quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Feliz Halloween


Escaravelho usa a bola de estrume como aparelho de ar condicionado, com sauna incluída

Já se sabia que as bolas de estrume transportadas pelos escaravelhos são usadas como alimento, fertilizante e incubadora de ovos. O que não se sabia, e um grupo de cientistas descobriu agora, é que os escaravelhos do estrume também usam as bolas para se refrescarem, como um aparelho de ar condicionado portátil.
Oriundos de regiões onde as temperaturas atingem os 50 graus Celsius, como o Senegal, Moçambique ou Zimbabwe, estes animais desenvolveram técnicas para se manterem frescos e suportarem o calor.
O transporte das bolas de estrume é feito quase sempre pelos machos, que as encaminham até à toca escavada pela fêmea. Ela é importante para a sua sobrevivência, mas a caminhada não deixa de ser uma tarefa difícil, se pensarmos no esforço que têm de fazer para transportar uma bola maior do que eles, de cabeça para baixo e com as patas da frente a tocar o chão, que está muito quente. As bolas chegam a atingir quatro centímetros de diâmetro, enquanto este escaravelho tem três, no máximo.
Usando a técnica de termografia infravermelha, que permite determinar a temperatura de um corpo sem ser necessário tocar-lhe, o grupo de cientistas liderado por Jochen Smolka, da Universidade de Lund, na Suécia, mostrou que os escaravelhos do estrume também usam a sua bola como refugio térmico portátil, subindo para ela quando a temperatura do solo é muito alta.
Feito com escaravelhos da espécie Scarabaeus Lamarcki, o estudo foi dividido em três partes. Na primeira, os cientistas analisaram o comportamento dos escaravelhos a empurrar a bola pelo chão, que atingia primeiro 51,3 graus Celsius e depois 57 graus. Na segunda parte, repetiram a experiência no chão mais quente (com os 57 graus), mas calçaram aos escaravelhos umas botas de silicone, para não sentirem o calor. Na última parte, os escaravelhos foram convidados a empurrar primeiro uma bola de estrume que tinha estado no frigorífico e depois outra que tinha sido aquecida.
No primeiro caso, quando o chão estava menos quente (51,3 graus), os escaravelhos empurraram a bola sem parar, mas quando estava mais quente paravam frequentemente e iam para cima dela. No segundo teste, apesar de a temperatura do chão ser elevada, como os escaravelhos tinham as botas calçadas não sentiam o calor do chão e, por isso, subiram menos vezes para a bola do que quando estavam descalços. Já no terceiro teste, subiam menos para as bolas arrefecidas no frigorífico do que para as que tinham sido aquecidas, porque a evaporação ocorrida nestas bolas ajudava-os a refrescarem-se. Tinham assim uma sauna privada.
Publicado na revista Current Biology, este estudo permitiu concluir que os escaravelhos sobem mais para as bolas, quando o calor aperta, e fazem-no sete vezes mais depressa, quando chão está mais quente. “Os escaravelhos usam a bola para se refrescar, porque aquecem com facilidade a empurrar uma enorme bola de estrume sobre a areia ardente de África”, diz Smolka, num comunicado.
Registadas em vídeo, as imagens do transporte do estrume permitiram ainda ver que os escaravelhos ficam algum tempo a passar as patas pela cara quando sobem para bola, como se estivessem a lavá-la. Para a equipa, este comportamento é semelhante ao das formigas do deserto, que regurgitam um líquido para as patas para as refrescarem.
O caso dos escaravelhos e das suas bolas de estrume mostra, no final, como os seres vivos são versáteis. “Através da evolução, estruturas já existentes adaptam-se a novas finalidades — neste caso, é o uso de uma fonte de alimento para termorregulação”, remata o cientista.

Fonte: Público

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Há duas maneiras de esquecer uma má recordação por vontade própria

No filme O Despertar da Mente (Eternal Sunshine of the Spotless Mind), as personagens interpretadas por Jim Carrey e Kate Winslet decidem apagar das suas mentes todas as recordações do outro. Já não se amam e querem ver-se livres dessa parte da sua vida. Para isso, submetem-se a um procedimento não cirúrgico capaz de limpar “cirurgicamente” a memória.
Agora a sério: se quisesse bloquear, reprimir, esquecer algo muito desagradável que viveu ou presenciou, se se propusesse apagar essa má recordação da sua cabeça, como acha que faria? Diversos estudos realizados ao longo da última década sugerem que existem pelo menos duas maneiras de suprimir deliberadamente uma má recordação. E agora, pela primeira vez, uma equipa de cientistas britânicos concluiu não apenas que esses dois mecanismos funcionam mesmo, mas que cada um deles se processa através de um circuito cerebral diferente. “Este estudo mostra pela primeira vez a existência de dois mecanismos que conduzem ao esquecimento intencional”, diz em comunicado Roland Benoit, da Universidade de Cambridge, que liderou o estudo, publicado numa das últimas edições da revista Neuron.
As duas estratégias que permitem esquecer, “com o controlo da mente”, por assim dizer, aquela gaffe monumental que cometemos no jantar do outro dia — ou, num registo mais sombrio, aquela cena de violência que nos deixou tão perturbados — são, no fundo, opostas uma da outra. A primeira consiste simplesmente em obrigarmo-nos a bloquear a memória funesta quando surge; a segunda, em fomentar a sua substituição por outra, mais agradável, de cada vez que a recordação indesejável nos acossa. Em ambos os casos, o objectivo é não deixar a má recordação tornar-se consciente.
Para ver o que acontecia no cérebro durante a utilização de cada uma destas abordagens, os cientistas recorreram à técnica de ressonância magnética funcional, que permite visualizar as zonas que se activam no cérebro das pessoas, enquanto elas efectuam uma dada tarefa. Neste caso, os participantes no estudo, que tinham começado por memorizar certas associações entre pares de palavras, tentavam a seguir esquecer essas associações quer através do seu bloqueio, quer da sua substituição.
Os investigadores puderam assim observar que cada uma das estratégias, que se revelaram ser igualmente eficazes — tanto uma como a outra resultaram efectivamente num esquecimento —, activava circuitos neuronais distintos. Durante a supressão de uma memória, o córtex pré-frontal dorsolateral inibia a actividade do hipocampo, estrutura cerebral essencial à rememoração de acontecimentos passados (é no córtex, a “casca” do cérebro humano, onde residem as nossas funções cognitivas mais sofisticadas). Mas durante a substituição por outra memória, a actividade verificava-se em duas outras regiões: no córtex pré-frontal caudal e no córtex pré-frontal mesoventrolateral, “ambas envolvidas em fazer uma memória entrar na nossa consciência mesmo quando outras memórias estão a desviar a nossa atenção”, explica o comunicado.
“Uma melhor compreensão destes mecanismos e dos seus componentes”, diz Benoit, “poderá um dia ajudar-nos a perceber as perturbações da regulação das memórias, tal como o stress pós-traumático.” Segundo o investigador, o facto de saber quais são os processos neurais que contribuem para o esquecimento pode ser útil do ponto de vista terapêutico, porque talvez haja pessoas que têm mais jeito para pôr em prática uma das estratégias do que a outra.

Fonte: Público

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Corrente de estrelas é sugada pela Via Láctea

Astrónomos da Universidade de Yale descobriram uma corrente de estrelas, possivelmente pertencente aos restos de um aglomerado de galáxias, que está a ser lentamente engolida pela nossa galáxia, a Via Láctea.
"A Via Láctea engole constantemente pequenas galáxias e aglomerados de estrelas", explicou a astrónoma Ana Bocana, citada pelo ABC. A investigadora publicará em breve uma explicação sobre o assunto na revista "Astrophysical Journal Letters". "A poderosa gravidade da nossa galáxia atraí objetos e estrelas que passam a fazer parte da Via Láctea", conclui a pesquisadora.
"A nossa descoberta é mais um ligeiro aperitivo do que uma refeição abundante para a Via Láctea", diz Marla Geha, professora de astronomia na Universidade de Yale e co-autora da pesquisa. "O estudo em detalhe deste processo é muito importante porque nos pode dar novas visões de como as galáxias se formam e evoluem".
A nova corrente de estrelas é a primeira do seu género que a encontrar-se no céu do hemisfério sul galáctico, uma região difícil de estudar devido à falta de imagens do céu profundo nessa zona. Imagens como esta, com maior profundidade, permitem aos astrónomos a detecção de estrelas mais fracas.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 28 de outubro de 2012

Troca de mitocôndrias pode acabar com doenças transmitidas pela mãe

Uma série de doenças genéticas é causada por mutações no ADN das mitocôndrias, as "baterias" das células, mas pode ser possível trocar literalmente essas estruturas celulares por versões não defeituosas.
Chama-se Chrysta, é uma macaca-rhesus e nasceu há uns meses na Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, nos EUA. Segundo os seus criadores, ela está a desenvolver-se normalmente - o que é muito importante, porque Chrysta não é uma macaquinha como as outras. Não só o seu nascimento como também o seu estado de saúde, que irá continuar a ser monitorizado de muito perto, mostram que talvez seja possível um dia erradicar as chamadas doenças mitocondriais, um tipo de doenças genéticas humanas que são transmitidas exclusivamente pela mãe à sua descendência.
As mitocôndrias são as "baterias" das células e possuem um bocadinho de ADN próprio, com um total de 37 genes. E quando certas mutações se verificam no ADN mitocondrial, "a criança pode nascer com graves doenças, incluindo diabetes, surdez, problemas oculares e gastrointestinais, doenças cardíacas, demência e várias outras doenças neurológicas", diz em comunicado Shoukhrat Mitalipov, do Centro Nacional de Investigação em Primatologia - e um dos "pais científicos" de Chrysta -, que, com a sua equipa e com colegas do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da mesma universidade do Oregon, publica os seus resultados na edição da revista Nature desta semana.
Como as mitocôndrias da mãe passam para os seus futuros filhos exclusivamente via o citoplasma (a "clara") dos seus ovócitos, estes cientistas pensaram que seria possível, simplesmente, "deixar para trás" o ADN mitocondrial defeituoso transferindo o ADN nuclear (99% do genoma) desses ovócitos para ovócitos portadores de ADN mitocondrial normal. Para isso, desenvolveram uma técnica de transferência do ADN nuclear (em inglês, spindle transfer). A primeiras crias de macacos-rhesus geradas a partir de ovócitos submetidos a esta "troca" genética nasceram em 2009 e hoje, três anos mais tarde, também esses animais continuam de boa saúde, escrevem os cientistas - e a desenvolver-se normalmente. Diga-se já agora que, como as duas espécies de macacos-rhesus utilizados eram distantes do ponto de vista genético, os investigadores pensam que é pouco provável, dada a normalidade destes animais aos três anos, que possam existir incompatibilidades, na espécie humana, entre o ADN nuclear da mãe e qualquer ADN mitocondrial de substituição.
Mas a equipa de Mitalipov foi agora mais longe, aplicando a sua técnica, in vitro, a ovócitos humanos. Partindo de 106 ovócitos colhidos em mulheres que participavam voluntariamente no estudo, os investigadores transferiram o ADN nuclear de uma parte desses ovócitos para outros, previamente esvaziados do seu próprio núcleo (e portanto contendo apenas o seu ADN mitocondrial). A seguir, fertilizaram esses ovócitos compósitos (agora portadores do ADN nuclear materno e de novas mitocôndrias) para determinar se o processo tinha corrido bem. E de facto, conseguiram gerar, a partir dos ovócitos "trocados", embriões (que se desenvolveram até à fase de blastocisto, uma das primeiras etapas da vida embrionária) e ainda derivar linhagens de células estaminais embrionárias tão normalmente como se se tratasse de ovócitos intactos.
"Usando este processo, mostrámos que o ADN mutado das mitocôndrias pode ser substituído por cópias saudáveis nas células humanas", salienta Mitalipov. "Apesar de não termos deixado os embriões desenvolverem-se além do estádio de células estaminais, os nossos resultados mostram que esta terapia genética poderá ser uma alternativa viável para prevenir doenças devastadoras que passam da mãe para os filhos."
Os cientistas mostraram ainda que, embora a técnica não dê bons resultados se o ovócito que fornece o novo citoplasma tiver sido previamente congelado, o ovócito materno (ou seja, o que contém o ADN nuclear) pode, esse sim, ser congelado e oportunamente descongelado sem comprometer o embrião. Aliás, a pequena Chrysta é disso a prova viva. Este segundo resultado tem grande relevância para uma eventual aplicação humana, na medida em que elimina a necessidade de colher os ovócitos da doadora e da mãe ao mesmo tempo.

Fonte: Público

sábado, 27 de outubro de 2012

Paleontólogos descobrem dinossauro com asas e penas

Os restos fossilizados de dinossauros com asas e penas foram encontrados em rochas com 75 milhões de anos em Alberta, no Canadá. O Ornithomimus edmontonicus seria, dizem os paleontólogos, parecido com uma avestruz.
O novo estudo, publicado pelos paleontólogos Darla Zelenitsky e François Therrien na revista Science, salienta que estes são os primeiros esqueletos de dinossauros ornitomimus (parecidos com pássaros) que mostram claramente que eles estavam cobertos de penas.
A partir da análise de três esqueletos fossilizados, de um dinossauro jovem e de dois adultos, os cientistas concluem que estes eram demasiados grandes para conseguir voar e que as asas só se desenvolviam mais tarde na vida. Assim, deveriam estar associadas a comportamentos reprodutivos, concluem.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Lucy, a australopiteca, ainda trepava às árvores

É um caso de omoplatas. Num dado momento, os antepassados do homem deixaram de vez as árvores e caminharam. Os antropólogos sabem que os membros e os ossos destes hominíneos acompanharam esta transição. Agora, um estudo, publicado nesta sexta-feira na edição em papel da revista Science, analisou as omoplatas de um fóssil de Australopithecus afarensis juvenil e mostra que a espécie da famosa Lucy, conhecida pelo seu caminhar já erecto, também se sentia confortável a trepar às árvores.
Estamos habituados a ver bonecos da Lucy de pé. O fóssil encontrado em 1974 foi um marco na paleoantropologia por ser o hominíneo mais antigo descoberto até então.
Lucy viveu há 3,2 milhões de anos no Leste africano. Pensa-se que morreu adulta. Era capaz de caminhar com um à-vontade que hoje só nós temos. A forma dos ossos das pernas de Lucy e pegadas fossilizadas com 3,6 milhões de anos, que poderão pertencer também ao Australopithecus afarensis, dão indicações de que esta espécie seria bípede.
Mas o fóssil de uma australopiteca só com três anos, estudado por David Green, da Universidade de Midwestern, EUA, obriga a mudar a forma de pensar a locomoção do Australopithecus afarensis.
Selam, nome que lhe deram, foi encontrada na Etiópia, em 2000, e tem 3,3 milhões de anos. É o esqueleto mais completo de sempre de um de Australopithecus afarensis. E, pela primeira vez, os cientistas conseguiram estudar uma omoplata completa de um indivíduo desta espécie.
Green e um colega analisaram o desenvolvimento da forma da omoplata entre este juvenil e da omoplata que se pensa que os adultos desta espécie tinham. Compararam este desenvolvimento com o que acontece nos chimpanzés, gorilas e na nossa espécie, concluindo que era mais parecido com os símios. “Apesar de ser bípede como os humanos, o Australopithecus afarensis ainda era um bom trepador de árvores”, diz Green, acrescentando que mesmo “não sendo completamente humano, estava a caminho disso”.

Fonte: Público

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Operador móvel japonês anuncia tradução simultânea

O principal operador móvel japonês anunciou hoje o lançamento de um serviço telefónico de tradução simultânea para falar com um interlocutor em português, italiano, francês, alemão, espanhol, indonésio e tailandês.
A NTT Docomo prevê incluir esta aplicação gratuita nos "smartphones" e "tablets" que vai comercializar a partir de 01 de novembro, equipados com o sistema "Android" do grupo norte-americano Google.
Com este sistema, um japonês poderá falar na língua materna e o diálogo será automaticamente traduzido para o interlocutor. As respostas deste último serão, por seu turno, traduzidas para japonês.
Uma porta-voz do operador garantiu que o intervalo entre a voz de origem e a tradução informática será inferior a um segundo, admitindo que o serviço não oferece ainda uma tradução perfeita.
O proprietário de um "smartphone" ou de um "tablet" pode obter uma tradução da conversa, nos dois sentidos, numa ligação para uma linha fixa clássica, acrescentou a mesma porta-voz.
A aplicação pode também traduzir por escrito o significado das palavras.

Fonte: Diário de Notícias

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Robô Curiosity provou um bocadinho de solo marciano

A que saberá o solo marciano? O robô Curiosity, em Marte desde o início de Agosto, é que pode dizer, uma vez que um dos seus instrumentos acaba de engolir os primeiros pedaços de solo marciano. Para fazer diversas análises químicas e mineralógicas.
Com o braço robotizado, o Curiosity apanhou o solo e colocou-o num tabuleiro, para em seguida o submeter às análises no CheMin. “A identificação dos minerais é importante porque neles ficam registadas as condições ambientais em que se formaram”, explica um dos cientistas da missão do Curiosity, John Grotzinger, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, num comunicado da NASA.Ao pôr o Curiosity a engolir o solo, os cientistas esperam perceber se em Marte já houve muita água, um elemento considerado essencial à vida. Aliás, nos poucos meses que está em Marte, dentro da cratera Gale, onde já percorreu 480 metros graças às suas seis rodas, o robô já se deparou com rochas que mostram como a água correu abundantemente no planeta. O cascalho que encontrou arredondado por correntes antigas é a primeira prova geológica directa dessa abundância.
Na próxima semana, deverá haver novidades sobre o solo agora analisado. Para já, a agência espacial norte-americana apenas diz que é feito de grãos tão finos que os ventos marcianos os dispersam facilmente. Os cientistas pensam que é este tipo de grãos que forma as famosas tempestades de poeiras, por isso este estudo também ajudará a compreender melhor este fenómeno. “Estas são as partículas que viagem regionalmente, senão globalmente”, diz Grotzinger. “Vemos estas tempestades que envolvem todo o planeta e pensamos que estes são os grãos que se depositam uniformemente por Marte inteiro.”
Na Terra, nunca recebemos amostras de solo marciano. A NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA) planeavam uma missão conjunta, que foi entretanto cancelada pela agência dos Estados Unidos. Tanto a NASA como a ESA estudam agora formas de trazer amostras marcianas, nunca antes de 2018. Até lá, o solo marciano chega-nos de forma indirecta, desta vez pelo olhar do Curiosity, que, quando a sua missão chegar ao fim, permanecerá para sempre como ferro-velho na superfície de Marte.

Fonte: Público

domingo, 21 de outubro de 2012

Descobertas células na origem do mais letal cancro cerebral

Até aqui, os especialistas pensavam que o glioblastoma multiforme, o mais comum e agressivo cancro do cérebro nos seres humanos, tinha a sua origem nas células da glia, aquelas que asseguram a coesão do tecido cerebral. Mas agora, resultados obtidos pela equipa de Inder Verma, do Instituto Salk, EUA, vêm demonstrar algo de inesperado: que este tumor pode ser gerado por outros tipos de células nervosas — e nomeadamente pelos próprios neurónios —, quando elas regridem para um estado “infantil”. Os resultados, publicados esta sexta-feira na revista Science, permitem perceber o alto nível de reincidência deste cancro e sugerem novos alvos potenciais para o tratar, explica um comunicado daquela instituição californiana.
Apesar de relativamente raro nos países ocidentais, onde anualmente atinge duas a três pessoas em cada cem mil, o diagnóstico de glioblastoma multiforme constitui quase sempre uma sentença de morte: os doentes não sobrevivem para além de dois anos. E os tratamentos aplicados — quimioterapia, cirurgia, radioterapia — são antes de mais paliativos. Nada parece conseguir travar este cancro de crescimento rápido — e na imensa maioria dos casos não há tratamento que o impeça de voltar.
Os cancros (em geral) costumam ter origem num punhado de células — ou mesmo numa única célula — que de repente começa proliferar descontroladamente. A teoria actualmente mais consensual é a de que existem, nos tumores malignos, “células estaminais cancerígenas” ou “células iniciadoras dos tumores”. Tal como as células estaminais normais dos embriões (que são capazes de dar origem a todos os tecidos do organismo), estas células conseguem dividir-se vezes sem conta e pensa-se que é delas que descendem todas as células de um dado cancro.
Só que ninguém sabe de onde vêm estas células estaminais cancerígenas. Não é muito claro se elas resultam de uma transformação maligna de células estaminais adultas (que existem normalmente no organismo, incluindo no cérebro) ou de células já diferenciadas que regrediram e ganharam características das células estaminais.
No caso do glioblastoma, só muito recentemente (no Verão) é que a equipa de Luis Parada, da Universidade do Sudoeste do Texas, nos EUA, identificou as células estaminais cancerígenas (ver “Há cada vez mais provas de que o cancro nasce de células estaminais”, PÚBLICO de 03/08/2012).
Inder Verma e colegas quiseram determinar a origem dessas células. Para isso, utilizaram vírus modificados de forma a conseguirem inactivar dois genes ditos “supressores de tumores”, que regulam a divisão celular: o célebre p53, também conhecido como “guardião do genoma”; e um outro, o NF1. Ambos estão implicados em cancros como o glioblastoma, quando sofrem mutações que impedem o seu normal funcionamento.
Os cientistas injectaram directamente os vírus em vários tipos de células do cérebro de ratinhos, e em particular em neurónios do córtex cerebral. E descobriram que, quando estas células nervosas adultas eram alteradas pelos vírus, tornavam-se capazes de formar gliomas malignos.
“Os resultados”, diz Dinorah Friedmann-Morvinski, autora principal do trabalho, “sugerem que, quando dois genes críticos são inactivados, [vários tipos de] células maduras, diferenciadas, adquirem a capacidade de se ‘desdiferenciar’, voltando para um estado semelhante ao das células progenitoras (...) e podendo a seguir dar origem a todos os tipos de células observadas nos gliomas malignos.”
O trabalho “permite explicar a taxa de recorrência dos gliomas após o tratamento”, diz Verma. E indica ainda que não basta eliminar as células estaminais cancerígenas para conseguir travar este cancro, “porque qualquer célula do tumor que não for erradicada poderá continuar a proliferar e a induzir a formação de tumores, perpetuando o ciclo”.

Fonte: Público

sábado, 20 de outubro de 2012

Gasolina produzida a partir de ar e água

Uma empresa britânica com sede, em Teesside, na Inglaterra, garante que está a desenvolver um projeto tecnológico avançado que permite produzir gasolina a partir de ar e água.
A empresa Air Fuel Synthesis, segundo a BBC News, já conseguiu produzir cinco litros de gasolina desde agosto, mas espera estar em plena produção em 2015. Trata-se de um combustível sintético voltado para o setor do desporto motorizado.
A empresa acredita que a técnica pode ajudar a resolver os problemas energéticos do planeta e reduzir o aquecimento global.

Fonte: Diário de Notícias

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Encontrado planeta similar à Terra próximo do sistema solar

Uma equipa de astrónomos europeus descobriu um planeta, com uma massa um pouco maior que a Terra, que orbita uma estrela no sistema Alfa Centauri, o mais próximo do nosso sistema solar, informou a Organização Europeia para a Investigação Astronómica no Hemisfério Sul (ESO).
Trata-se de um exoplaneta, refere o jornal espanhol El Mundo. O mais leve descoberto até agora em redor de uma estrela semelhante ao Sol e foi detetado pelo instrumento Harps, instalado no telescópio de 3,6 metros situado no Observatório La Silla, no norte do Chile.
De acordo com Stéphane Udry, do Observatório de Genebra, este é o primeiro planeta com uma massa similar à da Terra descoberto em redor de uma estrela semelhante ao Sol. Acrescenta, no entanto, que por orbitar muito perto da sua estrela "deve ser demasiado quente para ter vida tal como a conhecemos, mas é possível que faça parte de um sistema em que haja mais planetas".
Depois de quatro anos de observações, "este resultado representa um enorme passo rumo à deteção de um gémeo da Terra na vizinhança imediata do Sol. É uma descoberta extraordinária", salientou o cientista.
Alfa Centauri B é uma das estrelas mais brilhantes dos céus austrais e do sistema estelar mais próximo do nosso sistema solar, a apenas 4,3 anos-luz de distância.
O Alfa Centauri é um sistema estelar triplo, com duas estrelas semelhantes ao Sol - Alfa Centauri A e B -, orbitando próximas uma da outra, e uma estrela vermelha mais distante, batizada como Próxima Centauri

Fonte: Diário de Notícias

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Lémures de Madagáscar entre os 25 primatas mais ameaçados do planeta

A destruição das florestas e a caça ilegal empurraram os lémures de Madagáscar para a lista dos 25 primatas mais ameaçados do planeta, divulgada nesta segunda-feira pela União Mundial para a Conservação da Natureza (UICN).
O relatório “Primatas em Perigo” 2012-2014 foi apresentado na 11ª Conferência das Partes (COP) da Convenção para a Diversidade Biológica, a decorrer em Hyderabad, na Índia, até 19 de Outubro.
Nove das 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo vivem na Ásia, seis em Madagáscar, cinco em África e cinco nos Neotrópicos. Em termos de países, Madagáscar surge em primeiro lugar com seis espécies, logo seguido do Vietname (5), Indonésia (3), Brasil (2) e China, Colômbia, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Equador, Guiné Equatorial, Gana, Quénia, Peru, Sri Lanka, Tanzânia e Venezuela, todos com uma espécie nesta lista.
Os lémures de Madagáscar estão gravemente ameaçados pela destruição do habitat e caça ilegal. O lémur mais raro, o lémure-desportivo-do-norte (Lepilemur septentrionalis), está actualmente reduzido a 19 animais em estado selvagem.
“Os lémures estão hoje entre os mamíferos mais ameaçados do mundo, depois de mais de três anos de crise política e da falta de leis para os proteger”, disse em comunicado Christoph Schitzer, responsável pela investigação na fundação Fundação Bristol para a Conservação e Ciência, que participou no estudo.
De acordo com a UICN, cerca de 90 espécies e sub-espécies dos 130 lémures que vivem em Madagáscar estão ameaçadas de extinção. Os lémures de Madagáscar representam cerca de 20% dos primatas do planeta.
Com este relatório, os conservacionistas querem também chamar a atenção para a situação de animais como o pequeno Tarsius pumilus, na ilha de Sulawesi, na Indonésia. Até 2008 apenas eram conhecidos três exemplares em museus. Desde então foram encontrados quatro animais, três dos quais no Parque Nacional Lore Lindu. “As populações que ainda restam, fragmentadas e isoladas, estão ameaçadas pela perseguição humana e pelo conflito armado”, diz a UICN em comunicado.
“Mais uma vez, este relatório mostra que os primatas estão cada vez mais ameaçados por causa de actividades humanas. Mesmo que não tenhamos perdido uma única espécie de primatas neste século, algumas delas estão verdadeiramente numa situação desesperada”, acrescentou Christoph Schitzer.
Mais de metade (54%) das 633 espécies e subespécies de primatas do planeta – com estatuto de conservação conhecido – está classificada como ameaçada de extinção. As maiores causas são a destruição dos habitats, especialmente os incêndios nas florestas tropicais, a caça e o tráfico de animais selvagens.
Ainda assim, há casos de sucesso. Várias espécies saíram da lista – agora na sua sétima edição – entre elas o macaco-de-cauda-de-leão (Macaca silenus) e o lémur de Madagáscar Prolemur simus.
“Os primatas são as melhores espécies-bandeira para as florestas tropicais, dado que mais de 90% de todas as espécies conhecidas ocorrem neste bioma”, comentou Russell Mittermeier, director do Grupo de Especialistas sobre Primatas da Conservation International. “Eles são um elemento-chave porque ajudam a dispersar sementes e a manter a diversidade na floresta”, acrescentou.
      
Fonte: Público

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Descoberta inédita de planeta iluminado por 4 sóis

Uma equipa internacional de astrónomos anunciou hoje a descoberta de um planeta iluminado por quatro sóis, no que é o primeiro sistema estelar deste tipo observado até hoje, noticia a AFP.
O planeta, batizado PH1, situado a mais de cinco mil anos-luz da Terra [um ano-luz corresponde a 9,461 biliões (milhão de milhões) de quilómetros], orbita em torno de dois sóis, em volta dos quais também evoluem duas estrelas.
Este sistema planetário circumbinário duplo foi descoberto por dois astrónomos amadores dos EUA, Kian Jek e Robert Gagliano.
Astrónomos profissionais norte-americanos e britânicos efetuaram depois observações e medidas com os telescópios Keck situados no monte Mauna Kea, no Havai.
"Os planetas circumbinários representam o que há de mais extremo na formação planetária", realçou Meg Schwamb, um investigador da Universidade de Yale, no Estado do Connecticut, principal autor da pesquisa, apresentada na conferência anual da Divisão de Paleontologia da Sociedade Americana de Astronomia, reunida em Reno, no Estado do Nevada.
"A descoberta de tais sistemas satelitários força-nos a repensar como estes planetas se podem formar e evoluir em tais ambientes", acrescentou, em comunicado.
A descoberta foi colocada em linha no sítio da internet arXiv.org e submetida para publicação ao "Astrophysical Journal".
O PH1, um planeta gasoso gigante da mesma dimensão de Neptuno, representando cerca de seis vezes a da Terra, desloca-se em torno das duas primeiras estrelas, cuja massa respetiva é equivalente a 1,5 e 0,41 vezes a do Sol da Terra, em 138 dias.
As outras duas estrelas evoluem em torno deste sistema planetário a uma distância equivalente a mil vezes a da Terra ao Sol.
O sítio Planethunters.org foi criado em 2010 para encorajar os astrónomos amadores a identificar exoplanetas - planetas situados fora do nosso sistema solar -- com a informação obtida com o telescópio espacial norte-americano Kepler.
Este telescópio, lançado em março de 2009, tem por objetivo procurar exoplanetas similares à Terra em órbita em torno de outras estrelas.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 14 de outubro de 2012

A cientista que tem um BabyLab, um laboratório cheio de pais e bebés

Vimos ao mundo já equipados com uma série de sistemas cognitivos de base. Elizabeth Spelke estuda há quatro décadas esses tijolos de construção da mente humana.
Voz suave e expressão doce, cabelos lisos partidos ao meio e roupa descontraída que fazem lembrar a revolução hippie, Elizabeth Spelke, hoje com 63 anos, é mundialmente conhecida pelos seus trabalhos em psicologia cognitiva. Começou na década de 1970 a tentar perceber como é que as crianças pequenas dão sentido ao mundo que as rodeia - e a procurar identificar os nossos "sistemas cognitivos nucleares" inatos. No seu BabyLab da Universidade Harvard, mais parecido "com a sala de uma casa" do que com um laboratório convencional, a sua equipa acolhe dezenas de pais e filhos para tentar avaliar a compreensão que, aos poucos meses de idade, os bebés humanos têm dos conceitos de número ou de espaço geométrico, do comportamento dos objectos e até das interacções sociais. Após a conferência que deu na semana passada no simpósio internacional de neurociências que decorreu na Fundação Champalimaud, em Lisboa, Elizabeth Spelke conversou com o PÚBLICO.

O que faz no seu BabyLab?
Interessa-me a mente humana e o que nos torna capazes de desenvolver conhecimentos tão ricos e sistemáticos acerca do mundo. A minha maneira de abordar estas questões é voltando aos estádios mais precoces do desenvolvimento. Estudo crianças e pergunto-me como é que elas conseguem dar sentido ao mundo, o que compreendem, como os seus conhecimentos crescem e mudam ao longo da infância antes de começarem a escola. Trabalho sobretudo com crianças a partir dos três, quatro meses de idade.

Como se faz esse trabalho?
Temos equipamentos para observar os bebés, registar as suas acções e apresentar-lhes coisas que controlamos com grande precisão. Mas ao mesmo tempo, os pais e as crianças que nos visitam poderiam pensar que estão na sala da uma casa. Volta e meia, retiramos os elementos de distracção para mostrar uma coisa a uma criança e ver a sua reacção. Mas mesmo assim, o BabyLab não parece um laboratório. Não há batas brancas e não treinamos os bebés. Observamos o seu comportamento, as suas capacidades naturais.

Quantas crianças passam pelo laboratório?
Pode haver entre 10 e 15 crianças no laboratório ao mesmo tempo, em diversas experiências. Numa semana carregada, podemos ter 30 ou mais crianças, que ficam lá 30 a 45 minutos de cada vez e participam em vários estudos.

Que capacidades estuda?

As minhas primeiras pesquisas foram sobre a compreensão dos objectos pelas crianças - a capacidade de ver os objectos, de os seguir ao longo do tempo, de pensar neles quando não estão visíveis e de prever o seu comportamento futuro. Prever, por exemplo, que quando um objecto colide com outro, o movimento de ambos vai mudar. Também fizemos estudos de cognição espacial, ou seja de navegação num dado espaço.

Como é que medem o que as crianças percebem?
No caso da navegação espacial, pedimos aos pais para trazerem um brinquedo e pomo-lo numa caixa. Não é preciso ensinar um bebé de 18 meses que tem de ir buscar o seu brinquedo - e nós aproveitamos esse comportamento espontâneo para tentar perceber como é que o bebé apreendeo sítio onde está. Também introduzimos perturbações espaciais, por exemplo fazendo rodopiar as crianças para as desorientar ou alterando aspectos da sala para avaliar as alterações de comportamento.

Qual é o denominador comum do seu trabalho?
Quase toda a minha investigação tem consistido em tentar isolar as capacidades cognitivas que se desenvolvem cedo e das quais precisamos para, mais tarde, raciocinar correctamente na matemática e nas ciências. A minha visão de conjunto é que existe uma série de sistemas cognitivos "nucleares", com que nascemos já equipados, e que foram apurados ao longo da evolução para desempenhar tarefas, tais como saber onde estamos ou identificar e categorizar os objectos.
Mas nós, humanos, somos a única espécie que consegue combinar essas capacidades de base de formas inéditas para criar novos sistemas de conhecimento e resolver novos problemas com novos conceitos. A minha hipótese é que essa produtividade provém do que é talvez a única capacidade exclusivamente humana: a de utilizar símbolos externos - e sobretudo a linguagem - para representar a informação. A linguagem não serve só para comunicarmos informação aos outros, serve também para formularmos novos conceitos na nossa própria mente, reunindo informação vinda de sistemas cognitivos à partida distintos. Assim, quando os sistemas cognitivos nucleares que partilhamos com outros animais se combinam, gera-se um conjunto de capacidades que são só nossas. Somos os únicos a fazer matemática, ciência, a desenvolver sistemas inteiros de novos conceitos.O que está a estudar agora?
O que me interessa neste momento é a cognição social: como é que os bebés reagem a pessoas que interagem socialmente umas com outras. E os nossos resultados sugerem que, muito cedo no desenvolvimento, por volta dos quatro meses de vida, já existe uma sensibilidade dos bebés à conformidade - ou seja, ao facto de as pessoas interagirem fazendo gestos semelhantes. Estamos a começar a ver se os bebés usam essa informação para compreender quem gosta de quem, quem está ligado a quem.

Fonte: Público

sábado, 13 de outubro de 2012

Células estaminais geram primeira tiróide 'in vitro'

Células estaminais foram usadas, pela primeira vez, para recriar com êxito a tiróide de um ratinho que não tinha a glândula, abrindo novas perspetivas ao uso terapêutico daquelas células, noticiou hoje a agência AFP.
Para gerar a primeira tiroide 'in vitro', uma equipa de cientistas da Universidade Livre de Bruxelas utilizou células estaminais (células que se dividem e diferenciam noutras células).
Depois de várias tentativas, o grupo adotou o "procedimento correto" para transformar as células estaminais em "tecido de tiroide produtor de hormonas", como o faz a tiróide em estado natural, explicou Francesco Antonica, um dos membros da equipa.
O tecido foi, depois, transplantado com êxito num ratinho que não tinha tiroide.
Segundo o investigador Francesco Antonica, o enxerto foi capaz de produzir hormonas da tiróide de "uma maneira prolongada, eficaz e regular".
As hormonas da tiróide são essenciais para o crescimento e a maturação do esqueleto e do sistema nervoso.

Fonte: Diário de Notícias

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O elemento 113 existe (quase de certeza). Por ora, chama-se unúntrio

Cientistas japoneses anunciaram ter finalmente conseguido provar a existência do 113 elemento da tabela periódica. Caso a descoberta seja validada, o Japão passará a ser o primeiro país asiático a baptizar um elemento atómico. Ainda que provisoriamente, chama-se unúntrio.
A equipa de Kosuke Morita, do Centro RIKEN Nishina, com sede em Wako, já tinha anunciado a descoberta do elemento 113 em 2004, mas na altura não viu esses resultados validados. Agora, passados nove anos, os cientistas publicaram, na revista Journal of Physical Society of Japan, os resultados de um novo trabalho, feito num acelerador de partículas, que dizem comprovar a existência desse elemento. Fizeram colidir iões (partículas com carga eléctrica) de zinco, a viajar a 10% da velocidade da luz, com uma camada de bismuto e os resultados dessas colisões (depois de seis decaimentos radioactivos) foram identificados como os produtos de uma forma do elemento 113.
Num decaimento radioactivo, de origem natural ou não, um átomo emite radiação, podendo transformar-se num átomo de um elemento mais leve. Neste caso, a sequência de seis emissões de partículas alfa — que são constituídas por dois protões e dois neutrões — resultou no elemento 101, o mendelévio. Feitas uma série de contas, os cientistas pensam que o que deu origem ao mendelévio foi o elemento 113.
Apesar de já constar na tabela periódica, por se suspeitar da sua existência, o elemento 113 têm ainda um nome provisório. O unúntrio — que significa um-um-três em latim — pode estar agora mais perto de ser baptizado com um nome definitivo, bastando que a experiência da equipa japonesa seja repetida noutros laboratórios e os resultados sejam validados pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) e pela União Internacional de Física Pura e Aplicada (IUPAP). Logo quando reclamaram pela primeira vez a descoberta deste elemento, em 2004, os cientistas japoneses sugeriram alguns nomes: rikénio ou japónio.

Até ao elemento 118

Olhando para todos estes nomes, é impossível não pensar no elemento que aparece no filme Avatar, o unobtanium (do inglês unobtainable), até pela dificuldade em obter o elemento 113. Na história, unobtatnium é um minério tão valioso que está na origem da guerra que os humanos desencadearam contra os nativos da lua Pandora, os na’vi, para poderem explorar as suas enormes reservas.
Na corrida ao elemento 113, os cientistas japoneses não estão sozinhos. Também em 2004, uma equipa da Rússia afirmou tê-lo produzido, só que chegou lá de outra forma e, pelo caminho, também conseguiu produzir o elemento 115.
Os primeiros elementos “pesados” foram obtidos em 1940 e, desde essa altura, os Estados Unidos, a Rússia e a Alemanha já sintetizaram vários deles, por exemplo através de reacções de fusão nuclear, em reactores nucleares. Estes elementos têm de ser produzidos em laboratório, porque não ocorrem espontaneamente na natureza, já que a quantidade de partículas no seu núcleo torna-os muito instáveis.
Criada por Dimitri Mendeleiev em 1869, a tabela periódica tem sentido a evolução da ciência. Quando foi inventada, tinha só 60 elementos, mas no início de 2012 já contava com o elemento 112, o copernício. Em Junho, a IUPAC e a IUPAP aprovaram a entrada de mais dois, o 114 e o 116, respectivamente o fleróvio e livermório. Os elementos 113, 115, 117 e 118, apesar de já se ter anunciado a sua criação, continuam a aguardar comprovação daquelas duas entidades para serem oficializados.
Quanto à equipa japonesa, diz que quer ir mais longe na procura de elementos pesados. “O nosso próximo desafio será olhar para os territórios desconhecidos do elemento 119 e para lá dele”, diz Kosuke Morita, citado num comunicado da sua instituição. Depois do copernício, do fleróvio e, quem sabe, se do japónio, que mais nomes estarão reservados para a tabela periódica?

Fonte: Público

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

'Curiosity' descobre "objeto brilhante" em Marte

O robô 'Curiosity' detetou um "objeto brilhante" no solo de Marte, tendo suspenso as recolhas até ser possível confirmar a proveniência daquele elemento, que poderia ser uma parte do próprio robô que se separou do veículo, devido à natureza acidentada do terreno do 'Planeta Vermelho'.
A NASA anunciou ter sido descoberto "um objeto brilhante" no solo de Marte, estando o robô a realizar "mais imagens" para "permitir à equipa identificar e avaliar o impacto que esse objeto pode ter nas tarefas de recolhas de amostras" do solo.
O 'Curiosity' aterrou em Marte a 6 de agosto, na cratera Gale, para uma missão de exploração do planeta, que tem uma duração estimada em dois anos. O seu principal objetivo é a recolha de amostras de solo que permitam determinar se Marte teve no passado condições propícias à existência de formas de vida.
Estas operações de recolha estão suspensas até se determinar se o 'Curiosity' foi afetado pela perda daquele elemento.
As primeiras amostras do solo de Marte foram recolhidas domingo. Uma vez completada a sua tarefa, o 'Curiosity' regressará à Terra, onde se prevê que chegue em 2018.

Fonte: Diário de Notícias

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Nobel da Medicina para descoberta de que células adultas podem voltar a ser estaminais

O britânico John Gurdon e o japonês Shinya Yamanaka ganharam o Nobel da Medicina de 2012 pela descoberta de que as células adultas, já especializadas num órgão, podem ser reprogramadas para voltar a um passado em que têm as características das células estaminais dos embriões. E, a partir daí, conseguem voltar a originar todos os tecidos do organismo. O anúncio foi feito esta manhã pela Assembleia Nobel do Instituto Karolinska, na Suécia.
John Gurdon nasceu em 1933 em Dippenhall, no Reino Unido, e é professor no Instituto Gurdon em Cambridge. Quanto a Shinya Yamanaka, nasceu em 1962 em Osaka e é actualmente professor na Universidade de Quioto. A importância do seu trabalho prende-se, em última análise, com a medicina regenerativa. O derradeiro sonho é pegar numa célula adulta de um paciente, transformá-la numa célula estaminal e, em seguida, levá-la a tornar-se numa célula do órgão que está doente para, assim, o “reparar”.
O trabalho de John Gurdon remonta à década de 1960, quando o investigador decidiu fazer experiências com rãs. Numa experiência que se tornou clássica, em 1962, o cientista retirou o núcleo a um ovócito de uma rã e, em seu lugar, colocou o núcleo de uma célula adulta dos intestinos. Surpreendentemente, este ovócito modificado desenvolveu-se e foi capaz de dar origem a uma rã.
John Gurdon tinha assim descoberto que as células adultas, já especializadas – que se tornaram uma célula da pele ou do coração, por exemplo –, podiam ter a sua especialização revertida. O ADN de uma célula adulta e madura, neste caso da rã, ainda tinha a informação necessária para conseguir originar todas as células da rã, tal como ocorre nas células que existem nos embriões.
Inicialmente, os resultados de Gurdon foram recebidos com cepticismo pela comunidade científica, mas, à medida que começaram a ser reproduzidos por outras equipas, acabaram por ser aceites, explica o comunicado do comité Nobel.
Gurdon tinha utilizado o núcleo inteiro de uma célula adulta. Mas seria possível fazer voltar atrás no tempo uma célula adulta inteira, sem recorrer a um ovócito, reprogramando directamente o ADN da célula especializada de maneira a que pudesse dar origem a todas as células do organismo? No fundo, seria possível tornar uma célula adulta numa célula estaminal embrionária, fazendo-a regressar literalmente à infância? Décadas depois, em 2006, Shinya Yamanaka conseguiu dar esse passo, considerado logo na altura um grande avanço.
O cientista japonês identificou, nas células estaminais embrionárias, os genes que as mantinham imaturas e capazes de originar todas as outras. Introduzindo apenas quatro genes em células adultas (fibroblastos), ele e a sua equipa transformaram-nas em células estaminais. Ficaram conhecidas como células estaminais pluripotentes induzidas.
“Esta jornada de uma célula imatura para uma célula especializada era antes considerada unidireccional. Considerava-se que a célula mudava de tal forma durante a maturação que era impossível voltar a um estádio imaturo, pluripotente”, refere o comunicado da Assembleia Nobel do Instituto Karolinska. “As descobertas [dos dois cientistas] revolucionaram a nossa compreensão de como as células e o organismo se desenvolvem.”

Fonte: Público

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Produção do iPhone 5 está parada

A produção do iPhone 5 da Aple está paralisada depois de milhares de trabalhadores fabris da empresa Foxconn de Taiwan, onde são produzidos os aparelhos, terem entrado em greve contra as condições laborais "abusivas".
De acordo com a agência de notícias espanhola EFE, citando um comunicado da associação de defesa dos direitos laborais "China Labour Watch", existem entre 3 mil a 4 mil trabalhadores da fábrica Foxconn, em Zhengzhou, capital da província central de Henan, que abandonaram os seus postos de trabalho na terça-feira, dia 02, por causa do seu descontentamento com algumas das condições da empresa.
Queixam-se, entre outras, das "excessivas exigências de qualidade dos produtos", impostas pela Foxconn e pela Apple, sem que seja dada a formação adequada, bem como pelo facto de lhes ter sido negada a possibilidade de tirar férias durante a passada semana, festa nacional em toda a China.
"Os inspetores do controlo da qualidade confrontaram-se várias vezes com os trabalhadores, que os tentaram agredir. De qualquer das maneiras, a administração da fábrica não tem respondido às queixas nem tem conseguido resolvê-las", disse a "China Labour Watch".
Os trabalhadores atuaram movidos por "uma grande pressão", diz a organização, sem esclarecer quando é que voltam aos seus postos de trabalho.
A greve começou duas semanas depois de outra fábrica da Foxconn, na província de Shanxi, a norte, ter sido obrigada a fechar mais de um dia depois de um incidente que envolveu mais de 2 mil trabalhadores e que obrigou a que mais de uma dezena deles tivesse de receber tratamento hospitalar.
O incidente ocorreu dois dias depois da chegada ao mercado do novo iPhone 5, o que levantou suspeitas de que o ritmo laboral se intensificou com o objetivo de cumprir a meta estabelecida.
Pouco tempo antes, no início do mês de setembro, houve um suicídio numa das fábricas da Foxconn, o segundo depois do acordo assinado entre esta empresa e a Apple para melhorar as condições dos trabalhadores.
O acordo estabelecia que a Foxconn se comprometia a reduzir o horário de trabalho, melhorar os protocolos de segurança e proporcionar outros benefícios sociais aos funcionários que montam os equipamentos.
O protocolo foi assinado depois de, em janeiro, mais de uma centena de trabalhadores da empresa asiática terem ameaçado suicidar-se em massa, saltando de um telhado da fábrica.
O episódio fez com que a Apple aceitasse que a Associação para a Justiça Laboral levasse a cabo uma investigação, que permitiu ficar a saber que os funcionários chineses trabalhavam, em muitas ocasiões, mais de 60 horas por semana.

Fonte: Diário de Notícias

domingo, 7 de outubro de 2012

Rapaz de 11 anos descobre mamute na Rússia

Um rapaz de 11 anos descobriu um mamute num estado de conservação excecional quando passeava com o irmão perto do rio Ienissel no Grande Norte russo, anunciou hoje um cientista especializado nesta espécie desaparecida há milhares de anos.
A descoberta, revelada esta semana, ocorreu em agosto perto do golfo do Ienissel perto do oceano Ártico, na península de Taimyr, onde o animal ficou até agora conservado num subsolo cuja temperatura se mantém permanentemente inferior ou igual a zero graus centígrados durante um período mínimo de dois anos, indicou Alexeï Tikhonov, diretor do museu zoológico de São Petersburgo, que se deslocou ao local.
O rapaz de 11 anos "informou da descoberta o pai, que advertiu o diretor da estação polar, que por seu lado chamou os cientistas", explicou Tikhonov.
"Deslocámo-nos ao local com um responsável do comité internacional do mamute: encontrámos um grande mamute, que jazia sobre o lado direito cinco metros abaixo do nível do mar, adiantou.
"O esqueleto está praticamente inteiro e talvez esteja o coração inteiro na caixa torácica. Podemos falar do mamute do século", declarou ainda o cientista.

Fonte: Diário de Notícias

sábado, 6 de outubro de 2012

Facebook é o terceiro 'país' do mundo em população

A rede social Facebook, se fosse um país, seria atualmente o terceiro mais importante do mundo em termos de população, tendo ultrapassado os mil milhões de utilizadores no passado 14 de setembro, anunciou hoje a empresa de Mark Zuckerberg em comunicado colocado no seu sítio.
"Esta manhã, há mais de mil milhões de pessoas a utilizarem o Facebook, de forma ativa em cada mês", escreveu hoje Mark Zuckerberg no sítio da empresa, referindo que este patamar foi alcançado a 14 de setembro e, desde então, se situa acima daquele valor.
Em termos demográficos, apenas a China e a Índia, respetivamente com 1,3 mil milhões e 1,1 mil milhões de habitantes ultrapassam a população virtual do Facebook.
"Ajudar mil milhões de pessoas a manterem-se em contacto é um facto inacreditável. Isto obriga-me a uma grande humildade, mas é também a coisa de que me sinto mais orgulhoso de ter alcançado em toda a minha vida", declara Zuckerberg, de 28 anos.
Segundo a AFP, que cita um estudo da empresa Semiocast especializada na análise de redes sociais, o Twitter reúne apenas 500 milhões de contas, nem todas elas ativas, afirma a agência.
Isto sucede num momento em que, se o mercado dos Estados Unidos está praticamente saturado, existe enorme potencial de crescimento na Rússia e na China. Neste último país, o Facebook está sujeito a censura.
A empresa de Zuckerberg anunciou em julho pesadas perdas desde a sua entrada em Bolsa, a 18 de maio, quando conseguiu um encaixe de 16 mil milhões de dólares. As suas ações perderam, entretanto, 40% do valor.
Os analistas consideram que permanece ainda por solucionar o desafio que ditará o futuro do Facebook: a transformação da sua popularidade mundial em volume de negócios.

Fonte: Diário de Notícias

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Cientistas criam ovócitos de ratinho funcionais a partir de células estaminais

É uma estreia nos mamíferos: investigadores japoneses utilizaram células estaminais para gerar artificialmente ovócitos de ratinho, que a seguir deram origem a ratinhos normais.
Mitinori Saitou e os seus colegas da Universidade de Quioto, Japão, que publicam os seus resultados esta sexta-feira na revista Science, partiram de culturas de dois tipos de células estaminais (células capazes de dar origem a todos os tecidos do organismo). Eram células estaminais embrionárias por um lado (ou seja, retiradas de embriões de ratinho nos primeiros estádios do seu desenvolvimento); e por outro, células estaminais ditas “pluripotentes induzidas” (obtidas fazendo regressar células adultas ao estado embrionário através de uma manipulação genética). Os dois tipos de células deram os mesmos resultados.
Primeiro, manipulando certos genes destas células estaminais, os investigadores transformaram-nas em células muito semelhantes às chamadas células germinais primordiais, que, no embrião, são capazes de dar origem a ovócitos ou espermatozóides conforme o sexo do animal.
Segundo, para obrigar essas células germinais a diferenciarem-se em ovócitos, começaram por misturá-las com células fetais ovarianas – obtendo assim, num pratinho de laboratório, um “ovário reconstituído”, segundo a expressão dos autores. Transplantados para os ovários naturais de ratinhos fêmeas, estes ovários artificiais deram origem, passadas quatro semanas, a ovócitos de ratinho totalmente desenvolvidos.
Terceiro, colheram esses ovócitos, submeteram-nos a uma fertilização in vitro e implantaram os embriões resultantes no útero de outros ratinhos fêmeas. Os animais que daí nasceram revelaram ser férteis – o que significa, segundo os cientistas, que as células estaminais podem ser utilizadas para gerar ovócitos plenamente funcionais.
“É notável que seja possível produzir ovócitos capazes de levar ao desenvolvimento completo [dos animais] a partir de células estaminais embrionárias”, disse à Science Davor Solter, do Instituto de Biologia Médica de Singapora, que não faz parte da equipa.
Saitou e os colegas esperam conseguir eliminar a fase de transplante do ovário artificial para um ovário verdadeiro, de forma a gerar ovócitos viáveis completamente in vitro. E pensam que, se os obstáculos técnicos e éticos forem ultrapassados, esta técnica poderá levar ao desenvolvimento de novos tratamentos contra a infertilidade humana.

Fonte: Público

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Grande Barreira de Coral já perdeu metade dos corais

A Grande Barreira australiana de Coral, declarada Património da Humanidade em 1981, já perdeu mais de metade dos seus corais nos últimos 27 anos, revela um estudo hoje divulgado.
A investigação, realizada por peritos do Instituto Australiano de Ciências Marinhas, assinala que a destruição dos corais foi causada em 48 por cento pelas fortes tempestades e em 42 por cento pela presença de coroas de espinhos, acanthaster planci no nome científico.
Outro dos fatores indicados para o desaparecimento dos corais é a sua descoloração em consequência do stress provocado pelas alterações ambientais.
A investigação assinala também que se fossem aniquiladas as coroas de espinhos, a taxa anual de recuperação dos corais poderia aumentar em 0,89 por cento.
"Não podemos impedir as tempestades, mas podemos deter as coroas de espinhos e se o fizermos, daremos uma maior oportunidade à Grande Barreira para se adaptar "s novas condições como o aumento da temperatura da água do mar", explicou um dirigente do instituto.
O estudo salienta também que a Grande Barreira precisa entre 10 a 20 anos para recuperar, mas adverte que se as condições se mantiverem intactas, esta pode perder metade da sua diversidade atual até 2022.
As condições da Grande Barreira de coral, que alberga 400 tipos de coral, 1.500 espécies de peixes e 4.000 variedades de moluscos, começaram a deteriorar-se na década de 1990 pelo impacto do aquecimento da água do mar, pelo aumento da sua acidez e maior presença de dióxido de carbono na atmosfera.

Fonte: Diário de Notícias

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Realidade virtual permite ver o cérebro de ratinhos a tomar decisões

Há vários anos que, no laboratório de David Tank, na Universidade de Princeton, os ratinhos jogam jogos de realidade virtual. Com as patas em cima de uma passadeira esférica com 20 centímetros de diâmetro e a cabeça firmemente presa para não a mexerem, vêem, projectado num ecrã que apanha todo o seu campo de visão, um longo corredor de 1,80 metros com desenhos de várias cores nas paredes.
orrem virtualmente até ao fundo, em cima da bola, onde acabam sempre por dar com um corredor transversal e têm então de virar para a esquerda ou a direita. Tomarem a boa decisão é essencial: estão cheios de sede e só quando acertam recebem uma gota de água. O sistema experimental desenvolvido por Tank e os seus colegas integra ainda um dispositivo óptico que permite ver, por fluorescência, populações inteiras de neurónios activos no cérebro dos ratinhos a cada instante da realização da tarefa.
A situação destes animais pode parecer desconfortável, mas eles não se importam de correr em cima da bola. Adaptam-se ao ambiente virtual e nem o facto de terem a cabeça imobilizada os consegue desviar do seu objectivo: hidratar-se tantas vezes quanto possível. De facto, após umas sessões de treino, viram para o lado certo mais de 90% das vezes. "Ficámos impressionados com o comportamento dos ratinhos em cima da bola", disse na segunda-feira David Tank. O cientista estava a expor os seus mais recentes resultados numa conferência durante o 2.º Simpósio Champalimaud de Neurociências, que decorre até esta quarta-feira na Fundação Champalimaud, em Lisboa, e reúne um elenco internacional de "craques" da área.
Os animais sabem para que lado terão de virar: aprenderam que, a cada tentativa, os desenhos nas paredes da primeira parte do percurso e a posição (à esquerda ou à direita) de uma espécie de cartaz, a meio caminho, lhes dariam a informação pertinente. Mas a dificuldade é que, passadas essas indicações "rodoviárias", o cruzamento ainda fica longe e os ratinhos vão por isso ver-se obrigados a memorizar, durante um curto período, a informação que receberam para tomar a decisão no fim. Faz pensar naquelas vezes em que, ao volante de um automóvel, estamos quase a chegar a uma rotunda e a placa com as indicações ficou para trás, a metros de distância...
Num dos seus últimos estudos (publicado na revista Nature), estes cientistas analisaram os padrões de activação neuronal, durante esta tarefa, de uma área do cérebro chamada "córtex parietal posterior" - associada à planificação dos movimentos e à tomada de decisão. E tiveram uma surpresa: os diversos neurónios iam-se activando sequencialmente, como que transmitindo a informação uns aos outros à medida que o ratinho passava pelas diversas fases da sua tarefa - a decisão, a espera para a aplicar e a execução da viragem.
"A noção de que a tomada de decisão corresponde a uma sequência de activações neuronais não é muito popular", diz Tank. A ideia mais aceite é a de que o cérebro armazena informação e toma decisões com base na activação de várias classes de neurónios e que, em cada classe, o nível de actividade dos neurónios é constante (baixo ou alto) ao longo de toda a tarefa. "Não é isso que nós vimos. Foi algo inesperado."
De facto, a sequência de activação quando o animal vai seguir pela esquerda é completamente distinta da que corresponde a seguir pela direita. "70% dos neurónios envolvidos na sequência "virar à esquerda" são diferentes dos neurónios da sequência "virar à direita"", explica Tank. Ao ponto de se conseguir prever, segundos antes, qual será o comportamento do ratinho. "Ao vermos quais os neurónios activos, conseguimos saber para onde o animal vai virar antes de ele o fazer", diz Tank.
E quando os ratinhos se enganam? Como é que isso se vê? Nesses casos, a sequência da activação neuronal começa como se o animal fosse tomar a decisão certa, mas, a dada altura, essa trajectória de activações deriva para o lado errado e eles enganam-se, responde Tank. Terá isto implicações para o estudo das perturbações da aprendizagem? "Ainda é muito cedo para responder", diz Tank. "Acredito que esta forma de encarar a tomada de decisão vai ser generalizada a comportamentos complexos, mas ainda vamos demorar muito tempo a prová-lo."

Fonte: Público

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Aquecimento climático pode encolher os peixes

O aquecimento climático não altera apenas a temperatura e a quantidade de oxigénio nos oceanos: ameaça encolher até 24% o tamanho dos peixes que aí vivem, segundo um estudo publicado domingo.
Um dos elementos essenciais para o tamanho dos peixes e invertebrados marinhos é a sua necessidade energética. Logo, se o meio não é capaz de fornecer a energia que precisam, os peixes interrompem o crescimento. E o oxigénio nas águas é uma importante fonte de energia.
"Conseguir oxigénio para crescer é um desafio para os peixes, e quanto maior for o peixe, pior é", explicou Daniel Pauly, biólogo do Centro de Pescas da Universidade da Colúmbia Britânica (Vancôver, Canadá) e autor do estudo publicado na revista britânica Nature Climate Change.
"Um oceano mais quente e menos oxigenado, como previsto com o aquecimento climático, complicará a tarefa dos peixes maiores, o que significa que vão deixar de crescer mais", acrescenta, citado pela AFP.
Os investigadores fizeram um modelo informático do impacto do aumento das temperaturas em mais de 600 espécies de peixes entre 2001 e 2050. Segundo os seus cálculos, o aquecimento médico no fundo dos oceanos será mínimo (algumas centésimas de grau por decénio), tal como a redução na concentração do oxigénio. Contudo, isso terá um impacto elevado.
A conclusão é que os peixes podem perder entre 14% e 24% do tamanho, com as maiores quedas nos oceanos Índico e Atlântico. Isso equivale à perda de 10 a 18 kg num homem que pesa 77 kg.

Fonte: Diário de Notícias

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Robô da NASA encontra provas de um antigo curso de água em Marte

O robô Curiosity, enviado pela NASA a Marte, encontrou provas detalhadas da existência de uma antigo curso de água na área em que aterrou e está a explorar.
Imagens captadas pelo Curiosity mostram seixos incrustrados em camadas de rocha, possivelmente transportados por um curso de água. “Pelo seu tamanho, calculamos que a água se movia a cerca de um metro por segundo, com uma profundidade até à altura do tornozelo ou da anca”, disse William Dietrich, da Universidade de Berkeley, na Califórnia, um dos investigadores ligados à missão do Curiosity.
Marte tem depósitos de água cogelada nos pólos. Há muitas provas, também, da existência passada de água em forma líquida no planeta vermelho. Mas estas, agora, são de natureza diferente. “É a primeira vez que estamos de facto a ver seixos transportados pela água em Marte. É uma transição entre a especulação sobre o tamanho dos materiais dos leitos dos rios e a sua observação directa”, diz Dietrich, citado num comunicado da NASA.
As pedras variam de tamanho, entre o de um grão de areia ao de uma bola de golfe. A maioria é arredondada. “As formas indicam que foram transportadas e o tamanho indica que não podem ter sido transportadas pelo vento”, diz Rebecca Williams, do Instituto de Ciência Planetária de Tucson, no Arizona, também citada no comunicado.
A robô Curiosity é um complexo laboratório científico, capaz de se deslocar com mais facilidade sobre a superfície de Marte, recolher e analisar amostras e obter imagens mais detalhadas do planeta. Foi lançado no espaço a 26 de Novembro passado e aterrou em Marte a 6 de Agosto. A sua missão principal é investigar se o planeta teve condições para a existência de vida microbiana.

Fonte: Público