quarta-feira, 1 de abril de 2015

Quando este astronauta voltar do espaço vai ser mais velho e mais novo que o irmão gémeo

Scott e Mark Kelly são gémeos idênticos. A NASA vai estudar as diferenças entre os dois depois de Scott passar um ano no espaço enquanto Mark fica em casa.
O astronauta Scott Kelly é seis minutos mais novo que o seu irmão gémeo, também astronauta, Mark Kelly. Quando voltar da sua estadia de um ano na Estação Espacial Internacional, Scott Kelly vai ser ainda mais novo do que Mark, mas ao mesmo tempo terá envelhecido mais do que o irmão. Trata-se de uma experiência sem precedentes que a NASA está a realizar: o Projeto dos Gémeos Kelly. O lançamento é esta sexta-feira.
Scott Kelly viaja para o espaço juntamente com dois cosmonautas russos, na primeira missão de um ano à Estação Espacial Internacional - as missões anteriores tinham, habitualmente, metade da duração. Entretanto, Mark vai permanecer na Terra.
Os dois vão ser observados por uma equipa de profissionais médicos e investigadores de várias universidades, que vão tentar perceber como é que a estadia no espaço afeta Scott comparando-o com o seu gémeo que fica na Terra. O tempo vai passar mais lentamente para Scott na órbita terrestre, mas espera-se que envelheça mais depressa devido ao ambiente onde se vai encontrar.
Os investigadores vão estudar o impacto da falta de gravidade nos seus ossos, na sua perceção do espaço, nas suas artérias, e mesmo nas bactérias dos seus intestinos, assim como a forma como é afetado pelos raios cósmicos, um tipo de radiação que provém do espaço profundo e que pode danificar o ADN e, por isso, causar um envelhecimento mais rápido. Biologicamente, espera-se que Scott esteja mais velho do que Mark quando voltar.
Por outro lado, quando se reencontrarem dentro de um ano Scott terá envelhecido menos do que Mark no que toca à passagem do tempo físico, destaca a Quartz. Mas a diferença é muito pequena: no final da viagem, o tempo terá passado três milissegundos mais devagar para Scott.
"O efeito é conhecido como o paradoxo dos gémeos, embora não seja mesmo um paradoxo, é uma consequência simples da relatividade", disse Mark Kelly numa conferência de imprensa quando o projeto foi anunciado, citado pelo jornal The Guardian.
É uma das mais conhecidas experiências mentais de Einstein: a ideia de que o tempo passa mais devagar quando a velocidade é maior, e por isso, se um irmão gémeo viajar pelo espaço a grandes velocidades enquanto outro fica na Terra, o gémeo que esteve no espaço vai envelhecer mais lentamente.
Estudar e comparar os dois gémeos vai requerer dez investigações diferentes, que são coordenadas e partilham dados entre si. É uma experiência com uma grande vantagem sobre as anteriores: Mark e Scott têm o mesmo ADN, e por isso é mais fácil perceber quais as diferenças entre eles que são causadas pelos ambientes radicalmente diferentes em que vão viver durante um ano, e não pela genética, como quando se compara pessoas com ADN diferente.

Fonte: Diário de Notícias

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixe aqui o seu comentário.