domingo, 1 de janeiro de 2012

Células estaminais pluripotentes de porco podem ser mais seguras do que se pensava

Uma investigação com células estaminais de porco, realizada por dois cientistas na Universidade da Geórgia, revela a melhor maneira de determinar a segurança de terapias com células estaminais, melhor do que utilizando modelos de roedores. Estudos com roedores são muitas vezes inadequados para testar muitas terapias humanas - incluindo produtos farmacêuticos - uma vez que 50% de todos os produtos químicos testados dão resultados positivos como carcinogénicos em roedores, independentemente da sua origem ou identidade, de acordo com Thomas Hartung, um professor no Colégio Bloomsburg de Saúde Pública da Johns Hopkins University. Ele sugere que estes estudos com roedores, pode não ser melhores do que um simples sorteio. Por exemplo, alguns componentes do café parecem ser cancerígenos em roedores, mas em humanos o consumo moderado de café pode reduzir o risco de cancro.
Em 2010, Steve Stice e Franklin West, da Universidade da Geórgia, utilizaram 13 leitões que aparecem com uma promessa para desbloquear o caminho para novas terapias. Os porcos produziram recentemente um outro resultado positivo: as suas células estaminais não provocam tumores em suínos.
"As células estaminais pluripotentes têm potencial significativo para as terapias com células estaminais", disse West, um pesquisador de ciência animal e professor assistente na Faculdade de Ciências Agrárias e Ambientais. "No entanto, testes em murganhos, muitas vezes resultam na formação de tumores que frequentemente levam à morte."
A formação de tumores tem levantado preocupações sobre a segurança das células estaminais pluripotentes induzidas, ou iPSCs, e as células derivadas dessas células estaminais. Até agora, todos os estudos de segurança das iPSC foram realizados em modelos de roedores.
"Para atender a essa preocupação, a nossa equipa de investigação estudou a formação de tumores induzidos pelas iPSCs de porco, em modelos de porcos", disse West. "Cérebro, pele, fígado, pâncreas, estômago, intestino, pulmão, coração, rim, músculo, baço e gónadas de todos os 11 suínos testados não mostraram nenhuma evidência de tumores."
A ausência de formação de tumores nos suínos sugere que as iPSCs podem incorporar tecidos sem induzir a formação de tumores.
"Ser capaz de usar com segurança as iPSCs sem o potencial de causar tumores é essencial para a tao promissora terapia de células estaminais se tornar uma opção de tratamento viável", disse Stice, uma Georgia Research Alliance Eminent Scholar da Faculdade de Ciências Agrárias e Ambientais. "Agora temos alunos de graduação a trabalhar no desenvolvimento de células neuronais a partir de células estaminais humanas e de porcos.
As células estaminais humanas foram eficazes num modelo de roedores para o estudo de AVC, mas os estudos com roedores não são rigorosos o suficiente para começar com os ensaios clínicos humanos. "
West concorda. "Mais de 700 tratamentos com drogas para AVC avançaram para ensaios clínicos humanos com base nas descobertas em roedores mas acabaram por não ser viáveis em humanos", disse ele. "Os porcos são muito mais parecidos com os humanos, e vão ser um modelo muito melhor para estudar os acidentes vasculares cerebrais."
West está a desenvolver um projeto cooperativo entre o Centro de Biociência Regenerativa da Universidade de Geórgia e a Georgia Health Sciences University. "Este projeto vai melhorar a velocidade e a eficiência do desenvolvimento de tratamento para o AVC e muitas outras condições patológicas e, potencialmente, reduzir o número de primatas não-humanos utilizados em pesquisas", disse ele.
Além disso, Stice e West já fizeram criação dos porcos produzidos a partir de iPSCs e provaram que as células estaminais foram transmitidas à descendência. Esta descoberta abre a porta para a utilização de tecidos de outras origens animais na medicina regenerativa humana, tais como células das ilhotas produtoras de insulina para pacientes diabéticos.
Usando a tecnologia das iPSC, o Centro de Biociência Regenerativa está a trabalhar com pesquisadores da Universidade Emory para desenvolver porcos cujas células do pâncreas apresentem uma rejeição diminuída em tratamentos humanos.
"O próximo passo seria colocar essas células de porcos produtoras de insulina em outros animais, potencialmente cães ou gatos que sofrem de diabetes - e ver se elas vão produzir insulina para os hospedeiros sem serem rejeitadas", disse Stice. "Então, é seguir em frente. Nunca tão rápido quanto nós gostamos, mas o trabalho está em movimento."

Fonte: E! Science News

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