quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Alcoól com cafeína?

por Jason G. Goldman
 
A cafeína não parece afetar a maneira como o álcool é absorvido pelo corpo. Além disso, muitas drogas, incluindo o álcool, são conhecidas por serem mais potentes se consumidas num ambiente incomum. Num trabalho publicado em 1976, na Science, Siegel chamou a isso de “especifidade situacional de tolerância”. Esse efeito estaria relacionado com o clássico condicionamento pavloniano. O corpo de um bebedor social aprende a preparar-se para o álcool em resposta ao ambiente, até mesmo antes de o álcool ser ingerido. O argumento de Siegel é que as pessoas ficavam especialmente bêbadas depois de beber Four Loko devido à maneira inesperada em que a bebida era apresentada: o sabor dela não se parece com álcool.
Shepard Siegel, psicólogo da McMaster University, em Ontário, que recentemente escreveu um artigo para a revista Perspectives on Psychological Science, defende que a culpa não é da substância “cafeina”, mas da nova experiência e do contexto em que ela é introduzida. Essa desconexão pode explicar a potência peculiar de Four Loko, uma bebida alcoólica com cafeína e sabor de fruta inventada por três estudantes da Ohio State University em 2005. Depois de uma série de hospitalizações, em 2010, a Food and Drug Administration declarou que era ilegal adicionar cafeína a bebidas alcoólicas.
Se Siegel estiver correto, a versão descafeinada que o fabricante de Four Loko produz agora poderia ser um problema. Ele anunciou uma nova bebida que vem com “um novo perfil de sabor a cada quatro meses”. Isso não soluciona o problema. Quando alguém se torna tolerante aos efeitos do álcool, independente do sabor, a sua tolerância seria eliminada quando outro é experimentado. Intencionalmente ou não, a Four Loko aproveita-se da especificidade situacional da tolerância, criando novos impactos.

Fonte: Scientific American

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