari Stefansson não tem dúvidas sobre as implicações das mutações: "Quando aparecem, vão manter-se na população e ter efeitos na diversidade humana."

Fonte: Público

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

EUA emitem alerta para "tempestade solar do século"

O Congresso dos Estados Unidos alertou os norte-americanos para a necessidade de se prepararem para uma forte tempestade solar, após alerta da NASA.
O Congresso dos Estados Unidos fez um alerta aos norte-americanos para estes se prepararem para aquilo que está a ser denominado como a "tempestade solar do século". Num documento elaborado pelos parlamentares, foi pedido às comunidades locais para se precaverem com os recursos necessários de modo a poderem abastecer as populações com um mínimo de energia, alimentos e àgua em caso de emergência. De igual modo, é destacada a importância de tomar medidas de prevenção adequadas a este tipo de fenómenos, articuladas entre as comunidades vizinhas, uma vez que é necessária uma boa coordenação entre todos.
Segundo avança o jornal espanhol "ABC", o texto do Congresso também cita várias informações elaboradas pela Protecção Civil, pelo regulador de energia eléctrica e pelo Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, explicando a forma de atuar perante estes fenómenos. O objectivo é incentivar as práticas preventivas, bem como definir a natureza da ameça, de forma a que os cidadãos possam estar preparados.
Espanha, Alemanha, França e Reino Unido, são alguns dos países que, tal como os Estados Unidos, já estão a tomar "importantes medidas ao nível da prevenção".
Este mês a NASA alertou para que, em 2013, o Sol chegará a uma fase do seu ciclo onde grandes explosões e tempestades solares serão mais prováveis e deverão afetar o nosso planeta.
O Sol tem ciclos solares com média de 11 anos e atualmente estamos numa fase de aumento da atividade, o que se traduz em maior número de manchas na superfície da estrela. É possível que haja outros ciclos mais longos, mas só existem registos das manchas solares desde meados do século XVIII. Por isso, é difícil fazer previsões sobre a atividade da nossa estrela.
Teme-se sobretudo uma tempestade electromagnética semelhante à de 1859, conhecida por Evento Carrington. Essa erupção foi tão intensa, que os sistemas de telégrafo, na altura incipientes, foram seriamente afetados. Se houvesse redes eléctricas, elas teriam sido destruídas. As auroras boreais foram visíveis em latitudes muito a sul, nomeadamente em Roma.

Fonte: Diário de Notícias

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Genoma de tentilhão que Charles Darwin estudou foi sequenciado

O genoma de uma das espécies de tentilhões de Charles Darwin foi sequenciado, agora só falta fazer o mesmo a mais alguns milhares de espécies para que o BGI - Genoma 10K atinja o seu objectivo. O projecto, com direcção norte-americana, pretende sequenciar o ADN de 10.000 espécies de vertebrados nos próximos anos. Um dos primeiros genomas lidos neste programa, que reúne a colaboração de vários cientistas, foi o do Geospiza fortis, que Charles Darwin viu nas ilhas Galápagos, na viagem histórica do navio Beagle.
O ADN do Geospiza fortis será o primeiro do projecto BGI - Genoma 10K a ficar disponível na base pública Genome Browser, da Universidade da Califórnia, em Santa Cruz. O simbolismo de este ser o primeiro genoma do projecto escolhido para estar nesta biblioteca não passa despercebido. "É simbólico porque foi a diversidade de fenótipos (características visíveis das espécies) nestes tentilhões que contribuiu para a teoria da evolução de Darwin", diz Erich Jarvis, num comunicado da universidade.
Erich Jarvis, que é professor da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, EUA, estuda a aprendizagem do canto ao nível do cérebro das aves. "O avanço científico [da sequenciação do genoma do tentilhão] vai permitir-nos investigar os genomas de um grupo de espécies que são parentes próximas e têm diversidade suficiente para ajudar a perceber melhor a genética das características [que foram escolhidas] na evolução", diz o investigador.
Passados 153 anos desde a publicação de Na Origem das Espécies - o livro em que Darwin deu a primeira explicação de como a vida evolui -, os cientistas continuam a tentar perceber os processos mais ínfimos que ocorrem nas células dos organismos e que permitem que haja tanta diversidade de espécies na Terra.
Essa variedade reflecte-se no nome do tentilhão agora sequenciado, uma das 15 espécies de "tentilhões de Darwin", como são conhecidos, que existem nas Galápagos. O Geospiza fortis tem como nome comum tentilhão-de-solo-médio. Alimenta-se de sementes que estão no chão, nas várias ilhas onde vive no arquipélago das Galápagos. Compete pela comida com outras espécies de tentilhões. Duas delas estão muito próximas a nível evolutivo e pertencem ao mesmo género: é o tentilhão-de-solo-pequeno e o tentilhão-de-solo-grande. A diferença nos nomes destas três aves está no tamanho dos bicos: comem sementes no chão, só que especializaram-se em tamanhos diferentes e os bicos adaptaram-se às dimensões dessas sementes.
Darwin, que chegou às Galápagos em 1835, só se apercebeu destas particularidades muito depois, quando já tinha voltado a Inglaterra. "Ao observar esta diversidade de estruturas num grupo de aves tão pequeno e intimamente relacionado, é possível imaginar que, havendo de início poucas aves neste arquipélago, uma espécie sofreu modificações em diferentes direcções", escreveu no seu livro sobre as viagens no Beagle.
O BGI - Genoma 10K, que vai sequenciar cerca de um genoma por cada género de vertebrados que existe na Terra (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos), é a continuação da tradição deixada por Darwin. O objectivo é "compreender o quão complexa foi a evolução da vida animal através das mudanças no ADN e usar este conhecimento para nos tornarmos melhores guardiões do planeta", lê-se no site do projecto.
A lista dos primeiros 100 vertebrados que serão sequenciados já está definida pela organização, algumas das descodificações já terminaram, como a do tentilhão, juntando-se a outras 120 espécies de vertebrados cujo genoma já se conhece.

Rápida adaptação
O genoma do Geospiza fortis, publicado na revista GigaScience, foi sequenciado por uma equipa do Instituto Genómico de Pequim, que é um dos colaboradores do BGI - Genoma 10K. Os resultados mostram que esta espécie tem 16.286 genes. "Estes tentilhões são de uma grande importância histórica, mas Darwin dificilmente terá previsto que se iriam tornar o modelo perfeito para estudar a evolução em acção", diz Goujie Zhang, um dos responsáveis pelo trabalho, referindo-se à capacidade rápida de adaptação da ave.
Nas últimas décadas, cientistas que estudaram a ave testemunharam a adaptação a mudanças climáticas que ocorreu em gerações. "Ter o genoma sequenciado abre portas para estudos que olham para as mudanças a nível genómico relacionadas com esta evolução rápida", diz Goujie.
Mas este genoma também ajudará a perceber a origem das capacidades vocais deste tentilhão. O Geospiza fortis tem uma linguagem complexa, que não se sabe se é adquirida por um processo de aprendizagem cultural ou se a genética tem um papel nessa aprendizagem, explica Erich Jarvis. Já foram identificados genes importantes para a aprendizagem vocal, mas só numa outra espécie de tentilhão da Indonésia. Por isso, esta sequenciação, diz ainda, contribuirá para "validar essa descoberta".

Fonte: Público

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Brasileiros criam plantas resistentes à seca

Investigadores brasileiros estão a testar em laboratório plantas transgénicas capazes de resistir a longos períodos de seca, numa resposta às preocupações suscitadas pelas alterações climáticas.
"O projeto começou a partir da pesquisa do genoma da planta do café. Nesse estudo, que contou com mais de 100 investigadores, identificámos os 30 mil genes do café e, a partir daí, cada grupo passou a pesquisar uma característica específica", afirmou à Lusa o investigador Eduardo Romano, ao explicar que o seu grupo ficou com a missão de estudar os genes associados à resistência à seca.
Após ser identificado, esse gene foi isolado e testado numa planta-modelo, de uma espécie semelhante à mostarda, com o nome científico Arabidopsis thaliana.
"As plantas que receberam o gene sobreviveram 40 dias sem água, enquanto as que não o receberam morreram após 15 dias sem água", disse Eduardo Romano, que integra a equipa científica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrícola (Embrapa), onde o projeto é levado a cabo.
Graças aos resultados animadores obtidos nas primeiras experiências, a descoberta será testada agora em cinco culturas comerciais, entre elas alguns dos principais produtos de exportação brasileira: cana-de-açúcar, soja, arroz, trigo e algodão.
De acordo com o investigador, exemplares dessas cinco espécies já receberam o gene especial e estão a ser observadas em laboratório. Após o nascimento das primeiras plantas transgénicas, as sementes serão novamente testadas em laboratório para, só então, a partir de uma seleção das melhores amostras, serem iniciados testes de campo.
"Acreditamos que num ano e meio já teremos os resultados da experiência em todas as culturas", avança.
Em paralelo com os estudos de viabilidade do gene da resistência à seca, a equipa está também a realizar testes toxicológicos para garantir que os produtos resultantes das culturas transgénicas serão seguros para consumo.
De acordo com o investigador, já foi possível comprovar que as variedades geneticamente modificadas em estudo não serão propensas a causar alergias.
"Ao longo do desenvolvimento do produto vamos fazendo vários testes. Por exemplo, já vimos que essa proteína não é propensa a causar alergia. Fazemos isso comparando com um banco de dados que a FAO possui", explica.
Segundo Romano, a legislação brasileira atual é bastante rigorosa no controlo de produtos transgénicos e o investimento em testes de biossegurança chega a ser até dez vezes superior ao investimento na pesquisa em si.
A seca figura entre os maiores problemas da agricultura em todo o mundo. A atual estiagem que ameaça a produção de milho nos Estados Unidos levou recentemente a um pedido oficial da Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO) para que o país abandone temporariamente sua produção de biocombustível a partir do milho.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 19 de agosto de 2012

Curiosity testa laser numa rocha de Marte

O rover Curiosity está a preparar-se para pulverizar a sua primeira rocha marciana. O alvo do ChemCam, o laser do robô da NASA, é uma pequena rocha que se encontra ao lado do local onde o Curiosity posou, na cratera Gale.
O breve mas poderoso raio laser do Curiosity vai pulverizar a superfície da rocha, revelando detalhes da sua composição química, explica a BBC.
Chamada N165, a rocha não deverá ter qualquer valor científico, servindo apenas para testar o laser do Curiosity. O robô, cuja missão em Marte passa por analisar as rochas do Planeta Vermelho em busca de vida passada.

Fonte: Diário de Notícias

sábado, 18 de agosto de 2012

"Super-idosos" têm cérebros muito menos envelhecidos do que as pessoas da sua idade

O cérebro encolhe. É um facto normal do envelhecimento. O córtex cerebral diminui de volume ao longo da vida, tal como as nossas memórias se vão perdendo. Há muito que os cientistas estudam a demência ou doenças como a Alzheimer, com o objectivo de aprender algo que possa ajudar a combater tudo o que ponha em risco a consciência, o nosso precioso "eu". Mas as respostas podem vir de onde menos se espera: de pessoas com excelente memória.
A equipa de Emily Rogaslki, da Universidade de Northwestern, em Chicago, nos Estados Unidos, enveredou pelo caminho inverso para tentar atingir esse objectivo. Foi à procura de algo que roça o mito urbano: idosos com um cérebro tão jovem como uma pessoa de meia-idade. E, surpreendentemente, encontrou-os. Os resultados publicados nesta sexta-feira na revista Journal of the International Neuropsychological Society, mostram que pode haver uma alternativa à desmemória inexorável trazida pelos anos.
"Esta descoberta é excepcional, já que a matéria cinzenta ou a perda de células cerebrais é um aspecto do envelhecimento normal", disse Emily Rogaslki, em comunicado.
Esta normalidade está estudada na literatura. Uma pessoa saudável de 80 anos tem uma memória pior do que alguém com 50, que por sua vez terá mais dificuldade em recordar um determinado acontecimento do que um jovem. O fenómeno reflecte-se em testes básicos, mas também é revelado quando se observa a anatomia humana. O córtex - a parte mais externa do cérebro, responsável pelas memórias, atenção, pensamento ou linguagem - diminui de espessura à medida que a idade avança.
"Mas há relatos de indivíduos que parecem imunes à perda da memória", diz o artigo científico. A equipa foi à procura destes casos para ver se esta perda seria inevitável ou se haveria uma "trajectória alternativa que resiste às mudanças anatómicas e cognitivas, características do envelhecimento normal".
Para isso, os cientistas estudaram 12 "super-idosos" com uma média de idades de 83,5 anos, depois de terem feito um teste que mostrava terem uma memória equivalente a pessoas na casa dos 50 e dos 60 anos. A equipa comparou estes "super-idosos" com dois grupos: o primeiro de dez idosos saudáveis com uma média de idades de 83,1 anos, o segundo tinha 14 pessoas com cerca de 57,9 anos. Os três grupos passaram por vários testes cognitivos e, depois, fizeram-lhes imagens de ressonância magnética ao cérebro.
Os resultados foram expressivos: os "super-idosos" tinham uma espessura do córtex cerebral maior do que o grupo de pessoas da mesma idade. Essa espessura era equivalente à do grupo com idades entre os 50 e os 65 anos. "A espessura do córtex dá uma medida indirecta da saúde do cérebro", disse a investigadora. "Um córtex mais espesso sugere um maior número de neurónios."
Uma região que sobressaiu nas imagens e nas medições foi o córtex cingular anterior, responsável pela capacidade de atenção, que nos "super-idosos" chegava a ser maior do que nas pessoas de meia-idade. "É mesmo incrível", disse Rogalski. "Esta região é importante para a atenção, e a atenção suporta a memória. Talvez os "super-idosos" tenham mesmo uma atenção mais aguçada e isso suporta a sua memória excepcional."
Para a cientista, estes resultados podem vir a ajudar a tratar problemas como a doença de Alzheimer, que é degenerativa e cujos primeiros sinais são a perda gradual das recordações. "Podemos começar a perceber como é que os "super-idosos" conseguem manter a sua boa memória. O que aprendemos com estes cérebros saudáveis pode ajudar nas estratégias para melhorar a qualidade de vida dos idosos e combater a doença de Alzheimer."
Mas esta população é mínima. Só 10% das pessoas que disseram ter uma capacidade extraordinária de guardar lembranças é que conseguiram passar os testes da equipa.
Uma das questões que o artigo levanta é como é que estas pessoas chegaram a estas idades assim: será que já nasceram com um córtex particularmente grande? Ou será que houve uma diminuição muito mais lenta do cérebro do que o normal? Qualquer que seja a resposta, o trabalho "demonstra como a manutenção de uma memória superior, acompanhada pela integridade do córtex, é possível a nível biológico".
“Estamos a seguir estes indivíduos em intervalos regulares de 18 meses e vamos recolher informações sobre o contexto genético, o tipo de vida que levam, a história médica. Também pedimos para doarem os cérebros na altura da morte. No fim, esperamos identificar as características biológicas que promovem a capacidade funcional nas pessoas mais velhas”, disse ao PÚBLICO a investigadora.

Fonte: Público

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Avião supersónico desintegra-se sobre o Pacífico

A Força Aérea norte-americana realizou ontem um voo de teste com o seu avião supersónico não tripulado X-51A WaveRider. Mas uma falha técnica fez com que o avião se desintegrasse.
X-51A Wave Rider foi lançado com êxito e soltou-se corretamente do bombardeiro B-52 que o transportava, no entanto, teve uma falha técnica aos 16 segundos de voo e acabou por se desintegrar sobre o Oceano Pacífico, informou uma fonte do Pentágono, citada pela agência Efe.
"É lamentável que um problema técnico tenha abortado tão rapidamente o voo antes de se poder ligar o motor "scramjet" (que permite alcançar velocidades supersónicas), afirmou Charlie Brink, reponsável pelo Programa de Investigação do X-51A da Força Aérea dos Estados Unidos. "Todos os dados mostravam que que haviam condições adequadas para se dar a ignição e estávamos muito esperançados em poder cumprir os objetivos do teste", adiantou.
O Pentágono informou que irá agora realizar uma investigação rigorosa para se ficarem a conhecer as causas da falha. O X-51A esperavam que neste teste a aeronave atingisse a velocidade supersónica durante 300 segundos, até submergir no Oceano Pacífico.
Este terá sido o terceiro voo experimental de um programa que começou em 2004, com financiamento da NASA e do Pentágono. O primeiro WaveRider, construído pela Boeing, foi testado em maio de 2010 e atingiu os 3500 quilómetros por hora durante 143 segundos, quando teve um problema técnico. O segundo teste, realizado em junho de 2011, também terminou mais cedo do que o esperado.
A Força Aérea norte-americana tenciona desenvolver esta tecnologia para transportar mísseis ou aviões para qualquer parte do mundo em poucos minutos, não dando tempo aos inimigos para reagir. Para além da velocidade, as aeronaves supersónicas voarão a grande altitude, fora do alcance do fogo inimigo ou mesmo de um míssil.

Fonte: Diário de Notícias

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O que faz Paris ser Paris e não Praga, Barcelona, Nova Iorque ou Londres

Fala-se de Paris como a mais romântica das cidades. Mas o que distingue a capital francesa — filmada rua a rua em Antes do Anoitecer e em tantos outros filmes com uma carga romântica tão forte como a interpretada por Ethan Hawke e Julie Delpy — podem afinal ser aspectos arquitectónicos e de design bem mais concretos: a forma e a cor das placas que assinalam as ruas, os tipos de candeeiros de pé distribuídos pela cidade ou as grades que delimitam as varandas das casas.
Cientistas da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, nos Estados Unidos, trabalharam dados visuais do Google Street View à procura de características distintivas de 12 cidades, entre as quais a capital francesa. E afinal, O que faz com que Paris se pareça com Paris?, questiona a equipa no título do artigo, publicado na revista ACM Transactions on Graphics. A resposta não é definitiva, mas o trabalho mostra que a análise de imagens pode ajudar a compreender a experiência estilística que se sente quando se está lá.
“O nosso laboratório tem estado interessado no problema da geolocalização, ou seja, em conseguir inferir onde é que uma fotografia foi tirada”, explica-nos Carl Doersch, um dos autores do artigo.
Há uma grande diferença em como as pessoas e os computadores identificam o local onde as imagens foram tiradas. “Se uma pessoa cataloga uma imagem como sendo de Paris, normalmente consegue apontar ‘elementos visuais’: placas com os nomes das ruas ou varandas. Mas, antes do nosso trabalho, os computadores tratavam as imagens como uma colecção de linhas e curvas: uma imagem seria de Paris se tivesse o número certo de linhas no local correcto”, explica Doersch. A equipa, liderada por Alexei Efros, quis mudar isso. Usando um programa informático que está sempre a aprender, os cientistas tentaram identificar os elementos visuais que caracterizam uma região, e que, depois, fazem sentido para as pessoas como elementos distintivos das cidades.
Para isso, utilizaram o Google Street View, um programa onde se podem ver fotografias de alta resolução de muitas regiões do mundo, permitindo fazer autênticas tours virtuais pelas avenidas das grandes metrópoles. Os cientistas escolheram cerca de 10.000 imagens do programa por cada cidade que analisaram: Paris, Londres, Praga, Barcelona, Milão, Nova Iorque, Boston, Filadélfia, São Francisco, São Paulo, Cidade do México e Tóquio.
Depois, procuraram padrões dentro das imagens que ocorressem frequentemente e fossem ao mesmo tempo discriminativos. A Torre Eiffel é uma construção única no mundo, mas nas fotografias de Paris aparece tão raramente que é inútil para identificar a cidade. Pelo contrário, os passeios de Paris são comuns, mas são iguais aos de tantas outras cidades. “O maior desafio é que a esmagadora maioria da informação [nas imagens] é desinteressante. Por isso, encontrar os raros elementos que interessam é como encontrar uma agulha no palheiro”, explica o artigo.
Primeiro, a equipa escolheu milhares de elementos que sobressaíam nas fotografias. Depois, verificou se estes elementos estavam limitados geograficamente ou existiam em todas as cidades. Finalmente, obrigou o programa informático a aprender a agrupar correctamente os elementos interessantes e distintivos de cada cidade. Deste modo, os cientistas determinaram que as placas das ruas eram diferenciadoras de Paris. Que o formato do candeeiro de pé de Londres era diferente do de Paris e que também era diferente do de Praga. Ou que os gradeamentos à frente dos edifícios londrinos eram únicos.
Uma das conclusões é que as cidades europeias têm muito mais características distintivas do que as dos Estados Unidos. Carl Doersch justifica esta diferença devido à mistura cultural na América e, por outro lado, porque os norte-americanos têm aversão a regulamentos que interfiram na liberdade privada. “Cada cidade dos EUA tem muitas diferenças e não há um estilo único dominante.”

Da Grécia a Portugal
Mas o investigador diz que este programa pode vir a influenciar a urbanização. “Um software que for construído a partir do nosso pode ajudar os arquitectos a compreender o estilo das cidades para onde desenham edifícios e levar o público a apreciar o estilo e a história da sua própria região. Nesse caso, os construtores passariam a dar mais atenção ao estilo de uma cidade e a mantê-lo.”
Há também um contexto histórico que os autores defendem que estes resultados podem elucidar. Muitos elementos arquitectónicos que o programa identifica são partilhados entre algumas cidades. De certa forma, este padrão responde à questão de como um lugar acabou por ser como é. “Há uma narrativa estilística que começa na Grécia antiga e que se move tanto no espaço como no tempo, primeiro para Roma, depois para França, Espanha e Portugal, e finalmente para o Novo Mundo”, explica Alexei Efros. Ao identificar esses elementos arquitectónicos partilhados, poderá descobrir-se até a“história de outras influências, subjectivas e difíceis de quantificar, entre estes locais”. E a capital portuguesa, o que a tornará única? “Infelizmente, não estudei Lisboa. Por isso, não consigo adivinhar o que encontraria”, responde Carl Doersch.

Fonte: Público

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Google Earth pode ter descoberto pirâmide gigantesca

Arqueóloga usou o Google Earth para fazer a sensacional descoberta daquilo que parece ser uma pirâmide três vezes maior que a grande pirâmide de Gizé.
A arqueóloga Angela Micol passou dez anos a investigar a bacia hidrográfica do Nilo, no Egito, e agora assinalou dois locais que apresentam inequivocamente a forma de pirâmides.
Segundo avança o jornal "The Sun", um dos locais assinalados revela o que parece ser a base de uma pirâmide, quase três vezes maior que a grande pirâmide de Gizé. Falta ainda confirmar se se trata efetivamente de uma pirâmide genuína o que, a confirmar-se, poderá ser uma das maiores descobertas arqueológicas de todos os tempos.
A arqueóloga norte-americana prepara agora uma expedição ao local para perceber exatamente o que é o misterioso local revelado pelo Google Earth. "Numa observação mais atenta, esta formação parece ter uma superfície lisa e numa curiosa forma triangular", diz, "as imagens falam por si próprias e é óbvio que os locais assinalados têm qualquer coisa, mas são necessárias pesquisas no local para perceber melhor do que se trata".

Fonte: Diário de Notícias

terça-feira, 14 de agosto de 2012

E se um líder terrorista fosse preso com a ajuda de um algoritmo?

Um falso rumor na Internet tem uma fonte primordial, assim como uma epidemia tem início num surto localizado ou uma rede de terroristas tem um líder que comanda actos como o ataque de 11 de Setembro de 2001. O que costuma ser difícil, mas determinante para combater estas situações, é encontrar a origem destes fenómenos que acontecem através de redes de comunicação. Mas um algoritmo desenvolvido por um português, com outros colegas, pode ajudar a determinar a origem de fenómenos deste tipo, com poucos pontos de monitorização destas redes. O estudo foi agora publicado na revista Physical Review Letters.
Osama bin Laden, o líder da Al-Qaeda morto em 2011, foi o responsável último pelos ataques às Torres Gémeas e ao Pentágono e pela tentativa falhada à Casa Branca, a 11 de Setembro de 2001. Mas foi Mohamed Atta, o piloto do avião que embateu contra a torre Norte, que organizou o esquema terrorista. Poucos dias depois dos ataques, os Estados Unidos conseguiram unir as ligações da rede terrorista e Atta foi identificado como o responsável pelo esquema.
Pedro Pinto, cientista português a trabalhar na Escola Politécnica Federal de Lausana, Suíça, chegou quase à mesma conclusão, quando utilizou um modelo algorítmico que desenvolveu com Patrick Thiran e Martin Vetterli, ambos da mesma instituição. "Para o modelo funcionar, é preciso perceber a rede", disse Pedro Pinto.
Um exemplo muito actual é o Facebook, uma rede social onde as pessoas têm amigos, que por sua vez têm mais amigos, alguns comuns, outros não, e assim sucessivamente. Cada pessoa é um nó nesta rede e quando um rumor é lançado por alguém propaga-se. A altura em que esse rumor chega a um dado utilizador depende do número de nós que há entre essa pessoa e a fonte do rumor, e o tempo que a informação demora a ser transmitida de nó em nó.
Segundo Pedro Pinto, que fez Engenharia Informática na Universidade do Porto antes do doutoramento no Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, e de ir para a Suíça, o estudo dos vírus informáticos ajudou muito a prever como se propaga a informação na Internet. Mas o inverso, detectar a origem dos vírus quando eles já estão espalhados, não era nada fácil.
Para resolver esse problema, a equipa partiu de uma investigação sobre um surto de cólera na África do Sul. "Tínhamos os dados, formulámos o modelo de como o vírus se propagou [nas redes de água, de transportes e nos rios] e desenvolvemos os métodos para determinar a origem [do surto]", explicou o cientista. Depois, a equipa testou o algoritmo noutro tipo de redes.
Um desafio complicado é o das redes terroristas: estão escondidas, a informação passa de várias formas entre os seus membros e com frequência muito variável. O grupo responsável pelos ataques do 11 de Setembro foi alvo de testes deste algoritmo, chamado SparseInf. Para tornar o teste realista, a equipa partiu do princípio de que só conseguia espiar a informação que passava por dois elementos da rede.
Os cientistas utilizaram a informação que foi publicada nos jornais sobre as ligações entre os 62 elementos conhecidos da rede. Fizeram vários testes à procura do seu líder, em que um dos membros espiado era sempre o mesmo e o outro variava. Num dos pares, o algoritmo conseguiu reduzir os potenciais cabecilhas dos ataques do 11 de Setembro a três terroristas - e um deles era Mohamed Atta.
Apesar dos aperfeiçoamentos que ainda são necessários, o algoritmo mostra que "um pequeno número de observadores pode ser uma alternativa eficiente à monitorização de cada um dos nós numa rede", conclui o artigo. E pode ser pensado para situações tão diversas como a monitorização de uma substância tóxica introduzida numa estação de metro ou o alastrar de uma pandemia global de aeroporto em aeroporto. "Quase todos os sistemas podem ser modelados por redes", diz Pedro Pinto, que vai disponibilizar o programa no seu site para "quem quiser brincar com ele".
Agora, o cientista está interessado em estudar os nós mais influentes na Internet, como blogues, que podem, por exemplo, permitir às agências publicitárias escolher um público-alvo para um produto.

Fonte: Público

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Empresa holandesa quer filmar "reality show" em Marte

Uma empresa holandesa disse que ia oferecer viagens para Marte e filmar a experiência como um "reality show", noticiou a agência France Press (AFP).
A ideia da empresa designada "Mars One" (Marte 1) é fazer aterrar quatro astronautas em Marte em 2023, sete anos antes do objetivo da agência espacial norte-americana NASA, e iniciar o recrutamento de voluntários no próximo ano.
O programa contempla apenas bilhetes de ida para o planeta Marte.
Apesar do ceticismo de especialistas, a empresa "Mars One" ganhou o apoio do Prémio Nobel Gerard Hooft, galardoado com o prémio da Física em 1999.
"A minha primeira reação foi: 'isto nunca vai funcionar'. Mas um olhar mais atento ao projeto convenceu-me. Eu penso que vai ser mesmo possível", disse Hooft à AFP.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 12 de agosto de 2012

Maias já tinham perus domésticos há 2000 anos

Ossos de perus encontrados na década de 1980 em El Mirador, uma cidade da antiga civilização maia, na Guatemala, deixaram pasmados uma equipa de cientistas. As aves pertenciam à espécie domesticada e terão sido transportadas ao longo de centenas de quilómetros. Nada disto seria uma surpresa se a datação dos ossos não obrigasse a recuar em mil anos a data do uso mais antigo de perus domésticos pelos maias, diz agora um artigo na revista Public Library of Science One (PLoS One).
A carne de peru está à venda em qualquer supermercado. Mas, ao contrário da galinha ou do coelho, que foram domesticados deste lado do Atlântico, aquela espécie foi trazida do Novo Mundo. Original do México, era das poucas espécies domesticadas pelos povos mesoamericanos, onde há vestígios arqueológicos seus entre 800 e 100 anos a.C.
Mas pensava-se que os maias só tinham começado a criar o peru muito depois - trazido da região do México -, entre 1000 e 1500 d.C. Até lá, os perus usados para comer ou sacrificar seriam de uma espécie selvagem da península de Iucatão.
Os vestígios dos fósseis de sete indivíduos estavam num museu em Brigham, no Utah, EUA, até serem enviados para Erin Thornton, do Museu de História Natural da Florida para serem estudados. "Estes ossos vieram do recinto de cerimónias, por isso provavelmente são restos de algum tipo de sacrifício feito por elites, ou de uma refeição ou festim", disse Thornton, co-autora do artigo.
Os ossos datam de 300 a.C. a 100 d.C., durante o período pré-clássico maia em que El Mirador era uma potência. Pela morfologia e genética, concluiu-se que os ossos eram da espécie domesticada. Por isso, os perus tiveram de ser transportados ao longo de 650 quilómetros. Os ossos eram de fêmeas, machos e crias, o que permite fazer criação, e os indivíduos tinham asas subdesenvolvidas, um sinal de domesticação. Não se sabe se estes perus foram criados ali ou transportados, mas a descoberta obriga a repensar a alimentação e o comércio dos maias.

Fonte: Público

sábado, 11 de agosto de 2012

Sol brilha no meio de matéria escura

Poderia pensar-se num erro estatístico qualquer, mas o facto é que os astrofísicos não conseguem encontrá-lo e por isso afirmam - e publicaram agora na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society - que estão "99% seguros de que existe matéria escura em torno Sol". É assim que Silvia Garbari, a coordenadora da equipa que fez o estudo, na Universidade de Zurique, resume a questão, citada num comunicado da sua universidade.
A matéria escura é um verdadeiro mistério. Proposta pelo astrónomo suíço Fritz Zwicky, na década de 1930, para explicar o motivo por que as galáxias não se desagregam - ela seria essa massa agregadora - a matéria escura nunca foi vista por nenhum cientista, apesar de vários observatórios no mundo estarem há anos à sua procura.
Apesar de nunca ter sido encontrada, a matéria escura é um dado adquirido para os físicos. Para além das observações que levaram Fritz Zwicky a pensar nela, há quase 80 anos, um holandês chamado Jan Oort descobriu por volta da mesma época que a densidade da matéria em torno do Sol era praticamente o dobro da que era possível observar. A ideia de matéria escura vinha mesmo a calhar.
Os cientistas pensam atualmente que 23% do universo é feito de matéria escura, porque observam nas galáxias e estrelas distantes efeitos que sugerem a existência de uma maior densidade de matéria do que aquela que encontram.
Tem sido assim até agora, embora contas dos últimos anos aplicadas ao Sol tenham chegado sistematicamente a valores de matéria escura inferiores ao que se esperava. Ou seja, havia um duplo mistério: o universo estava cheio dela e o Sol nem por isso.
A equipa de Silvia Garbari diz ter dado um passo mais na determinação dessa misteriosa matéria que ninguém vê, ao conciliar as duas coisas: afinal não falta a tal matéria escura em torno do Sol.
Para chegar a esta conclusão, os astrofísicos de Zurique desenvolveram uma nova técnica de medição. Aplicaram as suas contas à Via Láctea, usando os dados mais recentes sobre ela, e depois voltaram-se para Sol e com as equações corrigidas, encontraram a matéria escura que faltava junto ao Sol segundo as contas das duas últimas décadas.
Resta agora o mistério da matéria escura, que está lá, mas que nunca ninguém viu. Uma ideia que anda agora no ar é que ela é constituída por partículas que interagem de forma muito fraca com a matéria "normal". A maior certeza é a de que os estudos vão prosseguir.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Descobertos os “fósforos” mais antigos, usados para fazer fogo por fricção

Os fósforos como os conhecemos agora são uma invenção do século XIX, mas desde a pré-história que o homem faz fogo. Para isso, os povos utilizavam uma parafernália de utensílios. Uma equipa da Universidade Hebraica de Jerusalém analisou pequenos objectos de barro com 8000 anos, que antes se pensava serem formas fálicas de culto, e percebeu que serviam como “fósforos” para atear a chama. Estes “fósforos” são os mais antigos até agora encontrados, segundo o artigo publicado na revista PLoS One.
A equipa de Naama Goren-Ibar estudou mais de 80 destes objectos descobertos no sítio arqueológico de Sha’ar HaGolan, no Nordeste de Israel, onde há 8000 anos florescia a cultura neolítica Yarmukian. Os objectos estavam no Museu de Israel em Jerusalém classificados como objectos de culto.
Goren-Ibar em visita ao Museu viu naqueles objectos outro propósito. “Veio-me imediatamente à cabeça que estes objectos eram muito parecidos com todos os paus que se usam para fazer ‘fogo por fricção’”, explicou a investigadora, citada pela BBC News. “Temos provas da utilização de fogo feito pelos humanos modernos e pelos Neandertais, devido a [elementos arqueológicos como] madeira queimada, cinzas e lareiras. Mas nunca foi encontrado nada que se relacionasse com a forma de atear o fogo.”
O fogo por fricção pode ser feito com um arco de madeira com um cordão que prende uma broca – um pedaço de madeira cilíndrico. A ponta esférica deste pedaço de madeira ajusta-se a um buraco feito numa placa de madeira que fica no chão. Segurando a broca com uma pedra, pode-se utilizar o arco e a corda para girar a broca e fazer fricção na madeira ateando o fogo.
A equipa da Universidade Hebraica de Jerusalém tentou perceber se os pequenos paus de barro cozido funcionavam como brocas. Estes paus, que tinham entre três e seis centímetros de comprimento e entre 1,2 e 1,4 centímetros de largura, eram cilíndricos com as pontas arredondadas, em forma de cone ou com uma forma irregular. Muitos estavam partidos, mas alguns permaneceram intactos ao longo de milénios.
A equipa identificou estrias e marcas lineares nas pontas dos paus e relacionou essas marcas com a fricção feita para atear o fogo. Além disso, encontrou partes chamuscadas nos “fósforos” e marcas na parte lateral que poderiam ter sido feitas pelas cordas do arco. “Propomos que estes objectos sejam o registo mais antigo de fósforos – brocas que serviam como componente de um mecanismo avançado para produzir fogo”, sugere o artigo.
Os autores não refutam o aspecto simbólico dos “fósforos”. A nível etnográfico, estas brocas e a placa de madeira “representavam o órgão sexual masculino e feminino”, defende o artigo.

Fonte: Público

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sistema operativo Android continua a liderar mercado

O sistema operativo Android, que integra os telemóveis inteligentes como os da Samsung, continuou a liderar o segmento no segundo trimestre, com uma quota de 68,1 por cento, segundo dados da consultora IDC hoje divulgados.
Em segundo lugar está o iOS, sistema operativo dos telemóveis da Apple, os iPhone, com uma quota de 16,9 por cento, seguido do BlackBerry OS, com uma posição de 4,8 por cento.
O sistema operativo de um telemóvel é a base de funcionamento do dispositivo.
O Symbian tinha uma quota de 4,4 por cento, o Windows Phone 7/Windows Mobile uma posição de 3,5 por cento e o Linux 2,3 por cento.
De acordo com a IDC, o sucesso no mercado do sistema Android assenta "diretamente na Samsung, que representou 44 por cento das encomendas de todos os 'smartphones' com Android no segundo trimestre".
A BlackBerry, uma das pioneiras e líderes do mercado de telemóveis inteligentes a nível mundial, atingiu neste segundo trimestre níveis nunca vistos desde os primeiros três meses de 2009.
A BlackBerry perdeu "significante quota de mercado para os outros sistemas operativos", continuando vulnerável à concorrência, já que o lançamento do novo telemóvel foi adiado para 2013.

Fonte: Diário de Notícias

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Há cada vez mais provas de que o cancro nasce de células estaminais

Três equipas de cientistas de vários países revelaram novas provas, em experiências em ratinhos, da existência das controversas células estaminais cancerígenas e dizem que elas são as sementes dos cancros: originam todas as células malignas, suportam o crescimento dos tumores, criam as metástases e, como se não bastasse, resistem aos tratamentos convencionais. Publicados esta semana para diferentes tipos de cancro, dois dos trabalhos surgem na revista Nature e o terceiro na Science.
Deu-se a estas células o nome de "células estaminais cancerígenas" porque - tal como as normais células estaminais dos embriões e dos adultos, capazes de dar origem a diferentes tipos de tecidos no organismo - conseguem dividir-se vezes sem conta. Mais: é delas que descendem todas as outras células de um cancro e que, ainda por cima, não são todas iguais. Também lhes chamam "células iniciadoras dos tumores".
Segundo a hipótese das estaminais cancerígenas, nos cancros há uma hierarquia - e no topo da pirâmide encontram-se estas células. "Estão em menor número, mas fazem muitos estragos", explica Célia Gomes, que estuda as estaminais cancerígenas no Instituto de Investigação da Luz e da Imagem da Faculdade de Medicina de Coimbra. "As estaminais cancerígenas são uma das explicações para a heterogeneidade das células dos tumores."
Proposta há algumas décadas, esta hipótese tem suscitado grande debate. Foi em 1994 que estas células foram identificadas pela primeira vez de forma conclusiva, na leucemia: quando transplantadas para ratinhos com o sistema imunitário enfraquecido, essas células formaram tumores com as mesmas características. "Segundo a teoria, só estas células têm capacidade de gerar um tumor. Qualquer outra desse tumor que não seja estaminal não tem essa capacidade", explica Célia Gomes.
Desde a década de 1990, a hipótese foi ganhando força com a identificação de células estaminais cancerígenas em cancros como o da mama, da próstata, do cérebro e pâncreas.
Mas o papel exacto que elas desempenham continua a suscitar debate. Será que, como propõe a hipótese, são realmente responsáveis pelo início dos cancros, pelo seu crescimento e pela sua disseminação a outros tecidos e órgãos? Também não é muito claro se resultam da transformação de células estaminais adultas, que deixaram de ser capazes de controlar a proliferação, ou de células já diferenciadas que ganharam características das estaminais.
"O tumor pode ter origem em mutações que ocorreram em células estaminais adultas. Todos nós as temos e, no caso de haver um dano no organismo, elas dividem-se e o tecido regenera-se", explica Célia Gomes. "Ou podem ocorrer mutações em células não-estaminais, que fazem com que elas adquiram o comportamento das estaminais", acrescenta a cientista, considerando que as duas origens são possíveis.
Como as estaminais cancerígenas diferem de cancro para cancro, como explica Célia Gomes, é preciso localizar esse reservatório de malignidade para cada um deles. As três equipas dizem agora ter identificado, de forma independente, as estaminais de diferentes cancros e lesões pré-malignas.
A de Arnout Schepers, do Centro Médico da Universidade de Utrecht, na Holanda, confirmou as suas suspeitas para os adenomas intestinais, pólipos no cólon e recto. "Mediante estudos em ratinhos, apresentamos provas directas e funcionais da actividade das células estaminais nos adenomas intestinais primários, precursores do cancro intestinal", diz o grupo de Schepers na Science.
Já a equipa de Cédric Blanpain, da Universidade Livre de Bruxelas, seguiu a evolução de um grupo de células de um cancro da pele, o carcinoma de células escamosas, e apontou-as como as iniciadoras de tudo.
Por fim, a equipa de Luis Parada, da Universidade do Sudoeste do Texas, nos EUA, identificou as estaminais cancerígenas do glioblastoma - um cancro do cérebro agressivo e com mau prognóstico, porque resiste à terapêutica e reaparece após a cirurgia. Além disso, as suas experiências mostraram que, depois da quimioterapia, esse pequeno número de células foi a fonte que alimentou novamente o cancro.
Vários trabalhos têm concluído que estas células são muito resistentes aos tratamentos convencionais (quimio e radioterapia), pelo que têm de ser um alvo para novos medicamentos. Aliás, Célia Gomes fez estudos deste género para o osteossarcoma, cancro dos ossos que atinge sobretudo crianças e adolescentes, e em Abril deste ano o seu grupo publicou os resultados na revista BMC Cancer. "Isolámos e caracterizámos uma subpopulação de células com características de estaminais e estudámos os efeitos que a quimioterapia e a radioterapia têm nelas. Verificámos que resistem mais a estas terapias", diz."Elas podem ser responsáveis pelo aparecimento de recidivas nos doentes de osteossarcoma. A taxa de sobrevida anda à volta dos 70% em cinco anos. Mas, destes 70%, cerca de 30 a 40% têm recidivas", acrescenta. "Muitas vezes, a seguir aos tratamentos observa-se uma diminuição significativa da massa tumoral. Estas células não se vêem numa TAC ou PET - é como se tivessem hibernado e deixam se ser atingidas pelas terapias convencionais, que têm como alvo as células muito proliferativas. Não estando a dividir-se, não são atingidas, mas estão lá e podem voltar a dar origem a tumores."
Todos estes estudos mudam a forma de olhar para o cancro? "Mudam", responde Célia Gomes. As estaminais cancerígenas não podem ficar de fora dos tratamentos e esta nova visão é importante para se desenvolverem novos medicamentos que, usados em combinação com a quimio e a radioterapia, as atinjam.
Mas as terapias não poderão centrar-se só nas células estaminais, explica a cientista: "Porque, ao longo do desenvolvimento do tumor, uma subpopulação de células não-estaminais pode adquirir características estaminais. [O cancro] é um processo dinâmico."

Fonte: Público

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Resistência à quimioterapia é provocada pelo tratamento

A resistência à quimioterapia, que afeta nove em cada dez pessoas com um tumor sólido metastizado, é afinal causada pelo próprio tratamento anticancerígeno, revela um estudo publicado hoje na revista científica Nature Medicine.
Cientistas do centro de investigação oncológica "Fred Hutchinson", em Seatle, EUA, escrevem que a quimioterapia leva as células cicatrizantes que rodeiam o tumor a produzir uma proteína que acaba por ajudar o cancro a resistir ao tratamento.
O próximo passo, dizem os investigadores, será encontrar uma forma de bloquear este efeito.
Segundo o estudo, cerca de 90% dos doentes com cancros sólidos - como o da mama, da próstata, do pulmão ou do cólon - que se espalharam pelo corpo (metastizados) desenvolvem resistências à quimioterapia.
Este tratamento é normalmente dado a intervalos para que o corpo do doente não seja prejudicado pela sua toxicidade, mas estes períodos permitem que as células tumorais recuperem e desenvolvam resistências.
A investigação centrou-se na reação que a quimioterapia provoca nos fibroblastos, células que desempenham um papel importante na cicatrização e na produção de colagénio.
Segundo os investigadores, a quimioterapia danifica o ADN e leva os fibroblastos a produzirem até 30 vezes mais do que deviam de uma proteína chamada WNT16B.
Esta proteína estimula o crescimento das células tumorais e ajuda-as a invadir os tecidos que as rodeiam e a resistir ao tratamento.
As funções desta proteína no desenvolvimento do cancro já eram conhecidas, mas é a primeira vez que os cientistas a relacionam com a resistência à quimioterapia.
Os investigadores esperam que a sua descoberta ajude a descobrir uma forma de travar esta resposta e aumentar a eficácia do tratamento.
"Os tratamentos contra o cancro estão a tornar-se cada vez mais específicos (...). A nossa descoberta indica que o microambiente que rodeia o tumor também pode influenciar o êxito ou o fracasso destas terapias", explicou Peter Nelson, autor principal do estudo, citado pela cadeia britânica BBC.

Fonte: Diário de Notícias