segunda-feira, 30 de abril de 2012

A história de um rim que passou por três pessoas

Pela primeira vez, um rim foi transplantado em dois doentes – contando com o dador, passou pelo corpo de três pessoas. A história mostra que em alguns casos é possível voltar a transplantar um órgão.
O caso vem relatado esta quinta-feira na revista New England Journal of Medicine, e ontem os três “proprietários” do rim encontraram-se todos pela primeira vez.
Ray Fearing, de 27 anos, residente em Arlington Heights, perto de Chicago, sofria de uma glomerulonefrite segmentar focal, doença caracterizada pelo desenvolvimento de tecido cicatricial na zona que filtra o sangue nos rins e que leva este órgão a entrar em falência. A irmã, Cera Fearing, de 24 anos, doou-lhe (em vida) um dos seus rins, em Junho do ano passado. No entanto, poucos dias após o transplante, os sintomas da doença reapareceram em Ray Fearing: os médicos do Hospital Northwestern Memorial, em Chicago, informaram-no de que tinham de lho remover, caso contrário a sua vida estaria em risco.
“Em 50% dos casos, o transplante não trava a progressão da glomerulonefrite segmentar focal”, explica Lorenzo Gallon, director do programa de transplantes renais do Hospital Northwestern Memorial, citado num comunicado da sua instituição. “Quando os exames pós-cirurgia indicaram que Ray corria perigo de vida devido ao reaparecimento da doença, tivemos de remover o rim antes que se deteriorasse."
No entanto, o rim ainda era um órgão relativamente saudável e viável. "Podia ser transplantando em alguém que não tivesse glomerulonefrite segmentar focal”, acrescenta o médico, que é um dos autores do artigo publicado na revista médica norte-americana.
Duas semanas depois do primeiro transplante, o rim passou para Erwin Gomez, de 66 anos, um cirurgião na zona de Chicago cuja doença renal foi provocada pela diabetes. Não sem antes ter havido uma discussão sobre o procedimento e os seus riscos no comité de ética do hospital.
“Depois de numerosas discussões sobre este procedimento, apresentámos ao Ray a opção de doar o seu rim a alguém que estivesse na lista nacional de espera de rins, em vez de o deitar fora”, conta Lorenzo Gallon.
Tanto Ray Fearing como a irmã concordaram com o novo destino do rim. “Tinha de tirá-lo de qualquer forma, por isso não havia razão para não o doar”, diz Ray Fearing. “Foi uma bela surpresa. Pensava que o meu rim não prestava, porque não tinha funcionado no meu irmão. O facto de o salvarem e de ter beneficiado alguém deixa-me feliz”, acrescenta a irmã.
Tudo começou quando o norte-americano Ray Fearing, recebeu o rim da irmã, ao fim de uma longa batalha contra uma doença renal. Mas o transplante falhou e, em vez de o deitar fora, aos primeiros sinais do regresso da doença, os médicos decidiram dar o rim a outro doente, Erwin Gomez.
Quanto a Erwin Gomez, não pensou duas vezes e trocou vários anos de espera por um transplante por um rim parcialmente danificado. “Não tive dúvidas em aceitar logo”, disse, segundo o jornal Chicago Sun-Times.

Avanço médico

Um dos receios dos médicos antes da cirurgia era que os danos no rim enquanto esteve no corpo de Ray Fearing fossem irreversíveis. Os receios revelaram-se infundados: o rim recuperou a sua função pouco tempo depois de Erwin Gomez o ter recebido e, oito dias mais tarde, os exames mostraram que os danos desapareceram.
“Este é um avanço médico, porque sugere que é possível reverter os danos num rim provocados pela glomerulonefrite segmentar focal, depois de ser retransplantado num corpo com um sistema circulatório saudável”, comenta, no mesmo comunicado, outro cirurgião do hospital, Joseph Leventhal. “Não só salvámos um órgão viável de ser descartado, como demos um passo significativo na compreensão da causa da glomerulonefrite segmentar focal, que é relativamente desconhecida, para podermos tratá-la melhor no futuro. Isto prova que, quando um órgão falha num corpo, pode ter sucesso noutro.”
Ray Fearing voltou a fazer hemodiálise, enquanto não aparecer um dador compatível consigo. “A hemodiálise não é a situação ideal, mas permite-me continuar a viver.” Já Erwin Gomez não se cansa de agradecer a segunda oportunidade de vida que o rim de Ceria e de Ray lhe trouxe. “Estou-lhes muito agradecido e muito impressionado com a sua atitude.”

Fonte: Público

domingo, 29 de abril de 2012

Estudo revela sinais de resistência da malária a tratamentos

O parasita mais mortífero da malária em África revelou resistência a um dos medicamentos mais fortes disponíveis no mercado em testes de laboratório, revela um estudo, que alerta para o risco de perda de eficácia dos tratamentos.
Uma equipa britânica observou em laboratório a resistência do parasita Plasmodium falciparum ao arteméter (fármaco antimalárico) em análises sanguíneas realizadas a 11 dos 28 pacientes que ficaram doentes depois de terem viajado para países africanos, sobretudo da África Subsariana, o que consideram ser um "resultado estatisticamente significante".
Os resultados desta pesquisa foram hoje publicados no "Malaria Journal".
Os investigadores explicam que a resistência ao tratamento foi causada por mutações genéticas no parasita, transmitido por picadas de mosquitos infetados, o que poderá significar que "as melhores armas contra a malária poderão tornar-se obsoletas", mas alertam que esta situação carece de mais pesquisas e monitorização.
O parasita Plasmodium falciparum é responsável por 90 por cento das mortes por malária. E a África subsariana regista 90 por cento das mortes por malária ocorridas anualmente em todo o mundo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 655 mil pessoas morreram em 2010 por malária, que é a quinta principal causa de morte nos países subdesenvolvidos.

Fonte: Diário de Notícias

sábado, 28 de abril de 2012

Detectada nova partícula no CERN

Ainda não foi a vez do bosão de Higgs, mas esta partícula, prevista pela teoria, nunca tinha sido vista até aqui.
Três investigadores da Universidade de Zurique anunciaram nesta sexta-feira ter detectado uma nova partícula subatómica, nas colisões de protões realizadas no Large Hadron Collider (LHC, o acelerador de partículas do Laboratório Europeu de Física das Partículas, ou CERN, perto de Genebra na Suíça). A partícula é mais precisamente um “barião”, que até aqui nunca fora observado.
Os bariões são partículas compostas por três partículas ainda mais pequenas, os quarks. Existem seis quarks: up, down, charm, strange, top, bottom (também chamado beauty). O up e o down, por exemplo, formam os neutrões e os protões dos núcleos atómicos. Mas os diversos quarks também se ligam entre si para formar uma série de outras partículas – e quando se ligam em trios dão origem, como já foi referido, aos bariões.
Os quarks possuem massas e cargas eléctricas diferentes – e todos os bariões formados pelos três quarks mais leves (o up, o down e o strange) já foram observados. Mas isso só tem acontecido com poucos bariões que contêm quarks pesados. Como são extremamente instáveis, estes bariões só podem ser gerados artificialmente nos aceleradores de partículas.
Agora, dados recolhidos no LHC, entre Abril e Novembro de 2011, pela experiência CMS (uma das duas que estão actualmente à procura do bosão de Higgs), foram analisados por Claude Amsler, Vincenzo Chiochia e Ernest Aguiló. E permitiram-lhes detectar um barião composto por um quark leve (up) e dois quarks pesados (strange e bottom/beauty). A massa desta partícula, designada Xi_b^*, é comparável à de um átomo de lítio, segundo um comunicado da Universidade de Zurique. Lê-se ainda, num comunicado do CERN, que o Modelo Padrão – o modelo que melhor descreve actualmente como funciona a física ao nível subatómico – prevê a existência de bariões Xi_b no estado carregado, neutro e excitado. E que, embora os dois primeiros tipos já tenham sido vistos em detectores, “esta é a primeira vez que um barião beauty excitado é observado.”
Os cientistas não “viram” directamente a partícula, mas puderam inferir, analisando os resultados de 530 milhões de milhões de colisões protão-protão a energias de 7 TeV, que tinham acontecido durante essas colisões 21 eventos de geração de bariões Xi_b^*. Isto é estatisticamente suficiente para afirmar que os sinais produzidos não eram meras flutuações aleatórias, mas partículas reais.
“A descoberta desta nova partícula confirma a teoria”, conclui o documento da Universidade de Zurique, “contribuindo portanto para a uma melhor compreensão da interacção forte, uma das quatro forças fundamentais da física, que determina a estrutura da matéria.” A interacção forte é efectivamente a responsável por manter os quarks ligados entre si.

Fonte: Público

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Agricultura espalhou-se na Europa com migrações do sul

Uma análise dos genes encontrados em ossadas humanas de há cinco mil anos, descobertas na Suécia, revelam que a agricultura espalhou-se no norte da Europa na Idade da Pedra, com as migrações vindas do sul do continente.
A maioria dos peritos concordam que a agricultura nasceu há onze mil ano, no Crescente Fértil (zona do Médio Oriente), chegando ao sul da Europa vários milhares de anos mais tarde, e finalmente alastrando-se a todo o continente.
Os emigrantes da bacia do Mediterrâneo não só revelaram às tribos de caçadores-recoletores do norte da Europa o que era preciso para cultivar a terra e criar gado, mas também se juntaram a eles criando as bases genéticas das populações europeias modernas.
"Analisámos as amostras genéticas provenientes de duas culturas, uma de caçadores-recoletores e outra de agricultores, que existiam na mesma época e viviam a menos de 400 quilómetros uma da outra" no que é hoje a Suécia, explicou Pontus Skoglund, da Universidade Uppsala, principal autor do estudo publicado na revista 'Science'.
"Depois de termos comparado as amostras genéticas com as das populações modernas na Europa, descobrimos que as características genéticas dos caçadores-recoletores da pré-história na Suécia estavam ausentes", acrescentou.
Por seu lado, o ADN proveniente dos esqueletos de indivíduos que pertenciam à povoação vizinha de agricultores era muito próxima do das populações mediterrâneas.
"Quando colocamos estes resultados genéticos num contexto arqueológico podemos ver realmente a migração de agricultores da Idade da Pedra do sul da Europa para o norte, através de todo o continente", acrescentou Skoglund.
"Essas migrações resultaram cinco mil anos mais tarde no que parece ser uma mistura desses dois grupos genéticos na atual população europeia", concluiu.

Fonte: Diário de Notícias

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Novo caso de doença das vacas loucas nos Estados Unidos

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos confirmou nesta terça-feira que foi detectado um novo caso de vacas loucas na Califórnia, o quarto no país. O primeiro caso nos EUA foi registado em 2003.
O novo caso de encefalopatia espongiforme bovina (BSE), muitas vezes referida como doença das vacas loucas, foi detectado numa vaca leiteira no centro da Califórnia. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) já notificou as autoridades mundiais responsáveis pela saúde animal e os seus parceiros comerciais.
John Clifford, responsável pela área de veterinária do USDA, adiantou que a descoberta não deverá afectar as exportações de carne dos Estados Unidos. “Não há preocupação ou alarme no que se refere a este animal. Tanto a saúde humana como a animal foram protegidas no que se refere a esta questão”, garantiu em declarações aos jornalistas numa conferência de imprensa.
A detectação do primeiro caso em 2003 nos Estados Unidos levou a uma forte diminuição do comércio de carne. Vários estudos mostram que as pessoas podem contrair uma doença semelhante ao ingerir partes do animal afectado pela doença.
Clifford garantiu que o animal infectado não chegou a entrar na cadeia de consumo e que a sua carcaça será destruída. Esta doença não se transmite através do leite de vaca.
Em 2011, foram registados 29 casos em todo o mundo de doença das vacas loucas, segundo as autoridades norte-americanas, uma redução de 99% quando comparado com os 37.311 casos em 1992, quando ocorreu um grande surto que fez soar o alarme em vários países, principalmente no Reino Unido.
No mundo, o primeiro caso foi detectado em 1985, na Grã-Bretanha. Mas só em 1988 as autoridades britânicas alertaram as autoridades internacionais para um problema sério de saúde pública. Em Portugal, identificaram-se os primeiros bovinos contaminados em 1990.
A BSE é uma doença neurológica fatal. Começa por causar descoordenação motora nos bovinos e acaba por resultar na incapacidade de se levantarem, na perda de peso e diminuição da produção de leite.

Fonte: Público