sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

População mundial ganhou mais de dez anos de esperança de vida desde 1970

Portugal é dos poucos países que, em 40 anos, registaram melhores progressos na mortalidade de crianças até aos cinco anos e de jovens e adultos, entre os 15 e os 49 anos.
A população mundial ganhou mais de dez anos de esperança de vida desde 1970, mas as diferenças entre os países com melhores e piores resultados praticamente não mudou, conclui um relatório publicado hoje na revista The Lancet. Em Portugal, entre 1990 e 2010, refere ainda o estudo, a esperança de vida passou de 70,7 anos para 77,8 anos nos homens e, nas mulheres, esse salto foi dos 76,3 para os 82,3.
Intitulado Peso Global das Doenças 2010, o estudo é descrito pela revista como o maior esforço de sistematização para descrever a distribuição global e as causas de uma variedade de doenças, lesões e factores de risco para a saúde.
Recolhidos ao longo de cinco anos por 486 cientistas de 302 instituições em 50 países, os dados relativos a 187 países são agora publicados na primeira tripla edição da Lancet totalmente dedicada a um só estudo, que inclui sete artigos científicos e diversos comentários, incluindo da directora-geral da Organização Mundial de Saúde, Margaret Chan, e do presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.
Entre as conclusões, o estudo revela que a esperança de vida dos homens aumentou 11,1 anos entre 1970 e 2010, passado de 56,4 para 67,5. Nas mulheres, a esperança de vida aumentou ainda mais – 12,1 anos ou 19,8% –, passando de 61,2 anos em 1970 para 73,3 anos em 2010.
No entanto, acrescenta o estudo, as diferenças entre os países com maiores e menores esperanças de vida mantiveram-se muito semelhantes desde 1970, mesmo quando se retiram acontecimentos dramáticos como o genocídio do Ruanda em 1994.
Em 2010, as mulheres japonesas eram as que tinham maior esperança de vida (85,9 anos), enquanto para os homens a Islândia era o país com melhores resultados (80 anos). No extremo oposto, o Haiti tinha a mais baixa esperança de vida em ambos os géneros (32,5 nos homens e 43,6 nas mulheres), sobretudo devido ao sismo de Janeiro de 2010.
Além disso, alguns países contrariaram a tendência e registaram quedas substanciais da esperança de vida. Na África subsariana como um todo, a esperança de vida nos homens diminuiu 1,3 anos entre 1970 e 2010, enquanto nas mulheres caiu 0,9 anos, declínios atribuídos à epidemia do vírus da sida.
Por outro lado, o estudo revela que, à medida que a esperança de vida aumenta e o mundo vai envelhecendo, as doenças infecciosas e problemas infantis relacionados com a malnutrição – em tempos as principais causas de morte – vão sendo substituídos (com excepção da África subsariana) por doenças crónicas, lesões e doenças mentais.
“Essencialmente, o que nos faz doentes não é necessariamente o que nos mata. Enquanto o mundo fez um excelente trabalho a combater doenças fatais – especialmente doenças infecciosas –, vivemos agora com mais problemas de saúde que causam muita dor, afectam a nossa mobilidade e nos impedem de ver, ouvir e pensar claramente”, escreve a Lancet em comunicado.

Dados sobre Portugal
Portugal é um dos poucos países que registaram, em 40 anos, melhores progressos na mortalidade de crianças até aos cinco anos e de jovens e adultos entre os 15 e os 49 anos, revela o estudo. Portugal, a par de Cuba, Maldivas, Sérvia e Bósnia-Herzegovina, registou os melhores progressos na mortalidade das crianças.
O estudo indica também que Portugal foi um dos países com melhores resultados na mortalidade de jovens e adultos, superando Noruega, Espanha e Austrália.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que os óbitos em crianças até aos cinco anos baixaram em Portugal 97,3%, dos 12.357 em 1970 para os 326 em 2010. Quanto às mortes em jovens adultos dos 15 aos 49 anos, desceram 28,7%, das 8.517 em 1970 para as 6.069 em 2010, de acordo com o INE.
Quanto à esperança de vida dos portugueses, entre 1990 e 2010, passou de 70,7 anos para 77,8 anos nos homens e, nas mulheres, dos 76,3 para os 82,3.
Outra conclusão do estudo internacional é que, enquanto o peso da malnutrição foi reduzido em dois terços, a alimentação desequilibrada e a falta de exercício físico estão a contribuir para um aumento das taxas de obesidade e outros factores de risco, como a hipertensão, representando já 10% do peso das doenças.
O estudo conclui também que, embora se registe uma enorme redução da taxa de mortalidade infantil – que caiu mais do que alguma vez se tinha estimado – há um aumento de 44% no número de mortos entre os 15 e os 49 anos entre 1970 e 2010, sobretudo devido ao aumento da violência e ao desafio do VIH/sida, que matou 1,5 milhões pessoas por ano.
Resultado de um projecto liderado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation da Universidade de Washington, este estudo visa fornecer uma nova plataforma para avaliar os maiores desafios mundiais na área da saúde e formas de os abordar.

Fonte: Público

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