terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sistema de espelho dá uma ajuda

Quando uma mulher que nasceu sem membros observa alguém a costurar, dá-se uma activação de regiões copycat do seu cérebro, mesmo que ela não possa sequer segurar uma agulha. Regiões adicionais do cérebro também servem de suporte, demonstrando como o cérebro é flexível quando se trata de observar e entender as acções dos outros.
Os cientistas conhecem há mais de uma década o sistema de espelho, uma rede de regiões cerebrais normalmente activadas quando se assiste e executa uma acção. No entanto, a forma como o cérebro intui de forma harmoniosa e rápida o que as outras pessoas estão a fazer, principalmente quando a acção é algo que o observador não pode fazer, tem permanecido por esclarecer, afirma Lisa Aziz-Zadeh, co-autora de um estudo da Universidade de Southern California em Los Angeles.
No estudo, uma mulher saudável de meia-idade, que nasceu sem braços e pernas foi sujeita a avaliações cerebrais enquanto assistia a filmes de pessoas a realizar acções como segurar e comer uma fatia de maçã, cosendo com uma agulha e batendo com um dedo. Acções que a mulher era capaz de realizar levaram a uma activação do sistema de espelho, inclusive partes do cérebro que controlam o movimento. As áreas de espelho foram activadas mesmo para tarefas que a mulher realiza de uma forma diferente, como pegar em alimentos usando a boca ao invés das mãos. (A participante tinha próteses desde a adolescência, mas não as usou nos últimos 40 anos...)
Quando a mulher observou acções que eram impossíveis para ela, como o uso de tesoura, o sistema de espelho foi na mesma activado, mas regiões adicionais do cérebro foram recrutadas para ajudar. Estas regiões extra não são normalmente necessárias quando as pessoas assistem a uma tarefa que são capazes de executar, escrevem os investigadores na revista Cerebral Cortex. Pensa-se que estas regiões estão envolvidas num processo designado de "mentalização", em que uma pessoa tenta entender o que outra a pessoa está a pensar.
"O interessante é que mesmo quando ela não pode fazer as tarefas, quando é impossível, ela ainda recruta o seu sistema de espelho, mas adicionalmente recruta essas regiões de mentalização", diz Aziz-Zadeh.
Por sugerir que o sistema de mentalização entra em acção quando esta mulher não pode copiar uma determinada acção, o novo estudo ajuda a esclarecer como esses dois sistemas cerebrais trabalham em conjunto, diz o neurocientista cognitivo Marcel Brass da Ghent University, na Bélgica.

Fonte: Science News

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