domingo, 27 de novembro de 2011

Insetos têm muito medo dos peixes

A mera presença de um predador provoca stress suficiente para matar uma libélula, mesmo quando o predador não pode realmente chegar à sua presa para a comer, afirmam os biólogos da Universidade de Toronto. "A forma como a presa responde ao medo de ser comida é um tópico importante na ecologia, e nós aprendemos muito sobre como essas respostas afetam as interações entre predador e presa", diz o professor Locke Rowe, presidente do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (EEB) e co-investigador principal de um estudo realizado em U de T’s Koffler Scientific Reserve.
"À medida que aprendemos mais sobre como é que os animais respondem a condições de stress – quer seja a presença de predadores ou de outros stresses de origem natural ou humana – descobrimos cada vez mais que o stress traz um maior risco de morte, presumivelmente a partir de coisas que normalmente não matariam, tais como algumas infeções ", diz Rowe.
Shannon McCauley, uma bolseira de pós-doutoramento, e os professores EEB Marie-Josée Fortin e Rowe cresceram larvas da libélula (Leucorrhinia intacta) em aquários ou tanques, juntamente com os seus predadores. Os dois grupos foram separados de modo que, enquanto as libélulas podiam ver e cheirar os seus predadores, os predadores não podiam realmente comê-los.
"O que descobrimos foi inesperado – morreram mais libélulas quando os predadores compartilharam o seu habitat", diz Rowe. Larvas expostas aos predadores de peixe ou insetos aquáticos apresentaram taxas de sobrevivência 2,5-4,3 vezes menores do que os não expostos.
Numa segunda experiência, 11% das larvas expostas aos peixes morreram enquanto se tentavam metamorfosear na sua fase adulta, em comparação com apenas 2% daquelas que cresceram num ambiente livre de peixes. "Nós permitimos que as libélulas juvenis passassem pela metamorfose para se tornarem libélulas adultas, e descobrimos que aquelas que haviam crescido em torno de predadores eram mais propensas a não conseguir completar a metamorfose com sucesso, com uma maior probabilidade de morrer", diz Rowe.
Os cientistas sugerem que as suas descobertas possam ser aplicadas a todos os organismos que enfrentam qualquer quantidade de stress, e que a experiência poderia ser usada como modelo para futuros estudos sobre os efeitos letais do stress.
A pesquisa é descrita num artigo intitulado "Os efeitos mortais de predadores ‘não-letais’", publicado na revista Nature.

Fonte: E! Science News

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