
Cada elemento da mensagem é codificado usando duas cores, criando 49 combinações possíveis - o suficiente para o alfabeto, os números de 0 a 9 e alguns símbolos extra. "Pode pensar-se em todos os tipos de aplicações para os espiões secretos", diz David Walt, um químico da Universidade Tufts, em Medford, Massachusetts, que liderou a pesquisa.
As mensagens são cultivadas em placas de agar, e, em seguida, transferidas para uma fina película que pode ser enviado pelo correio para o destinatário. O filme aparece em branco na maior parte das condições, mas a mensagem é revelada quando o destinatário transfere as bactérias para um meio de crescimento adequado.
Além de dotar as bactérias com a sua paleta fluorescente, a modificação genética também define qual o meio de crescimento a que irão responder – ou seja, o tipo de meio pode funcionar como que uma chave secreta. Por exemplo, as bactérias podem ser modificadas de forma a apresentarem resistência a um determinado antibiótico, e que apenas revelem a mensagem quando tratadas com essa substância particular - qualquer outro antibiótico irá produzir uma mensagem errada, ou pode até mesmo exibir uma mensagem de aviso que a chave errada está a ser utilizada. Walt diz que a combinação de um número de características genéticas poderia levar a milhares de chaves possíveis.
Também é possível desenvolver bactérias que perdem as suas propriedades fluorescentes ao longo do tempo, criando uma mensagem que se auto-destrói ao estilo de Missão Impossível.
Apenas pequenos segredos
A nova técnica não é o primeiro exemplo de criptografia biológica - os pesquisadores conseguiram já anteriormente ocultar mensagens no DNA - mas Walt diz que o seu método é mais fácil de usar. "Se estiver no campo e tentar enviar uma mensagem, não vai ter acesso a um sintetizador de DNA", diz ele. No entanto, pode levar consigo frascos de bactérias.
O código bacteriana tem uma densidade de informação muito mais baixo do que o DNA, o que limita o tamanho de uma mensagem. "Provavelmente pode enviar-se 500-1000 símbolos num pedaço de papel comum", diz Walt - o suficiente para uma atualização rápida de uma missão, mas provavelmente não vai permitir a divulgação de segredos de Estado para fora do país.
"É um bom trabalho, mas eu estou realmente com dúvidas sobre a relevância prática", diz Dominik Heider, que pesquisa criptografia no DNA na Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha. Ele diz que enviar um e-mail criptografado seria uma maneira mais útil de transmitir mensagens secretas; o método do DNA, por exemplo, é normalmente utilizado para efectuar uma marca d’água em organismos geneticamente modificados ao invés de ajudar os espiões a completar a sua missão. Heider também aponta que muitos países restringem o envio de bactérias geneticamente modificadas pelo correio.
Fonte: New Scientist
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